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14.7.20

Teletrabalho ou home office é bom pra quem?




A condição de pandemia é uma exceção, uma excepcionalidade. Vai passar uma hora. Mas, e depois? Os capitalistas decidiram apostar neste modelo de organização do trabalho que tem menos custo fixo e isola o trabalhador em sua bolha caseira (de sofrimento?). E aí? Isso é bom pra quem?


Olá colegas bancárias e bancários!

A pandemia mundial do novo coronavírus chegou de forma abrupta em nossas vidas mudando tudo, mudando a nossa realidade, o nosso cotidiano no trabalho, na família, nos espaços de formação, no lazer, nas mais diversas dimensões de nossas vidas.

Todos os eventos diários (que viram "notícia") nos levam a nos concentrarmos em alguns assuntos e temas e nos levam a deixar de lado outros assuntos e temas. Essa é uma questão de pauta, de quem define a pauta, a agenda de interesses em nossas vidas. De acordo com a realidade objetiva, a maioria de nós somos pessoas que vivem do seu trabalho atual ou do fruto do seu trabalho ao longo da vida.

As mulheres estão inseridas no mundo do trabalho assim como os homens. Mulheres e homens compõem os 90% ou mais de pessoas que não vivem de renda ou riqueza ou herança (aquela pequena porcentagem de donos do mundo). Na categoria bancária, as mulheres representam praticamente a metade da categoria, sendo pouco mais de 50% conforme o banco observado.

FAMÍLIAS FORMADAS POR MÃES SOLO

Li uma pesquisa recente que aponta que 11,6 milhões de famílias brasileiras são formadas por mães solo. É muita coisa! Sempre que lemos alguma pesquisa sobre desigualdade de gênero, vemos que as mulheres são mais escolarizadas e que, mesmo assim, as mulheres ganham menos que os homens. Que ocupam menos postos de trabalho nos níveis hierárquicos maiores. Que as mulheres negras têm remuneração menor ainda que as mulheres brancas. E além de tudo isso, cuidam sozinhas de seus filhos.

A campanha nacional dos bancários está em seu início e um dos temas que devem e precisam ser debatidos, entendidos e negociados com os bancos de lucros bilionários é o estabelecimento de direitos para essa realidade imposta de forma abrupta para a classe trabalhadora. E o patronato está se movimentando rapidamente para aumentar seus lucros e sua exploração em cima dos trabalhadores.

Os meios de comunicação que constroem a pauta, aquilo que falei no início do artigo e que faz a gente se concentrar em algumas coisas e não ver ou esquecer outras, estão vendendo a ideia que trabalhar em casa é tudo de bom! Num passado recente (últimas 3 décadas), esses meios de comunicação disseram que era ótimo não ter mais salário, quando os capitalistas inventaram a remuneração variável para diminuir custos fixos com mão de obra (se não vende, não recebe nada). 

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Para acabar com nossos direitos foi "ótimo" não pagarem mais salário. Agora parece "ótimo" trabalhar em casa, tudo por sua conta e risco.
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Temos que pensar a respeito! A cesta alimentação dos bancários é de R$ 609,88 ao mês, temos inclusive a 13ª cesta alimentação; o vale refeição é de R$ 35,18 ao dia (R$ 773,96), o auxílio creche/babá é de 468,42 ao mês. Essas conquistas arrancadas com organização sindical e greves são as cláusulas 14, 15, 16 e 17 da Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários (CCT/Contraf-CUT 2018/20120). 

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Vocês acham que banqueiro gosta de pagar direitos a bancários? E se os bancários estiverem sozinhos em bolhas caseiras sem organização?
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Os bancos já decidiram se desfazerem de prédios inteiros onde trabalhavam milhares e milhares de bancários. Vão lucrar milhões e milhões com isso. Enquanto isso, as bancárias e os bancários, muitas delas pertencentes às famílias de mães solo, estão tentando trabalhar e cumprir metas absurdas cuidando dos filhos e das diversas jornadas que as mulheres já enfrentam.

Pensem nisso! Os bancos e os capitalistas não brincam em serviço. As mídias deles (praticamente todas as mídias comerciais pertencem a banqueiros e capitalistas) já estão atuando para dizer que é "ótimo" trabalhar em casa e se estão vendendo essa ideia é porque alguma coisa deve ser bem ruim para a classe trabalhadora e a máquina de construção de pauta e agendas já está em funcionamento.

Como os trabalhadores vão se organizar sozinhos em suas bolhas caseiras de sofrimento? Como vamos fortalecer nossos sindicatos dessa forma? Vocês são sindicalizad@s? Pensem a respeito e conversem com seus representantes sindicais.

Abraços a todas e todos,

William Mendes


Fonte de informações:

- Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários (CCT/Contraf-CUT)
- Artigo: https://falauniversidades.com.br/abandono-afetivo-paterno-alem-das-estatisticas/

2 comentários:

Gouveia disse...

Meu caro amigo, o problema é grave e precisa ser realmente discutido/combatido. Espero que os bancários tenham consciência e união de classe suficientes para impedir (mais) esse golpe sobre sua remuneração.

William Mendes disse...

Obrigado pelo comentário, Sérgio!

Espero que a provocação ao tema traga pelo menos reflexões para categorias importantes do mundo do trabalho como a dos professores e dos bancários. Tenho visto as agruras que os professores estão enfrentando a respeito do tema teletrabalho e home office.

Abraços fraternos!

William