Páginas

31.12.24

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2024



Atualizado em 11/01/25

(texto em construção, não finalizado)


RETROSPECTIVA 2024

O ano que termina foi um ano de muita militância política de minha parte, sendo eu um cidadão brasileiro que não tem mandato de representação como tive durante duas décadas. Minha participação política foi por ideologia e por princípios éticos.

Estive nas ruas o ano todo, sempre que os movimentos populares chamaram a militância para as manifestações em defesa de alguma causa sensível à classe trabalhadora e em defesa de um mundo mais justo e solidário.

Como fiz nos últimos anos, estive à disposição dos movimentos organizados dos trabalhadores para contribuir com a experiência que acumulei nas áreas de luta sindical e gestão de saúde em autogestões. Em março, participei do planejamento de uma importante autogestão em saúde.

Mais uma vez, não fui demandado pelo Sindicato ao qual sou filiado e para o qual contribuí por mais de três décadas de sua existência, pertencendo ao seu quadro dirigente em um período importante de sua história. Todo o conhecimento que acumulei no tema gestão em saúde, tendo sido diretor eleito da Cassi, não valeu para a direção da entidade para uma participação sequer nos debates internos.

Ao longo do ano, militei no diretório do Partido dos Trabalhadores da região do Butantã e na Frente de Solidariedade e Luta da Zona Oeste. No segundo semestre me envolvi nas eleições municipais e fiz campanha para a reeleição da vereadora Luna Zarattini, eleita com mais de 100 mil votos. Também conheci os jovens do JuntOz em Osasco e fiz campanha para eles: foi a única candidatura do PT eleita na cidade, com mais de 4 mil votos.

Fiz 34 publicações no blog, todas elas voltadas à contribuição aos leitores e leitoras sobre temas que conheço como, por exemplo, gestão em saúde e a Cassi dos funcionários do Banco do Brasil, história da categoria bancária, eleições e organização política etc.

Me sinto honrado com a grande quantidade de acessos que o blog teve neste ano, mesmo estando fora da representação política com mandatos. Foram 148 mil acessos aos textos do blog.

William Mendes

-

Janeiro

Não fiz textos neste mês.

-

Fevereiro

Fiz dois textos temáticos sobre gestão de sistemas de saúde. Os textos fazem parte de uma série que nominei "História dos bancários: um olhar".

No primeiro deles (ler aqui), desenvolvi o tema "A questão da saúde dos trabalhadores e as autogestões em saúde". No segundo (ler aqui), a 2ª parte do texto anterior, trago dados da saúde brasileira e aprofundo a temática enfatizando a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil e seus modelos de saúde ao longo do tempo.

-

Março

O primeiro texto do mês é sobre unidade e divisões no campo da esquerda e os cancelamentos de pessoas e instituições que ousam divergir e ter visões diferentes. Gostei de reler o texto. Ler aqui.


(em produção...)


21.12.24

Diário e reflexões



Diários da história dos bancários (3)

Osasco, 21 de dezembro de 2024. Sábado.


Opinião 


LULA, O PT E O NOVO SINDICALISMO QUE CRIOU A CUT

Tirei algum tempo deste sábado, véspera de Natal, para mexer nos papéis velhos de um ex-sindicalista dos bancários da CUT.

Li uma revista no formato HQ muito legal, contando a história de Lula. A revista é anterior à vitória de Lula nas eleições presidenciais de 2002.

Neste mês, Lula está completando a metade do terceiro mandato presidencial. As avaliações do nosso lado da classe são as mais diversas possíveis. 

O debate franco é proibido no PT e na CUT. Quem tiver avaliação divergente dos chefes e das chefas não é convidado a falar nos espaços oficiais, e se for é sob risco severo de ser desconsiderado e cancelado. 

Eu afirmo a vocês que compreendo essa realidade, compreendo. Lembrando aqui o ensinamento de Eric Hobsbawm, que compreender não é concordar nem aceitar, é entender o processo histórico daquele fato, daquela situação. 

Eu já estava exercendo mandatos de representação da classe trabalhadora a partir de 2002 quando fui estudando nossa história diariamente, pois tinha muita necessidade de entender quem eu era sendo um membro da maior corrente política da CUT, a Articulação Sindical.

Só tomei plena consciência sobre quem éramos, de onde tínhamos vindo, quais eram nossas concepções e práticas sindicais e políticas quando estudei a história do Lula, a origem da CUT e do PT. 

Passei a entender melhor o fato de nunca termos sido revolucionários e sim conciliadores. 

Isso me ajuda a entender até hoje o que acontece na política dentro e fora do governo Lula, do PT e da CUT. 

Não poderia tendo o conhecimento que acumulei em décadas de luta e representação esperar mais do que está na natureza dessas instituições da classe trabalhadora brasileira que citei aqui.

É isso!

William Mendes 


13.12.24

Diário e reflexões



Diários da história dos bancários (2)

Uberlândia, 13 de dezembro de 2024. Sexta-feira.


Opinião 


PLANOS FAMILIARES DA CASSI

Fortalecer o plano Cassi Família II com fidelização ao modelo assistencial APS/ESF com descontos na mensalidade pode ser a solução de sustentabilidade para os planos familiares da Caixa de Assistência  


INTRODUÇÃO 

Vi nesta semana em um grupo da comunidade do Banco do Brasil uma discussão pertinente sobre o reajuste do principal plano de saúde dos familiares dos colegas da ativa e aposentados do banco. A postagem inicial apontava a dificuldade de um colega para manter os pais no plano Cassi Família II após a direção reajustá-lo em 23,88%. E no ano anterior, o reajuste foi absurdo também, sei disso.

As intervenções dos colegas foram quase todas no mesmo sentido: acham um absurdo tal reajuste, comentam sobre casos pessoais, dizem que o jeito é sair do plano e buscar o atendimento do SUS ou um plano mais barato no mercado. 

Uma liderança da comunidade BB contatou a Direção e a sugestão seria o reclamante tentar colocar os pais num outro plano da Cassi mais barato, com coparticipação e franquia e redes de atendimento menores.

A questão é dramática! Acompanho de perto esse problema porque também tenho meus pais no Cassi Família II, o maior, mais antigo e melhor plano de saúde para familiares da comunidade de funcionários e aposentados do Banco do Brasil. 

Acompanho essa questão há muito tempo e por ter sido gestor eleito pelos associados conheço um pouco essa temática. Dividi reflexões e estudos com os colegas gestores por anos, quando trabalhamos juntos.

---

ENTIDADES REPRESENTATIVAS

Qual a posição de quase duas centenas de entidades sindicais e associativas da ativa e aposentados sobre essa questão de a Cassi aumentar em quase 50% os planos de saúde de seus pais, filhos, netos e demais familiares? 

A questão é encarada como uma questão importante da vida de seus associados, os bancários da ativa e aposentados? É pauta de reivindicação e negociação?

---

UM POUCO DE HISTÓRIA

Tivesse eu aceitado o que já se vinham normalizando pelos corredores da Cassi e de parte das entidades representativas do funcionalismo do Banco do Brasil quando lá cheguei como diretor eleito pelos associados em junho de 2014, o patrocinador Banco do Brasil não teria colocado bilhões de reais devidos ao Plano de Associados entre 2015 e 2019, não teria. 

Havia uma espécie de conformismo em se aceitar que a conta do déficit teria que ser repassada para os associados, se não na totalidade, a maior parte. Ponto. Além disso, havia a questão da direção do Banco colocar em dúvida a eficiência do modelo assistencial APS/ESF com estrutura própria de Clinicassi, que provamos ser um mito, pois a Estratégia de Saúde da Família com unidades CliniCassi próprias se provou eficiente nos estudos que desenvolvemos. 

Felizmente, com muita firmeza de propósito, estudos e com poucos meses de gestão, tomei consciência do histórico dos recorrentes déficits do Plano de Associados e estando claro as responsabilidades do Banco, tive o apoio dos componentes da chapa eleita para convocar nossos parceiros sindicais e de associações ainda em dezembro daquele ano para iniciarmos um movimento nacional de lutas para abrirmos mesas de negociação com o Banco do Brasil. 

Tudo que vou dizer aqui é público e registrado em documentos, textos e jornais.

Como negociador dos bancários até maio daquele ano de 2014, eu já conhecia de cor e salteado as alegações do patrão no que diz respeito a suas "estratégias administrativas" e de gestão. Em mesas de campanha salarial o BB sempre dizia o que todos os bancos dizem: não negocio plano de carreira, não negocio plano de saúde, não negocio plano de previdência, não negocio metas, não negocio segurança, não negocio blá blá blá. 

Óbvias essas negativas, se não tiver estratégia, organização e luta do nosso lado, o patrão simplesmente não vai negociar nada com os empregados e seus sindicatos. Óbvio!

O fato concreto é que em janeiro e fevereiro de 2015 já tivemos encontros nacionais com entidades representativas e lideranças para formarmos uma unidade nacional com alguns consensos construídos para buscarmos negociações com o patrocinador Banco do Brasil. 

Com estratégia e unidade, invertemos a lógica conformista que se plantava por aí de que o Plano de Associados não dava mais para ser bancado em seu custeio como era antes com o Banco arcando com a maior parte do custeio. 

Não vou me alongar na história, não é esse o objetivo do texto. Essa história está contada em mais de seiscentas postagens neste blog A Categoria Bancária.

Hoje, meu objetivo é comentar a respeito dos planos familiares criados e ofertados pela Cassi. 

Após alguns números, vou reafirmar minha posição antiga, de quando era gestor da Caixa de Assistência, de que deveríamos evitar a criação desses diversos planos que a Cassi vem criando e deveríamos fortalecer o melhor plano familiar, o Cassi Família II. 

E vou reafirmar uma tese que defendo de descontos nas mensalidades do CF II dentro de uma estratégia de fortalecer o modelo de Estratégia de Saúde da Família (ESF), o melhor modelo de APS para a Cassi, para participantes desse plano que queiram formalizar adesão ao modelo como uma espécie de "porta de entrada" ou priorização no uso do sistema a partir da ESF.

---

OS PLANOS DA CASSI (DADOS DO VISÃO CASSI)

Visão geral dos planos e visão de cada plano:


DRE CASSI CONSOLIDADA 8M24

Res. Líq. -417 milhões 

Sendo

Res. Oper. (sem resultado financeiro) = -601 milhões 


PLANO DE ASSOCIADOS 8M24

Res. Líq. -486 milhões 

Sendo

Res. Oper. -582 milhões 


CASSI FAMÍLIA II 8M24

Res. Líq. 76 milhões 

Sendo

Res. Oper. -6 milhões 


PLANO CASSI ESSENCIAL 8M24

Res. Líq. 8,4 milhões 

Sendo 

Res. Oper. 3,8 milhões 

Detalhes (sendo um plano novo)

1. O res. líq. foi menor de 2023 para 2024 em -53,6%.

2. Enquanto as Contraprestações Efetivas cresceram 106,5%, os Eventos Líquidos Indenizáveis aumentaram 197,8%.


PLANO CASSI VIDA 8M24

Res. Líq. -16,4 milhões 

Sendo 

Res. Oper. -17 milhões 

Detalhes (Sendo um plano novo)

1. Enquanto as Contraprestações cresceram 135% em 12 meses, os Eventos Líquidos Indenizáveis aumentaram 274,5 %.


BENEFICIÁRIOS CASSI (AGO/23 - AGO/24)

Plano de Associados 2024: 371.227

Plano Cassi Família II (2023 a 2024): 191.321 para 177.307 (-14.014)

Plano Cassi Essencial: 12.316 para 19.124 (+6.808)

Plano Cassi Vida: 12.316 para 9.552 (-2.764)


Planos familiares: saímos de 215.953 em ago/2023 para 205.983 em ago/2024, redução de 9.970 participantes de planos da Cassi.

---

CASSI PODERIA ESTUDAR FORMAS DE FORTALECER O PLANO CASSI FAMÍLIA II ATRAVÉS DA FIDELIZAÇÃO AO MODELO APS/ESF

Os números dos planos familiares da Cassi falam por si para as pessoas de nossa comunidade BB que acompanham e entendem um pouco mais do tema.

Os planos Essencial e Vida não demonstram ser sustentáveis no tempo. São planos novos e deveriam estar com resultados melhores. Eu sempre tive receio dessas teses de que teríamos um público-alvo enorme, de centenas de milhares de pessoas para serem participantes dos planos familiares Cassi. A concorrência local dos planos de mercado é muito forte. 

Outro fator que me incomoda é vender a ideia de que nossos familiares poderiam ter direitos menores que os nossos como associados, não é isso que pensamos quando criamos planos familiares nos anos noventa. Redes credenciadas diferentes e ou menores, pagar franquia e pagar coparticipações nesses planos novos não me parece ser algo interessante sequer para trocar (vampirizar) o melhor e mais antigo plano, o CF II, por esses planos ruins. É só ver os números: isso não está dando certo! Por que insistir no erro?

O Plano Cassi Família II poderia ser fortalecido e com isso fortalecermos o sistema Cassi se recuperarmos os estudos que fizemos entre 2014 e 2018 quando demonstramos que a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que era composta em muitas unidades federativas em grande medida por participantes do CF II com maior necessidade de acompanhamento do modelo ESF (muitos idosos e pessoas com cronicidades), pode agregar vantagem financeira para participantes que são fidelizados nas CliniCassi e com isso seria possível adotar descontos nas mensalidades por essa fidelização, e os resultados são bem melhores no uso dos recursos da rede credenciada (os estudos demonstraram isso).

Ao invés de insistir com esses planos insustentáveis que a Cassi vem criando, sugiro que se estudem formas de manter e ampliar os participantes do CF II fidelizando com descontos aqueles que aderirem ao modelo de ESF, que tem como orientar melhor o uso das redes. As despesas dos grupos fidelizados ao modelo chegavam a ser 50% menores no público ESF em relação a participantes soltos nas redes credenciadas.

Eu sei do esforço dos colegas da direção de nossa Caixa de Assistência, conheço ainda boa parte deles. Passamos muito tempo juntos estudando e pensando soluções para a nossa Cassi, tanto para o Plano de Associados quanto para os planos para atenderem os nossos familiares.

Uma forma de semear sustentabilidade no sistema de saúde Cassi é fortalecer os cuidados ao longo do tempo, nossa população assistida é mais estável que as dos planos de mercado e teremos carteiras cada dia mais maduras. 

Fidelizar através de descontos para participantes cuidados pela ESF e orientação de uso de rede protege a saúde das pessoas mais necessitadas de atendimento na rede consumidora de recursos e protege também as contas e a sustentabilidade da Cassi.

---

A COMUNIDADE BB DEVE SEGUIR INOVANDO E SENDO CRIATIVA EM BENEFÍCIO DE SEUS TRABALHADORES E DOS BRASILEIROS 

É isso. Desejamos o sucesso da gestão de nossa Caixa de Assistência, pois a Cassi é um dos maiores patrimônios que a comunidade BB construiu nesses dois séculos de organização, criatividade e lutas. 

Sou grande defensor do Sistema Único de Saúde, público e sustentável. No entanto, uma autogestão de uma comunidade organizada como a nossa, e funcionando bem, pode aliviar o SUS da demanda de parte de seu público-alvo, o povo brasileiro em sua totalidade. 

Uma autogestão como a Cassi não concorre de forma predatória com o sistema público como os outros planos de mercado, que lucram com a doença e não com a saúde do povo.

É uma contribuição fraterna que faço aos interessados no presente e futuro de nossa Cassi.

William Mendes 

Foi Diretor de Saúde da Cassi (2014-2018) 

2.12.24

Diário e reflexões



Diários da história dos bancários (1)

Osasco, 2 de dezembro de 2024. Segunda-feira.


O blog A Categoria Bancária - InFormação e História está no ar há 18 anos e contém mais de 2,6 mil postagens. Ao longo de sua história, o blog teve 1,25 milhão de acessos, sendo ainda lido por algumas pessoas. No último mês foram 20 mil acessos.

Cada vez que me sento para ler um pouco de seu conteúdo, me vem à mente a preocupação de preservar essa história registrada de uma das principais categorias profissionais do país, a única com convenção coletiva nacional.

Antigamente, os sindicatos tinham seus cedocs, centros de documentação, nos quais as mídias físicas com a história do movimento sindical eram guardadas. As páginas das entidades sindicais também preservavam a história de lutas e conquistas.

Conforme a tecnologia avançou, e tudo se tornou digital, e caro, as entidades sindicais passaram a descuidar um pouco de sua história, até por uma questão de custos, priorizando os recursos para o dia a dia e não para a manutenção da história.

Eu não teria hoje como editar em livros toda a história da categoria bancária contida neste blog, e garanto a vocês que aqui tem muita informação e história do que vivemos nas últimas duas décadas de lutas e conquistas, e derrotas também.

Quando fiz uma série de textos de memórias durante a pandemia mundial de Covid-19 não imaginava que os capítulos teriam tantos acessos quanto tiveram. Foi uma boa surpresa. Ao todo, os 39 capítulos tiveram somados quase 100 mil acessos. 

Agora estou editando um livro com os 39 capítulos de memórias. E não imaginava que saísse tão caro produzir um livro. Mas será interessante distribuir 100 unidades para alguns amigos e interessados. O livro se chamará "Memórias de um trabalhador politizado pelos bancários da CUT".

Em relação ao blog e seu conteúdo histórico, se eu tiver condições, vou revisar todo ele, desde o início, vou organizá-lo no formato que cheguei a fazer algumas vezes, em cadernos, e depois verei o que fazer com o conteúdo histórico.

Hoje li a metade do conteúdo do primeiro ano do blog, 2006, e como disse no início, é muito conteúdo histórico contido ali. Tem a reeleição do presidente Lula, tem a assinatura do BB à convenção da categoria, e tem algo que me encanta: meu diário de trabalho de base e nas funções que eram de minha responsabilidade. Naquele ano, inovei em prestar contas de mandatos eletivos.

Enfim, não sei que capacidade tenho de levar adiante tal projeto de revisão desse conteúdo histórico, mas se der, vou fazendo. É evidente que a maior parte da história contida no blog tem relação direta com o movimento sindical do Banco do Brasil, a comunidade na qual passei a maior parte de minha vida.

William Mendes