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20.3.21

PAF da Cassi - Os crônicos estão medicados em 2021?


Rel. Anual Cassi 2016. À época, 55 mil crônicos
eram beneficiados pelo PAF da Cassi.

Opinião:

Pergunto aos meus botões e também aos participantes do Plano de Associados da Cassi e aos seus representantes das entidades de trabalhadores da ativa e aposentados do Banco do Brasil: será que as dezenas de milhares de pacientes crônicos da Cassi estão medicados neste momento e estabilizados em suas condições de saúde? Será mesmo que os crônicos das mais de 4 mil cidades onde eles residem estão conseguindo obter seus medicamentos de uso contínuo? Tenho sérias dúvidas sobre isso!


Ao ver as notícias nos meios de comunicação em relação às dificuldades dos pacientes crônicos conseguirem adquirir materiais e medicamentos básicos para estabilizar suas condições de crônicos e com isso levarem uma vida normal e com saúde (evitando agravamento e necessidade de recorrer a hospitais e internações), é impossível não lamentar o desmonte que ocorreu após 2018 no Programa de Assistência Farmacêutica (PAF) da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a autogestão Cassi.

Fui dar uma rápida olhada na rede mundial e vi uma matéria do dia 15 de dezembro de 2020 sobre a falta de medicamentos crônicos e a dificuldade de acesso a eles por parte dos doentes crônicos. Vejam um trecho abaixo:

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"Cenário do desabastecimento de medicamentos no SUS é revelado por pesquisa da Biored Brasil 

O cenário do desabastecimento de medicamentos de alto custo, no último semestre de 2020, é relevado pelo resultado da pesquisa realizada com 3.600 pacientes voluntários que conviviam com as seguintes doenças: dermatologia (68) , doenças raras (218), doenças reumáticas (2308), doença inflamatória intestinal (828), doenças neurológicas (177)  e oncologia (126).

Os dados apurados indicam que 39 medicamentos de uso contínuo tiveram irregularidades no fornecimento, 88% dos pacientes chegaram a ficar sem nenhuma dose do medicamento, 32% ficaram sem medicamento por mais de 2 meses, 28% esperaram mais de 30 dias pela regularização no fornecimento. Na avaliação geral, 78% dos pacientes declaram que a pandemia, teve impacto negativa sobre a manutenção do tratamento de sua doença crônica não transmissíveis." (fonte: Bioredbrasil.com.br, texto aqui)

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Durante 4 anos (jun/2014 a mai/2018) demos a nossa contribuição na gestão do modelo assistencial da Cassi como diretor de saúde eleito pelos associados e nós percorremos o país explicando como funcionava o PAF, porque era um dos principais programas dentro do gerenciamento de pacientes em condições crônicas e porque era um programa solidário ao distribuir os medicamentos na casa dos participantes de Norte a Sul, de Leste a Oeste, do Oiapoque ao Chuí, a um custo acessível mesmo para aqueles que tinham dificuldades de acesso aos materiais e medicamentos.

Ao final de nosso mandato, a Cassi publicou em março de 2018 matéria que informava que a autogestão (que acolhe participantes em todo o território nacional) havia conseguido atingir um de nossos objetivos à época para o PAF, que era garantir o acesso aos medicamentos na casa dos pacientes crônicos em todo o território nacional. Sempre explicamos que uma coisa é a facilidade para quem está em uma grande cidade ir até as farmácias comprar medicamentos, outra é o crônico conseguir seu remédio em mais de 3 mil municípios com pouca ou nenhuma rede farmacêutica. 

Imaginem como seria importante a distribuição naquele modelo do PAF neste cenário com o risco de morte ao sair de casa em meio à pandemia de Covid-19 para procurar medicamentos em farmácias? Ou alguém acha que nos interiores do país existem as mesmas facilidades que existem nas capitais como São Paulo, Rio de janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília dentre outras cidades gigantes? Mas os associados estão em TODOS os lugares do país.

Se já era difícil para os pacientes crônicos conseguirem os medicamentos de uso contínuo antes da pandemia, imaginem agora com o caos instalado no país e nos sistemas de saúde e medicamentos. Que dirá depois que o PAF foi todo desfigurado com as reduções drásticas de princípios ativos, medicamentos, materiais e fim da distribuição a domicílio, fazendo com que muita gente desista de tomar o remédio ou até de pedir reembolso, pelas dificuldades evidentes no processo?

Durante o tempo em que estivemos na direção da autogestão, representando os trabalhadores da ativa e aposentados, passamos os 4 anos explicando com toda a paciência do mundo o que era o PAF, como funcionava, porque era daquela forma, as melhorias que estávamos fazendo, o quanto o custo benefício do programa era central para o modelo assistencial da Cassi - Atenção Primária (APS) e Estratégia Saúde da Família (ESF) - e o quanto cuidar de crônicos reduzia as despesas assistenciais mesmo dos pacientes mais idosos e mais adoecidos. E claro, através de centralização nas CliniCassi, que conheciam os pacientes crônicos.

Eu sofro só de pensar em quantos colegas da ativa e aposentados estão neste momento sem tomar os seus medicamentos de uso contínuo e podem estar agravando suas condições de saúde crônicas. A assistência farmacêutica que tínhamos era fundamental para a saúde dos participantes do Plano de Associados da Cassi. Era um investimento e não uma despesa desnecessária para a Cassi. O foco era a saúde de seus associados.

Para quem tiver interesse em ver uma publicação onde explicávamos os avanços do PAF em março de 2018 e como funcionava o programa é só clicar aqui, é uma postagem do blog, da prestação de contas do mandato naquela época. O texto do boletim que fazíamos está reproduzido na postagem e traz um pouco mais de informações sobre o programa, só não tem mais o link do PDF (o link da Contraf não existe mais, o que é uma pena!), mas o conteúdo da postagem é autoexplicativo.

Sabemos que o equilíbrio do Plano de Associados é importante, mas sempre discutimos com os trabalhadores uma questão central na Cassi: a Caixa de Assistência deveria ser solidária e estar em função do conjunto dos associados e não somente de parte deles, caso contrário ficaria sem sentido uma autogestão em saúde que não fosse de acesso a todos e todas da comunidade BB.

Abraços a tod@s e boa sorte aos participantes com doenças crônicas de nossa comunidade Banco do Brasil. 

William Mendes

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