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5.5.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2009


Genésio e eu, contra a Folha "Ditabranda".


RETROSPECTIVA 2009

O mês de janeiro foi um mês de muito trabalho de base. Distribuí materiais sindicais em diversas agências e departamentos do Banco do Brasil, além de participar de reuniões políticas organizativas para o ano de luta. No fim do mês, embarquei para Belém do Pará, para participar do Fórum Social Mundial.

Tive agendas em Brasília no início do mês de fevereiro. A CUT fez dia nacional de lutas: “Querem lucrar com a crise: a classe trabalhadora NÃO vai pagar esta conta”. Tivemos reunião nacional da direção da Contraf-CUT e reuniões políticas na Fetec CUT SP para tratar da questão da incorporação do Banco Nossa Caixa pelo BB. Nossa corrente política Articulação Sindical fez seminário nacional. E também fizemos reunião dos delegados sindicais do Banco do Brasil.

No dia 7 de março, participei do ato em frente ao jornal Folha de São Paulo, que havia afirmado que no Brasil a ditadura tinha sido “branda”. Esse é o veículo de comunicação que emprestou carros para sequestrar pessoas naquele período nefasto do país. Folha “Ditabranda”.

Ainda em março, trabalhei no RJ representando a Contraf-CUT em evento da Previ.

No dia 12/03/09, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região promoveu emocionante ato para recordar e comemorar os 30 anos da “Retomada” (1979-2009) da direção de nosso Sindicato da mão dos pelegos aliados da ditadura. Na matéria especial, Gushiken disse não ter dúvidas de que assim como as lutas dos metalúrgicos do ABC, aquela vitória eleitoral nos bancários foi fundamental para impulsionar o movimento sindical brasileiro a contribuir para a redemocratização do país.

Na segunda quinzena, muitos eventos organizativos: estive no Paraná, em encontro dos bancários do BB e Caixa, estive no Rio de Janeiro também em seminário da categoria. Em São Paulo, ocorreram encontros sobre a incorporação do BNC, e encontros temáticos preparatórios para o Congresso da Contraf-CUT.

No mês de abril, o movimento sindical bancário foi marcado por eventos organizativos e democráticos importantes. Realizamos o 2º Congresso da Contraf-CUT e o companheiro Carlos Cordeiro foi eleito o presidente de nossa confederação. Eu fui eleito secretário de formação.

A categoria realizou os congressos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal em Brasília. Em relação à nossa Caixa de Assistência, a delegação do 20º CNFBB indicou o fortalecimento do modelo de Atenção Integral à Saúde, que na Cassi se desenvolvia através da Estratégia de Saúde da Família (ESF), com unidades próprias de atendimento primário, as CliniCassi.

Como secretário de formação, passei a estudar mais a história do movimento sindical e escrever mais também. Fiz dois artigos no mês de abril.

O mês de maio foi repleto de atividades sindicais. Participei do 1º de maio em Cidade Ademar, Zona Sul de São Paulo, um evento classista e sem patrocínio de empresários. Ainda participei da Corrida dos Trabalhadores em Osasco (8K), evento no qual o Sindicato inscreveu centenas de bancárias e bancários.

Estive em reuniões organizativas e deliberativas no mês. Participei do CECUT no interior de São Paulo – Serra Negra - e depois do planejamento da direção da Contraf-CUT, em Nazaré Paulista.

Ainda em maio realizamos Encontro Estadual da Articulação Sindical da CUT, e contamos com a participação de José Ricardo Sasseron, presidente da Anapar e diretor eleito de seguridade na Previ, e Ricardo Berzoini, presidente do Partido dos Trabalhadores.

Mesmo com agenda cheia, não deixei de fazer base. Fiz reuniões em locais de trabalho no Banco do Brasil e distribuí a revista O Espelho no Complexo São João.

Junho foi mês de boas reuniões nacionais: tivemos Encontro da Juventude e do Coletivo de Formação na Contraf-CUT. Depois tivemos Encontro organizativo da Articulação Sindical. Participei ainda de Assembleia na AABB SP.

Em julho, realizamos na Contraf-CUT o 2º Encontro de Comunicação. Participei da 11ª Conferência Nacional dos Bancários, que definiu a pauta de reivindicações da categoria. Ainda fiz debate sobre a Cassi no auditório do Complexo do Banco do Brasil, na Av. São João.

Participei como delegado, em agosto, do 10º Congresso Nacional da CUT (CONCUT). Começaram as mesas de negociações salariais com os banqueiros e governo federal.

A nossa confederação me designou para representar, em setembro, o ramo cutista em curso de formação na Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Turim (ITA) e em Madri (ESP). Foram três semanas fora do país, em companhia de dirigentes de vários países latino-americanos, debatendo e construindo saídas para aquele contexto: crise do capitalismo com a questão do subprime.

Quando voltei, participei ativamente da campanha salarial e dos 15 dias de greve nacional dos bancários e bancárias, iniciada em 24 de setembro.

Entre outubro e dezembro, realizamos o 1º curso de formação Sindicato, Sociedade e Sistema Financeiro, realizado pela Contraf-CUT e entidades sindicais afiliadas e com o suporte técnico do Dieese. Ao longo do mandato na secretaria de formação, iríamos percorrer todas as regiões do país levando formação às bases da categoria bancária.

Ainda em novembro e dezembro, participei de fóruns democráticos diversos: Conferência de Saúde da Cassi em SP e assembleia da AABB SP. Tivemos seminário sobre bancos públicos e regulamentação do art. 192 da CF. Realizamos na Contraf Reunião da Redes Sindicais Internacionais.

Terminei o ano como comecei: na base, ouvindo os trabalhadores e resolvendo demandas nos locais de trabalho no dia 30 de dezembro, no complexo São João do Banco do Brasil.

Após a revisão das 211 postagens do ano, mais um caderno do blog finalizado. 

William Mendes


18.2.22

Memórias (XVIII)


Eu e Miguel no FSM, Belém do Pará, 2009.
Foto de Paulo de Tarso.

Fórum Social Mundial, Cursos de Formação da Contraf-CUT em parcerias com o Dieese e entidades sindicais e curso de formação na Organização Internacional do Trabalho (OIT) foram algumas das agendas sindicais nas quais me envolvi em 2009


Ao revisitar uma agenda do ano de 2009 pude relembrar alguns momentos sindicais que compuseram minha formação política daquele ano e minhas contribuições para a organização dos trabalhadores na luta de classes.

Para complementar minhas memórias, aproveitei para dar uma repassada nas 211 postagens de meu blog sindical A Categoria Bancária (ver aqui), pois naquele momento eu já estava acrescentando à agenda de papel uma espécie de agenda sindical pública, uma prestação de contas de minha representação dos trabalhadores e entidades sindicais.

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#FSM2009 - No mês de janeiro fui um dos representantes da Contraf-CUT e de nossas entidades sindicais bancárias paulistas a participar da edição do Fórum Social Mundial, ocorrida em Belém do Pará. Eu e o companheiro Miguel Pereira tivemos uma oficina sobre questões do ramo financeiro (foto que abre a postagem, feita por Paulo de Tarso).

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OLT - As visitas e reuniões nos locais de trabalho foram intensas nos meses de janeiro (aqui) e fevereiro (aqui). Na agenda sindical constam reuniões em diversas agências e departamentos do Banco do Brasil. Também tivemos reuniões com delegad@s sindicais. Eu sempre pautei todo tipo de assunto para os bancários que representava, assim o líder sindical politizava a categoria que representava. Um sindicato cidadão politiza todas as questões do mundo do trabalho e da cidadania das pessoas.

Terminei o ano da forma que comecei: estando na base e discutindo questões sensíveis aos trabalhadores do BB relativas à ascensão profissional. Foi no dia 30/12/09, ver registro aqui.

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Eu e o companheiro Genésio no ato contra a FSP.

ATO CONTRA FOLHA DE SÃO PAULO "DITABRANDA" - No mês de março de 2009 participei de uma atividade na porta do jornal Folha de São Paulo, que havia dito que no Brasil a ditadura teria sido "branda" (ver postagem aqui). Durante o mandato na Contraf-CUT como secretário de imprensa eu me envolvi muito com a temática de comunicação. Foi uma lição para toda a vida.

O mês de março foi bem agitado. Estive em várias bases sindicais a trabalho. Fui ao Paraná e ao Rio de Janeiro para participar de questões relativas ao Banco do Brasil. A Contraf-CUT estava organizando seu congresso e com isso tivemos muitas agendas e grupos temáticos. Ver aqui postagens do mês.

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30 ANOS DE RETOMADA DO SINDICATO (1979-2009) - Ainda em março, tivemos um evento comemorativo da histórica retomada do Sindicato dos Bancários de São Paulo Osasco e região da mão dos pelegos que serviam à ditadura daquela época. Gushiken foi o grande homenageado, junto a outros companheiros que contribuíram para a formação do Novo Sindicalismo brasileiro. Ler postagem aqui.

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2º CONGRESSO DA CONTRAF-CUT - Em abril, a delegação do congresso de nossa confederação elege a nova diretoria para o triênio 2009/12. O companheiro Vagner Freitas deixa a presidência e assume o comando da entidade o companheiro Carlos Cordeiro. Fui eleito secretário de formação e o companheiro Ademir assumiu a secretaria de imprensa. Novos desafios e nova aprendizagem começavam ali para todos nós. Ver postagem aqui.

Ainda no mês de abril nós tivemos os congressos de BB (20º) e Caixa Federal em Brasília. Fiz artigo no mês falando sobre "Melhorar renda, condições de trabalho e a vida da classe trabalhadora" (ler aqui). Também fiz um artigo sobre "Formação e informação". Gostei do conteúdo ao reler o texto (aqui). Segue bem atual a questão pautada nele.

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ENCONTROS ORGANIZATIVOS - Os meses seguintes foram meses de preparação para diversos encontros e congressos da estrutura sindical brasileira. Tivemos eventos da corrente política Articulação Sindical, tivemos CECUT e CONCUT, seminários e fóruns preparatórios e organizativos da campanha dos bancários, dentre outros eventos políticos. Na Contraf-CUT realizamos nosso planejamento de gestão.

E mesmo com agenda intensa da estrutura sindical, lá está o registro de minhas visitas às bases sindicais, conversando com os trabalhadores que representava (OLT).

Em relação à secretaria de formação, organizamos um encontro nacional com as entidades afiliadas à Contraf-CUT e do Comando Nacional. Ler aqui. (como já comentei diversas vezes, os links de nossas entidades sindicais normalmente dão a mensagem "error", ou seja, não temos mais o conteúdo virtual: história apagada, deletada)

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Participação em curso na OIT, Turim, Itália.

PARTICIPAÇÃO EM CURSO DA OIT, REPRESENTANDO A CUT

No mês de setembro, estive por 3 semanas em um curso de formação na Organização Internacional do Trabalho (OIT), com sede em Turim, Itália. A pauta principal do encontro era a crise mundial causada pela crise do subprime e as consequências para a classe trabalhadora. Foram representantes sindicais de diversos países sul-americanos e da América Central e Caribe.

As duas primeiras semanas foram na sede da OIT na Itália e a última semana do curso foi em Madri, Espanha, na sede das CCOO. Fui indicado na vaga da CUT pela nossa confederação e ramo financeiro.

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GREVE DE 15 DIAS - Em outubro, tivemos a campanha nacional dos bancários e como era prática dos banqueiros não apresentarem proposta razoável em mesa de negociação, a categoria foi à luta e a campanha teve uma boa greve para arrancar uma proposta melhor dos banqueiros na mesa única da campanha geral e propostas nas mesas específicas dos bancos públicos. Ver aqui.

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Na foto: Miguel Huertas, Regina, Carlindo,
eu, Magaly e Cardoso. Não tenho o nome
do autor da foto.

1º CURSO DE FORMAÇÃO DA CONTRAF-CUT/DIEESE - SINDICATO, SOCIEDADE E SISTEMA FINANCEIRO

Entre os dias 26 e 30 de outubro, realizamos em Minas Gerais o 1º módulo do 1º curso de uma longa série de cursos de formação numa parceria da Confederação, Dieese e entidades sindicais, que patrocinaram a formação de seus dirigentes e assessores. Ver uma postagem sobre o módulo do curso aqui.

Tivemos o privilégio de estar à frente de um curso muito exitoso, com a participação de centenas de pessoas ao longo de 6 anos na secretaria de formação. Praticamente tod@s completaram os 3 módulos do curso de PCDA. As lideranças que não concluíram tiveram agendas complicadas em suas bases de representação.

A convivência com os amig@s e companheir@s do Dieese e convidad@s palestrantes foi uma escola de vida para mim e para as pessoas que passaram pelos cursos. E aprendemos muito uns com os outros, cada pessoa passava o conhecimento que tinha. Sem dúvida, os anos de formação sindical foram alguns dos melhores anos de minha lembrança na vida sindical.

O 2º módulo ocorreu no Rio de Janeiro (ver aqui) e o 3º módulo fechou o curso da 1ª turma (aqui).

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FALECIMENTO NA FAMÍLIA - No mês de novembro de 2009 sofremos uma grande perda em família, faleceu a nossa querida tia Alice, lá em Minas Gerais, em decorrência de um câncer. Tia Alice era funcionária da Prefeitura de Uberlândia, cuidava de uma praça onde cresci - bairro Marta Helena - e sempre foi muito amada por todos nós. Saudades imensas de tia Alice! Eu sempre tive orgulho de ser um dirigente sindical porque pensava em melhorar a vida do povo simples brasileiro como era a tia Alice.

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Enfim, termino aqui mais um momento de Memórias. Foram horas trabalhosas de pesquisa e leitura, mas valeu a pena para deixar registrado momentos singelos de lutas da classe trabalhadora. 

Os momentos que vivi não são só meus, são nossos. Somos indivíduos, mas somos legião. Se estivermos organizados e com projetos claros e bem estruturados para nos engajarmos, temos chances de boas lutas contra os capitalistas, mas isolados e com cada um cuidando de seus interesses, só temos derrotas e sofrimentos acumulados.

É isso!

William


Para ler o texto anterior, Memórias (XVII) clique aqui.

E clique aqui para ler o texto seguinte, o XIX.


2.5.13

Seminário propõe incluir temática racial na formação dos dirigentes sindicais



Participantes querem fortalecer a luta pela igualdade

Com a definição de um plano de ações para aprofundar a luta por igualdade, a CUT encerrou na tarde de terça-feira (30) o seminário que discutiu os 30 anos de luta cutista por equidade. Pela Contraf-CUT, participaram a secretária de políticas sociais, Andrea Vasconcelos, e a secretária de mulheres, Deise Recoaro.

De acordo com a secretária da Combate ao Racismo da CUT, Maria Júlia Nogueira, a prioridade é tirar do papel um projeto de formação que prepare dois mil dirigentes a intervirem sobre a questão racial e ajudem a fazer com que o tema seja incorporado por toda a direção e pelos sindicatos.

A Central também quer discutir com o Ministério da Educação a criação de uma comissão para tratar da efetiva implementação da Lei 10.693/03, responsável por estabelecer a obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira em todas as escolas até o ensino médio, e debaterá com o Ministério Público a fiscalização do cumprimento da medida.

História de luta

Na mesa da manhã, dirigentes de diversos ramos trataram de experiências e iniciativas de combate ao racismo e apontaram caminhos num cenário ainda de grande discriminação.

Em 2010, de acordo com as Pesquisas de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese, a taxa de desemprego total entre as trabalhadoras negras foi de 16,9%, mais que o dobro da registrada pelos homens não negros (8,1%). O rendimento médio das mulheres negras representava 44,4% dos homens não negros e o dos homens negros 62% dos não negros.

Em sua maioria, os negros ocupam ainda os postos mais precários ou estão na informalidade, em que não há uma remuneração fixa ou qualquer tipo de proteção social.

"A democracia jamais será completa em nosso país enquanto houver racismo. Mas, para combater essa forma de violência, não basta criar uma secretaria, termos uma estrutura física. Precisamos ter políticas e acumular propostas", definiu o secretário de Administração e Finanças da CUT, Quintino Severo.

Chão de fábrica e ausência na gerência

Do ponto de vista de quem vivencia essa realidade na base, o diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Daniel Calazans, afirmou que nas empresas da região quase não há negros ocupando os cargos de gerência ou chefia. Normalmente, estão no chão de fábrica executando as tarefas mais pesadas.

"Iremos propor nas próximas negociações coletivas a inclusão de uma cota para que o negro ocupe os espaços de poder, chefias, gerências e diretorias.", afirmou Calazans.

Nas instituições financeiras, há mais de uma década os trabalhadores têm denunciado a existência de discriminação contra a população negra, que ocupa em sua maioria cargos onde não há relação com o público.

"Nossa luta é pela instituição de uma política mínima de igualdade de oportunidades para todos/as no sistema financeiro", exaltou a secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Andrea Vasconcelos.

Secretário de Políticas Sociais da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Marco Antonio Soares, afirmou que a entidade tem se empenhado em difundir uma cultura antirracista nas escolas e na sociedade em geral. Ele informou que em seminário realizado no mês de março a CNTE incluiu oficialmente a cultura africana no seu programa de formação.

Além de combater o racismo, denunciar qualquer ato de discriminação racial, estimular ações afirmativas e a luta por igualdade de oportunidades, as entidades cutistas têm promovido uma série de ações de solidariedade e intercâmbio com o movimento sindical de outros países.

Secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), Christiane Aparecida dos Santos, apresentou em sua fala o projeto de formação e organização de mulheres metalúrgicas em Moçambique e salientou que o projeto de solidariedade internacional organizado pela IndustrialAll, CNM, SITIME (sindicato local) e CAW Union (Canadá) contribuiu para a melhoria das condições de trabalho, da formação e organização das mulheres, além de ter fortalecido o sindicato local.

Ir além do olhar domesticado

Presidente do INSPIR (Instituto Sindical Interamericano Pela Igualdade Racial), o professor Ramatis Jacino, comentou que, ao longo da história, o movimento sindical construiu uma visão da história a partir do olhar dos imigrantes e seus descendentes. Para ele, há um desprezo pelos 350 anos de organização dos escravos, que foram os responsáveis pela primeira greve em 1857 com propostas que buscavam a melhoria das condições de vida e que culminou numa repressão sangrenta.

"O movimento sindical precisa reconhecer essa herança para se fortalecer ainda mais, tendo compreensão do presente e planejando o futuro mais próximo da realidade brasileira, mais negra, mais mulher, mais combativa e integrada à verdadeira realidade do nosso povo, onde o movimento dos escravos deu efetivamente origem as organizações das quais somos herdeiros hoje", salientou.

Ao final, com a presença de Maria Julia Nogueira, do secretário da Juventude, Alfredo Santos Junior, e da diretora Executiva, Rosana Sousa, foi realizada uma homenagem a companheiros e companheiras que colaboraram na construção da CUT e na organização da luta pela equidade racial.

Ex-presidente da CUT e deputado federal, Vicentinho; ex-coordenador da Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial da CUT, Marcos Benedito; a professora Cida Bento, do Centro de Estudo das Relações de Trabalhos e Desigualdades; e o representante da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Flavio Jorge receberam uma placa com os dizeres 'A esperança não murcha, ela não cansa, também como ela não sucumbe a crença. Vão-se sonhos nas asas da descrença, voltam sonhos nas asas da esperança' - Augusto dos Anjos.

Educar contra o preconceito

No período da tarde, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), professora Iêda de Souza, destacou o papel do educador na formação de cidadãos que estejam preparados para combater a desigualdade.

"As crianças muitas vezes trazem uma situação de preconceito e para quebrar isso precisamos ter a família junto, a transformação também deve incluir os pais. Um professor bem preparado é capaz de fazer um trabalho coletivo e colocar a turma para pensar sobre algo que só nos leva ao afastamento e à separação, No caminho inverso, formamos agentes transformadores e empoderados para mudar essa história", explicou.

Dirigente da Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs) e do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas, Regina Teodoro, fez um resgate da luta da categoria para conquistar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 66/2012, que garante aos empregados domésticos o mesmo direito dos demais trabalhadores.

"Por 10 anos apresentamos uma pauta de reivindicações ao sindicato patronal, que sequer respondeu. Muita gente desistiu pelo caminho, mas nós acreditamos e foi essa pauta que serviu de base para a OIT (Organização Internacional do Trabalho) recomendar a Convenção 189, em 2001, que o Brasil se comprometeu a ratificar e ainda não fez porque precisava aprovar a PEC", lembrou.

O próximo passo, acredita, é investir na formação das trabalhadores para que entendam a nova legislação e possam cobrar seus direitos.

Criar uma agenda para a Lei 10.693/03 - A Lei 10.693/03 é um grande avanço ao estabelecer a obrigatoriedade do ensino da cultura afro-brasileira e africana nas escolas, mas é necessário criar uma agenda de mobilização para que seja efetivada. Isso foi o que defendeu o coordenador de Educação e Políticas Públicas do Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades, Antonio Carlos Malachias, o Billy.

Para ele é preciso também discutir as diretrizes curriculares no âmbito das diversas instituições que compõem a sociedade brasileira.

"Precisamos parar de ver a educação como problema e entender como solução. Não dá para ensinar cultura afro-brasileira e africana apenas sob parâmetros eurocêntricos. Mas isso exige que criemos mobilização em torno da lei, da diversidade e uma agenda de lutas", ressaltou.


Fonte: Luiz Carvalho e William Pedreira - CUT

8.3.12

8 de março é dia para construir uma nova sociedade com igualdade


Parabéns a mulheres e homens
que lutam por igualdade.

No Brasil que elegeu recentemente a primeira presidenta, 35% das famílias já são chefiadas por mulheres, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgados em março passado. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta ainda que, desde 1992, a participação delas no mercado de trabalho cresceu 9,3% e, até 2020, devem ocupar a maioria dos empregos. As estudantes também são maioria nas universidades: 55,1% das matrículas no ensino superior contra 44,9% dos homens, de acordo com o último censo do Ministério da Educação, divulgado em 2009.

Porém, nesta quinta-feira (8), quando trabalhadoras de todo o país mais uma vez tomarem as ruas no Dia Internacional das Mulheres, a luta pela igualdade de oportunidades e de direitos novamente estará na pauta.

Isso significa que o país não avançou? Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane Silva, houve muitas conquistas, mas o combate à discriminação construída através de séculos é um processo que exige mobilização contínua e um combate a ser travado a longo prazo, sem esmorecer.

"Elegemos uma mulher, temos as políticas de cotas, construímos a Lei Maria da Penha, mas ainda vivemos numa sociedade machista e patriarcal aqui e em todo o mundo, em que as mulheres são desvalorizadas e discriminadas. Prova disso é que recebemos, em média, 30% a menos que os homens, mesmo com mais escolaridade. A família tem mudado, mas nosso salário ainda é considerado complementar", aponta.

Multa para a desigualdade

Um projeto de lei complementar aprovado nesta terça no Senado pode colaborar para equilibrar a balança. O PLC 130/2011 prevê a aplicação de multa às empresas que não aplicarem a igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função. A medida segue agora para sanção da presidenta Dilma.

Rosane lembra ainda que os direitos adquiridos precisam ser reafirmados em uma sociedade que ainda funciona sob a ótica machista. Exemplo disso foi o embate jurídico para que a Lei Maria da Penha, referência mundial no combate à violência doméstica contra a mulher, fosse considerada constitucional e o Ministério Público também pudesse atuar em casos de agressão, mesmo que a vítima resolva recuar da denúncia.

"Temos avançado em direitos, mas ainda pontuais. Queremos mudar a estrutura da sociedade brasileira, essa é a grande luta da CUT", afirma a dirigente Rosane Silva, para quem o momento de transformação pelo qual passa o sistema capitalista faz com que esse seja o momento certo.

Mulheres no poder

A mobilização segue em outras frentes. O Brasil ainda não ratificou as convenções 156 e 189 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e atualmente circulam na rede abaixo-assinados pela aprovação de ambas. A primeira trata da divisão de responsabilidades familiares entre homens e mulheres e a segunda, dos direitos das trabalhadoras domésticas.

Para que elas possam ter o mesmo direito dos demais trabalhadores, em especial, a formalização, a CUT, a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs) e a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) participam da campanha "12 para "12", organizada pela Confederação Sindical Internacional (CSI), para que até o final de 2012, ao menos 12 países, incluindo o Brasil, ratifiquem a convenção.

A secretária cutista reafirma que o caminho é a pressão do movimento de mulheres. "A Lei Maria da Penha é um exemplo disso, precisamos fazer muitas denúncias, inclusive em órgãos internacionais para que fosse implementada. O trabalho não é fácil, porque quando o Brasil assumir essas duas convenções, obrigatoriamente teremos que discutir o sistema patriarcal que existe. Essa discussão perpassa a ratificação", explica.

Da mesma forma, também é preciso que mais mulheres ocupem cargos de comando. E isso demanda transformações na escolha e sustentação das candidatas. "Para mudar a sociedade temos que ocupar os espaços de poder. Temos impulsionado nossas mulheres para que se disponham a ser candidatas como forma de mudar relações sociais. Agora, não adianta se candidatarem se o partido não olhar a mulher de forma diferente, se não destinarem recursos para campanha. Por isso são necessárias políticas afirmativas que incluam o processo de formação e a auto-organização."

Ainda minoria na Central

Apesar de a Central ter aprovado em 1993, a cota de gênero de 30%, durante a 6ª Plenária Nacional, a participação de mulheres na direção das estaduais, por exemplo, ainda é pequena. Das 27 CUTs, apenas as de Roraima, Pará, Amapá, Goiás e Acre, cerca de 19% do total, são lideradas por presidentas.

Representante do ramo da saúde, Rosa Barros, a Rosinha, presidente da CUT Roraima é uma delas. Pela história de enfrentamento que construiu, ela disse nunca ter sofrido preconceito, mas aponta as dificuldades para atuar na política semelhantes a de outras profissões. "Nós somos mãe, pai e militantes, tudo ao mesmo tempo. Muitas vezes a família cobra e falta tempo para se dedicar mais à atividade política. Se houvesse mais creches ajudaria muito", cita ela em referência a luta que a Central defenderá neste 8 de março.

No comando da CUT do Pará, Miriam Andrade, assumiu o mandato justamente no dia do aniversário e também destaca a dificuldade em conciliar a família ao trabalho. "Somos mais exigentes porque se cometermos um erro dizem "tá vendo, botaram mulher no poder". Mas, o maior problema é fazer a família entender que estamos apenas buscando espaço que é nosso. Há compreensão de que mulheres devem até trabalhar, mas devemos voltar para cuidar do filho e da limpeza doméstica", ressalta.

Presidenta da CUT Amapá, Odete Gomes, teve de enfrentar a direção da Universidade onde trabalhava para exercer a atividade sindical. "Passei dois anos bem complicados por conta disso. Esse era um preconceito velado principalmente por parte de dois companheiros que me acusavam de ter brigado com a administração da Universidade e por isso era um problema meu. Mas se sou dirigente tenho que lutar pela categoria, mesmo que isso traga futuros desafetos", lembra.

Paridade é possível

Já a professora Maria Euzébia de Lima, a Bia, presidenta da CUT-GO, atualmente ajuda a comandar a greve dos professores do Estado. Para ela, os estados devem dar exemplo e mostrar que a paridade - 50% de cargos ocupados por dirigentes de cada gênero - é possível e necessária.

"Num determinado momento, 30% foi importante, hoje já podemos adotar a paridade. Em Goiás, na próxima semana, já vamos debater isso e estimular sindicatos onde maioria é de homens para ampliar a participação feminina. Onde a mulher está presente não deixa dúvida sobre capacidade, competência e só obtivemos avanços. Temos ampliado nossa participação em todos os segmentos e no movimento sindical não pode ser diferente."

"O movimento sindical reproduz a estrutura da sociedade brasileira, que é machista. Cada vitória nossa, como a política de cotas e a inclusão sobre a discussão a respeito do aborto só avançaram após muita luta. Não aceitaremos mais fazer o debate para discutir se somos qualificadas a ocupar cargos de direção, já provamos nossa competência. Queremos é discutir a ampliação de políticas afirmativas garantindo mulheres no poder e por isso vamos entrar no debate da paridade no próximo Congresso da CUT, não só para discutir a ascensão, mas também a permanência nas direções", define Rosane Silva.

Para levar às ruas a luta das mulheres, a Central programou uma série de atividades em todo o Brasil.


Fonte: CUT

2.12.11

1º Fórum "A Invisibilidade Negra" assume compromisso de combate ao racismo


Diretora da Contraf-CUT, Deise Recoaro, 
coordena mesa de encerramento

O 1º Fórum Nacional: A invisibilidade Negra no Sistema Financeiro terminou nesta terça-feira (29), em Salvador, com a aprovação de uma carta compromisso reunindo objetivos e ações a serem implementadas pelas entidades sindicais no combate à discriminação de negros e negras nos bancos.

A mesa final do evento foi presidida por Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, e contou com a participação de Júlia Nogueira, secretária de Combate ao Racismo da CUT, e Valmira Luiza, secretária de Combate ao Racismo da CTB. Também estiveram presentes o secretário-geral da Contraf-CUT, Marcel Barros, o secretário de Organização do Ramo Financeiro, Miguel Pereira, bem como Eliomar Carvalho, diretor da Confederação e do Sindicato dos Bancários da Bahia.

"Essa carta não pretende trazer constrangimentos às entidades sindicais, ao contrário. É uma forma de estímulo à reflexão sobre o tema para as entidades que não tiveram a oportunidade de presenciar as discussões do Fórum, que foram bastante ricas. Esperamos intensificar as ações em todas as entidades na luta contra o racismo", afirma Deise.

A secretária de Combate ao Racismo da CUT elogiou o evento. "Quando reunimos trabalhadores de um setor para debater a discriminação de forma responsável, com números e pesquisas, isso dá subsídios para formular políticas sobre o tema. Chega de ficar falando sem ter ações concretas", defende Júlia Nogueira.

O evento foi integralmente transmitido ao vivo pelo site da Contraf-CUT, graças à parceria com o Sindicato dos Bancários de Brasília.

Veja abaixo a íntegra da carta compromisso:

CARTA COMPROMISSO

1º Fórum Nacional: A Invisibilidade Negra no Sistema Financeiro

A categoria bancária tem um compromisso de longa data no combate às discriminações de qualquer espécie por entender que esta prática não é benéfica para a classe trabalhadora independentemente do sexo, da cor da pele, da orientação sexual, de ter ou não uma deficiência e independentemente da idade. Está provado ao longo da história que as discriminações favorecem apenas aqueles que detêm o capital, aqueles que concentram as riquezas, aqueles que querem segregar os trabalhadores e trabalhadoras.

Considerando também o acúmulo e patamar que alcançamos com a temática de combate ao racismo na categoria, entendemos que este processo não tem mais volta, ou seja, que os bancos, denunciados pelo movimento sindical e pressionados pelos movimentos sociais, terão que abrir suas portas para uma parcela importante da população, eles querendo ou não.

Acreditamos que para que a classe trabalhadora possa viver uma democracia plena é necessário que todos e todas possam exercer cidadania e que entre nós não haja trabalhadores de segunda ou terceira classe. Para que os sindicatos sejam verdadeiramente representativos dos anseios de classe, devemos intensificar as ações em curso neste país através das ações afirmativas. Orientamos e assumimos publicamente o compromisso com as seguintes ações e orientações:

- Promover formação sindical sobre a questão racial;

- Realizar atos e manifestações com material específico sobre a temática em datas comemorativas;

- Criar coletivos temáticos nas entidades e assim fortalecer a Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS) através das representações;

- Ampliar parcerias com os movimentos sociais;

- Fazer a verificação da inserção da população negra nos locais de trabalho, tanto na admissão como na carreira, através de pesquisa ou outras formas de verificação;

- Dar também visibilidade aos/as dirigentes afrodescendentes nos materiais sindicais, a fim de criar uma identificação com os bancários na base;

- Pautar na mesa temática de igualdade de oportunidades as ações afirmativas que visem ampliar a contratação de negros, negras e indígenas;

- Propor audiências públicas junto aos parlamentares sobre a temática e as situações que perpassam a questão da discriminação;

- Fazer uma articulação com a agenda das centrais;

- Promover qualificação profissional nos termos das certificações focada na população negra;

- Participar ativamente das ações governamentais através dos protocolos de intenções com a SEPPIR, SPM e MEC;

- Garantir a transversalidade de gênero, raça, orientação sexual e pessoa com deficiência na elaboração da minuta e na mesa de negociação;

- Desenvolver campanhas pela efetivação das Convenções 100 e 111 da OIT;

Manifestamos nossa posição contrária à fusão da SEPPIR, SPM e Secretaria Nacional da Juventude em um único Ministério porque isso retira o protagonismo e a visibilidade para as mulheres, os negros e os jovens;

Defendemos a regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial para dar sequência ao processo virtuoso de promoção de igualdade de oportunidades iniciado nos últimos anos.

Salvador (Bahia), 29 de novembro de 2011.

Fonte: Contraf-CUT

21.10.11

Artigo: Greve, instrumento de transformação social



Autor: Artur Henrique - Presidente da Central Única dos Trabalhadores


A greve é mais que um direito constitucional e um instrumento legítimo para os trabalhadores cobrarem aumentos salariais, proteção e ampliação de direitos e melhoria das condições de vida em geral.

Um movimento grevista também é um dos principais momentos para elevar a consciência crítica da população. É uma oportunidade de as pessoas se enxergarem como conjunto transformador, e por isso guarda em si potencial de catarse política, de passagem para uma experiência ativa de mudança do mundo social.

Compreendido esse potencial, entende-se porque as greves são tão hostilizadas – embora, e propositalmente, jamais de modo a apontar o verdadeiro temor – pelos patrões em geral e todo o sistema hegemônico de que dispõem.

O que não se pode entender ou mesmo aceitar é que administradores públicos das três esferas de governo, especialmente aqueles que têm origem no movimento sindical e nas lutas sociais, tentem desqualificar a greve ou coloquem-se contra o movimento como se defendessem um princípio.

Acompanhamos em greves recentes e bastante disputadas – como a dos professores em 17 estados brasileiros e a dos Correios – manifestações autoritárias e reacionárias que se prestaram à deseducação política e à desmobilização social.

Nem vamos nos deter mais longamente em reações truculentas como a de alguns governadores e prefeitos que permitiram ou talvez até tenham ordenado a repressão policial sobre os trabalhadores, tamanho o absurdo da conduta.

Porém, não é preciso chegar a tal manifestação antidemocrática para ser igualmente nocivo à organização dos trabalhadores. A ameaça de não negociar com grevistas ou a intenção de negociar separadamente com aqueles que não aderiram à greve é uma tentativa de premiar o medo, a timidez e, principalmente, o individualismo. Ainda que a escolha de participar ou não de uma greve seja um direito legítimo de cada trabalhador e trabalhadora, quando uma autoridade pública acena positivamente para aqueles que optaram pela via solitária, presta desserviço igual à construção da consciência política coletiva e ao sonho de mudar a sociedade.

Quando atitudes como essa partem de companheiros que já foram sindicalistas e que já fizeram greve, deparamo-nos com uma ameaça séria. Claro que não podemos nos deixar levar pela sensação de desalento que tal situação poderia produzir, mas é inevitável um travo de decepção na garganta – sem falar que a conduta desses companheiros serve como justificativa para políticos tradicionalmente avessos às lutas populares.

Devemos lembrar que no Brasil de hoje há ministros e presidentes de estatais que só chegaram lá porque fizeram greves ao longo de suas trajetórias. Esquecer-se disso é jogar contra a proposta de transformação social que tem nos guiado nas últimas décadas. Se queremos construir um novo modelo de desenvolvimento, com ênfase na distribuição de renda, na superação das desigualdades e na afirmação da liberdade, devemos repudiar tal comportamento demonstrado por algumas autoridades públicas nos últimos dias.

Se nosso desejo é que as pessoas que hoje saem da pobreza e começam a ascender socialmente não reproduzam amanhã o mesmo espírito de competição entre iguais do qual já foram e ainda são vítimas, se queremos a solidariedade como princípio e o coletivo como estratégia, nosso caminho é totalmente outro.

Greve não é um objetivo em si

Nada disso quer dizer que a greve seja algo que busquemos como recurso primeiro. Ao contrário. Quando acontece, a greve é resultado de um processo de negociação que fracassou. Em circunstâncias assim, é o último e único recurso de pressão dos trabalhadores, diante da multiplicidade de mecanismos de que dispõem os empregadores – força econômica, domínio dos meios de comunicação e até controle das forças de repressão.

Os mais bem sucedidos processos de negociação, por sua vez, derivam da realização de greves em períodos anteriores que elevaram o grau de consciência política e organizativa de determinados grupos.

Já o fracasso de um processo de negociação não pode ser atribuído a um único ator do processo. Tanto no setor privado quanto no público, os administradores têm entre suas funções básicas a intermediação de conflitos trabalhistas.

Justiça do trabalho

Por isso consideramos inadmissível que a Justiça do Trabalho, como alguns de seus mais destacados representantes fizeram por ocasião da greve nos Correios, atribua aos trabalhadores e seus sindicatos a responsabilidade total pelas paralisações.

Aliás, a chegada de um conflito entre capital e trabalho até a Justiça é o pior cenário de um movimento grevista, pois sinaliza o fracasso completo do processo de diálogo.

Ainda sobre a Justiça do Trabalho, é importante destacar – registre-se que isso não ocorreu no caso dos Correios – a prática cada vez mais recorrente de julgar a conveniência ou o caráter abusivo da greve antes mesmo de considerar a justeza das reivindicações.

Já na Justiça comum, desse modo de avaliar os movimentos grevistas derivam-se os interditos proibitórios, que impedem os trabalhadores de se reunir nas proximidades da empresa em momentos de mobilização. Outro absurdo.

Vivemos no Brasil um momento complicado em relação aos processos de negociação coletiva. Há um vácuo legal para o qual já propusemos, para o setor público, a regulamentação da Convenção 151 do OIT – já ratificada pelo Congresso – e a organização por local de trabalho tanto para o setor privado quanto para o público.

Um dos legados dos anos Lula e Dilma deve ser a ampliação da consciência e participação política do povo, jamais o contrário.

No mundo inteiro

Enquanto isso, os indignados de todo o mundo vão às ruas protestar contra o capitalismo, ainda que de forma fragmentada, com bandeiras múltiplas, reivindicando uma nova forma de gerir o planeta. Todos que acampam, levantam bandeiras e batem bumbo querem dizer, se me permitem o uso de uma frase que os estadunidenses criaram, com sua capacidade toda própria adquirida graças ao cinema e à publicidade: “Você não me deixa sonhar, então eu não deixo você dormir”.

O Brasil, que pleiteia, com justiça, uma posição de comando na diplomacia internacional, bem que poderia dizer ao mundo, durante as cerimônias públicas e nas coletivas de imprensa de fóruns mundiais como o próximo G-20, que não há nada comprovadamente mais eficaz contra a crise do que a organização da classe trabalhadora, ao mesmo tempo responsável pela produção e pelo consumo.

Arrisco-me a dizer ainda que a América Latina, a partir de suas experiências contra-hegemônicas, tem todo o direito de propor aos povos do Hemisfério Norte a desobediência ao sistema financeiro, esse que rouba nossos sonhos.

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COMENTÁRIO:

EXCELENTE ESSE ARTIGO DE NOSSO COMPANHEIRO ARTUR, PRESIDENTE DA CUT. RECOMENDO A LEITURA E A DIVULGAÇÃO ENTRE OS BANCÁRIOS COMISSIONADOS DE TODOS OS BANCOS.

30.8.11

Bancos negam garantia de emprego. Negociações continuam nesta quarta

Crédito: Roberto Parizotti/Contraf-CUT
As negociações da Campanha Nacional dos Bancários de 2011 começaram nesta terça-feira 30, em São Paulo, com os bancos recusando-se a atender as reivindicações apresentadas pelos trabalhadores: garantia de emprego e ratificação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o fim das terceirizações, a extensão do abono-assiduidade a todos os bancários e a inclusão bancária sem precarização. As negociações sobre emprego e reivindicações sociais continuam nesta quarta-feira 31.

O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, apresentou à Fenaban o resultado da Pesquisa de Emprego Bancário relativo ao primeiro semestre de 2011 divulgado nesta terça-feira. O levantamento, realizado desde 2009 pela Contraf-CUT e pelo Dieese, mostra que, embora os bancos tenham criado 11.958 postos de trabalho nos primeiros seis meses do ano, aumentou o número de desligamentos (18.559), confirmando a estratégia das empresas de promover a rotatividade para reduzir custos.

O Comando Nacional defendeu a necessidade de os bancos aceitarem a Convenção 158 da OIT, que dificulta demissões imotivadas, para acabar com a alta rotatividade, inadmissível no setor mais rentável da economia, em que somente as seis maiores empresas apresentaram lucro líquido de R$ 25,9 bilhões no primeiro semestre.

'Acordo precisa contemplar emprego'

Os negociadores desdenharam da reivindicação de garantia de emprego, afirmando que ela não é importante para a categoria. "Respondemos que nossas consultas e pesquisas indicam o contrário, que os bancários estão muito preocupados com o emprego, e deixamos claro que não será possível fechar acordo este ano sem resolver essa questão", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.

O tema continua a ser discutido nesta quarta-feira, assim como a terceirização no sistema financeiro, que vinha sendo debatida em mesa temática desde o ano passado, mas se encontra atualmente num impasse. Os bancários reivindicam o fim da terceirização dos setores de compensação, tesouraria, caixa rápido, home banking, autoatendimento, teleatendimento, cobrança, cartão de crédito e retaguarda.

Em relação ao abono-assiduidade, os representantes dos bancários na mesa de negociação defenderam o direito a cinco dias de ausências abonadas por ano, que representam a diferença entre os dias efetivamente trabalhados anualmente (365) e os pagos pelas empresas (360). Os negociadores da Fenaban levarão a reivindicação aos bancos.

Inclusão bancária

A proposta da categoria, aprovada na Conferência Nacional, é promover a inclusão bancária de toda a população brasileira, de forma que todos os serviços financeiros para a sociedade sejam prestados em agências e postos de atendimento, oferecidos por bancários, garantindo a qualidade, a proteção do sigilo bancário e a segurança, protegendo a vida de trabalhadores e clientes.

O Comando Nacional pediu aos bancos que se abstenham de aplicar as recentes resoluções do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central, que ampliaram a função dos correspondentes bancários no país. A Fenaban disse que "correspondente não é banco", que não faz crédito e só operacionaliza o crédito oferecido pelo banco. Mas os dirigentes sindicais refutaram os argumentos, usando publicação recente de matéria no jornal O Globo, em que a Associação Brasileira de Bancos informa que os correspondentes executam a maior parte das operações de crédito.

"Defendemos a inclusão bancária. Dissemos à Fenaban que todos os brasileiros deveriam ter direito de ter conta em banco, com assessoria financeira, sigilo bancário e segurança. E que os correspondentes não fazem essa inclusão. Pelo contrário, eles excluem, porque estão sendo usados pelos bancos para atender a população de baixa renda, reservando as agências aos clientes mais abastados. Isso não é bancarização, é precarização. Queremos transformar os correspondentes em pequenas agências e postos de atendimento", propõe Carlos Cordeiro.

Venda responsável de produtos

Os negociadores da Fenaban disseram que os bancos não vão assinar a Declaração sobre a Venda Responsável de Produtos Financeiros, aprovada pelo Comitê Diretivo da UNI Finanças, em junho de 2010, durante reunião realizada em Copenhague, na Dinamarca.

A carta prevê, entre outras coisas, o fim das metas abusivas e a garantia de uma "cultura interna de negócios e procedimentos operacionais que conduzam à venda responsável de produtos" - o que significa, por exemplo, evitar vender serviços e produtos que os clientes não necessitam.

As negociações sobre emprego continuam nesta quarta-feira, envolvendo temas como jornada de trabalho, mais contratações, ampliação do horário de atendimento, dentre outras.

Fonte: Contraf-CUT

10.6.11

Comissão da Câmara aprova PL que escancara terceirização no Brasil (se trata de um atentado aos direitos humanos!!)


Edvard Munch: poderia estar
reproduzindo o sentimento do
trabalhador sobre a terceirização.

Os direitos dos trabalhadores sofreram um duro golpe na quarta-feira, 8, com a aprovação pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara Federal do Projeto de Lei (PL) nº 4330/04, do deputado Sandro Mabel (PR-GO), que regulamenta a terceirização e abre espaço para a precarização geral das relações de trabalho.

O texto aprovado, de relatoria do deputado Silvio Costa (PTB-PE), autoriza a terceirização de todo serviço, incluindo as atividades-fim, tanto de empresas privadas quanto públicas. Além disso, estabelece a responsabilidade subsidiária para o contratante em relação às obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços.

"O PL escancara a possibilidade de terceirização de qualquer processo e etapa do trabalho, sem distinguir entre atividade fim e meio. Assim, precariza por completo as relações de trabalho no Brasil, frustra as negociações de acordos e convenções coletivas e mantém os terceirizados à margem dos direitos", lamenta Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT e integrante do Grupo de Trabalho sobre Terceirização da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Miguel destaca que, no Brasil, a experiência do movimento sindical mostra que terceirização de serviço tem sido sinônimo de precarização dos direitos dos trabalhadores. Pesquisas do Dieese mostram que trabalhador terceirizado recebe, em média, 1/3 do que ganham os trabalhadores contratados diretamente, sem contar outros direitos que lhe são negados.

"Na prática, esse projeto nefasto propõe a desregulamentação das relações formais de trabalho, negando a CLT e toda a legislação trabalhista", sustenta Miguel. "Ele representa praticamente o fim das categorias formais, reguladas por acordos e convenções coletivas negociadas pelos sindicatos, jogando por terra toda a história de luta dos trabalhadores. É um ataque à própria Constituição Federal, que assegura o valor social do trabalho como base estruturante da sociedade brasileira", diz.

Tramitando na Câmara há sete anos, o projeto de Sandro Mabel enfrenta forte resistência do movimento sindical, que por várias vezes conseguiu barrar seu avanço no Legislativo. "O projeto já era muito ruim para os trabalhadores, mas as emendas incluídas pelo relatório de Silvio Costa o pioraram e muito", ressalta Miguel.

Em entrevista à Agência Câmara, o deputado federal Vicentinho (PT-SP) critica a falta de limites estabelecida pelo PL4330/04 e promete lutar contra ele na Câmara. "Do jeito que está o projeto, tudo pode ser terceirizado. O ideal seria acabar [com a terceirização], mas, como isso não é possível, regulamentar para garantir dignidade e direitos aos trabalhadores. Por isso, a nossa posição é contrária", afirmou Vicentinho.

Vicentinho é autor de outra proposta sobre o tema (PL 1621/07), apoiado pelo movimento sindical, que proíbe a terceirização da atividade-fim da empresa. Segundo o projeto do deputado petista, a atividade-fim só poderá ser desenvolvida por funcionários diretamente contratados, com vínculo de emprego. Além disso, determina a responsabilidade solidária entre a contratante e a prestadora do serviço pelas obrigações trabalhistas, previdenciárias e quaisquer outras decorrentes do contrato de prestação de serviço. Na avaliação de Vicentinho, isso é necessário para garantir os direitos trabalhistas do terceirizado.

A aprovação do PL na CTASP ocorreu no mesmo dia em que, após pressão das centrais sindicais, foi realizada a primeira reunião da Comissão Especial sobre Terceirização no âmbito do Congresso Nacional. "Um tema dessa complexidade precisa de um debate amplo com a sociedade antes de sua aprovação, jamais da forma como ocorreu na Comissão", sustenta Miguel.

A proposta precisa tramitar ainda na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara e, se aprovada, será encaminhado para votação em plenário.

Mobilização

A CUT convoca os sindicatos para participarem de Audiência Pública sobre o tema, a ser realizada na próxima quarta-feira, dia 15, às 14h30, no plenário 13, anexo 2, da Câmara dos Deputados. No mesmo dia, às 10h, ocorre reunião do GT de Terceirização da CUT, no escritório nacional da Central, em Brasília.

Os trabalhadores discutirão o tema também com o Poder Executivo, uma vez que, em dezembro de 2009, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) concluiu, a pedido do então presidente Lula, uma proposta de regulamentação da terceirização que ia em direção contrária à do PL de Sandro Mabel.

A proposta construída estabelecia, entre outras questões, o princípio da responsabilidade solidária entre contratante e contratada e garantia direitos iguais de benefícios e salários entre todos os trabalhadores. "Ou seja, se as empresas quisessem terceirizar enquanto ato de gestão, poderiam fazê-lo, mas não para reduzir custo de pessoal ou precarizar o trabalho. Vamos procurar o MTE e cobrar um posicionamento do Executivo contra o projeto de Mabel", sustenta.

O dirigente sindical considera fundamental a mobilização de toda a sociedade contra o projeto. "Empobrecer a classe trabalhadora empobrece o país como um todo e concentra renda e riqueza. O Brasil é signatário de uma Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que trata da implementação do Trabalho Decente e este projeto vai contra esse objetivo", conclui.

Fonte: Contraf-CUT


COMENTÁRIO:

ACREDITO QUE TEREMOS QUE ORGANIZAR UMA GREVE GERAL AINDA ESTE ANO PARA REVERTER ESSA DERROTA TERRÍVEL PARA A CLASSE TRABALHADORA!!

NÃO TÔ FALANDO QUE SÓ ESTÁ AVANÇANDO A PAUTA DA DIREITA E DO CAPITAL...

22.9.09

20.8.09

Semana de 14 a 18 de setembro (Curso da OIT)






Curso sobre a crise econômica internacional em Madri, na Espanha. Eu serei representante da Contraf e da Central Única dos Trabalhadores.

Semana de 7 a 11 de setembro (Curso da OIT)





Curso sobre a crise econômica internacional em Turim, na Itália. Eu serei representante da Contraf e da Central Única dos Trabalhadores.

Semana de 31 de agosto a 4 de setembro (Curso da OIT)





Curso sobre a crise econômica internacional em Turim, na Itália. Eu serei representante da Contraf e da Central Única dos Trabalhadores.

17.8.09

Semana de 17 a 21 de agosto (Atuação na base e na formação da Contraf-CUT)





Nesta semana, o foco é organizar e preparar os cursos de formação dos quais sou o responsável - os da Contraf-CUT/Dieese -, e serei participante em outro curso internacional, representando a Confederação e a CUT - Curso da OIT, na Itália e na Espanha.

Segunda

-na Contraf-CUT na parte da tarde.


Terça

-pela manhã, trabalhei em casa e à tarde na Contraf-CUT.


Quarta

-fiz uma reunião com bancários do BB na ag. Vila Iara.

-almoço com companheiros do Dieese para tratar do curso de formação de dirigentes.


Quinta

-preparação do curso na OIT.


Sexta

-reunião na CUT nacional às 10 horas.

-reunião do Coletivo do BB às 16 horas no Sindicato.


29.5.08

Quarta, 28 de maio (Dia de lutas no BB e das centrais pelas convenções da OIT)


Dia nacional de luta das centrais pela redução da jornada de trabalho, pela ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT.

Também dia nacional de luta no BB. Fiz porta no Complexo São João com o jornal O Espelho - Especial. Depois estive no ato das centrais na Praça Ramos.

À tarde, fizemos reunião no Complexo São João nos andares 19, 18 e 8 (setores da CSO).