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9.9.25

Diário e reflexões



Osasco, 9 de setembro de 2025. Terça-feira. 


IDENTIDADE

Tenho 56 anos de idade. Sou brasileiro, nascido na cidade de São Paulo, onde vivi até os 10 anos. A passagem para a adolescência, fase intensa dos seres humanos, foi um Uberlândia, Minas Gerais. Ao voltar para São Paulo, aos 17 anos, acabei vivendo a maior parte da vida em Osasco. Por 4 anos, ainda tive a oportunidade de morar em Brasília, a capital do Brasil. 

A data de hoje, 9 de setembro, é uma data aniversário, um dia marcante no percurso da minha existência única. Há 33 anos, eu me apresentava pela manhã à agência Rua Clélia, do Banco do Brasil, para começar a trabalhar de escriturário no maior banco público do país. 

Para tomar posse do cargo, como dizíamos, precisei passar no concurso público duas vezes, porque após comemorar a primeira aprovação, o certame foi cancelado por fraudes. Tive que passar de novo para ser bancário do BB. 

A identidade de uma pessoa vai se moldando no percurso do viver, é como entendo a vida humana. Certos momentos ou acontecimentos ficam marcados em nossa existência, são divisores de água, determinam como seremos dali adiante. Entrar no BB há 33 anos, foi um acontecimento desses em minha vida.

Se no domingo passado (7/09) estive nas manifestações populares ao lado dos pobres, das pessoas que sobrevivem nas ruas e praças, sem terem sequer o que comer, ou água para se lavarem, se estive no 31° Grito dos excluídos e excluídas, na Praça da Sé, e depois na manifestação da Praça da República, somando com milhares de pessoas em defesa de nossa soberania e lutando pelos direitos da classe trabalhadora, é porque existiu em minha vida o dia 9 de setembro de 1992, dia no qual me tornei um membro da comunidade de funcionários do Banco do Brasil, comunidade com mais de dois séculos de história. 

Nossa identidade vai se moldando no viver de acordo com as veredas que percorremos e principalmente em função das oportunidades que a comunidade na qual vivemos nos dá. Se as pessoas - crianças, jovens e adultos - têm oportunidades para escolher um presente e um provável futuro - uma perspectiva de futuro -, nossa identidade pode conter algumas características - diria características positivas -; se não houver oportunidades no ambiente do viver, nossa identidade pode ser completamente diferente do que gostaríamos que ela fosse.

O 9 de setembro de 1992 foi uma oportunidade em minha vida. O garoto que lavava carro em Uberlândia; que era entregador de uma farmácia, cortando a cidade o dia todo de bicicleta; que trabalhou em construção civil, quebrando concreto com talhadeira e ponteiro, mexendo em esgoto; que juntava metais como cobre e alumínio pra vender no ferro velho; que foi chapa de caminhão e ajudante geral de um monte de serviços por uma década antes de trabalhar como bancário, teve sua vida transformada ao passar no concurso mais disputado à época no país, e virar trabalhador da categoria bancária.

Outras datas tiveram importância central na minha identidade também, a partir da condição de bancário. O dia 5 de agosto de 2002 foi um divisor de águas na vida deste trabalhador, naquele dia fui liberado do trabalho no caixa da agência Vila Yara, do Banco do Brasil, para aprender a ser dirigente sindical e representar meus colegas que continuavam cumprindo a jornada nos locais de trabalho, atendendo ao público e às vezes sofrendo assédio e enfrentando péssimas condições de trabalho. Pensar nos colegas, os meus pares, definiu minha identidade enquanto os representei por 16 anos. Ainda penso nos colegas da ativa e nos aposentados, é a minha identidade, é o que sou. 

Refletindo sobre o dia 9 de setembro de 1992, e outros dias definidores de minha identidade, o 5 de agosto de 2002, o 2 de junho de 2014, o 3 de abril de 2019... fico aliviado pelas veredas que escolhi trilhar (ou que se apresentaram no meu caminho) e me sinto grato à existência, pois posso me considerar uma pessoa de sorte. Posso sim. Tive a felicidade de participar de momentos importantes da vida coletiva de nossa categoria e de nossa classe, a classe trabalhadora. 

E tenho consciência política suficiente para pesar e separar as partes que compõem a minha identidade. O que sou é uma mescla de oportunidades, casualidades e muito esforço e disciplina. Como ensina o professor Antonio Candido, essa parte da minha identidade também contém a parte com as vivências ruins que enfrentei ou que fui partícipe, a vida é tudo isso que nos deu identidade, somado com a personalidade que cada um de nós tem.

O jovem que saiu de Uberlândia para São Paulo, aos 17 anos, cheio de ódio e raiva do mundo, que vivia indignado com as injustiças diárias enfrentadas pelo povo brasileiro, um país ainda hoje violento e miserável, que maltrata e humilha as pessoas como nós, a imensa maioria do povo, queria ser mau... para lidar melhor com o mundo-cão, e, por sorte, acabou sendo moldado como um cidadão do lado certo da história, que não esteve na manifestação da Paulista no 7 de setembro de 2025 (e sabemos o quanto de gente com origem humilde encorpa essas manifestações que manipulam os ignorantes que não sabem qual é a sua classe); por sorte aquele jovem dos anos oitenta hoje escolhe o Grito dos excluídos e excluídas. 

O jovem que entrou no BB em 9 de setembro de 1992 ouviu seu coração, sua filiação, e depois ouviu os colegas e o sindicato, e os educadores que passaram por sua vida... e sua identidade está aí, naquilo que faz e vive diariamente. 

Sigo com desejo de mudanças no mundo e com vontade de aprender coisas novas todos os dias. Não tenho ódio em meu coração, apesar de me sentir indignado com as coisas. Acredito na educação e na transformação das pessoas. Por isso estudo e compartilho o pouco que sei em meus blogs. 

O Brasil e o mundo estão doentes, as pessoas foram capturadas e parte delas precisaria de tratamento médico para sair da neurose e mundo paralelo no qual foram inseridas. O mundo está muito doente.

Sigamos firmes estudando e nos organizando para salvar a vida no mundo e os seres humanos, essa espécie fantástica nas suas possibilidades, mas capturada e feita de massa de manobra de uns poucos espertalhões que odeiam o mundo e a vida no Planeta.

William Mendes 

18.8.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2011



RETROSPECTIVA 2011

O mês de janeiro teve movimentações importantes para os associados do Plano 1 da Previ: o acordo entre associados, Banco do Brasil e governo foi aprovado no restante das instâncias que faltavam apreciar as mudanças no Estatuto e a forma de uso do superávit do plano.

Postei no blog um excelente artigo do professor Marcos Bagno sobre a denominação “presidenta” que Dilma Rousseff - primeira mulher presidenta do Brasil - escolheu para nominar sua função pública e que a imprensa da casa-grande decidiu desrespeitar desde o primeiro dia do mandato presidencial.

Eu apontei em artigo o desrespeito da direção do BB ao abrir concurso público sem apontar o número de vagas, concurso com zero vagas, ou “quadro de reserva”. Isso é um desrespeito aos cidadãos que estudam para ingressar em empresas públicas. Fiz um artigo também para contestar Bresser-Pereira e a suposta mão de Deus no governo Lula.

As postagens que predominaram no mês de fevereiro versam principalmente sobre a questão da terceirização do trabalho bancário. Matérias sobre as movimentações entre a Febraban e os órgãos governamentais para regulamentar os correspondentes bancários demonstram a forma abusiva do processo que, no fundo, acaba por fazer uma espécie de reforma trabalhista no setor financeiro, pois elimina direitos sociais da categoria conquistados há décadas.

Nas questões relativas ao Banco do Brasil, os funcionários receberam a 2ª parcela da PLR, e o banco bateu recorde de lucro. Nas matérias sobre o lucro do BB, eu comentei a respeito do papel social do banco público, pois ele vinha exercendo sua função de forma idêntica ao setor banqueiro privado. Voltamos às mesas de negociação permanente com o BB no período. Fiz artigo sobre essa estratégia privada do BB.

Março foi um mês com postagens de diversos artigos feitos por mim, que era o secretário de formação da nossa confederação. Fiz um sobre democracia sindical relacionada à estrutura de negociação nacional da categoria bancária – “Democracia representativa não se confunde com ‘assembleísmo’”: no artigo, questiono a ideia do “assembleísmo” de certas correntes sindicais que não se conformam em perder suas proposições durante a construção da estratégia nacional dos bancários. Fiz outro artigo, em parceria com o companheiro Plínio Pavão – “OLT na categoria bancária – o papel do delegado sindical”, sobre o papel do representante sindical de base no BB e Caixa, os chamados delegados sindicais.

Ainda no mês de março, estive no Encontro Baiano de Formação da CUT (Ebafor) e participei das eleições dos bancários de Campo Grande (MS), e nós vencemos com a chapa cutista. A direção do BB apresentou as linhas gerais do novo Plano de Carreira e Remuneração (PCR), conquista da campanha 2010. Participei da gênese do modelo de nova tabela de antiguidade por funções exercidas.

Por fim, registrei no blog a primeira entrevista da presidenta Dilma Rousseff. Ela afirma que não vai descuidar da inflação, anuncia o Pronatec e diz que não vai permitir a retirada de direitos dos trabalhadores brasileiros.

Alguns destaques do mês de abril nas postagens: BB adquire o Eurobank nos Estados Unidos; nossa base sindical retoma as conciliações com o BB, as CCP no SEEB SP; tivemos mesas de negociação sobre o Plano 1 da Previ; várias postagens se referem à questão do correspondente bancário e a ameaça à categoria bancária. No Sindicato, tivemos a formação de nossa Chapa 1 cutista para as eleições.

Entre as questões sindicais a destacar no mês de maio, tivemos negociações com o BB sobre propostas de melhorias no regulamento do Plano 1 da Previ (a direção negou tudo). Realizamos curso de formação da Contraf-CUT e Dieese para os sindicatos da Fetec CUT Centro-Norte. Publiquei diversas matérias sobre a questão da ilegalidade e imoralidade das resoluções do Bacen sobre os correspondentes bancários - até nosso deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) entrou na luta contra as arbitrariedades do Banco Central. E os bancários do Maranhão realizaram plebiscito de desfiliação da CUT, pois a direção de lá era da CSP-Conlutas.

Em junho, ocorreu a eleição do maior sindicato de bancários do país, o nosso. Concorreram duas chapas e a chapa cutista venceu com 83% dos votos válidos. A companheira Juvandia passou a ser a primeira presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. Como membro da chapa, representaria os bancários paulistanos por mais três anos.

As postagens de junho também abordaram as questões de privatização dos aeroportos e a aprovação da terceirização total pelo Congresso; na minha agenda sindical, teve trabalho de base e viagem ao Ceará para o encontro da categoria. No blog, disponibilizei a tese da Articulação Sindical para o 22º Congresso Nacional dos Funcionários do BB (CNFBB).

Dos artigos que publiquei, destaco o artigo “Horas de greve em renovação de direitos coletivos – Anistia ou distribuição para todos”, que poderia ser avaliado por sindicatos, juristas do nosso campo e pela classe trabalhadora, pois é justo que aqueles que foram beneficiados pelas conquistas, mesmo furando greve, paguem pelas horas da luta coletiva.

Os destaques no mês de julho são os encontros deliberativos que compõem a estrutura nacional da categoria bancária. Após a realização dos encontros regionais e estaduais de debates e deliberações das reivindicações da categoria, ocorreram o 22º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB) e a 13ª Conferência Nacional dos Bancários. Publiquei artigos sobre a Previ e sobre o debate das metas abusivas. Fiz também um artigo confessional, que aborda a militância política. Por fim, está publicada no blog a proposta do Plano de Carreira no BB, na qual tive participação central no ano anterior.

Agosto foi um mês de muito trabalho de base preparando os trabalhadores para as negociações com os banqueiros e provável greve na categoria. Estive no Congresso Nacional junto com outras lideranças para denunciar a interferência do Banco Central na estrutura social dos bancários, via resoluções de correspondentes bancários que terceirizam a categoria e desfazem direitos até da CLT. Fiz dois artigos explicando reivindicações específicas dos funcionários do BB.

O mês de setembro foi marcado pelo processo de negociações com os banqueiros e com o governo nas mesas específicas de Banco do Brasil e Caixa e demais bancos públicos. A intransigência do lado patronal foi abusiva e a categoria deflagrou greve nacional no final do mês.

Outubro foi um mês de demonstração de grande força da unidade dos bancários, que realizaram a maior greve da categoria em duas décadas e após 21 dias conquistaram aumento real pelo 8º ano seguido, pisos maiores nos salários e na PLR e cláusulas sociais, boas conquistas na Fenaban, no BB e Caixa Federal.

Após a greve de renovação da Convenção Coletiva, realizamos a 5ª etapa do curso de formação Sindicato, Sociedade e Sistema Financeiro, da Contraf-CUT e Dieese, para formação de dirigentes e assessores das entidades sindicais afiliadas. O curso ocorreu na Escola Sul da CUT em Florianópolis. Cumprimos o compromisso formativo estabelecido no Congresso da Contraf-CUT que me indicou como secretário da pasta.

O mês de novembro foi de muita luta, acreditem! O movimento sindical, em especial nós da categoria bancária, atuou fortemente na luta contra o projeto de terceirização total e o fim das categorias profissionais, dos sindicatos e dos direitos do trabalho. O Congresso Nacional tentou de todo jeito aprovar uma legislação que acabava até com os direitos básicos previstos na CLT.

Além dessa pauta de luta, realizamos o 2º módulo do curso de formação da Contraf-CUT e Dieese, a 5ª etapa foi realizada na Escola Sul, em Santa Catarina. Como dirigente, fiz 3 artigos no mês, dois sobre o Banco do Brasil e um de avaliação dos 5 cursos que fizemos em todas as regiões do país durante o mandato na secretaria de formação da confederação.

Em dezembro, finalizamos o curso de formação na região Sul do país e ainda fiz mais um artigo sobre as péssimas condições de trabalho no Banco do Brasil, que exigiu nos últimos dias do ano que os bancários fizessem o possível e o impossível para o BB chegar a 1 trilhão de ativos financeiros. Para isso, os gestores poderiam arrepiar pra cima dos trabalhadores, cancelando até férias programadas.

Terminei o ano na base social, conversando com os colegas do Banco do Brasil em reuniões nos locais de trabalho. Enquanto fui representante político da classe trabalhadora estive ao lado de meus pares, foi como aprendi a fazer a luta por melhores condições de vida e por um mundo melhor.

O caderno impresso ficou com 500 páginas, foram 280 textos no ano de 2011. São registros de nossa história de lutas. Os links dos artigos desse período podem ser acessados aqui, página de artigos do autor do blog.

William Mendes


16.6.25

Diário e reflexões



Sem unidade dos segmentos não extremistas de direita, o mundo que conhecemos chegará ao fim

Osasco, 16 de junho de 2025. Segunda-feira.


A sociedade humana e a Natureza onde a vida se desenvolve enfrentarão momentos decisivos nos próximos anos. Não é força de expressão dizer que podemos caminhar para o fim do mundo, algo ameaçador e distópico. 

Conforme o rumo que a espécie animal homo sapiens tomar, o planeta onde a vida se desenvolve (o "mundo") se tornará inviável à vida, senão a todas as formas de vida, pelo menos à vida humana e de outras espécies comuns nos biomas terrestres.

Ao longo da história do planeta diversas espécies e formas de vida existiram e deixaram de existir. A nossa espécie se destacou nos últimos milênios por sermos animais dotados de cérebros altamente desenvolvidos ao longo de nosso percurso na Terra.

No entanto, o mesmo cérebro que nos trouxe até aqui, neste momento da Natureza, pode ser o responsável por inviabilizar a vida de nossa espécie no planeta. Somos animais altamente influenciáveis por abstrações criadas por nós mesmos. Inventamos deuses, tecnologias para alterar o meio ambiente no qual vivemos e temos poder de destruir o mundo.

Estamos no limiar de diversas guerras simultâneas no planeta, tanto guerras tradicionais, com bombas e mortandade de seres humanos e tudo que era vivo ao redor dos fronts, quanto guerras não convencionais, guerras cognitivas que farão nossa espécie perder a noção da vida como nós a conhecíamos ao longo de milênios.

Nos fizemos humanos através de acertos e erros individuais e coletivos, seres sociais cooperativos que construíram comunidades inteiras baseadas nas soluções dos problemas e carências por meio de nossa criatividade, pelo intercâmbio mútuo e pelo convívio com os diferentes, mesmo tendo feito muita guerra nessa jornada humana.

No momento, segmentos da nossa espécie, que chamamos de extrema-direita ou grupos com ideários fascistas, organizados internacionalmente, avançam em seu projeto de tornar a humanidade uma espécie baseada no ódio, que se move no mundo através do ódio, e disposta a destruir o mundo para estabelecer uma sociedade humana do ódio.

Se os segmentos fragmentados em zilhões de bolhas sociais e grupelhos com ideários opostos, mais coletivos e com mais responsabilidade em relação ao planeta e às mais diversas formas de vida, que poderíamos chamar de progressistas, humanistas e gente do espectro mais à esquerda na política, enfim, se a parte humana que não se identifica com o ideário da extrema-direita fascista não se unir e agir, o mundo que conhecíamos pode caminhar rumo ao fim.

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Temos que registrar a história e divulgar os feitos humanistas que já fomos capazes de construir

Em minhas reflexões diárias, tenho pensado muito na questão da história e das nossas realizações enquanto coletivos humanos que lutam por um mundo mais justo e melhor para todas as pessoas e para as diversas formas de vida no planeta.

Dias atrás, em um filme de Wim Wenders - Asas do desejo (1987) -, me chamou a atenção um personagem sobrevivente da 2ª Guerra Mundial - Homer (Homero), um senhor que sonha com uma "epopeia de paz" - que refletia o tempo todo sobre a necessidade e importância de registrar e contar para as gerações futuras o que foi aquilo e o que aconteceu no mundo durante aquele período da guerra total. 

Entendo que cada um de nós tem a responsabilidade e o dever de registrar e contar a história, a nossa história, a história da sociedade humana e do mundo, a partir do ponto de vista no qual nos encontramos nessa sociedade e nesse mundo.

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Livro de memórias

Meu livro em fase final de edição é um pouco esse registro e essa narrativa de nossas histórias: Memórias de um trabalhador politizado pelos bancários da CUT

Contei nos capítulos momentos da vida sindical e política do autor e do país, desde o mundo no qual pertencia enquanto trabalhador, e a linha geral das memórias foi feita com a consciência de que fui mudando como pessoa a partir do meu encontro com o sindicato de minha categoria, os bancários da CUT.

Terminei ontem a seleção de fotos para incluir no livro. Agora é finalizar a edição e imprimir algumas unidades para presentear alguns amigos e pessoas interessadas nessas histórias. Não tenho a pretensão de lançar e vender essas narrativas.

Ainda como registro histórico e narrativas cotidianas de uma categoria importante da classe trabalhadora brasileira, os bancários, sigo trabalhando nos milhares de textos deste blog, encadernando uma história vitoriosa de uma categoria que enfrenta há décadas os donos do poder, os banqueiros.

É meu dever e minha responsabilidade preservar toda a história que registrei no blog em quase duas décadas de luta sindical e política de nossa gente trabalhadora e do campo da esquerda.

As "nuvens" vão se dissipar - Tenho alertado faz tempo as pessoas que me leem que nós viveremos um apagão nunca visto de nossos registros das últimas décadas, tudo que está nas "nuvens" e no mundo digital será perdido pela sociedade humana. Tudo. E em breve, até porque entraremos em novas fases dessa guerra em andamento, guerra cognitiva e apagamento da história e das verdades reais em troca de pós-verdade, de mentiras divulgadas como manipulação das massas humanas.

Salvem o que produziram de cultura humana nas últimas décadas. As nuvens das big techs não são o lugar para se preservar nossa história humana.

William Mendes

16/06/25 (14h28)

27.5.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2010



RETROSPECTIVA 2010

2010 foi um ano de muitos acontecimentos importantes na história do país e da categoria bancária na qual eu participava como dirigente nacional da classe trabalhadora.

A leitura das 286 postagens do blog permite a(o) leitor(a) viajar no tempo e os registros do dirigente sindical blogueiro apontam acontecimentos decisivos nas lutas por direitos sociais, civis e políticos do povo brasileiro.

Era ano eleitoral e a direita faria de tudo para tirar o PT do poder. Lula era o principal cabo eleitoral da candidata Dilma Rousseff. A simulação de agressão por parte de José Serra durante a campanha presidencial gerou até um samba divertidíssimo: “Bolinha de Papel”, do grupo Partido Alto.

Mesmo o blog representando um ponto de vista atomizado, de um trabalhador da categoria bancária em luta, vemos a movimentação dos capitalistas em geral e dos banqueiros em particular, da direita e da centenária casa-grande e sua mídia canalha e manipuladora, para avançar na retirada de direitos e desregular os direitos sociais do trabalho.

No ramo financeiro, a precarização se dava pelo avanço dos correspondentes bancários e pelas formas aviltantes de terceirização das atividades-fim da categoria bancária. Os patrões quiseram se aproveitar da crise financeira global para não atenderem às reivindicações da categoria em sua data-base. Então, fizemos uma bela greve nacional e arrancamos nossos direitos na luta. Pelo 3º ano seguido, foram 15 dias de greve!

 

SUMÁRIO DOS MESES DO ANO

No mês de fevereiro, participei das eleições bancárias no Rio Grande do Norte, levando as bandeiras da CUT aos colegas de lá. Na área de formação, começamos o segundo curso da grade formativa da Contraf-CUT, para os sindicatos da Fetec SP. O curso foi organizado em parceria com o Dieese.

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Março foi movimentado e os eventos organizativos e formativos foram destaque. Tivemos o planejamento da diretoria da Contraf-CUT. Defendi as bandeiras cutistas nas eleições dos bancários de Brasília. Participei do Coletivo Nacional de Formação da CUT (CONAFOR) na Escola Sindical 7 de Outubro, em Belo Horizonte. Realizamos o 2º módulo do curso PCDA para a Fetec SP.

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CASSI - A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, realizou seu processo eleitoral entre os meses de março e abril. Duas chapas concorreram no pleito: “UNIDOS PELA CASSI” e “Uma nova Cassi”. A chapa liderada por Graça Machado venceu a chapa de Humberto Almeida. Graça foi eleita para a Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento em uma composição com a Articulação Sindical da CUT.

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FORMAÇÃO - Ainda em abril finalizamos o curso de formação “Sindicato, Sociedade e Sistema Financeiro” aplicado para dirigentes e assessores das entidades da Fetec SP. O Programa de Capacitação de Dirigentes e Assessores (PCDA) teve a parceria com o Dieese. Estive na posse de delegados sindicais dos bancários de Pernambuco e realizamos dias de lutas no Banco do Brasil.

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No mês de maio, demos início à 3ª turma do curso de formação organizado pela Contraf-CUT e Dieese para dirigentes e assessores das entidades afiliadas, desta vez o curso foi no Nordeste. Os dois primeiros módulos foram em maio e terminamos o curso em junho. Ainda na região, participei de encontro de bancários na Paraíba.

Realizamos o XXI CONGRESSO NACIONAL DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL (CNFBB) em SP, no final de maio, no Novotel.

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PREVI - A democracia foi plena nas eleições de nossa Caixa de Previdência, a Previ. A chapa vencedora foi a UNIDADE NA PREVI, liderada por Paulo Assunção e Vítor Paulo, eleitos diretores de Administração e Planejamento, respectivamente.

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No início de junho realizamos a ASSEMBLEIA DA CLASSE TRABALHADORA NO ESTÁDIO DO PACAEMBU, no dia 1º de junho. Ainda no mês, viajei para Belém do Pará e para Brasília para cumprir compromissos da secretaria de formação da Contraf-CUT. Também organizei materiais formativos para dirigentes e trabalhadores do Banco do Brasil.

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Os meses de julho e agosto foram meses preparatórios das mesas de negociação com a Fenaban e Governo. Cumpri agendas de formação no Sindicato do ABC e em Roraima. Realizamos a 12ª Conferência Nacional dos Bancários no Rio de Janeiro.

Nesse período também estávamos organizando as campanhas eleitorais de nossos bancários Berzoini e Marcolino a deputado federal e estadual, respectivamente. Berzoini foi eleito com 140 mil votos. Marcolino foi eleito com 96,5 mil votos.

Nesse período de início de negociações para a renovação da data-base da categoria bancária, a direção do BB inventou de retirar as portas giratórias das agências, o que nos levou ao enfrentamento e atividades específicas contra essa medida.

Postei no blog a reprodução de diversas matérias sobre insegurança bancária e sobre ações na justiça contra bancos e banqueiros.

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OBSERVAÇÃO: na hora de organizar o caderno, tive trabalho para recordar como fiz as postagens naquele ano de 2010 durante a campanha. Como a agenda sindical era muito corrida, eu abria diversas postagens no blog para serem preenchidas com as informações posteriormente, às vezes ao final dos longos dias. Então, várias postagens têm a mesma data no blog e eu fui agregando textos quando necessário.

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GREVE - As negociações com banqueiros e governo se estenderam pelo mês de setembro e a categoria não teve outra opção a não ser entrar em greve nacional por tempo indeterminado às vésperas do 1º turno das eleições presidenciais. Os caras propuseram apenas a reposição da inflação de 4,29% e mais nada.

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DIREÇÃO DO BB DISPUTOU NARRATIVA DA CAMPANHA - Durante a greve da categoria neste ano, a direção do Banco do Brasil, através de sua diretoria de recursos humanos, decidiu fazer a disputa ideológica com o movimento sindical. Como dirigente nacional, entendi que os comunicados internos do banco ao quadro de funcionários deveriam ser comentados na página do meu blog. Assim o fiz. A cada comunicado interno do diretor do banco sobre a campanha e as negociações, eu reproduzia o comunicado com meus comentários, esclarecendo os bancários que eu representava sobre coisas que entendia estarem meio esquisitas nas mensagens da direção do banco. Deve ser desde essa época que a direção do banco não “simpatizava” muito comigo... dane-se!

A greve da categoria durou novamente 15 dias, por culpa dos banqueiros, e fomos vitoriosos mais uma vez. Conseguimos bons resultados econômicos e sociais. O reajuste de 7,5% equivaleu no Banco do Brasil a uma valorização no piso de 13%, ou seja, 8,71% de aumento real.

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CONQUISTAMOS O PLANO DE CARREIRAS E REMUNERAÇÃO - Conseguimos uma nova tabela de antiguidade para somar ao PCS, a Tabela de Mérito (PCR). Tenho orgulho de ter em casa, até hoje, o caderno com a construção dessa proposta. Rascunhei uma tabela nova de antiguidade para criar uma estratégia diferente da improdutiva luta por “perdas” com índices inatingíveis de reajustes. Como liderança da corrente majoritária da CUT, nós sempre propusemos coisas que pudéssemos entregar ao final das campanhas salariais como, por exemplo, a política de aumento real.

Também avançamos na proteção do comissionamento dos colegas exercendo funções técnicas, administrativas e gerenciais, não permitindo que o BB retire a função de um(a) trabalhador(a) antes de 3 ciclos avaliatórios insatisfatórios.

A campanha trouxe resultados muito positivos para a categoria bancária em geral. No BB, ainda tivemos avanços para os caixas executivos e os colegas das CABB.

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TRABALHO DE BASE - Após a campanha salarial vitoriosa, estive nas bases fazendo o que aprendi desde que virei dirigentes sindical: estive nos locais de trabalho esclarecendo os trabalhadores sobre as conquistas e também sobre o nosso papel histórico de cidadania para o 2º turno das eleições presidenciais que ocorreriam em poucos dias.

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PLANO ODONTOLÓGICO – A direção do Banco do Brasil apresenta ao funcionalismo o BB Dental, com acesso a partir do dia 11 de novembro de 2010. O que a comunidade de funcionários da ativa e aposentados do BB esperava era o que estava combinado desde a reforma estatutária de 2007, um direito a atendimento odontológico dentro da Caixa de Assistência (Cassi). Ao fazer parceria com a OdontoPrev e disponibilizar o direito somente para os bancários da ativa, a direção do BB deu o que a gente conhece na gíria como um “Passa moleque” no conjunto dos associados da Cassi.

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ACORDO SOBRE USO DO SUPERÁVIT DO PLANO 1 DA PREVI – Em dezembro, após meses de negociações entre a direção da Previ, do BB e do governo, e das representações dos associados, foi aprovado o acordo de uso do superávit do Plano 1. A consulta ao corpo social teve uma aprovação expressiva e os trâmites foram encaminhados nas mais diversas instâncias necessárias.

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O ano de 2010 foi um grande ano de lutas. O presidente Lula terminou seus dois mandatos com alto índice de aprovação e transmitiu a faixa para a PRIMEIRA MULHER PRESIDENTA DO BRASIL, DILMA ROUSSEFF, nossa companheira de coração valente!

É isso!

William Mendes


5.5.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2009


Genésio e eu, contra a Folha "Ditabranda".


RETROSPECTIVA 2009

O mês de janeiro foi um mês de muito trabalho de base. Distribuí materiais sindicais em diversas agências e departamentos do Banco do Brasil, além de participar de reuniões políticas organizativas para o ano de luta. No fim do mês, embarquei para Belém do Pará, para participar do Fórum Social Mundial.

Tive agendas em Brasília no início do mês de fevereiro. A CUT fez dia nacional de lutas: “Querem lucrar com a crise: a classe trabalhadora NÃO vai pagar esta conta”. Tivemos reunião nacional da direção da Contraf-CUT e reuniões políticas na Fetec CUT SP para tratar da questão da incorporação do Banco Nossa Caixa pelo BB. Nossa corrente política Articulação Sindical fez seminário nacional. E também fizemos reunião dos delegados sindicais do Banco do Brasil.

No dia 7 de março, participei do ato em frente ao jornal Folha de São Paulo, que havia afirmado que no Brasil a ditadura tinha sido “branda”. Esse é o veículo de comunicação que emprestou carros para sequestrar pessoas naquele período nefasto do país. Folha “Ditabranda”.

Ainda em março, trabalhei no RJ representando a Contraf-CUT em evento da Previ.

No dia 12/03/09, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região promoveu emocionante ato para recordar e comemorar os 30 anos da “Retomada” (1979-2009) da direção de nosso Sindicato da mão dos pelegos aliados da ditadura. Na matéria especial, Gushiken disse não ter dúvidas de que assim como as lutas dos metalúrgicos do ABC, aquela vitória eleitoral nos bancários foi fundamental para impulsionar o movimento sindical brasileiro a contribuir para a redemocratização do país.

Na segunda quinzena, muitos eventos organizativos: estive no Paraná, em encontro dos bancários do BB e Caixa, estive no Rio de Janeiro também em seminário da categoria. Em São Paulo, ocorreram encontros sobre a incorporação do BNC, e encontros temáticos preparatórios para o Congresso da Contraf-CUT.

No mês de abril, o movimento sindical bancário foi marcado por eventos organizativos e democráticos importantes. Realizamos o 2º Congresso da Contraf-CUT e o companheiro Carlos Cordeiro foi eleito o presidente de nossa confederação. Eu fui eleito secretário de formação.

A categoria realizou os congressos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal em Brasília. Em relação à nossa Caixa de Assistência, a delegação do 20º CNFBB indicou o fortalecimento do modelo de Atenção Integral à Saúde, que na Cassi se desenvolvia através da Estratégia de Saúde da Família (ESF), com unidades próprias de atendimento primário, as CliniCassi.

Como secretário de formação, passei a estudar mais a história do movimento sindical e escrever mais também. Fiz dois artigos no mês de abril.

O mês de maio foi repleto de atividades sindicais. Participei do 1º de maio em Cidade Ademar, Zona Sul de São Paulo, um evento classista e sem patrocínio de empresários. Ainda participei da Corrida dos Trabalhadores em Osasco (8K), evento no qual o Sindicato inscreveu centenas de bancárias e bancários.

Estive em reuniões organizativas e deliberativas no mês. Participei do CECUT no interior de São Paulo – Serra Negra - e depois do planejamento da direção da Contraf-CUT, em Nazaré Paulista.

Ainda em maio realizamos Encontro Estadual da Articulação Sindical da CUT, e contamos com a participação de José Ricardo Sasseron, presidente da Anapar e diretor eleito de seguridade na Previ, e Ricardo Berzoini, presidente do Partido dos Trabalhadores.

Mesmo com agenda cheia, não deixei de fazer base. Fiz reuniões em locais de trabalho no Banco do Brasil e distribuí a revista O Espelho no Complexo São João.

Junho foi mês de boas reuniões nacionais: tivemos Encontro da Juventude e do Coletivo de Formação na Contraf-CUT. Depois tivemos Encontro organizativo da Articulação Sindical. Participei ainda de Assembleia na AABB SP.

Em julho, realizamos na Contraf-CUT o 2º Encontro de Comunicação. Participei da 11ª Conferência Nacional dos Bancários, que definiu a pauta de reivindicações da categoria. Ainda fiz debate sobre a Cassi no auditório do Complexo do Banco do Brasil, na Av. São João.

Participei como delegado, em agosto, do 10º Congresso Nacional da CUT (CONCUT). Começaram as mesas de negociações salariais com os banqueiros e governo federal.

A nossa confederação me designou para representar, em setembro, o ramo cutista em curso de formação na Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Turim (ITA) e em Madri (ESP). Foram três semanas fora do país, em companhia de dirigentes de vários países latino-americanos, debatendo e construindo saídas para aquele contexto: crise do capitalismo com a questão do subprime.

Quando voltei, participei ativamente da campanha salarial e dos 15 dias de greve nacional dos bancários e bancárias, iniciada em 24 de setembro.

Entre outubro e dezembro, realizamos o 1º curso de formação Sindicato, Sociedade e Sistema Financeiro, realizado pela Contraf-CUT e entidades sindicais afiliadas e com o suporte técnico do Dieese. Ao longo do mandato na secretaria de formação, iríamos percorrer todas as regiões do país levando formação às bases da categoria bancária.

Ainda em novembro e dezembro, participei de fóruns democráticos diversos: Conferência de Saúde da Cassi em SP e assembleia da AABB SP. Tivemos seminário sobre bancos públicos e regulamentação do art. 192 da CF. Realizamos na Contraf Reunião da Redes Sindicais Internacionais.

Terminei o ano como comecei: na base, ouvindo os trabalhadores e resolvendo demandas nos locais de trabalho no dia 30 de dezembro, no complexo São João do Banco do Brasil.

Após a revisão das 211 postagens do ano, mais um caderno do blog finalizado. 

William Mendes


5.4.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2008



RETROSPECTIVA 2008

O primeiro semestre do ano de 2008 teve algumas agendas importantes para nós da categoria bancária, em especial os funcionários do Banco do Brasil, que nesse ano completava 200 anos de existência.

Em relação à base de São Paulo, Osasco e região, tivemos as eleições de renovação da diretoria de nosso Sindicato. Fiz parte da nossa chapa cutista “Chapa 1 – a Chapa do Sindicato CUT”. Fui eleito para o 3º mandato representando os colegas da base.

As condições de trabalho estavam ruins na categoria e no BB fizemos diversas paralisações nos primeiros meses do ano para tentar melhorar o dia a dia nos locais de trabalho. Desenvolvemos uma campanha nacional com o mote “Acorda BB – Banco para o Brasil”.

Em termos gerais, estávamos com campanha nacional pela ratificação das convenções 151 e 158 da OIT.

No Sindicato, elegemos delegadas e delegados sindicais, fizemos reunião organizativa e já estávamos acompanhando as notícias de provável venda do Banco Nossa Caixa por parte do governo tucano de São Paulo. Privatização é demissão em massa e o tema nos preocupava muito.

No início de junho, fui às posses das direções eleitas em nossas caixas de assistência e previdência, a Cassi e a Previ. Nós cutistas apoiamos as chapas vencedoras.

Fechando o primeiro semestre, participei do Congresso dos Bancários do Ceará, já no início da Campanha Nacional da categoria.

CAIXA FEDERAL – EMPREGADOS APROVAM NOVO PCS

Em junho, os empregados da Caixa aprovaram em assembleias a proposta de PCS negociada entre patrão e trabalhadores e seus sindicatos. 

Essa foi uma diferença importante entre negociações da Caixa Federal e governo em relação ao Plano de Cargos e Salários (PCS). Enquanto no BB a direção não abriu negociação alguma conosco, o processo avançou na Caixa. A assembleia em nossa base foi no dia 26 de junho.

Em julho, além de fazer bastante trabalho de base, participei de duas conferências de bancários, a de São Paulo e a do Ceará.

No mês de agosto, os governos de São Paulo e do presidente Lula abrem as tratativas para a incorporação do Banco Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. Sindicatos e associações de funcionários do BNC se mobilizam para exigir do governo federal a manutenção dos empregos e dos direitos dos trabalhadores e aposentados.

Representei a Contraf-CUT na posse da diretoria do Sindicato dos Bancários em Alagoas. Iria à posse da direção dos bancários em Porto Alegre, mas perdi o voo e não consegui ir.

Durante o mês de setembro, ocorreram as negociações com os banqueiros na mesa geral da Fenaban e as negociações específicas nos bancos públicos. No BB, fizemos duas reuniões sobre a minuta.

Enquanto lideranças sindicais e patrões se reuniam, nós mobilizávamos a base. No Sindicato em São Paulo, fizemos plenária dos bancários e reunião de delegados sindicais do Banco do Brasil.

Como a proposta dos banqueiros não atendia as reinvindicações da categoria, fizemos paralisação nacional no dia 30 de setembro.

CULTURA

Para dar um respiro às lutas da categoria, fizemos um sarau no Auditório Lélia Abramo, na Regional Paulista do Sindicato. A sugestão foi minha e o evento se chamou Sarau Refeitório Cultural.

SAÚDE FAMILIAR

Entre agosto e setembro, meu pai esteve em São Paulo para realizar uma cirurgia no Hospital da USP. Se não me engano, a cirurgia foi para colocar telas em suas hérnias na região abdominal.

GREVE NACIONAL

Após diversas rodadas de negociação e a tradicional intransigência do patronato, a categoria entra em greve nacional e após 15 dias de mobilização arrancam propostas na mesa geral e nas mesas específicas dos bancos públicos.

ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO

O mês de novembro foi bem agitado a considerar que já havíamos fechado a campanha salarial da categoria.

Além de confraternização com os bancários pela bela luta e unidade na campanha para arrancar proposta após 15 dias de greve, fizemos plenária com os bancários para definir as próximas agendas de lutas. Fiz várias reuniões em agências da base.

Na contraf-CUT, fizemos encontro das Redes Sindicais de Bancos Internacionais, Encontro Nacional de Formação, participei do planejamento da direção do nosso Sindicato e representei a confederação em Encontro Estadual de bancários da Paraíba.

De quebra, tivemos que fazer ação sindical num sabadão no Banco do Brasil porque a direção local queria pôr os bancários para compensarem horas de greve em fim de semana. Não deixamos!

Em dezembro, ainda deu tempo de fazermos dois encontros nacionais, um dos dirigentes do Banco do Brasil, no interior de São Paulo, e outro de dirigentes de sindicatos e federações para debater formas de valorizar a representação sindical.

Ano de muito trabalho, lutas sindicais e o saldo foi positivo para a classe trabalhadora.

Mais um ano de lutas sistematizado em meu blog. São 230 postagens prestando contas e compartilhando informações aos bancários e bancárias que representei.

William Mendes

24.3.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2007



RETROSPECTIVA 2007

O ano de 2007 foi o primeiro ano efetivo do blog sindical que criei em outubro de 2006 e ao longo dos meses fui desenvolvendo formas de prestar contas dos mandatos que exercia em nome de nossos colegas bancários, do nosso sindicato de base e da corrente política Articulação Sindical. A internet e as páginas pessoais eram uma novidade e as pessoas que queriam se comunicar estavam criando seus blogs.

Eu estava no segundo mandato sindical no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região (2005-08), havia pedido para deixar a função na Executiva do sindicato e com isso o nosso coletivo político, o Coletivo BB, me designou como representante paulista na Comissão de Empresa (CEBB) e fui destacado para ser o secretário de imprensa da nossa confederação criada em 2006, a Contraf-CUT.

Exerci as funções que me designaram da melhor forma possível e não abri mão de fazer trabalho de base. Isso fica evidente ao ler minha agenda pública do ano: falei com trabalhadores em praticamente todos os meses, de janeiro a dezembro.

O movimento sindical cutista estava numa luta grande para contratar mais trabalhadores nos bancos públicos e privados. Nossa pressão surtiu efeito nos governos do Partido dos Trabalhadores e após a década de desmonte dos bancos públicos por parte dos governos neoliberais tucanos, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal e os demais bancos públicos federais contrataram novos concursados no lugar de terceirizados.

As contradições que o movimento sindical e o mundo do trabalho enfrentam num governo de esquerda são naturais. Vivenciamos isso. Ao mesmo tempo em que ampliamos em dezenas de milhares de trabalhadores concursados o saldo do número de funcionários do BB e empregados da Caixa, enfrentamos reestruturações nesses bancos para desligar trabalhadores mais antigos, terceirizar setores dos bancos etc.

As postagens demonstram que fui à posse dos novos bancários do BB o ano todo, para apresentar o movimento sindical e sindicalizar o(a) trabalhador(a) já no primeiro dia no BB. Tive a felicidade de sindicalizar centenas de colegas novos. Isso foi marcante em minha vida de dirigente. Enquanto fui representante sindical encontrei bancárias e bancários nos mais diversos locais do país que me diziam que foram sindicalizados por mim no primeiro dia de trabalho.

O ano de 2007 foi de muita luta e negociação com o patrão Banco do Brasil para resolver questões da nossa Caixa de Assistência à saúde, a Cassi. Nossa autogestão sofria constantemente com déficits característicos deste setor de saúde suplementar e o patrocinador BB era o principal responsável pelos déficits, além das questões de mercado, porque não cumpria o estatuto da Cassi e porque alterou as bases das receitas do Plano de Associados, a folha de pagamento dos funcionários congelada por anos. Ao alterar a perna de receita e não pagar o que devia, a Cassi passou a ter déficits cada vez maiores. Negociamos entre o final de 2005 e 2007 a reforma estatutária aprovada no segundo semestre do ano.

Os temas nos quais me envolvi no primeiro semestre foram Cassi, PLR do Banco do Brasil, Comissão de Conciliação Voluntário (CCP/CCV), e as reuniões executivas de nosso sindicato, da Fetec CUT SP e do secretariado da Contraf-CUT. Além, é claro, da secretaria de imprensa.

No segundo semestre, participei ativamente da organização da campanha salarial da categoria, inclusive me envolvi em debates internos durante a confecção da minuta dos bancários porque tinha divergências em relação às propostas de contratação da remuneração variável e fiz o debate fraterno dentro da corrente.

Em linhas gerais, ao reler e sistematizar as 226 postagens do blog, percebo claramente a intenção de estabelecer uma prestação de contas do que fazia, como atuava em nome dos trabalhadores e o que defendia como dirigente sindical. A prática foi melhorando a cada ano e de fato as publicações na internet sobre o exercício da representação política tiveram uma importância central em minha vida até o último mandato eletivo no qual representei milhares de pessoas.

Ao longo da história do blog A Categoria Bancária, utilizei a página até para salvar matérias de páginas de sindicatos e outras instituições de classe por saber que aquelas matérias iriam desaparecer assim que os sites das entidades fossem atualizados ou refeitos. O mais comum no mundo virtual é a mensagem “error” ao clicar em um link de uma matéria antiga. Nossa história vem sendo sistematicamente apagada! Uma tragédia isso.

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“Quem controla o passado, controla o futuro;

quem controla o presente, controla o passado.”

(George Orwell, em “1984”)

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Nós todos temos que salvar nossas histórias de lutas, pessoais e coletivas, do mundo do trabalho e da cultura em geral, de forma impressa e em mídias nossas. As big techs são nossas inimigas de classe e estão em uma guerra mundial de disputa de hegemonia. É muito sério o que George Orwell nos alerta no clássico distópico “1984”, de 1949, que virou realidade no século XXI.

William Mendes


23.3.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2006


William, Cacaio e Marcel no
Congresso da Fetec CUT SP.

RETROSPECTIVA 2006

O ano foi marcado sobretudo pela reeleição de nosso presidente Lula, em outubro. O blog A Categoria Bancária recém iniciava sua trajetória de comunicação direta com os bancários, os trabalhadores em geral e com a militância sindical. Eu havia criado o primeiro blog em 2005, mas o provedor (UOL) encerrou minha página sem consulta e sem minha autorização. Perdi diversos textos guardados somente naquela “nuvem”. Entendam isso!

Após o primeiro mandato como representante sindical de meus colegas bancários no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região (2002-2005), no qual eu estava na Secretaria de Organização e Suporte Administrativo (SOSA), eu era membro da Diretoria Executiva, decidimos em coletivo político – o Coletivo BB – que eu seria o representante paulista na Comissão de Empresa do BB (CEBB), coletivo que assessora a Fetec CUT SP e a Confederação nas negociações com patrão e governo e na organização dos funcionários do BB em nível nacional.

Também decidimos em coletivo político no Sindicato que eu faria parte da chapa eleita na Contraf-CUT em seu primeiro congresso em abril. Minha função prioritária passou a ser a secretaria de imprensa da Confederação e a representação na CEBB. Estaria à disposição das direções do Sindicato e da Fetec a qualquer tempo.

Uma tarefa que executamos na secretaria de imprensa da Contraf-CUT, um desafio e tanto, foi substituir em poucos meses a marca “CNB-CUT”, uma marca conhecida e histórica. Contamos com o apoio da direção e da equipe que trabalhou conosco na imprensa para termos sucesso no desafio.


Já na campanha salarial daquele ano de 2006, no segundo semestre, a Contraf-CUT era reconhecida na mídia comercial, pelo patronato e pela categoria bancária. Nossa logo é um abraço da categoria mais organizada, os bancários, aos setores menos organizados que trabalhavam para os banqueiros, era a ideia de formalizar o Ramo Financeiro.

Destacaria ainda sobre o ano de 2006, a 3ª Marcha do salário mínimo, fundamental para ampliar a distribuição de renda através do trabalho formal. Fomos bem-sucedidos na estratégia que adotamos desde a 1ª Marcha em 2004. Fui em todas elas.

Realizamos o Congresso de nossa Federação dos Bancários da CUT, a Fetec CUT SP. Estive presente nesse fórum importante em nosso Estado.

E aprovamos a Comissão de Conciliação Prévia (ou CCP/CCV). Foram anos de negociação entre nós cutistas e a direção do BB e governo para corrigirmos distorções que aconteciam nas comissões da outra confederação, a Contec.

As negociações sobre a Cassi estavam emperradas, a direção do banco não vinha facilitando as coisas e ainda seriam vários meses de negociações até aprovarmos a reforma estatutária em 2007.

Mais um caderno do blog organizado. É nossa história.

William 

12.3.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2021




RETROSPECTIVA 2021

O ano de 2021 foi um ano difícil para o povo brasileiro e para a classe trabalhadora porque foi o terceiro ano de desgoverno daquela figura inominável na Presidência da República, terceiro ano de destruição de direitos e conquistas do povo pobre e trabalhador.

A pandemia mundial de Covid-19 fazia milhares de vítimas diariamente no mundo e no Brasil. A CPI da Pandemia, que encerrou os trabalhos no final daquele ano, recomendou em seu relatório final o indiciamento do presidente da república pela prática de nove infrações.

Perdi muitos amigos e companheiros de longa data na militância política. Presto minha solidariedade a todas as vítimas da pandemia e do descaso do governo bolsonarento, homenageando nosso querido amigo Wanderley Crivellari, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Londrina e região. O companheiro faleceu no dia 3 de janeiro de 2021, vítima da Covid-19. Wanderley, presente!

As trinta e oito postagens no blog A Categoria Bancária retratam um pouco dos acontecimentos e sentimentos que marcaram o nosso ano de lutas. Os textos têm o olhar de um ex-dirigente nacional de uma importante categoria profissional, os bancários.

Óbvio que o ponto de vista é atomizado, é de uma pessoa que pertence a uma comunidade específica da classe trabalhadora, a comunidade de trabalhadores da ativa e aposentados do Banco do Brasil, que sofreu sérias ameaças de privatização por parte daquele governo.

Os temas de cada postagem abordam acontecimentos no banco público e nas entidades associativas de sua comunidade, principalmente no que diz respeito à autogestão em saúde dos funcionários do BB, a Cassi. Fui gestor eleito da Caixa de Assistência e os objetivos dos textos e vídeos que fiz em 2021 foi contribuir com os debates que estavam acontecendo, contribuir com os conhecimentos que adquiri sobre gestão em saúde.

No final do ano, passei a escrever memórias de minha vida como militante e dirigente sindical. Estávamos ainda sob as exigências restritivas da pandemia mundial de Covid-19 como, por exemplo, a orientação de isolamento social na medida do possível.

A triste lembrança daquele ano de milhares de mortes diárias de brasileiras e brasileiros ficará na memória das pessoas que têm consciência política e que não pactuam com os crimes de lesa-pátria e lesa-humanidade cometidos pelo governo dos bolsonarentos.

Ao reler os textos para encadernar e preservar a produção em meio físico, avalio que os textos contêm informações históricas relevantes. Sempre estudei muito para ser um bom representante de meus colegas de trabalho. Escrevendo, quis passar adiante o que aprendi nas lutas.



DESTAQUES

Dos 38 textos do ano de 2021, poderia destacar alguns nos quais coloquei minhas preocupações e experiências de mais de duas décadas de liderança na organização e lutas por direitos da comunidade BB.

O artigo do dia 22 de janeiro é um dos destaques (ler aqui). Além das ameaças de privatização do Banco do Brasil, falo dos riscos em relação à nossa Caixa de Assistência: as mudanças no modelo assistencial e a terceirização da atividade-fim da Cassi, a criação de diversos planos ruins para familiares dos funcionários e outras mudanças feitas pela gestão à época.

Fiz no dia 11 de fevereiro fiz um artigo a respeito de organização de base (aqui), pois é um tema que domino bem e que pautou minha vida de representação política. Cito até Mandela e o CNA para animar a militância e os sindicatos a se organizarem nos locais de trabalho (OLT) para enfrentar os ataques violentos do governo bolsonarento.

Sobre risco de desmonte da estrutura própria de Atenção Primária da Cassi, as CliniCassi e as equipes de família (ESF), fiz um artigo no dia 18 de março com minhas preocupações sobre o tal projeto de terceirização da atividade-fim da Cassi (aqui), o “Bem Cassi”, e deixo em anexo ao artigo uma denúncia de mesmo teor das médicas e médicos de família de Curitiba sobre o desmonte por parte da prefeitura local da Atenção Básica do SUS na cidade.


DOENTES CRÔNICOS MEDICADOS OU NÃO

Outra matéria que merece destaque mesmo em 2025, momento em que estou sistematizando meus textos do blog, é a matéria do dia 20 de março de 2021 sobre os medicamentos de uso contínuo para pessoas com doenças crônicas (aqui). Na Cassi nós tínhamos um programa de fornecimento dos medicamentos (PAF) entregues na casa dos pacientes crônicos porque monitorar e estabilizar pessoas crônicas é a base do nosso modelo de Atenção Integral à Saúde (evita-se agravamento das doenças).

Nossa gestão da diretoria de saúde da Cassi deixou em 2018 o programa (PAF) com 100% de atendimento aos crônicos e o programa foi desfeito pelas gestões seguintes. Logo em seguida veio a pandemia mundial de Covid-19 e os medicamentos de uso contínuo sumiram do mercado e os crônicos ficaram desassistidos em grandes bases sociais do país... Repito: todo crônico não tratado tem sua doença agravada e ele pode se tornar um paciente de alto custo na rede contratada do mercado de saúde que visa lucro com a doença das pessoas.

Hoje, só acessam medicamentos para crônicos na Cassi aqueles que conseguem superar todas as dificuldades para se pedir ressarcimento e até as notas fiscais adequadas estão mais difíceis por mudanças na receita federal. Uma coisa é quem vive em capitais e grandes cidades, com várias farmácias na rua, outra é a multidão de crônicos que não tem facilidade de acesso ao seu medicamento. A Cassi tem dezenas de milhares de participantes com uma ou várias cronicidades.

Felizmente, o governo Lula ampliou em 2025 o Farmácia Popular e a lista de medicamentos fornecidos gratuitamente pelo Estado (SUS), mas insisto que desfazerem o PAF na Cassi foi um prejuízo imenso para a maioria dos crônicos da Caixa de Assistência e para o modelo preventivo, pois a base do programa era a solidariedade no acesso aos medicamentos a um custo-benefício excelente para o sistema Cassi.

Em abril, fiz uma série de artigos sobre a Cassi abordando diversas questões. Como participei de reuniões virtuais com sindicatos, foquei os artigos em temas que as direções sindicais me pediram para abordar. No texto do dia 16 de abril (aqui), abordo pontos de atenção sobre a Caixa de Assistência naquele momento.

Fiz um artigo de opinião em junho, no dia 4, a respeito do fechamento das duas unidades CliniCassi em Brasília, a da Asa Norte e a da Asa Sul, unidades de saúde acreditadas e de excelência no acolhimento aos participantes. Texto pode ser lido aqui.

Durante o nosso trabalho de gestão, nossas equipes haviam ampliado em mais de 50% o número de cadastrados na Estratégia de Saúde da Família (ESF) e os números vinham melhorando nas unidades, até que decidiram fechar as duas para abrir uma só em outro lugar.

Lembro aqui que uma das questões centrais de um sistema de saúde é “acessibilidade”, se não houver bom acesso, as pessoas terão problemas para utilizá-lo adequadamente.


PLANO CASSI ESSENCIAL

Em artigo do dia 22 de julho, comento matéria da confederação dos bancários – a Contraf-CUT - sobre o lançamento do novo plano de saúde da Cassi, o Cassi Essencial, lançado pela direção da autogestão e já marcado desde o início por polêmicas e incertezas para os eventuais “clientes” e ameaças a todo o sistema de saúde da Caixa de Assistência, como o Plano de Associados e o principal plano familiar, o Cassi Família (ler aqui).

As consequências vieram nos anos seguintes, além dos planos lançados não estarem como poderiam estar em termos de equilíbrio por serem planos novos, o Cassi família que tinha 234 mil participantes, o que é importante para o equilíbrio do plano, vem perdendo assistidos e os últimos reajustes foram absurdos, as mensalidades aumentaram muito após aquele ano e o plano está se tornando inviável também. O Cassi Família é o melhor plano porque não tem coparticipação nem franquia na internação.


SUBSÍDIOS SOBRE CASSI EM REUNIÕES COM BANCÁRIOS

Entre o final de julho e o início de agosto, estudei os principais eixos temáticos sobre a Cassi, autogestão dos funcionários do Banco do Brasil, para participar de reuniões e contribuir com subsídios aos debates dos colegas da ativa e aposentados.

Fiz uma matéria no dia 4 de agosto com um bom resumo sobre os temas mais relevantes sobre a Cassi naquele momento em 2021. Artigo pode ser lido aqui.

Um dos últimos textos do ano sobre a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, antes de começar a série de textos sobre memórias, foi o artigo do dia 9 de setembro (aqui). Eu iria fazer uma apresentação em um encontro nacional de Conselhos de Usuários da Cassi que acabou sendo adiado.

No artigo, fiz uma pesquisa em documentos históricos da Cassi do período da reforma estatutária de 1996 e do momento definidor do modelo de APS escolhido para a Cassi em 2001: a Estratégia de Saúde da Família (ESF). Ao reler o texto em 2025 achei o conteúdo com relevância ainda.

A postagem do dia 13 de setembro é uma espécie de ironia trágica que fiz por causa dos rumos da Cassi naquele momento (ler aqui). A autogestão se comportava como aquela que existia antes da reforma estatutária de 1996. A propaganda da Cassi era um incentivo a demandas espontâneas e foco médico-curativo, modelo absolutamente insustentável.

Era a cultura do momento, tanto da Cassi, quanto do patrocinador e também do país, governado à época por Bolsonaro e Paulo Guedes, aquele que chamava o nosso Banco do Brasil de porra, era dele a famosa frase “vende essa porra!”.

Felizmente, o povo brasileiro em sua maioria optou pela mudança em 2022.

Seguimos nas lutas.

William Mendes


6.3.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2020




RETROSPECTIVA 2020

O segundo ano trágico de governo Bolsonaro começou com a paralisação do mundo perante a maior pandemia mundial em mais de um século. A Covid-19 chegou ao Brasil nos primeiros meses do ano e o povo brasileiro sofreu as consequências de forma exponencial por causa de termos no país um governo negacionista em relação às medidas protetivas sugeridas pelos cientistas e especialistas no mundo todo.

O uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social eram medidas básicas para se evitar ou reduzir a contaminação das pessoas e o grande afluxo aos sistemas de saúde em todas as cidades do país. Apoio econômico e financeiro ao povo e às empresas também era uma necessidade básica para a manutenção das condições básicas de vida e cidadania. E, claro, vacinação em massa, pois a ciência já estudava a confecção de vacinas. O tirano era contrário a tudo isso.

O governo Bolsonaro era inimigo do povo e da classe trabalhadora e só tinha olhos e atenção para o empresariado, os militares e a elite do país, grupos que o mantinham no poder. As primeiras matérias do blog demonstram isso. Após uma quarentena que fiz depois do mandato eletivo na Cassi (jun/2014 a maio/2018), voltei a escrever no blog A Categoria Bancária em julho. Não fiz postagens em 2019.

O presidente da república Jair Bolsonaro vetou (ler aqui) uma conquista do movimento sindical e associativo dos trabalhadores negociada no Congresso Nacional: a ultratividade, ou seja, a manutenção de direitos em acordos e convenções coletivas enquanto patrões e empregados não concluíam as negociações salariais e de direitos. A categoria bancária, por exemplo, tem direitos conquistados há décadas, que poderiam ser perdidos caso não renovados até 31 de agosto, data-base da categoria.

As primeiras matérias no blog, postadas em julho, informam ainda outros esforços de nossas entidades de classe para garantir direitos aos trabalhadores e aposentados. Uma delas é a manutenção do convênio entre a Previ e o INSS para que nossos colegas seguissem recebendo a aposentadoria pública pela Previ. O governo Bolsonaro havia encerrado os convênios. Outra luta em desenvolvimento era a defesa da Caixa Federal, na mira da privatização do governo.

LUTA DE CLASSE

As outras postagens do mês de julho abordam as discussões da campanha salarial da categoria bancária, a vitória da Chapa 1 – Previ para o associado nas eleições do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil e tem um artigo meu sobre a saúde dos trabalhadores (ver aqui).

No mês de agosto (de 2020), postei matérias antigas da confederação sobre as negociações com o banco público BB no ano de 2006 para registrar as contradições que existem nas lutas sindicais entre capital x trabalho, trabalhadores x governos. Existem pontos positivos e pontos negativos mesmo em governos simpáticos ao povo pobre e humilde como os do Partido dos Trabalhadores (Lula e Dilma). Claro que é pior negociar com governos de direita e ultradireita, mas é sempre duro defender direitos dos trabalhadores.

Vejam a questão da ultratividade, por exemplo, enquanto o direitista de merda Bolsonaro vetou (em 2020) a manutenção dos direitos de acordos coletivos após a data-base, os governos do PT renovaram a ultratividade em todos os anos cuja medida foi necessária.

CASSI

Por outro lado, qual o sentido de executivos do governo Lula fazerem o que os do Banco do Brasil fizeram conosco nas negociações sobre a Cassi em 2006? As propostas da direção do banco eram péssimas, eram mais que liberais e de direita, os caras no papel de negociadores queriam literalmente “economizar” para o banco às custas de milhares de trabalhadores, colegas deles.

A empresa não cumpria o Estatuto da Cassi desde 1998 e os caras ficaram o primeiro mandato do governo Lula fazendo cara de paisagem ao invés de regularizar o que estava errado. Só em 2005 a direção do BB aceitou negociar a Cassi por força de Acordo Coletivo em campanha salarial e foram 3 anos de insistência nas negociações para se regularizar a questão em 2007. Uma sacanagem!

O que estou afirmando é público, é história. No blog tem dezenas de matérias sobre esse período, matérias da confederação e dos sindicatos. Um exemplo de publicações da época pode ser lido aqui.

E mais, em 2014 e 2015, já estando na gestão da Cassi, os executivos do BB do governo do PT fizeram o mesmo que antes. Os colegas do banco defendiam teses contra os trabalhadores do BB por ideologia liberal, prejudicando os associados da Cassi às vezes igual ou pior do que fizeram os tucanos.

Um exemplo na Cassi: a forma de rateio do custeio por parte dos associados do Plano de Associados só competia a nós definir o modelo e não ao patrocinador. Ele tinha que pagar corretamente seu compromisso estatutário e só (4,5% sobre ativos pré e pós-1998 e aposentados). No entanto, aquela direção tinha uma fixação por quebrar a solidariedade do Plano e fez de tudo para conseguir seu objetivo. Liberais!

PLR NO BANCO DO BRASIL

Ainda em agosto, recuperei um artigo que fiz em 2006 contando a história da conquista da Participação nos Lucros e Resultados no Banco do Brasil e demais bancos públicos (ler aqui), conquista de 2003, enquanto na categoria a PLR é paga desde 1995. Em 2020 os banqueiros quiseram se aproveitar do regime bolsonarista para reduzir o direito.

CAMPANHAS SALARIAIS NO BB FORAM MELHORES COM LULA

Após a campanha salarial da categoria bancária em 2020, postei no blog um pequeno livro a respeito das campanhas da categoria bancária após a eleição de Lula em 2002. Estudei e compilei em março de 2009 as campanhas dos bancários, sobretudo no Banco do Brasil, entre os anos de 2003 e 2008. (ler aqui)

TERCEIRIZAÇÃO DA ATIVIDADE-FIM DA CASSI

Fechei o ano de 2020 em dezembro com 4 textos sobre gestão em saúde. Além de abordar a questão do modelo de atenção primária baseado na medicina de família e comunidade, fiz artigos de opinião sobre a terceirização da atividade-fim de nossa Caixa de Assistência dos Funcionários do BB, a Cassi, que lançou naquele ano parcerias no mercado para fazer o que deveria ser feito por unidades próprias de atendimento em saúde, as nossas CliniCassi. Os 4 artigos podem ser lidos aqui.

É isso. Mais um caderno do blog concluído para meu centro de documentação (cedoc).

William Mendes

1.3.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2023




RETROSPECTIVA 2023


Os 16 textos do blog A Categoria Bancária não repercutiram no ano de 2023 ações políticas como nos anos pares, aqueles que contêm nos calendários do ano as eleições do país.

Os temas tratados em meus escritos foram mais relacionados à história das lutas da classe trabalhadora, notadamente com o viés de um militante de banco público que além de bancário sindicalizado foi também dirigente nacional de uma das categorias mais organizadas do Brasil.

Meus textos de memórias já vinham sendo produzidos desde o ano de 2021 e após confeccionar mais cinco capítulos dessa temática dei por encerrado o percurso de visitas a momentos marcantes em minha vida como bancário politizado pelos bancários da Central Única dos Trabalhadores. Ao total, foram 39 capítulos de memórias.

Outro tema que escrevo quando entendo ser necessário dizer o que penso sobre algum acontecimento ou tendência de futuro é sobre a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a autogestão em saúde Cassi. Por ter sido gestor eleito da associação, me tornei um estudioso de sua história e do funcionamento do setor de saúde suplementar no Brasil.

A gestão da Cassi passou por mudanças no ano de 2023 por termos eleito outro governo. Novos gestores foram indicados para a direção da operadora de saúde, que tem na gestão a metade eleita pelos associados e a outra metade indicada pelo patrocinador Banco do Brasil, estatal do governo federal.

Fiz apenas três textos sobre a Cassi no blog. No entanto, os textos tiveram 8 mil acessos. Por isso escrevo com muita responsabilidade.

Em linhas gerais, reflito nas postagens as consequências que podem advir com a mudança de foco no modelo assistencial da autogestão, que perseguia até 2018 objetivos de avançar na Estratégia de Saúde da Família (ESF) com unidades de atendimento e equipes próprias de saúde, modelo que melhora o uso da rede prestadora onde se compra serviços – nossos estudos demonstraram isso com participantes fidelizados à ESF – e segue apostando na terceirização do modelo, inclusive incentivando mais uso de rede através de teleatendimento, nas gestões de 2019 adiante.

Por fim, fiz alguns textos da série sobre a história dos bancários sob meu olhar de participante ativo nas lutas sindicais das últimas décadas. Li um livro sobre o Banco do Brasil no formato de revista comemorativa feito por Afonso Arinos a pedido da direção do banco nos anos oitenta. E também comento alguns materiais informativos feitos pela categoria bancária, como boletins O Espelho e outros.

Mais um caderno do blog sistematizado. 

Repito o que digo em meus textos: a intenção de tudo que compartilho nos blogs é trocar experiências, dar opinião sobre temas dos quais conheço alguma coisa ou acabei de aprender e partilhar saberes.

É isso!

William Mendes

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2022


Militância reunida após as lutas em 2022.


RETROSPECTIVA 2022


Os 26 textos do blog A Categoria Bancária no ano de 2022 foram textos basicamente de memórias, a exceção foi uma nova série que iniciei sobre a história dos bancários, reflexões feitas a partir do manuseio dos materiais que acumulei ao longo das últimas décadas de movimento sindical.

Pensando bem, tanto as memórias quanto os textos de história trabalham com o mesmo material: as lutas de nossa classe trabalhadora em geral, e as lutas da categoria bancária, principalmente a partir do olhar de um militante que participou do movimento entre o final do século passado e as primeiras décadas do novo milênio.

O ano de 2022 também foi decisivo para o futuro do Brasil porque no segundo semestre ocorreram as eleições presidenciais e o povo brasileiro escolheu em segundo turno se queria como presidente Jair Bolsonaro ou Luiz Inácio Lula da Silva.

O processo eleitoral foi muito difícil, as condições de disputa foram absurdamente desiguais, e nunca se abusou tanto da máquina pública e do poder econômico para tentar manter um político no poder como fizeram naquele ano. Vencemos a eleição, contra tudo e todos.

Ainda antes de terminarmos com a longa noite de terror que durou do Golpe de Estado contra Dilma em 2016 até a vitória de Lula de forma democrática em 2022, a casa-grande e toda a canalha agregada a ela já iniciou a tentativa de novo golpe antes da diplomação do presidente eleito, em novembro daquele ano.

No ano seguinte, 2023, o Brasil veria no dia 8 de janeiro cenas nunca vistas de ataques às instituições da República. As investigações apontaram recentemente que planejaram matar o presidente Lula. Mais uma vez, evitamos o golpe, mas foi por pouco.

Os textos de memórias foram escritos ao longo do ano, no calor dos acontecimentos, sofrendo tudo o que as pessoas conscientes e politizadas sofriam ao ver a destruição de anos de bolsonarismo e golpismo e ataques aos direitos sociais, políticos, civis e humanos do povo brasileiro.

Ao reler os textos, para preservá-los em forma de livro de memórias, e para encadernar a produção textual de uma vida política e sindical, achei textos e abordagens bem atuais e que poderiam suscitar reflexões sobre os temas tratados ainda hoje.

É meu desejo desde o início da produção textual, contribuir com o que aprendi ao longo da vida de estudos, de lutas e representações.

Pronto mais um caderno dos blogs.

É isso.

William Mendes


Post Scriptum: estou sistematizando toda a minha produção textual nos blogs. Neste sindical e de política e história, estou encadernando os textos por ano de produção. 

A síntese do caderno do ano de 2023 pode ser lida aqui. Já em relação ao caderno do ano de 2024, a síntese pode ser lida aqui.