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28.8.25

Artigo: A autorreforma sindical e a história dos bancários da CUT Brasil



Apresentação:

Publico em homenagem ao Dia dos Bancários e Bancárias e ao aniversário da Central Única dos Trabalhadores este artigo produzido por mim em 2010 para o livro "Procesos de Autoreforma Sindical en Las Américas - Avances del Grupo de Trabajo sobre Autoreforma Sindical (GTAS) en 2010-2011".

À época, era secretário de formação de nossa Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, a Contraf-CUT, e havia participado em 2009 de um curso de formação na Organização Internacional do Trabalho (OIT) representando a nossa confederação e a nossa Central Única dos Trabalhadores (CUT).

William

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I. INTRODUÇÃO

No final dos anos setenta e início dos oitenta, o Brasil vivia sob a égide da ditadura militar, regime que calou a democracia e massacrou os trabalhadores e os movimentos sociais brasileiros, privilegiando alguns grupos empresariais e políticos de direita, e trazendo um crescimento econômico à custa da exploração dos trabalhadores e com a ajuda de sindicatos "oficiais" pelegos, vindos de uma estrutura sindical criada por lei.

Os trabalhadores de grandes setores da economia começaram a se organizar por conta própria, sem o apoio dos sindicatos pelegos, e passaram a exigir melhores salários, condições de trabalho e a volta da democracia no país, através de grandes greves.

Os trabalhadores criaram no início dos anos oitenta a CUT, com a intenção de organizar todos os trabalhadores do campo e da cidade, de todos os setores da economia, do segmento público e privado e tendo como premissa a ideia de uma estrutura sindical mais horizontal e direta na relação entre os trabalhadores e seus sindicatos e a Central.

Essa estrutura mais horizontal entre CUT e sindicatos afiliados tinha como objetivo se contrapor a estrutura oficial, formatada em lei, que mantinha com impostos e tutela do Estado uma estrutura verticalizada de sindicatos, federações e confederações, todas separadas por categorias profissionais e tendo diversos limites e travas na lei para coibir a luta contra os patrões. Também eram proibidas greves gerais que unissem várias categorias profissionais, dificultando até por lei a ideia de unidade e luta da classe trabalhadora.

Os grandes setores da classe trabalhadora brasileira se organizaram nos anos oitenta, à margem da lei e dos sindicatos oficiais, e iniciaram um histórico processo de organização original da classe trabalhadora dentro da CUT - que ficou conhecido como "Novo Sindicalismo" - e essa organização até hoje rende frutos e faz o enfrentamento às constantes reestruturações produtivas do capital.

Neste trabalho, apresentamos de forma sucinta, a história de organização da categoria bancária brasileira, que nesses trinta anos do "Novo Sindicalismo" organizado na CUT, conseguiu enfrentar vários governos e conjunturas econômicas e sociais, como o neoliberalismo, e mantém uma Convenção Coletiva Nacional que abrange bancos públicos e privados, nacionais e estrangeiros, e que enfrenta atualmente grandes desafios como buscar novos acordos marco - a Convenção Coletiva é um acordo marco -, interromper o processo de terceirização e avançar na busca de mais direitos contratados e que valham para todos os trabalhadores dentro do ramo financeiro, dominado por poucas empresas globais e conglomerados nacionais.

2. BREVE HISTÓRICO DA CATEGORIA NOS ANOS 80

A criação da CUT foi um grande passo na organização da classe trabalhadora brasileira: começaram as grandes greves e a luta por melhores salários, condições de trabalho e democracia.

Quando os bancários começaram a se organizar nos anos oitenta, havia várias datas-base por bancos e por regiões do país. Isso dificultava qualquer possibilidade de lutas organizadas em nível nacional.

Em 1982 os bancários realizaram encontros e começaram a unir a categoria em nível nacional.

Em 1983 os trabalhadores brasileiros criaram a Central Única dos Trabalhadores com participação importante do setor bancário.

A criação da CUT trouxe para os trabalhadores brasileiros a pluralidade e a democracia na organização da classe trabalhadora, pois a Central reunia diversas categorias profissionais, diversas linhas de pensamento político e ideológico, setores tanto do campo como da cidade e do setor público e privado, com o intuito de fazer um sindicalismo classista, de massa, com sustentação financeira própria, autônomo e independente de governos e partidos políticos e baseado nos locais de trabalho.

Em 1984 os bancários participaram ativamente na luta pelas "Diretas Já", movimento popular exigindo o fim da ditadura militar e a volta da democracia brasileira.

Em 1985 os bancários organizaram uma greve histórica que paralisou mais de 60% da categoria, ou seja, mais de meio milhão de trabalhadores. Criaram um comando nacional e começaram a realizar a unidade nacional da categoria.

Depois de várias dificuldades enfrentadas pelos grevistas, como violência da polícia e tribunais do trabalho - órgãos do aparato de Estado e favoráveis aos banqueiros -, algumas vitórias foram conquistadas, como reajustes salariais e direitos sociais contratados para vários bancos e regiões do país.

Em 1986 os bancários criaram o Departamento Nacional dos Bancários da CUT - DNB/CUT - para melhorar a organização do setor bancário em nível nacional. O DNB impulsionou rapidamente a criação de novos sindicatos e a conquista de sindicatos oficiais pelegos e se mostrou uma decisão acertada dos bancários da CUT.

Ainda nesta década histórica de luta bancária, os empregados da Caixa Econômica Federal - importante banco público do país - conquistaram o direito de serem considerados bancários e terem a jornada de trabalho da categoria de 6 horas e a filiação em sindicatos de bancários, pois antes eram tratados como economiários.

III. ANOS 90 - BANCÁRIOS ENFRENTARAM COM UNIDADE ATAQUES DO NEOLIBERALISMO

Foi nos anos 90 com o governo Fernando Collor de Mello que começaram as políticas neoliberais de privatizações e caça aos sindicatos e aos direitos trabalhistas.

Os bancários brasileiros, que já estavam organizados nacionalmente no DNB/CUT desde 1986, resistiram melhor aos ataques neoliberais e até conquistaram novos direitos.

Em 1992 os sindicatos de bancários transformaram o Departamento Nacional dos Bancários DNB/CUT - que era somente uma organização interna do setor bancário dentro da Central - em Confederação Nacional dos Bancários - CNB/CUT.

Em 1992 os bancários conquistaram a primeira Convenção Coletiva Nacional de uma categoria - CCT - assinada entre a CNB/CUT e a Fenaban - a federação dos banqueiros -, uniformizando direitos básicos como o piso salarial e direitos sociais em bancos privados e públicos estaduais, para todas as regiões do país. Conquistaram também vale-refeição diário, auxílio-creche e babá, reajustes uniformes para todas as verbas de natureza salarial etc.

Em 1994 os bancários conquistaram para a Convenção Coletiva o direito à cesta-alimentação mensal.

Em 1995 a categoria foi pautada pelas transformações na remuneração e demais exigências do capital e negociaram e contrataram o direito à Participação nos Lucros e Resultados - PLR -, assinada com a CNB/CUT e com regras definidas de valor e porcentagem para todos os trabalhadores dos bancos signatários, sem discriminação ou vínculo a metas individuais, como queriam os bancos.

Nessa década, os bancos públicos federais estavam isolados em suas lutas contra os governos e quando conseguiam negociação, assinavam Acordos Coletivos de Trabalho - ACT. Até o ano de 2003 os públicos federais ficaram sem acordos de PLR assinados com a CNB/CUT, acordos que contêm regras claras de distribuição a todos os trabalhadores.

Após o ano de 1995, com a eleição de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, os ataques neoliberais foram fortemente acelerados e grandes setores da economia foram privatizados. Para os bancários, a história não foi diferente. Quase todos os bancos públicos estaduais e regionais foram privatizados e houve forte ataque aos públicos federais.

Nos bancos públicos federais começaram os congelamentos salariais e a perda de direitos coletivos e planos de demissão "voluntária" - PDV - com demissões em massa. Só no Banco do Brasil foram eliminados mais de 50 mil postos de trabalho ao final do processo de enxugamento para posterior privatização, com o suicídio de dezenas de trabalhadores.

Nos bancos privados, e nos estaduais que resistiram à privatização, e que já seguiam a Convenção Coletiva da categoria, seguiu a luta unitária e manutenção de reajustes e principais direitos coletivos.

IV. ANOS 2000 - A CATEGORIA BANCÁRIA CONQUISTA A UNIDADE ENTRE BANCOS PÚBLICOS E PRIVADOS

A Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários passou a ser assinada pelos bancos públicos federais e foi criada a Contraf-CUT, para organizar todos os trabalhadores do ramo financeiro.

No final dos anos noventa, os bancários de bancos públicos federais passaram a discutir em seus congressos anuais o fim do isolamento e a busca da unidade com a categoria. Após a mudança de governo em 2002, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, um maior diálogo entre trabalhadores e governo permitiu alguns avanços, como a luta para unir os direitos coletivos dos bancários na mesma Convenção Coletiva de Trabalho.

Alguns passos estratégicos foram importantes para a categoria e a ação sindical foi fundamental para isso com as mobilizações e as greves gerais. Os bancários fizeram grandes greves em toda esta década.

Em 2003 os bancários dos bancos públicos federais fizeram greve exigindo do governo federal o cumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho da CNB/CUT. Ao final, conseguiram vários direitos, mas estes direitos ainda foram mantidos em acordos específicos - ACT.

Em 2004 a CNB/CUT exige em acordo prévio com o governo federal que ele cumpra o que os bancários conquistassem na campanha nacional da categoria, tanto direitos sociais como índices econômicos. Os bancários vão para uma greve de 30 dias e ao final ocorre julgamento do TST - Tribunal Superior do Trabalho - diminuindo proposta integral negociada em mesa geral com a Fenaban. Mas as conquistas foram melhores que as dos anos anteriores, quando públicos federais e privados estavam separados.

Em 2005, na Conferência Nacional dos Bancários - encontro que finaliza uma série de encontros locais e regionais da categoria -, é criado um Comando Nacional de negociação entre os trabalhadores e os banqueiros e governo. Ao final da campanha nacional, o Banco do Brasil passou a assinar a CCT da CNB/CUT. A Caixa Econômica Federal assinaria a mesma Convenção no ano seguinte.

Em 2006 os bancários criaram a Contraf-CUT - Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT - pela necessidade de organizar a totalidade dos trabalhadores que estão inseridos no processo produtivo do sistema financeiro, pois os banqueiros foram se reestruturando em conglomerados e holdings e retirando direitos conquistados na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria bancária.

A luta atual da CUT é para voltar a representar cerca de um milhão de trabalhadores no ramo financeiro, pois somente a metade está com os direitos contratados em convenções e acordos coletivos.

Como síntese da organização da categoria nos anos 2000, destacamos que os bancários conseguiram a unidade nacional e por 7 anos seguidos fizeram grandes greves nacionais, ora gerais ora por bancos.

Os bancos públicos passaram a ter reajustes em todas as verbas salariais - antes da unidade com a categoria na mesa da Fenaban, ou era reajuste zero ou era só no piso e nada nas comissões e funções e também passaram a ter direitos econômicos e sociais que eram maiores na CCT da Contraf-CUT.

V. ESTRUTURA DE NEGOCIAÇÃO E CONTRATAÇÃO COLETIVA DOS BANCÁRIOS BRASILEIROS

Os trabalhadores brasileiros vêm acumulando experiências importantes em termos de organização sindical desde a criação da nossa Central Única dos Trabalhadores - CUT - nos anos oitenta.

Os desafios para enfrentar o setor patronal sempre foram grandes, como também foram grandes as estratégias e táticas adotadas pelos segmentos de trabalhadores dentro da Central para avaliar a melhor forma de organizar cada categoria profissional de acordo com as suas respectivas necessidades e reestruturações produtivas constantes, como é inerente ao sistema capitalista.

A estrutura de organização e negociação coletiva atual dos bancários passou por várias adaptações nestas três décadas de organização cutista. Percebemos a necessidade de nos organizarmos por ramo financeiro nos anos 2000 e buscar a organização internacional por parte dos trabalhadores do setor financeiro porque o lado patronal já se organiza assim também.

Os bancários brasileiros têm uma estrutura organizacional em nível nacional, que conta com um comando político chamado Comando Nacional, que é coordenado pela Contraf-CUT, e que representa cerca de 90% dos bancários do País em sua Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e aditivos, tanto por bancos quanto por regiões.

* Comando Nacional dos Bancários

* Contraf-CUT, que coordena o Comando Nacional, contém 8 federações filiadas e cerca de 110 sindicatos representados + 2 federações e sindicatos de outras centrais

* Federações de bancários, que representam os sindicatos filiados e têm suas representações no Comando Nacional, nas COEs (Comissões de Empregados por bancos) da Contraf-CUT e nos grupos/mesas temáticas

* Sindicatos de bancários em todo o país, que se organizam nas regiões através das federações, e decidem as questões da categoria junto aos bancários em assembleias, encontros e plenárias

* OLT - Organização nos Locais de Trabalho - Os delegados sindicais, militantes e cipeiros organizam os locais de trabalho junto com os sindicatos locais para levar demandas, informações e criar a correlação de forças para as negociações coletivas nacionais, seja por banco seja por temas

VI. O PROCESSO DEMOCRÁTICO DA CONSTRUÇÃO DAS REIVINDICAÇÕES DOS BANCÁRIOS

Um dos fatores mais importantes da unidade da categoria bancária é a democracia em seus processos tanto para a construção da pauta de reivindicações como nos momentos decisivos de se deliberar pela mobilização e greve ou pela aceitação das propostas e contratação coletiva.

Todos os anos as negociações nacionais entre banqueiros e governo e os trabalhadores bancários começam com assembleias de base em mais de uma centena de sindicatos, reunidos em dez federações.

Após as propostas serem debatidas e votadas nas assembleias, ocorrem encontros e conferências estaduais ou regionais - por federações.

Finalizadas essas etapas locais, os bancários brasileiros participam de uma conferência nacional da categoria que define a pauta final de reivindicações a ser entregue aos banqueiros e governo.

Além de todo esse processo democrático, também temos os congressos dos bancos públicos que definem da mesma forma - desde assembleias de base até o congresso nacional - as questões específicas a cada banco público.

Nos últimos anos, os bancários negociam de forma concomitante tanto as questões gerais da Convenção Coletiva de Trabalho - CCT -, comum a todos, como as pautas específicas a cada banco público.

Quando não há propostas ou quando elas são insuficientes os bancários de todos os segmentos decidem em assembleias se aceitam o que foi oferecido ou se entram em greve.

Ao final do processo de mobilização e greve, os bancários contratam os novos direitos que renovam a CCT e os aditivos por banco.

Se as reivindicações específicas dos bancos públicos não forem atendidas ao final da greve geral, pode ocorrer de a categoria como um todo aceitar a renovação da Convenção Coletiva e um ou mais banco seguir na greve em busca de suas reivindicações específicas.

Além desse processo de construção das pautas de negociação, também temos na Contraf-CUT as COEs - Comissões de Empregados dos principais bancos -, bancários indicados pelas próprias federações para aprofundar questões como segurança, terceirização, saúde, igualdade e outras mais.

Temos instaladas mesas de negociação com os banqueiros em 2010 que tratam das questões de Igualdade, de Terceirização, de Segurança Bancária e de Saúde e Condições de Trabalho.

VII. A CONTRAF-CUT E A QUESTÃO DA ORGANIZAÇÃO DO RAMO FINANCEIRO

A questão de organizar os trabalhadores que estão inseridos no processo produtivo do sistema financeiro é hoje um dos maiores desafios dos trabalhadores brasileiros e do mundo.

Temos alguns bancos - grandes conglomerados criados através de reestruturações societárias - que atuam em sistema de cartel e monopolizam o mercado bancário. Esses poucos bancos conseguiram nos últimos anos, através de muita influência nos parlamentos e nos órgãos reguladores como o Banco Central, desorganizar todo a categoria bancária em termos de direitos coletivos e legislação trabalhista.

Temos mais de um milhão de trabalhadores fazendo operações de intermediação financeira no Brasil e menos da metade está coberta com os direitos da Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários - CCT - assinada entre a Contraf-CUT e a Fenaban.

A outra parte dos trabalhadores do sistema financeiro está distribuída em regimes precarizados de trabalho, em diversas modalidades de terceirização de serviços bancários, a maior parte delas é pura interposição fraudulenta de mão de obra.

Direitos fundamentais da categoria como piso e jornada de trabalho de 6 horas e semana de trabalho de segunda a sexta-feira não são respeitados dentro da cadeia produtiva terceirizada e precarizada dos conglomerados financeiros.

Serviços de atividades auxiliares no dia a dia dos bancos como processamento de envelopes de depósitos bancários, pagamentos e recebimentos, abertura de contas e empréstimos, aplicações e cartões de crédito, bem como produtos financeiros do mesmo conglomerado como seguros, capitalização, previdência, planos de saúde, consórcios etc, todos esses serviços e fontes de receita dos bancos continuam sendo feitos como no passado, mas sem os trabalhadores receberem os direitos dos bancários.

Algumas figuras jurídicas criadas pelo Banco Central brasileiro, como os Correspondentes Bancários, põem em risco a própria existência de nossa categoria, pois é melhor um banco terceirizar completamente os serviços e os custos do que manter em folha de pagamento um bancário com seus direitos coletivos nacionais.

O desafio da Contraf-CUT e de suas federações e sindicatos de bancários atualmente é reorganizar esses trabalhadores terceirizados, mobilizá-los, fazer greves como sempre fizemos e passar a representá-los primeiro de fato, liderando as greves e buscando negociações, e depois representá-los também de direito, mudando a lei e a legislação. A CUT já fez isso desde a sua origem e estamos fazendo novamente, lutando contra essas reestruturações produtivas que prejudicam a classe trabalhadora.

A Contraf-CUT foi criada para buscar reorganizar e representar de fato e de direito mais de 500 mil trabalhadores que continuam trabalhando para os conglomerados financeiros, só que sem os direitos da categoria bancária.

São setores inteiros como telemarketing; empresas dos próprios bancos de produtos financeiros de capitalização; previdência e seguros; empresas de processamentos de Back Office; tecnologia da informação (TI); correspondentes bancários como a empresa Correios e Telégrafos (parceria com Bradesco) e lotéricas (parceria com a Caixa Econômica Federal); cooperativas de crédito; e agora, supermercados e demais lojas do comércio substituindo o trabalho bancário. Sem contar toda a automação bancária que já acompanha o setor desde os anos oitenta.

Nos últimos anos, nossos sindicatos têm organizado os terceirizados que processam os envelopes de depósitos bancários para alguns bancos como, por exemplo, a empresa Fidelit que atende o Bradesco e o Santander (empresa pertence aos bancos), e através de greves nessas empresas, organizadas por nossos sindicatos, já conquistamos direitos coletivos que esses trabalhadores não tinham como o vale-refeição e a cesta-alimentação.

Também estamos lutando juridicamente e nos parlamentos para que a legislação dê mais garantias formais aos trabalhadores do sistema financeiro. Há projeto de lei no parlamento para regulamentar e disciplinar que tipo de terceirização pode ocorrer em setores como o financeiro e outros. Mas a lei ainda precisa ser votada e um dos problemas é a correlação de forças dos representantes dos trabalhadores no parlamento nacional.

A luta pela unidade e por mais direitos contratados segue, para os bancários do Brasil e do mundo.

William Mendes

Secretário de formação da Contraf-CUT (2009-2012)


Bibliografia:

Procesos de Autoreforma Sindical en Las Américas - Avances del Grupo de Trabajo sobre Autoreforma Sindical (GTAS) en 2010-2011. Proyeto FSAL-AS/ACTRAV/OIT

31.7.25

Diário e reflexões


Presidente Lula fala
ao povo brasileiro

A luta por um país soberano e por cidades melhores para se viver segue firme e contamos com nossas lideranças populares para os avanços

Quinta-feira, 31 de julho de 2025.


Opinião

O mês termina com muitas incertezas para o Brasil e o mundo por causa da guerra global imposta pelos Estados Unidos a todos os países, principalmente para aqueles que não são vassalos do império decadente dos norte-americanos. O BRICS e os avanços chineses em todas as áreas são os motivos dos ataques ao país, e o clã de vira-latas do RJ é a desculpa que veio a calhar ao senhor MAGA. Se esses bolsonaros fossem de outro país, já estariam presos ou pior.

Trump liquidou as regras internacionais construídas após a 2ª Guerra Mundial. Agora as sanções econômicas e políticas são como as bombas que os EUA jogam sobre os países e povos que não se submetem a eles. Com o fim da diplomacia, a lei do mais forte e que tem poder de matar é a única regra no mundo. Imaginem o que é sofrer sanções que bloqueiam a vida de um país como Cuba enfrenta há 63 anos...

O Brasil governado pelo Partido dos Trabalhadores tenta resistir ao ataque covarde e fora da lei perpetrado pelos Estados Unidos. A luta é desigual porque dificilmente algum país importante como o nosso tenha uma quantidade tão grande de traidores da pátria, de gente quinta-coluna, como o clã Bolsonaro e seus seguidores lunáticos.

Se eu estivesse na política, estaria fazendo o que fiz por mais de duas décadas, estaria estudando os cenários e as possibilidades, pensando objetivos de curto, médio e longo prazo e estratégias e táticas para chegar aos objetivos. Mas isso é passado. Seguirei me esforçando por não dizer o que penso sobre o nosso governo, o partido, o movimento sindical e o que vejo ao meu redor no campo da esquerda.

O que sei é que o presidente Lula está fazendo o possível e o impossível para defender o Brasil e o povo brasileiro dos ataques covardes dos Estados Unidos e da extrema-direita lixo do nosso país. Lógico que Lula está fazendo do jeito dele, como conhecemos há seis décadas. Lula não é e nunca foi um revolucionário, sempre foi um conciliador. Estudei isso por duas décadas como sindicalista cutista e compreendo o presidente e o PT, por mais que discorde de algumas coisas.

Obrigado por tanta dedicação e esforço por nós, presidente Lula!

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Heber fala em audiência sobre
o IFSP, unidade Osasco

LUNA ZARATTINI E O COLETIVO JUNTOZ: INSPIRAÇÃO E ESPERANÇA

O que tenho acompanhado minimamente na política partidária é a atuação das juventudes do Partido dos Trabalhadores que estão dando o melhor de si para renovar e revigorar a forma de fazer política do partido junto às bases sociais.

Em Osasco, Heber, Gabi e Matheus, do Coletivo JuntOz, estão atuando de forma extraordinária nesses 7 meses de trabalho no mandato parlamentar na Câmara Municipal de Osasco. Dá um orgulho danado ver a inteligência deles, o preparo e a atitude diária na busca de avanços para o povo da cidade.

Temos 1 (uma) cadeira em 21 cadeiras da Câmara, mas o trabalho deles em benefício do povo é como se eles fossem muitos mandatos, eles são muito bons. 

Ontem estive na 2ª audiência pública na Câmara para tratar do Instituto Federal em Osasco (IFSP). Todos os avanços nessa questão têm participação decisiva do Coletivo JuntOz.

Luna informa paulistanos
sobre medidas de Trump

E a nossa querida Luna Zarattini, vereadora mais votada do Partido dos Trabalhadores em São Paulo e no país, segue incansável nas diversas frentes de luta para as quais o partido destacou a companheira para liderar.

Luna, Heber, Gabi e Matheus, assim como outras lideranças do partido que admiro e respeito, são inspiração e esperança na política como meio de transformar a vida das pessoas que mais precisam, o povo pobre e trabalhador.

William Mendes

(21h)

4.7.25

Diário e reflexões



Nas eleições internas do Partido dos Trabalhadores, nem sempre os eleitores podem votar em quem desejam

Osasco, 04 de julho de 2025

Opinião


Domingo, dia 6 de julho, é dia de exercer a democracia em um dos principais partidos de esquerda e do campo democrático das Américas, é dia de Processo de Eleição Direta (PED) no Partido dos Trabalhadores. Milhões de eleitoras e eleitores vão às urnas eleger seus dirigentes partidários.

Em Osasco, concorriam às eleições três chapas: 

687 Renovação do PT em Osasco

681 Unificar e Avançar

680 Experiência e Renovação

Concorriam...

Eis que às vésperas das eleições impugnaram a chapa do Coletivo JuntOz, a chapa 687 na qual eu votaria por apoiar e acreditar no trabalho inovador que vem sendo feito por Heber, Gabi e Matheus, eleitos para a Câmara Municipal de Osasco após 8 anos sem representação do partido no legislativo.

Francamente! Conhecendo a política como quem foi sindicalista por duas décadas e conhecendo os processos eleitorais, fico imaginando em quantos locais do Brasil algo parecido aconteceu neste processo. São mais de cinco mil municípios brasileiros...

Não acho justo impedir que parte dos eleitores do partido votem em quem gostariam de votar por qualquer que seja o "pelo em ovo" que tenham usado como justificativa para pedir impugnação da candidatura do Heber a presidente e da chapa à direção municipal. 

(Post Scriptum: em vídeo, Heber explicou que desistiu de concorrer à presidência quando impugnaram a chapa)

Todas as candidaturas colocadas são valorosas e têm legitimidade para se apresentarem no processo eleitoral. Impedir uma das chapas de participar num processo de eleição proporcional é impedir que as contribuições do Coletivo JuntOz sejam consideradas no dia a dia do partido em Osasco.

Triste isso! Desanimador! Felizmente, nossos jovens vereadores estão na Câmara Municipal fazendo uma representação que nos enche de orgulho.



É isso! Em Osasco, não posso mais votar na renovação... se quiser exercer meu voto, que vote na conservação...

Histórico

Nas eleições municipais de 2024, o Coletivo JuntOz precisou de muita determinação para concorrer e ser eleito após 8 anos sem termos nenhum mantado parlamentar na cidade. Os jovens não tiveram muito apoio interno das forças políticas mais tradicionais do partido em Osasco. Mas tiveram apoio popular, trabalho de base!

Registro minha indignação com essa forma burocrática de impedir que as nossas jovens lideranças do Partido dos Trabalhadores em Osasco participem das instâncias diretivas contribuindo para a renovação de uma instituição tão importante em nossas vidas de classe trabalhadora.

Queridos companheir@s Heber, Gabi e Matheus, estou com vocês e parabenizo o trabalho excepcional que vocês estão realizando em nossa cidade.

William Mendes

25.5.25

Companheiro Marcos Martins, sempre presente!


Marcos Martins, no aniversário do PT. (29/03/25)


Uma referência política e de vida

Osasco, 25 de maio de 2025.


Faleceu neste domingo nosso querido companheiro Marcos Martins, liderança histórica dos trabalhadores bancários e de toda a população da região de Osasco, vereador e deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores em diversas legislaturas, ele foi o maior lutador contra a praga do Amianto e suas consequências à saúde das pessoas.

Quando conheci Marcos Martins eu tinha 19 anos, era funcionário do Unibanco no Centro Administrativo na Raposo Tavares (CAU). Marcão era a nossa referência do Sindicato dos Bancários: ele foi um dos idealizadores da Regional Osasco. Eu tinha poucos meses de trabalho e fui convencido por ele e sua equipe a ajudar numa greve que ocorreria ali no CAU. Eu era da agência. Fiz os convencimentos dos colegas e paramos a unidade.

Marcos Martins sempre me impressionou por sua simplicidade e assiduidade nos locais de trabalho da categoria e nas mobilizações. Eu saí do Unibanco, entrei no Banco do Brasil e depois virei diretor do Sindicato. Mesmo tendo conhecido Deise Lessa (do BB), outra referência de trabalho sindical e postura política, Marcão seguiu sendo minha referência de como gostaria de atuar sendo representante dos trabalhadores.

Por 16 anos, me esforcei por honrar o mandato dos colegas atuando na base como aprendi com Marcos Martins e Deise Lessa. Mesmo quando o mandato que exerci foi de âmbito nacional, procurei honrar minhas referências políticas, ter simplicidade e assiduidade nos locais de trabalho. Marcão foi um Norte para minha atuação como dirigente de classe.

Querido companheiro Marcos Martins, obrigado por tudo! Você estará sempre presente em nossos corações e nas nossas memórias!

Expresso nossos sentimentos à sua companheira Sueli e aos filhos, familiares, amig@s e companheir@s.

William Mendes


29.3.25

Diário e reflexões: o PT é estratégico nas lutas populares!

 


PARTIDO DOS TRABALHADORES 13 FAZ ANIVERSÁRIO!

O PT é estratégico nas lutas populares!


Estive hoje no evento de comemoração dos 45 anos do PT em Osasco, realizado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos. O ato reuniu diversas gerações de lutadores e lutadoras que compõem a militância do partido. Foi um encontro muito bonito e que nos encheu de energia.

O partido voltou à Câmara Municipal de Osasco nesta legislatura após a bela campanha e eleição do JuntOz, o coletivo composto pelos jovens Heber, Gabi e Matheus. A militância da cidade se envolveu e nossas candidaturas petistas somaram votos para voltarmos à Câmara.

O PT segue firme no papel de partido das massas, de instrumento de luta do povo. As filiações tiveram avanços nos últimos meses, foram mais de 600 em Osasco e mais de 22 mil filiações novas no Estado de São Paulo

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100 DIAS DO JUNTOZ

Nossos representantes na Câmara Municipal prestaram contas do início do mandato popular e o trabalho dos três se mostra incansável.

O JuntOz está atuando em diversas frentes de lutas e busca atender demandas da população de todas as regiões da cidade de Osasco.

Só nesses primeiros meses foram mais de 150 solicitações à Prefeitura relativas a questões da cidadania vindas dos bairros.

A viabilidade do Instituto Federal em Osasco contou com a postura firme do JuntOz e os cursinhos populares são prioridade para que a juventude osasquense possa estudar de forma gratuita e com qualidade de ensino em nossa cidade.

A questão ambiental também é pauta central de nossos representantes no parlamento de Osasco.

Estive no gabinete do JuntOz dias atrás, o mandato é aberto ao povo, e pude comprovar que trabalho de qualidade a nossa representação está fazendo.

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MARCOS MARTINS: UMA REFERÊNCIA!

É sempre uma alegria imensa estar com uma de nossas maiores lideranças da cidade de Osasco, o companheiro Marcos Martins.

Como um cidadão politizado pelos bancários da CUT e do PT ao longo de mais de três décadas, tenho em Marcos Martins uma referência que me inspirou a forma de atuar quando fui dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. 

Minha referência em Marcos Martins vem desde que trabalhei no Unibanco da Raposo Tavares, o CAU, nos anos oitenta. Lá estava ele organizando e politizando a categoria como funcionário do Sindicato.

Quando fui eleito diretor do Sindicato, procurei estar presente nas bases e nos locais de trabalho como vi Marcos Martins fazer a vida toda. Ele e Deise Lessa, companheira do Banco do Brasil, foram minhas referências de um bom trabalho de base!

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EMIDIO, ALUISIO E AS LIDERANÇAS DE OSASCO

Não poderia deixar de registrar as falas importantes que tivemos de nossa direção partidária local, dos sindicalistas e movimentos sociais, a potência das falas de nossas companheiras petistas e o resgate histórico que Emidio de Souza e Aluisio Pinheiro fizeram ao final do ato.

A companheira Flávia fez um resgate importante das lutas das mulheres para além do mês de março. O mês tem a data de 8 de março como referência, mas a jornada de luta das mulheres é o ano todo.

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Foi um dia de comemoração e também de organização das lutas e dos próximos passos para avançar com nossos projetos de sociedade.

Toda a militância está convocada para o ato de amanhã, domingo 30, na Avenida Paulista, com pautas de interesse da classe trabalhadora como impedir a tentativa de anistia dos golpistas bolsonaristas, a pauta do fim da jornada 6x1, a pauta da isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais e outras agendas centrais.

É isso. Viva o PT e viva a classe trabalhadora!

William Mendes


24.3.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2007



RETROSPECTIVA 2007

O ano de 2007 foi o primeiro ano efetivo do blog sindical que criei em outubro de 2006 e ao longo dos meses fui desenvolvendo formas de prestar contas dos mandatos que exercia em nome de nossos colegas bancários, do nosso sindicato de base e da corrente política Articulação Sindical. A internet e as páginas pessoais eram uma novidade e as pessoas que queriam se comunicar estavam criando seus blogs.

Eu estava no segundo mandato sindical no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região (2005-08), havia pedido para deixar a função na Executiva do sindicato e com isso o nosso coletivo político, o Coletivo BB, me designou como representante paulista na Comissão de Empresa (CEBB) e fui destacado para ser o secretário de imprensa da nossa confederação criada em 2006, a Contraf-CUT.

Exerci as funções que me designaram da melhor forma possível e não abri mão de fazer trabalho de base. Isso fica evidente ao ler minha agenda pública do ano: falei com trabalhadores em praticamente todos os meses, de janeiro a dezembro.

O movimento sindical cutista estava numa luta grande para contratar mais trabalhadores nos bancos públicos e privados. Nossa pressão surtiu efeito nos governos do Partido dos Trabalhadores e após a década de desmonte dos bancos públicos por parte dos governos neoliberais tucanos, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal e os demais bancos públicos federais contrataram novos concursados no lugar de terceirizados.

As contradições que o movimento sindical e o mundo do trabalho enfrentam num governo de esquerda são naturais. Vivenciamos isso. Ao mesmo tempo em que ampliamos em dezenas de milhares de trabalhadores concursados o saldo do número de funcionários do BB e empregados da Caixa, enfrentamos reestruturações nesses bancos para desligar trabalhadores mais antigos, terceirizar setores dos bancos etc.

As postagens demonstram que fui à posse dos novos bancários do BB o ano todo, para apresentar o movimento sindical e sindicalizar o(a) trabalhador(a) já no primeiro dia no BB. Tive a felicidade de sindicalizar centenas de colegas novos. Isso foi marcante em minha vida de dirigente. Enquanto fui representante sindical encontrei bancárias e bancários nos mais diversos locais do país que me diziam que foram sindicalizados por mim no primeiro dia de trabalho.

O ano de 2007 foi de muita luta e negociação com o patrão Banco do Brasil para resolver questões da nossa Caixa de Assistência à saúde, a Cassi. Nossa autogestão sofria constantemente com déficits característicos deste setor de saúde suplementar e o patrocinador BB era o principal responsável pelos déficits, além das questões de mercado, porque não cumpria o estatuto da Cassi e porque alterou as bases das receitas do Plano de Associados, a folha de pagamento dos funcionários congelada por anos. Ao alterar a perna de receita e não pagar o que devia, a Cassi passou a ter déficits cada vez maiores. Negociamos entre o final de 2005 e 2007 a reforma estatutária aprovada no segundo semestre do ano.

Os temas nos quais me envolvi no primeiro semestre foram Cassi, PLR do Banco do Brasil, Comissão de Conciliação Voluntário (CCP/CCV), e as reuniões executivas de nosso sindicato, da Fetec CUT SP e do secretariado da Contraf-CUT. Além, é claro, da secretaria de imprensa.

No segundo semestre, participei ativamente da organização da campanha salarial da categoria, inclusive me envolvi em debates internos durante a confecção da minuta dos bancários porque tinha divergências em relação às propostas de contratação da remuneração variável e fiz o debate fraterno dentro da corrente.

Em linhas gerais, ao reler e sistematizar as 226 postagens do blog, percebo claramente a intenção de estabelecer uma prestação de contas do que fazia, como atuava em nome dos trabalhadores e o que defendia como dirigente sindical. A prática foi melhorando a cada ano e de fato as publicações na internet sobre o exercício da representação política tiveram uma importância central em minha vida até o último mandato eletivo no qual representei milhares de pessoas.

Ao longo da história do blog A Categoria Bancária, utilizei a página até para salvar matérias de páginas de sindicatos e outras instituições de classe por saber que aquelas matérias iriam desaparecer assim que os sites das entidades fossem atualizados ou refeitos. O mais comum no mundo virtual é a mensagem “error” ao clicar em um link de uma matéria antiga. Nossa história vem sendo sistematicamente apagada! Uma tragédia isso.

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“Quem controla o passado, controla o futuro;

quem controla o presente, controla o passado.”

(George Orwell, em “1984”)

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Nós todos temos que salvar nossas histórias de lutas, pessoais e coletivas, do mundo do trabalho e da cultura em geral, de forma impressa e em mídias nossas. As big techs são nossas inimigas de classe e estão em uma guerra mundial de disputa de hegemonia. É muito sério o que George Orwell nos alerta no clássico distópico “1984”, de 1949, que virou realidade no século XXI.

William Mendes


23.3.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2006


William, Cacaio e Marcel no
Congresso da Fetec CUT SP.

RETROSPECTIVA 2006

O ano foi marcado sobretudo pela reeleição de nosso presidente Lula, em outubro. O blog A Categoria Bancária recém iniciava sua trajetória de comunicação direta com os bancários, os trabalhadores em geral e com a militância sindical. Eu havia criado o primeiro blog em 2005, mas o provedor (UOL) encerrou minha página sem consulta e sem minha autorização. Perdi diversos textos guardados somente naquela “nuvem”. Entendam isso!

Após o primeiro mandato como representante sindical de meus colegas bancários no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região (2002-2005), no qual eu estava na Secretaria de Organização e Suporte Administrativo (SOSA), eu era membro da Diretoria Executiva, decidimos em coletivo político – o Coletivo BB – que eu seria o representante paulista na Comissão de Empresa do BB (CEBB), coletivo que assessora a Fetec CUT SP e a Confederação nas negociações com patrão e governo e na organização dos funcionários do BB em nível nacional.

Também decidimos em coletivo político no Sindicato que eu faria parte da chapa eleita na Contraf-CUT em seu primeiro congresso em abril. Minha função prioritária passou a ser a secretaria de imprensa da Confederação e a representação na CEBB. Estaria à disposição das direções do Sindicato e da Fetec a qualquer tempo.

Uma tarefa que executamos na secretaria de imprensa da Contraf-CUT, um desafio e tanto, foi substituir em poucos meses a marca “CNB-CUT”, uma marca conhecida e histórica. Contamos com o apoio da direção e da equipe que trabalhou conosco na imprensa para termos sucesso no desafio.


Já na campanha salarial daquele ano de 2006, no segundo semestre, a Contraf-CUT era reconhecida na mídia comercial, pelo patronato e pela categoria bancária. Nossa logo é um abraço da categoria mais organizada, os bancários, aos setores menos organizados que trabalhavam para os banqueiros, era a ideia de formalizar o Ramo Financeiro.

Destacaria ainda sobre o ano de 2006, a 3ª Marcha do salário mínimo, fundamental para ampliar a distribuição de renda através do trabalho formal. Fomos bem-sucedidos na estratégia que adotamos desde a 1ª Marcha em 2004. Fui em todas elas.

Realizamos o Congresso de nossa Federação dos Bancários da CUT, a Fetec CUT SP. Estive presente nesse fórum importante em nosso Estado.

E aprovamos a Comissão de Conciliação Prévia (ou CCP/CCV). Foram anos de negociação entre nós cutistas e a direção do BB e governo para corrigirmos distorções que aconteciam nas comissões da outra confederação, a Contec.

As negociações sobre a Cassi estavam emperradas, a direção do banco não vinha facilitando as coisas e ainda seriam vários meses de negociações até aprovarmos a reforma estatutária em 2007.

Mais um caderno do blog organizado. É nossa história.

William 

21.3.25

Diário e reflexões



A NECESSIDADE DE PERTENCER A

Sexta-feira, 21 de março de 2025.

Estive nesta semana em dois fóruns nos quais pessoas estavam reunidas por algo que as unia ou ligava.

Na segunda 17 participei da sessão solene pelo aniversário dos 45 anos do Partido dos Trabalhadores, ocorrida no Plenário Tiradentes da Câmara Municipal de Osasco. 

Sou eleitor do PT desde meu primeiro voto em 1988, em Luíza Erundina, e depois em Lula, em 1989. Me filiei ao partido em 2002. Eu nunca consegui me imaginar em outro partido. Pelas contradições da política, já pensei em me desfiliar, mas jamais pensei entrar em outro partido. Pertencimento!

Nas eleições de 2024, dediquei minhas energias para eleger a jovem Luna Zarattini vereadora por São Paulo. Mas assim que conheci os jovens do JuntOz, fiz o que pude para elegermos eles em Osasco, o coletivo da esperança com Heber, Gabi e Matheus.


Fui à sessão solene de homenagem ao PT a convite pessoal de nossos representantes do JuntOz. O evento foi bonito. Ouvindo os burburinhos no plenário aumentou minha certeza da necessidade de renovação no PT. Viva o JuntOz! Que venham mais jovens para o PT. 

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PREVI

A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil é o maior fundo de pensão da América Latina. Nossa Previ está sob ataque neste momento. Os canalhas da casa-grande querem nosso patrimônio acumulado há 120 anos.

A Previ só está bem como demonstram os números apresentados e públicos porque é gerida pelos próprios associados, os trabalhadores, e não é terceirizada para os pilantras do "mercado" (a casa-grande). 

É por isso, aliás, que está sob ataque via manipulação (fake news) e por órgãos que sofrem influência dos nossos inimigos de classe: porque é dos trabalhadores e está bem, e é poderosa.

Estive ontem na apresentação do resultado do Plano 1 da Previ, à convite da direção do fundo de pensão, no Edifício Torre Matarazzo, e comprovei que podemos ficar tranquilos com a gestão do nosso patrimônio. 

Na oportunidade, encontrei diversas lideranças e companheir@s de jornadas de lutas sindicais. 

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PERTENCIMENTO 

Ao pensar sobre a questão de pertencer a alguma coisa, me lembrei da mensagem do jovem Chris McCandless, que registrou que a felicidade só é verdadeira quando é compartilhada.

Eu entendi isso ao refletir sobre a minha existência. Fui feliz quando pertencia a projetos coletivos, mesmo quando estávamos sob ataque de nossos inimigos de classe.

Somos seres humanos e só somos possíveis se formos parte de algo coletivo. 

William 


18.3.25

Previ sob ataque



Comentário do blog:

Reproduzo abaixo um artigo excelente do conselheiro deliberativo eleito da nossa Caixa de Previdência, a Previ.

Antes, teço um breve comentário político, a minha opinião sobre o que se anda dizendo por aí. 

O governo Lula está sob ataque por parte de nossos inimigos de classe. Sendo assim, afirmo que a Previ está sob ataque também, porque isso é estratégico para nossos inimigos.

O conceito de "inimigos" que utilizo aqui inclui o imperialismo norte-americano e as forças que compõem e se colocam a serviço da extrema-direita mundial e nacional. Óbvio que os bolsonarentos estão incluídos na lista de nossos inimigos.

Sérgio Riede explica mais uma vez o óbvio: não há rombo algum em nossa Caixa de Previdência. Qualquer pessoa honesta e minimamente conhecedora de sistemas de fundo de pensão e previdência complementar entende as diferenças contábeis que Riede esclarece no artigo. Parto da premissa que nossa comunidade é de "bancários".

A Previ está sob ataque desde que o governo Lula ganhou a eleição e tirou do poder aquela trupe de gente indicada pelo poder executivo em empresas estatais e de economia mista e suas respectivas entidades patrocinadas e ou coligadas.

Óbvio que os ataques à Previ e à direção de nosso fundo de pensão incluem eleitos e indicados. Os eleitos porque a cada dois anos ocorrem eleições e os oportunistas de plantão, os desonestos, se aproveitam de crises reais ou inventadas para tentarem chegar ao poder. Os indicados porque derrubá-los ou prejudicar a Previ equivale a causar crises sérias ao governo que os indicou.

O presidente da Previ, João Fukunaga, está sob ataque desde que o governo Lula indicou a direção atual do fundo de pensão. Ele sofre ataques por parte de grupos adversários e candidatos de chapas de oposição nas eleições em nossa Caixa de Previdência e sofre ataques dos poderosos grupos de oposição ao governo Lula e que atacam o tempo todo às forças de esquerda e progressistas em geral.

Nesse momento de ataques à Previ, com manipulações desonestas em relação aos resultados do Plano 1, não há que se ter dúvidas quanto à posição que se deve tomar como democrata e interessado na perenidade e robustez de nosso fundo de pensão. Estou ao lado da direção de nossa Caixa de Previdência, que vem se mostrando correta e competente na gestão de nosso patrimônio.

É isso. Leiam abaixo as excelentes explicações contábeis e administrativas do conselheiro deliberativo Riede.

Abraços,

William

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(reprodução de matéria)



Informação e desinformação sobre a Previ

Sérgio Riede

1. As maiores polêmicas atuais sobre a Previ são sobre o desempenho do Plano 1.

2. Vou tentar colocar algumas informações objetivas que podem ajudar as pessoas menos familiarizadas com análise de desempenho de fundos da pensão a entenderem melhor as regras específicas para este universo.

3. Como sempre digo, na condição de atual conselheiro deliberativo da entidade, posso estar contaminado pelo fato de estar na gestão. Leiam com senso crítico minhas ponderações – aliás, recomendação que também é válida para as análises daqueles que fazem oposição sistemática à Previ e que apoiam ou fazem parte de chapas de oposição. Senso crítico nunca é demais, para lado nenhum.

4. O resultado mais importante de um Plano de Benefício Definido, como o Plano 1 da Previ, é o RESULTADO ACUMULADO.

5. Diferente de uma empresa de outro ramo, esse resultado não zera ao final de cada ano. A contabilidade continua no ano seguinte a partir dele.

6. Mas, para efeito de eventual Distribuição de Superávit ou Equacionamento de Déficit, a posição que vale para a legislação é a verificada em 31 de dezembro de cada ano.

7. Para Distribuição de Superávit do Plano 1, atualmente seria necessário, pela legislação vigente, que o Plano 1 tivesse SUPERÁVIT ACUMULADO de mais de 42 bilhões de reais ao final de cada um de 3 anos consecutivos – o que é extremamente difícil.

8. Para ter que elaborar um Plano de Equacionamento de Déficit, a legislação prevê um caminho bem mais curto: basta que o Plano 1 tenha um RESULTADO ACUMULADO de cerca de 19 bilhões de reais ao final de um único ano.

9. Esse Plano de Equacionamento deve ser elaborado no ano seguinte a tal déficit, para ser implementado no ano subsequente.

10. Exemplo prático: se em 31/12/2024 o Plano 1 tivesse fechado com DÉFICIT ACUMULADO de cerca de 19 bilhões de reais, em 2025 deveria ser elaborado um Plano de Equacionamento de Déficit, o qual seria implementado somente em 2026.

11. Entretanto, se ao longo de 2025 esse suposto Déficit Acumulado ficasse abaixo dos 19 bilhões de reais, haveria possibilidade de não implementar o referido Plano de Equacionamento em 2026.

12. Claro que os resultados mensais são importantes, porque é a partir de cada resultado mensal (que vai se acumulando) que pode ser construído um Superávit Acumulado ou um Déficit Acumulado em 31 de dezembro de cada ano.

13. Por isso, embora a legislação preveja a obrigatoriedade de publicar seus investimentos e resultados ao final de cada ano, a Previ publica por iniciativa própria seus resultados e a lista de todos os seus investimentos mês a mês, com ampla transparência.

14. Assim, a Previ havia publicado que, ao final de novembro de 2024, o Plano 1 tinha um déficit NO ANO DE 2024 de cerca de 14 bilhões de reais, mas deixava claro que o RESULTADO ACUMULADO até aquele momento era de SUPERÁVIT ACUMULADO de cerca de 528 milhões de reais.

15. O que isso significava de impacto para os participantes do Plano 1? Significava que, apesar do déficit de janeiro a novembro de 2024, o Plano 1 ainda tinha, em novembro de 2024, recursos suficientes para honrar todos os seus compromissos com os associados até o último dia de vida de cada um (e de seus pensionistas). E ainda sobrariam 528 milhões de reais.

16. Isso não quer dizer que o déficit ao longo de 2024 não merecesse preocupação. E a Previ nunca negou isso. Já divulgou inclusive diversas medidas que estão sendo tomadas para ficar mais resiliente frente às oscilações do mercado.

17. Outros conceitos precisam ficar claros: a diminuição de valor em Bolsa de uma ação de um fundo de pensão impacta a contabilização de superávit ou déficit. Mas só se transforma em prejuízo de fato se a Entidade tiver que vender essa ação por um preço bem inferior ao que ela vale de fato.

18. A Previ já deixou claro e comprovou que não precisou e não vendeu nenhum de seus ativos por preços aviltados. Portanto, cada um deles continua na carteira de investimentos e com possibilidades reais de terem seus valores de mercado recuperados, exatamente porque se trata de empresas sólidas e pagadoras de ótimos dividendos ao longo dos anos.

19. Aliás, a razão pela qual a Previ não tem precisado vender nenhum ativo na “bacia das almas” é exatamente porque tem recebido recursos ao longo dos anos suficientes para arcar com todos os seus compromissos.

20. Em 2024, por exemplo, a Previ pagou cerca de 16,5 bilhões de reais em benefícios de aposentadoria e pensão. Só de dividendos, rendimentos de títulos públicos, aluguéis de imóveis e contribuições do patrocinador e dos associados, recebeu mais do que esses 16,5 bilhões. É por isso que a Previ tem afirmado que é muito importante ter uma boa gestão do caixa da Entidade, para não ter que vender algum ativo em momento de baixa valorização.

21. Com a fala do ministro do TCU em fevereiro de 2025 a respeito do resultado do Plano 1 de janeiro a novembro de 2024, vieram à tona alguns conceitos completamente equivocados tecnicamente, como veremos a seguir:

22. “Rombo na Previ”: isso só teria acontecido se a Previ tivesse perdido patrimônio em definitivo. Como ela não foi obrigada a vender nenhum ativo por preço abaixo da realidade, isso não aconteceu. Em abril/maio de 2020, por conta da pandemia, o Plano 1 estava com déficit acumulado de cerca de 23 bilhões de reais. Se esse patamar fosse mantido até 31 de dezembro daquele ano, teria que ser elaborado um Plano de Equacionamento. A Previ foi a público naquela ocasião, falou da solidez da carteira de ativos, disse que a situação era conjuntural. Muita gente duvidou. Em 31/12/2020 o Plano 1 fechou com 13 bilhões de SUPERÁVIT ACUMULADO.

23. “Risco de Contribuições Extraordinárias do BB e dos associados”: Como vimos acima, um Plano de Equacionamento só teria que ser elaborado se o DÉFICIT ACUMULADO do Plano 1 fosse de cerca de 19 bilhões de reais. Em novembro de 2024 o RESULTADO DO PLANO 1 era de SUPERÁVIT ACUMULADO de 528 milhões de reais.

24. Era preocupante o resultado de janeiro a novembro de 2024? Claro que era. Mas eram absolutamente falsas as afirmações de “rombo”, “prejuízo” e, principalmente, “risco imediato de contribuições extraordinárias do BB e dos associados”. Muito menos foi apontado publicamente qualquer indício real de “má gestão”. No entanto, o que está entre aspas neste parágrafo foram as razões apontadas para o TCU pedir uma auditoria de urgência na Previ.

25. Essas afirmações supostamente técnicas ganharam corpo na imprensa em geral e entre os associados. A Previ ofereceu várias explicações sobre o assunto. Eu mesmo publiquei várias matérias sobre isso.

26. Diferentes entidades ligadas aos fundos de pensão se posicionaram publicamente sobre a polêmica, quase todas provando que não havia “rombo”, demonstrando que os resultados eram decorrentes de oscilações normais de mercado, que não tinha havido investimentos “heterodoxos” ou mal intencionados da Previ e, sobretudo, que não havia risco sequer da necessidade de elaborar um Plano de Equacionamento (muito menos de ter que implementá-lo), uma vez que o Plano 1 tinha SUPERÁVIT ACUMULADO de 528 milhões ao final de novembro.

27. Entre as entidades que se manifestaram no sentido acima estão a Previc, órgão que tem a obrigação legal de supervisionar e fiscalizar a Previ (e que tem que responder pelo que escreve), e a Abrapp, entidade que congrega todas as entidades fechadas de previdência complementar do Brasil, e que também tem uma reputação a zelar.

28. Grande parte da imprensa entendeu as explicações técnicas e ajustou a percepção sobre os resultados do Plano 1. Atualmente a CNN é um dos raros órgãos de imprensa que teima em manter o discurso de rombo, de má gestão e que insinua uso político da Previ. Em algumas matérias publicadas por ela, as fontes citadas são funcionários do BB que apoiam ou participaram de chapas de oposição nas eleições da Previ.

29. Há pessoas que repetem as desinformações de “rombo” e “risco de contribuições” extraordinárias por falta de conhecimento ou porque foram induzidas por alguém. Entretanto, há também, na imprensa e entre os associados, quem tem conhecimento técnico, sabe o que está falando, mas repete essas expressões com intenções muito claras, que compete a cada associado julgar.

30. Uma coisa é manifestar preocupação legítima com o resultado de 2024. Outra, bem diferente, é replicar conscientemente conceitos equivocados, que espalham pânico injustificado entre os associados.

31.  Em dezembro de 2024 a queda da Bolsa se acentuou e a Previ fechou o ano com um déficit anual de cerca de 17 bilhões, resultando num DÉFICIT ACUMULADO de 3 bilhões de reais, uma vez que o Plano 1 tinha fechado 2023 com SUPERÁVIT ACUMULADO de 14,5 bilhões.

32. Repito: o déficit do Plano 1 ao longo de 2024 merece preocupação e olhar atento da governança da Previ e dos associados.

33. Se ele se repetir na mesma dimensão em 2025, podemos fechar este ano bem próximos da necessidade de ter que elaborar em 2026 um Plano de Equacionamento para ser implementado em 2027. O que nunca aconteceu na história de 120 anos da Previ.

34. Daí a importância de todos nós olharmos os resultados mensais em 2025, para adotar as providências necessárias à manutenção do equilíbrio do Plano 1.

35. Neste sentido, constatar que janeiro de 2025 trouxe um superávit mensal de 1,3 bilhão, significa que o DÉFICIT ACUMULADO do Plano 1, que tinha fechado 2024 na casa dos 3 bilhões, já caiu para uma situação praticamente de equilíbrio técnico. Vamos ver o que acontecerá nos próximos meses.

36. Daqui a alguns dias ou semanas deve sair a manifestação do TCU sobre as informações que eles coletaram na Previ entre 17 e 21 de fevereiro.

37. Em paralelo, a Diretoria da Previ já começa nesta semana a apresentação dos resultados de 2024 em várias capitais de estado, em diálogo franco e direto com os associados. Também haverá transmissões online de algumas apresentações.

38. Continuo à disposição de todos, inclusive no meu contato privado, para prestar contas sobre minha atuação como conselheiro deliberativo.

Abraços a todos.

Sérgio Riede, conselheiro deliberativo da Previ


Fonte: Associados Previ


1.3.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2022


Militância reunida após as lutas em 2022.


RETROSPECTIVA 2022


Os 26 textos do blog A Categoria Bancária no ano de 2022 foram textos basicamente de memórias, a exceção foi uma nova série que iniciei sobre a história dos bancários, reflexões feitas a partir do manuseio dos materiais que acumulei ao longo das últimas décadas de movimento sindical.

Pensando bem, tanto as memórias quanto os textos de história trabalham com o mesmo material: as lutas de nossa classe trabalhadora em geral, e as lutas da categoria bancária, principalmente a partir do olhar de um militante que participou do movimento entre o final do século passado e as primeiras décadas do novo milênio.

O ano de 2022 também foi decisivo para o futuro do Brasil porque no segundo semestre ocorreram as eleições presidenciais e o povo brasileiro escolheu em segundo turno se queria como presidente Jair Bolsonaro ou Luiz Inácio Lula da Silva.

O processo eleitoral foi muito difícil, as condições de disputa foram absurdamente desiguais, e nunca se abusou tanto da máquina pública e do poder econômico para tentar manter um político no poder como fizeram naquele ano. Vencemos a eleição, contra tudo e todos.

Ainda antes de terminarmos com a longa noite de terror que durou do Golpe de Estado contra Dilma em 2016 até a vitória de Lula de forma democrática em 2022, a casa-grande e toda a canalha agregada a ela já iniciou a tentativa de novo golpe antes da diplomação do presidente eleito, em novembro daquele ano.

No ano seguinte, 2023, o Brasil veria no dia 8 de janeiro cenas nunca vistas de ataques às instituições da República. As investigações apontaram recentemente que planejaram matar o presidente Lula. Mais uma vez, evitamos o golpe, mas foi por pouco.

Os textos de memórias foram escritos ao longo do ano, no calor dos acontecimentos, sofrendo tudo o que as pessoas conscientes e politizadas sofriam ao ver a destruição de anos de bolsonarismo e golpismo e ataques aos direitos sociais, políticos, civis e humanos do povo brasileiro.

Ao reler os textos, para preservá-los em forma de livro de memórias, e para encadernar a produção textual de uma vida política e sindical, achei textos e abordagens bem atuais e que poderiam suscitar reflexões sobre os temas tratados ainda hoje.

É meu desejo desde o início da produção textual, contribuir com o que aprendi ao longo da vida de estudos, de lutas e representações.

Pronto mais um caderno dos blogs.

É isso.

William Mendes


Post Scriptum: estou sistematizando toda a minha produção textual nos blogs. Neste sindical e de política e história, estou encadernando os textos por ano de produção. 

A síntese do caderno do ano de 2023 pode ser lida aqui. Já em relação ao caderno do ano de 2024, a síntese pode ser lida aqui.

4.2.25

Diário e reflexões



Vereadora Luna Zarattini conversa com a militância

Terça-feira, 4 de fevereiro de 2025.


Tivemos hoje uma reunião com a nossa companheira e liderança Luna Zarattini, vereadora mais votada do Partido dos Trabalhadores em São Paulo e única mulher do partido na bancada paulistana. Luna será a nova líder do PT na Câmara.

A jovem vereadora é uma inspiração a todos nós que construímos a militância do Partido dos Trabalhadores. Sou testemunha do quanto Luna e sua equipe estão sempre presentes nos territórios e comunidades da cidade, principalmente nas áreas periféricas, que mais precisam das políticas municipais.

Luna fez uma fala de abertura trazendo informações para as mais de quarenta pessoas que participaram da reunião virtual e em seguida ouviu toda a militância que se inscreveu para apresentar sugestões, demandas e questionamentos, tratando de todas as questões levantadas por nós.

Dentre alguns destaques, Luna falou sobre a importância da agenda de meio ambiente, direitos humanos, saúde, cultura e educação, e explicou que neste novo mandato vai seguir com as lutas que já liderava e novas pautas estão em alta como os absurdos da Sabesp privatizada e as privatizações do prefeito atual.

Neste ano o Partido dos Trabalhadores realizará seu processo interno de eleições diretas, o PED, oportunidade da militância para trazer novas filiações e fazer grandes debates sobre os rumos do partido, o maior e mais importante partido de esquerda do Brasil.

É isso! Foi uma boa reunião com nossa vereadora Luna Zarattini.

William


31.12.24

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2024



(Atualizado e finalizado em 24/02/25)


RETROSPECTIVA 2024

O ano que termina foi um ano de muita militância política de minha parte, sendo eu um cidadão brasileiro que não tem mandato de representação como tive durante duas décadas. Minha participação política foi por ideologia e por princípios éticos.

Estive nas ruas o ano todo, sempre que os movimentos populares chamaram a militância para as manifestações em defesa de alguma causa sensível à classe trabalhadora e em defesa de um mundo mais justo e solidário.

Como fiz nos últimos anos, estive à disposição dos movimentos organizados dos trabalhadores para contribuir com a experiência que acumulei nas áreas de luta sindical e gestão de saúde em autogestões. Em março, participei do planejamento de uma importante autogestão em saúde: a Unafisco Saúde.

Mais uma vez, não fui demandado pelo sindicato ao qual sou filiado e para o qual contribuí por mais de três décadas de sua existência, pertencendo ao seu quadro dirigente em um período importante de sua história. Todo o conhecimento que acumulei no tema gestão em saúde, tendo sido diretor eleito da Cassi, não valeu para a direção do sindicato para uma participação sequer nos debates internos.

Ao longo do ano, militei no diretório do Partido dos Trabalhadores da região do Butantã e na Frente de Solidariedade e Luta da Zona Oeste. No segundo semestre me envolvi nas eleições municipais e fiz campanha para a reeleição da vereadora Luna Zarattini, eleita com mais de 100 mil votos. Também conheci os jovens do JuntOz em Osasco - Heber, Gabi e Matheus - e fiz campanha para eles: foi a única candidatura do PT eleita na cidade, com mais de 4 mil votos.

Fiz 34 publicações no blog, todas elas voltadas à contribuição aos leitores e leitoras sobre temas que conheço como, por exemplo, gestão em saúde e a Cassi dos funcionários do Banco do Brasil, história da categoria bancária, eleições e organização política etc.

Me sinto honrado com a grande quantidade de acessos que o blog teve neste ano, mesmo estando fora da representação política com mandatos eletivos. Foram 148 mil acessos aos textos do blog.

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Janeiro

Não fiz textos neste mês.

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Fevereiro

Fiz dois textos temáticos sobre gestão de sistemas de saúde. Os textos fazem parte de uma série que nominei "História dos bancários: um olhar".

No primeiro deles (ler aqui), desenvolvi o tema "A questão da saúde dos trabalhadores e as autogestões em saúde". No segundo (ler aqui), a 2ª parte do texto anterior, trago dados da saúde brasileira e aprofundo a temática enfatizando a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil e seus modelos de saúde ao longo do tempo.

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Março

A partir deste mês, decidi criar a categoria de textos "Diário e reflexões" também no blog A Categoria Bancária, gênero que já faço no Refeitório Cultural desde o início do blog de cultura. 

O primeiro texto dessa categoria no mês foi sobre unidade e divisões no campo da esquerda e os cancelamentos de pessoas e instituições que ousam divergir e ter visões diferentes. Gostei de reler o texto. Ler aqui.

Depois fiz um texto sobre autogestões, já estudando para uma palestra que daria em um planejamento da Unafisco Saúde. Ainda no mês, fiz uma reflexão profunda sobre cancelamentos no campo da esquerda (ler aqui) e finalizei o mês com mais um texto de história do movimento, dessa vez sobre nossos cursos de formação na Contraf-CUT (aqui).

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Abril 

Não fiz postagens.

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Maio e junho

Fiz uma postagem reflexiva sobre os dilemas que tenho vivido em minha existência após ter saído do dia a dia do Banco do Brasil e estar militando através das manifestações nas ruas e na região onde vivo (ler aqui).

Depois fiz 3 artigos sobre a nossa Caixa de Assistência - Cassi, após analisar o balanço da autogestão e os atos de gestão dos últimos anos. Falei em especial sobre os planos que a operadora de saúde vem lançando no mercado (ler aqui) e que não estão dando o resultado esperado, na minha opinião. 

Também comentei uma nova estratégia da Cassi de terceirização de serviços, oferecendo serviços de empresa privada de consultas por telemedicina com psicólogos e psiquiatras para o conjunto dos participantes do sistema, quase 600 mil pessoas (ler aqui). Questiono que a conta a ser paga pode ser imensa, já que não é uma demanda orientada pelos profissionais das equipes de família da Cassi.

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Julho

Não fiz postagens.

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Agosto

As campanhas eleitorais para a escolha de prefeitas e prefeitos e vereadores começaram no mês de agosto. Como forma de contribuir com o debate democrático, decidi fazer textos no blog durante o processo eleitoral.

No mês, fiz 7 postagens falando sobre as cidades, os direitos dos munícipes e as candidaturas que representaram os segmentos populares e os trabalhadores. Em São Paulo, fiz campanha para a companheira Luna Zarattini, jovem lutadora do Partido dos Trabalhadores, e para Guilherme Boulos.

Também reproduzi no blog um manifesto dos eleitos de nossa Caixa de Previdência, a Previ, alertando os associados sobre fake news produzidas por parte da imprensa golpista e das forças reacionárias que apoiam nossos inimigos de classe (ler aqui).

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Setembro e outubro

Foram meses intensos de campanha eleitoral. Estive nas ruas, feiras, metrôs e calçadões panfletando e conversando com a população paulistana e de Osasco como não fazia desde que era sindicalista. Foi uma experiência muito legal.

Acredito que os textos que fiz no blog também contribuíram com o processo democrático das eleições. Tivemos milhares de acessos no período eleitoral. Todos os textos sobre eleições tiveram mais de mil acessos cada um entre os meses de agosto e outubro.

Elegemos Luna Zarattini com mais de 100 mil votos em São Paulo e os jovens do JuntOz com mais de 4 mil votos em Osasco: o PT volta à Câmara da cidade após oito anos sem representação. Fiz parte dessas lutas.

Avaliação das eleições - O texto mais significativo desse período eleitoral é o que fiz de avaliação em 31 de outubro. Falo sobre a questão de ser ou não ser de esquerda ou direita. As pessoas são práticas na hora do voto e não é isso que define o voto, na minha opinião: ler aqui.

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Novembro e dezembro

Após as eleições municipais, fiz ainda alguns textos no blog. 

Dos cinco textos do período, o que mais apreciei na releitura foi o artigo político que fiz em novembro (ler aqui) para politizar o debate sobre o trabalho de representação política.

Aproveitei a experiência pessoal de ter sido representante político de milhares de trabalhadores do Brasil inteiro e argumentei sobre uma questão da época levantada por um importante youtuber influenciador criticando políticos por só "trabalharem" 3 dias da semana. Não é por aí.

Fiz um histórico sobre o que e como se dá a representação política numa democracia representativa, explicando que políticos não representam seus eleitores só quando estão no local sede do mandato que exercem.

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COMENTÁRIO FINAL

Enfim, ao rever os 34 textos do ano no blog, posso dizer que eles atingiram seus objetivos centrais de politizar nossos leitores e leitoras, compartilhar conhecimentos e opiniões e contribuir de forma honesta e democrática para a boa política.

Os textos do blog contam um pouco da nossa história no ano que se encerrou. Foi um ano de muita luta, de conquistas e derrotas de nossa classe, mas acumulamos forças para seguir lutando para mudar o mundo.

William Mendes