Conforme nos comprometemos recentemente, os representantes
eleitos pelo patrocinador Corpo Social vão expor suas opiniões a respeito dos
boletins emitidos pelo patrocinador Banco do Brasil sobre a atual situação de
desequilíbrio do Plano de Associados da Caixa de Assistência dos Funcionários
do BB. O déficit atual da Cassi, evidenciado em 2014 por não ter havido nenhuma
receita extraordinária como ocorreu nos anos anteriores, levou as partes a
abrirem negociações para a busca de soluções mais perenes sobre o modelo
assistencial da entidade conjugado com as formas de custeio. Já ocorreram duas
mesas entre BB e entidades representativas: em 12/05 e 19/05.
Informo que por respeito ao definido na mesa de negociação,
não escrevi ainda a respeito da proposta feito pelo BB na terça-feira 19. As
entidades nacionais fizeram uma matéria comum naquele dia e ficaram de fazer o
debate com as suas entidades e forças políticas para se manifestarem. Naquele mesmo
dia, comentei para os representantes das entidades meus senões a respeito da
proposta. Também expressarei minha opinião a partir da semana que vem.
Sobre o boletim do
Banco que fala de Negociação e Regulação
Na edição do boletim de 18 de maio, o BB procura enfocar
dois processos finalísticos da gestão da Cassi, regulação e negociação, que
agregados ao processo de assistência, compõem o tripé de gestão de qualquer
sistema de serviços de saúde. Antes de abordar as questões tratadas no referido
documento, é importante registrar aquilo que é do conhecimento de muitos, ou
seja, a crise no setor permeia os sistemas de saúde suplementar e saúde pública
do Brasil, e também grande parte do mundo ocidental.
As principais causas da crise no setor já estão sendo
debatidas há bastante tempo. São elas: envelhecimento da população, transição
epidemiológica, incorporação acrítica de tecnologias, medicalização da
sociedade, processo de urbanização e, no Brasil, também a grave questão da
judicialização indiscriminada, mesmo antes da tentativa de recursos
administrativos com os planos, principalmente os de autogestão. Portanto, não é
uma situação exclusiva da Cassi e nem mesmo do Brasil. Todavia, ao se pensar em
estratégias de enfrentamento dessas chamadas “forças expansivas de custos”, é
necessário adotar medidas estruturantes e não apenas paliativas, como tem sido
comum principalmente por parte de gestores que pouco entendem da dinâmica
complexa de funcionamento do setor. A organização dos serviços de saúde
se manteve por muitos anos privilegiando a concentração de capital em
detrimento ao atendimento das mudanças sociais, que se refletem nos condicionantes
e determinantes de saúde da população.
Tal cenário demanda investimentos cada vez mais vultosos em
saúde. Entretanto, os sistemas e serviços de saúde atualmente disponíveis não
estão preparados para essa demanda, bem como os profissionais de saúde ainda
não apresentam formação voltada para atendimento das múltiplas necessidades de
saúde decorrentes desse cenário.
Diante dos reflexos da chamada sociedade contemporânea,
países em desenvolvimento, como por exemplo o Brasil, que ainda devem lidar com
alta incidência de doenças infectocontagiosas e altos índices de eventos de
trauma como acidentes de trânsito e atendimentos oriundos da violência urbana,
convivem com tripla carga de doenças, o que demanda investimentos ainda mais
amplos.
Diante desse cenário, a prioridade é a reorganização do
sistema assistencial, com a adoção de uma forte atenção primária e a
estruturação de uma rede de qualidade referenciada para atender tanto às
demandas de eventos imediatos quanto aos de adoecimentos crônicos.
Adicionalmente são necessárias estratégias competentes e modernas de regulação
e de negociação.
Conscientes dessas necessidades na gestão de serviços de
saúde para o conjunto dos participantes da Caixa de Assistência, os Diretores
Eleitos elaboraram um projeto, inclusive com acompanhamento do Patrocinador
Banco do Brasil, através de área interna da Cassi, para aperfeiçoar o Sistema
de Serviços de Saúde da entidade. O projeto já é de conhecimento do Banco há
meses e contém ações relacionadas aos referidos macroprocessos, bem como ações
de suporte à gestão, em especial as de organização das informações.
Programa de
Excelência no Relacionamento
São iniciativas estratégicas propostas pelos eleitos, entregues ao Banco do Brasil em dezembro, que têm cinco eixos estruturantes:
São iniciativas estratégicas propostas pelos eleitos, entregues ao Banco do Brasil em dezembro, que têm cinco eixos estruturantes:
1- Aperfeiçoamento dos mecanismos de regulação
2- Gestão da rede de prestadores
3- Acesso qualificado através do Sistema Integrado de Saúde
4- Gestão integrada de informações de estudos estatísticos e
atuariais
5- Aperfeiçoamento dos processos orientados ao Sistema de
Saúde Cassi
Como as questões relacionadas à organização do modelo
assistencial da Cassi já foram debatidas em informes anteriores nos boletins
dos eleitos, vamos nos ater neste momento mais especificamente aos aspectos da
negociação, regulação e gestão da informação ou do conhecimento, insumo
estratégico fundamental para a evolução das demais ações.
No boletim do Banco de 18 de maio, o Diretor de Relações com
Funcionários e Entidades Patrocinadas destaca alguns indicadores de utilização,
que no seu entendimento, comprovam a necessidade de aperfeiçoamento da gestão.
Inicialmente, é necessário que tenhamos cuidado na análise desses dados, pois a
forma de apuração, a segregação das informações por faixa etária e outras
variáveis como, por exemplo, utilizar base contábil para interpretar
indicadores assistenciais, exige um conhecimento amplo de fatores e áreas do
conhecimento, como epidemiologia, bioestatística, saúde coletiva, dentre outros
fatores que possuem uma alta correlação com o tema, não à toa que os eleitos
estão o tempo todo consultando as equipes técnicas da Cassi para contribuir nos
debates acerca dos rumos da nossa Caixa de Assistência.
De outro lado, ao tratar especificamente de negociação e
regulação, o boletim aborda questões e propostas que também já estão
contempladas no projeto dos eleitos, o que é bom porque mostra que há caminhos
e consensos a respeito de soluções para a sustentabilidade da Cassi, sem perda
de direitos para os associados. Portanto, a inspiração do BB não tem originalidade
exclusiva, uma vez que há algum tempo seus representantes tem conhecimento do
conteúdo do projeto dos eleitos. Tudo, mas tudo mesmo, que aparece no boletim
do Banco e que tem pertinência técnica, já foi objeto de discussão e de
proposições internas na atual governança da Cassi. Aliás, algumas ações e
processos já poderiam estar em estágios bem avançados se não fosse uma certa
burocracia cotidiana de áreas afetas ao Banco em criar dificuldades e
obstáculos para sua plena execução.
Por fim, em relação à gestão do conhecimento, que é o
resultado do uso racional e inteligente das informações e dados disponíveis na
instituição e fruto de um sistema eficaz integrado por pessoas competentes e
criativas (inovação), máquinas, softwares e processos eficientes, há muito que
avançar e a gestão do conhecimento é peça fundamental para a Cassi na condução
desse novo caminho. Também estão previstos no projeto eixos estruturantes na
gestão de conhecimento.
Apesar do grande investimento em tecnologia nos últimos
anos, a Cassi deixou para trás a obrigação de evoluir na geração de
conhecimento no que tange às áreas de Regulação, Negociação e Saúde. A ênfase
tem sido o foco em processos operacionais e burocráticos das áreas meio que
pouco contribuem para a construção de soluções e potencialização dos
resultados. Como exemplo, dispomos de um banco de dados, porém ele está
estruturado na lógica de pagamento, o que já evidencia um limite, mas que mesmo
assim seria muito útil se não fosse o pouco conhecimento para estruturá-lo em
informação de maneira que possa servir à gestão dos negócios da Cassi.
Enfim, o momento é de conjugar a solução da questão mais
imediata do déficit da Cassi, porque consome reservas, e partir para o trabalho
conjunto da implantação do projeto que aperfeiçoa o modelo assistencial da
Cassi e sua missão de cuidar do conjunto dos associados e seus dependentes com
Atenção Integral à Saúde, através dos serviços próprios nas CliniCassi, que
contêm as equipes de família e realizam Atenção Primária e mapas epidemiológicos
da população local, e organizam as Redes Referenciadas de especialidades.
William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento
(texto contou com o apoio técnico dos profissionais da
Cassi)
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