Dia Internacional das Mulheres
São Paulo, 8 de março de 2025. Sábado.
Estive hoje na Avenida Paulista para participar dos atos do Dia Internacional das Mulheres, o 8M, ou 8 de Março. Cheguei pontualmente no horário chamado para o início do evento, 14 horas.
O fechamento do vão livre do MASP foi uma sacanagem que deu certo por parte dos poderes da casa-grande. Simplesmente não temos mais como nos concentrarmos em frente ao lugar mais tradicional de São Paulo porque a medida tirou o ambiente de concentração das massas. Não há inocência na política. A medida foi higienista e para nos tirar de lá.
À medida que os grupos de manifestantes foram chegando, e começou a ficar perigoso para as pessoas por risco de atropelamento pelo fluxo constante de carros na avenida, nós fomos obrigados a nos concentrarmos do outro lado do MASP, na praça em frente. As centenas de policiais do governo do Estado não ajudam em nada, na minha opinião.
Felizmente o ato foi incorpando e assim que as mulheres e as organizações se avolumaram, começaram as intervenções das lideranças a partir do caminhão de som principal. Ouvimos falas potentes de diversas mulheres representando os movimentos de lutas.
Tenho procurado observar os movimentos, as pessoas, os gestos, as expressões, e a cada atividade de ocupação das ruas que participo, mais me convenço que nós não deveríamos abandonar as ruas por qualquer que seja o motivo, não deveríamos! A vida real está lá fora, nas ruas.
---
Enquanto eu me deslocava de casa para o local da manifestação do 8 de Março, refletia sobre a questão atual do mundo dominado pelas plataformas das big techs e a inevitável manipulação dos seres humanos nessas redes de arrasto que pescam as multidões humanas como sardinhas para serem enlatadas e devoradas como mercadoria.
Cada dia que passa e que não se altera o poder de manipulação dessa meia dúzia de homens bilionários donos das plataformas que alteram o comportamento de seus usuários em benefício do lucro (desses fdp) e em prejuízo de milhões de pessoas, nós estamos perdendo a humanidade, estamos perdendo a chance de seguir adiante enquanto sociedade humana. Temos que mudar a forma como as big techs capturaram o mundo inteiro.
Faz anos escrevi um artigo no qual defendi que todos os governos e estados nacionais deveriam criar suas plataformas e redes sociais de preferência públicas e com regras claras sobre o funcionamento dos algoritmos e felizmente agora muita gente de nosso campo também defende o conceito e a ideia de nos livrarmos da dependência e captura dessas big techs para salvarmos a soberania e a nossa comunidade.
Fica registrado aqui o meu respeito e a minha esperança em cada mulher e cada homem que esteve hoje na Avenida Paulista. Cada pessoa que escolheu não ficar em casa, não ir para bloquinhos de carnaval, não passear ou descansar, que decidiu ocupar as ruas em um ato político, enalteço e aplaudo! Temos que ocupar as ruas enquanto ainda há espaço público e enquanto ainda não nos proibiram de nos manifestarmos.
William Mendes
Nenhum comentário:
Postar um comentário