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13.4.21

Cassi 2021 - Impressões e opiniões (I)

Opinião

Olá, colegas da comunidade Banco do Brasil e colegas de entidades representativas dos bancários!

Durante 4 anos fui um dos dirigentes eleitos pelos associados da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, entidade de saúde de autogestão mais conhecida por todos como Cassi. Minha contribuição formal à gestão da associação e à luta dos trabalhadores em relação aos direitos em saúde se deu entre junho de 2014 e maio de 2018. Ou seja, as mais de 600 postagens neste blog durante o mandato de diretor de saúde eram opiniões e impressões de uma pessoa pública, era o meu lugar de fala.

De junho de 2018 até o presente momento, abril de 2021, muita coisa mudou. Aliás, o mundo mudou absurdamente em pouquíssimo tempo. Para dar um exemplo de mudanças radicais em nossa vida por um evento de efeito planetário temos aí a pandemia mundial de Covid-19. Para falar de mudanças que já estavam em andamento em 2018 e que trouxeram consequências negativas incalculáveis para o país e para o povo brasileiro, temos os efeitos do golpe de Estado em 2016, da operação lesa-pátria chamada Lava Jato e da fraude nas eleições de 2018, eventos nacionais que trouxeram como consequência esse governo inqualificável de um sujeito inominável: diria que estamos sob a banalidade do mal, para usar uma expressão de Hannah Arendt.

O QUE É A CASSI?

A Cassi é uma entidade privada de saúde coletiva. É uma caixa de assistência de um segmento de trabalhadores do país, os bancários do banco público BB. Ambos, o banco e a caixa de assistência, têm décadas de existência e histórico de participação social interna e na vida da sociedade brasileira. Eu não estou falando como um técnico de algum tema específico, estou falando como um trabalhador com conhecimentos suficientes em determinadas áreas nas quais atuei ao longo da jornada de vida laborativa, que passou a vida no Banco do Brasil e que aprendeu política nessa comunidade por causa do histórico de organização e das lutas democráticas desse segmento social brasileiro.

Quando cheguei eleito à Cassi, com um grupo de pessoas eleitas comigo em uma chapa, passamos a vivenciar a gestão da entidade, e passamos a conhecer o dia a dia de uma entidade de saúde nacional, regida por leis internas e externas, estatuto, regimentos, contratos, e por toda a legislação brasileira de saúde. Como operadora de saúde, a Cassi pertence ao sistema de saúde suplementar do Brasil, suplementar ao SUS, Sistema Único de Saúde. E por ter estudado profundamente tudo que envolvia o mandato, acabei conhecendo bastante a realidade do setor onde a Cassi opera. E posso dizer com tranquilidade que as pessoas que utilizam e precisam dos sistemas de saúde em operação no Brasil não têm sequer as noções básicas a respeito disso. Eu também não tinha.

Por que digo isso, da falta de noção das pessoas em relação aos sistemas de saúde e aos direitos em saúde? Porque um dos objetivos de nosso mandato como diretor de saúde foi justamente tentar levar essas noções ao conjunto das entidades sindicais e associativas dos trabalhadores da ativa e aposentados da comunidade Banco do Brasil. Foram 4 anos perseguindo esse objetivo e naquela época conseguimos melhorar um pouco o nível de conhecimento e reduzir a desinformação (não saber, ignorância) pelo menos das centenas de lideranças dos associados da Cassi. 

Apresentar a Caixa de Assistência aos seus legítimos donos, os associados, era fundamental para que pudéssemos criar algum grau de pertencimento em relação à própria autogestão, ao seu modelo assistencial revolucionário, aos direitos em saúde que a Cassi proporcionava aos participantes da ativa e aposentados e aos direitos de participação social (democracia) que os trabalhadores tinham em relação à sua autogestão em saúde.

RELATÓRIO ANUAL CASSI 2020

Enfim, hoje de manhã vi a apresentação do Relatório Anual da Cassi, e algumas lideranças sindicais nos perguntam a respeito de diversas questões destacadas pela direção da nossa autogestão. Eu não me debrucei sobre as dezenas de páginas do relatório, coisa que fiz durante tanto tempo, pois estudei os relatórios e balanços da Cassi do início dos anos noventa até os anos em que estive na gestão, 2018 (quase 30 anos de relatórios). Já li as mensagens da direção, os pareceres da auditoria e dos conselhos e entendo que os dados do relatório são fidedignos como atestam os órgãos responsáveis. 

Durante as 170 agendas de gestão que fiz junto aos associados e suas entidades representativas tinha o hábito de incentivar as pessoas a lerem os relatórios e documentos técnicos e políticos relativos a Caixa de Assistência e aos direitos em saúde. Como disse acima, meu lugar de fala era de um dirigente eleito, era de representante formal que prestava contas e opinava sobre as coisas. Por isso tivemos uma produção gigante de textos e informações: porque era nosso papel (in)formar as lideranças, algo como aprendemos na CUT - um curso de formação de formadores -, eu escrevia para mais de mil formadores de opinião. Acredito que isso foi importante à época, pois colocamos a comunidade BB/Cassi e representações lutando por objetivos comuns.

NOÇÕES

Hoje, não tenho o nível de informações que têm os dirigentes da nossa Caixa de Assistência. Tenho noções das coisas. Tenho impressões sobre os rumos que as coisas estão tomando, tenho opiniões a respeito de algumas coisas relativas à Cassi. E, sobretudo, tenho uma gratidão enorme pela comunidade à qual pertenço - a categoria bancária e o movimento sindical e a comunidade BB -, o que sou como pessoa é o resultado do aprendizado e da vivência com a categoria bancária e com a luta dos trabalhadores.

Se avaliar que tenho alguma contribuição a fazer sobre questões relativas à Cassi, vou postar aqui no blog para os dirigentes sindicais e lideranças que tiverem interesse na nossa opinião e impressão sobre alguns temas. Muito me preocupa a terceirização total do modelo assistencial da Cassi, isso será muito prejudicial para a sequência da existência da Caixa de Assistência que criamos. Já disse nas postagens recentes que eu não tenho nada contra os colegas que administram a nossa autogestão neste momento. Tenho divergências importantes às opções ideológicas que estão sendo tomadas em relação ao presente e futuro da "empresa" como a direção atual diz.

Já escrevi bastante para o início de conversa sobre minhas impressões e opiniões a respeito da autogestão Cassi. A Estratégia Saúde da Família (ESF), a estrutura própria de saúde da Cassi (CliniCassi, equipes de saúde, programas de saúde) e os direitos dos bancários da ativa e aposentados em pertencer ao Plano de Associados da Cassi estão sob sério risco, sério mesmo. 

A Cassi 2021 que se apresenta neste momento e para o futuro é outra, não uma Caixa de Assistência de todos os Funcionários (inclusive aposentados) do Banco do Brasil.

Abraços,

William


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