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14.4.21

Cassi 2021 - Impressões e opiniões (II)

Opinião

Olá, colegas bancários e colegas de entidades representativas da comunidade Banco do Brasil!

Como disse no texto anterior (ler aqui), o primeiro dessa série que vou fazer sobre algumas impressões e opiniões a respeito da nossa Caixa de Assistência (Cassi), vejo com preocupação algumas estratégias adotadas pela autogestão para atingir alguns objetivos desejados por todos os intervenientes ("stakeholders") da associação de trabalhadores para prestar Atenção Integral à Saúde a seus participantes.

A Cassi é para todos da comunidade BB ou só para uma parcela dos trabalhadores da ativa e aposentados? A Cassi é solidária ou só para aqueles que momentaneamente podem arcar com os altos custos da saúde? A questão central é: a Cassi é direito de todos ou privilégio?

Vou apresentar minha impressão e minha opinião a respeito de algumas das estratégias da Cassi que pedem atenção de seus associados e lideranças das entidades representativas, principalmente daquelas pessoas que conhecem minimamente temas como direitos trabalhistas, direitos sociais, gestão de saúde, direitos em saúde, sistemas de saúde, temáticas importantes para termos opinião sob a ótica dos trabalhadores e não só o olhar dos capitalistas e do patronato através de seus representantes indicados.

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ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA A CRÔNICOS (PAF: MAIS AUTONOMIA?)

Ano............................ crônicos assistidos

2017.......................... 53.308

2018.......................... 51.613

2019.......................... 47.859

2020.......................... 39.898

(dados dos relatórios anuais da Cassi)


Essa redução do acesso ao direito de uso do Programa de Assistência Farmacêutica, rápida redução de 13.410 pessoas, participantes, doentes crônicos, é uma coisa boa? Sob qual ótica? Ela foi boa para as pessoas? Será que essa redução de acesso aos materiais e medicamentos foi boa para os participantes do Plano de Associados? Quais serão os segmentos de participantes que não se beneficiaram do direito ao PAF em 2020? Seriam pessoas com mais ou menos recursos? Seriam pessoas residentes em grandes cidades ou em pequenas cidades? Seriam pessoas com mais acesso à tecnologia e ajuda de terceiros ou menos acesso a ajudas? Existe alguma tendência de redução de crônicos na atualidade? Será que as pessoas estão mais sadias nos últimos anos? Por fim, será que os doentes crônicos do Plano de Associados da Cassi estão medicados, estão estabilizados em suas condições crônicas? 

Qual deveria ser o objetivo dos programas de saúde de um sistema de saúde cujo objetivo é promoção de saúde, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação dos participantes identificados com problemas de saúde, inclusive doenças crônicas? Não seria fundamental medicar e monitorar os participantes crônicos de forma a mantê-los estáveis e sem agudizações de suas condições crônicas? Entregar o medicamento na casa dos doentes crônicos como fazíamos antes era interesse direto da Cassi porque dava qualidade de vida aos doentes e reduzia as despesas assistenciais na utilização da rede credenciada de alto custo.

Os associados do Plano de Associados têm os mesmos direitos na hora da procura por socorro, atendimento, isso é uma questão básica perante os contratos e leis, e se os crônicos não estiverem medicados e estabilizados e vierem a ter piora em suas condições de saúde, o plano de saúde vai ter que arcar com as despesas exponencialmente maiores como consequência da utilização de estruturas mais caras e complexas na rede prestadora de serviços. (infartos, AVC, amputação de membros nos casos de diabetes etc)

Pergunto: não seria interessante manter medicados e estabilizados justamente os participantes crônicos do Plano de Associados para evitar agudizações e piora de saúde e consequentemente procura por rede credenciada e internações, estejam eles onde estiverem, ou seja, naquelas localizações onde há oferta de estrutura de saúde e de medicamentos e naquelas localizações onde NÃO há estrutura adequada ou nenhuma, como alguns milhares de municípios do Brasil?

Pergunto de novo: deveria haver alguma diferença de tratamento na medicalização de pacientes crônicos de acordo com o local onde vivem, estejam eles nas capitais e metrópoles com toda infraestrutura de farmácias e drogarias, estejam eles naqueles milhares de municípios brasileiros e regiões onde não há praticamente estrutura alguma de saúde e de medicamentos?

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"Com isso, a Instituição estende a facilidade de acesso aos medicamentos de uso contínuo aos participantes de todo o país, residentes tanto na capital e regiões metropolitanas, quanto no interior dos Estados. Mais do que comodidade, a Cassi garante equidade no acesso a serviços e tecnologias em saúde e qualidade do cuidado de seus participantes." (matéria do site da Cassi)

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Em março de 2018, a Cassi anunciava aos associados que finalmente havia conseguido igualar para o conjunto dos pacientes crônicos do Plano de Associados o direito a receber materiais e medicamentos por operador logístico, ou seja, a partir daquele momento TODOS os participantes estariam exercendo da mesma forma o uso do direito ao PAF ao receber em suas casas, todas as capitais e regiões do país, localidades com oferta de estrutura ou desabastecidas de estrutura de fornecimento de medicamentos, os remédios e materiais necessários para sua condição satisfatória de saúde, evitando assim agudizações de suas condições crônicas. O PAF havia sido aperfeiçoado por mais de 14 anos na Cassi.

REDUÇÃO DRÁSTICA DA LIMACA

                                   Antes         Depois        Redução

Princípio ativo..........  365 ...........  92 ............74,8%

Medicamentos.......... 2.985 ........ 1.167 .........60.9%

Materiais................... 143 ............ 31 ............78,3%

(Fonte: matéria site do Sindicato dos Bancários de São Paulo em 10/9/20)


Tenho a impressão e opinião de que a redução drástica da LIMACA e o desfazimento da distribuição de medicamentos e materiais por operador logístico aos associados de TODOS os municípios e regiões do país não foi uma opção vantajosa para os doentes crônicos da Cassi, porque um sistema de saúde tem que ser isonômico e atuar para atender a todos da forma mais igualitária possível, isso é solidariedade. 

O PAF operacionalizado na forma anterior (ver aqui a reprodução da notícia de 13/3/18 da Cassi em matéria deste blog), após mais de uma década de aperfeiçoamento pela Cassi, era um programa de saúde solidário e isonômico, e contribuía para reduzir as despesas assistenciais na rede prestadora de serviços (o mercado e seus produtos), a rede onde a Cassi compra serviços com uma inflação médica que varia de 10% a 20% ao ano, com serviços de alta complexidade e mercado onde a Cassi tem capacidade limitada de impor tabelas de preços a pagar pelo serviço/produto vendido pelo conglomerado médico. 

Entendo que todos ganharão caso avancem as negociações entre a Cassi, o patrocinador Banco do Brasil e as entidades representativas dos associados no sentido de ampliar as alternativas disponíveis na Lista de Materiais e Medicamentos Abonáveis Cassi (LIMACA) e na forma de se acessar o direito ao Programa de Assistência Farmacêutica (PAF), de forma que o conjunto dos participantes acometidos de uma ou várias doenças crônicas possam estar medicados e estabilizados, estejam eles nas capitais e regiões metropolitanas dos Estados, estejam eles nos interiores e regiões carentes de estruturas de saúde.

E VEM MAIS PROBLEMAS POR AÍ (COVID-19, FARMÁCIA POPULAR)

Aliás, por falar em doentes crônicos, alguém já leu alguma matéria a respeito das consequências duradouras dos efeitos do terrível vírus Sars-Cov-2 (Covid-19)? Os estudos têm demonstrado um número impressionante de sequelados após contraírem o novo coronavírus. Ao que parece, teremos daqui adiante uma população mundial, brasileira e de participantes da Cassi com mais problemas de saúde do que tínhamos antes de 2020. Não é uma preocupação a mais em mantermos estabilizados e medicados todos os nossos doentes crônicos como fazíamos na Cassi antes das reduções drásticas do PAF?

Matéria no Jornal da USP alerta para os prejuízos que serão causados ao Sistema Único de Saúde e o aumento dos custos no sistema de saúde por causa dos ataques que o programa Farmácia Popular vem sofrendo. Vejam abaixo e reflitam se não é a mesma preocupação que expressei acima em relação aos crônicos da Cassi e a redução dos direitos ao PAF.

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"Fim do Programa Farmácia Popular pode elevar custos da saúde

Sílvia Storpirtis afirma que internações hospitalares devem aumentar em decorrência das doenças crônicas se o programa, que distribui medicamentos gratuitamente, for extinto

A justificativa para acabar com o Programa Farmácia Popular é o plano de reformulação de políticas sociais do governo, que prevê cortes no orçamento. Em novembro de 2017, o governo já havia demonstrado a intenção de acabar com o programa, chegando a fechar 400 lojas da rede própria. No ano seguinte, cogitou reformular o modelo de pagamento para estabelecimentos particulares credenciados. Com 28 mil farmácias cadastradas, somente em 2019, o sistema foi responsável por atender 21,3 milhões de pessoas, oferecendo medicamentos gratuitos ou com descontos de até 90% para a população. Entre os remédios oferecidos estão os de uso contínuo para tratamento da asma, rinite, dislipidemia, diabete, hipertensão arterial, osteoporose e muitos mais.

“Como consequência do fim do Farmácia Popular, os custos dos sistemas de saúde vão aumentar muito, dado o elevado número de internações hospitalares em decorrência das doenças crônicas, que poderiam ser evitadas”, cita Sílvia Storpirtis, professora formada e aposentada pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia Clínica. O prejuízo será maior para o SUS, o que já vem ocorrendo nos últimos anos pela falta de investimentos. Segundo a professora Sílvia, “este não é um programa que deva ser extinto, mas aprimorado, porque é um avanço em relação à saúde no nosso país”.
"

Fonte: Jornal da USP, 17/9/20

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Próximos temas que pretendemos abordar em postagens:

- (D)EFICIÊNCIA OPERACIONAL (5,5%)

TERCEIRIZAÇÃO DO MODELO ASSISTENCIAL DA CASSI ("BEM CASSI")

ATENÇÃO PRIMÁRIA TERCEIRIZADA (ESF SOB RISCO SÉRIO DE CONTINUIDADE)

- NOVOS PLANOS DE MERCADO (ALTO RISCO PARA A CASSI)

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Esses temas elencados acima são outros temas que tenho algumas impressões e opiniões a respeito deles. Conhecendo um pouco a Cassi, a "indústria" da saúde e as tendências do mercado entendo que são questões preocupantes e que merecem atenção dos associados da autogestão.

Abraços,

William


13.4.21

Cassi 2021 - Impressões e opiniões (I)

Opinião

Olá, colegas da comunidade Banco do Brasil e colegas de entidades representativas dos bancários!

Durante 4 anos fui um dos dirigentes eleitos pelos associados da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, entidade de saúde de autogestão mais conhecida por todos como Cassi. Minha contribuição formal à gestão da associação e à luta dos trabalhadores em relação aos direitos em saúde se deu entre junho de 2014 e maio de 2018. Ou seja, as mais de 600 postagens neste blog durante o mandato de diretor de saúde eram opiniões e impressões de uma pessoa pública, era o meu lugar de fala.

De junho de 2018 até o presente momento, abril de 2021, muita coisa mudou. Aliás, o mundo mudou absurdamente em pouquíssimo tempo. Para dar um exemplo de mudanças radicais em nossa vida por um evento de efeito planetário temos aí a pandemia mundial de Covid-19. Para falar de mudanças que já estavam em andamento em 2018 e que trouxeram consequências negativas incalculáveis para o país e para o povo brasileiro, temos os efeitos do golpe de Estado em 2016, da operação lesa-pátria chamada Lava Jato e da fraude nas eleições de 2018, eventos nacionais que trouxeram como consequência esse governo inqualificável de um sujeito inominável: diria que estamos sob a banalidade do mal, para usar uma expressão de Hannah Arendt.

O QUE É A CASSI?

A Cassi é uma entidade privada de saúde coletiva. É uma caixa de assistência de um segmento de trabalhadores do país, os bancários do banco público BB. Ambos, o banco e a caixa de assistência, têm décadas de existência e histórico de participação social interna e na vida da sociedade brasileira. Eu não estou falando como um técnico de algum tema específico, estou falando como um trabalhador com conhecimentos suficientes em determinadas áreas nas quais atuei ao longo da jornada de vida laborativa, que passou a vida no Banco do Brasil e que aprendeu política nessa comunidade por causa do histórico de organização e das lutas democráticas desse segmento social brasileiro.

Quando cheguei eleito à Cassi, com um grupo de pessoas eleitas comigo em uma chapa, passamos a vivenciar a gestão da entidade, e passamos a conhecer o dia a dia de uma entidade de saúde nacional, regida por leis internas e externas, estatuto, regimentos, contratos, e por toda a legislação brasileira de saúde. Como operadora de saúde, a Cassi pertence ao sistema de saúde suplementar do Brasil, suplementar ao SUS, Sistema Único de Saúde. E por ter estudado profundamente tudo que envolvia o mandato, acabei conhecendo bastante a realidade do setor onde a Cassi opera. E posso dizer com tranquilidade que as pessoas que utilizam e precisam dos sistemas de saúde em operação no Brasil não têm sequer as noções básicas a respeito disso. Eu também não tinha.

Por que digo isso, da falta de noção das pessoas em relação aos sistemas de saúde e aos direitos em saúde? Porque um dos objetivos de nosso mandato como diretor de saúde foi justamente tentar levar essas noções ao conjunto das entidades sindicais e associativas dos trabalhadores da ativa e aposentados da comunidade Banco do Brasil. Foram 4 anos perseguindo esse objetivo e naquela época conseguimos melhorar um pouco o nível de conhecimento e reduzir a desinformação (não saber, ignorância) pelo menos das centenas de lideranças dos associados da Cassi. 

Apresentar a Caixa de Assistência aos seus legítimos donos, os associados, era fundamental para que pudéssemos criar algum grau de pertencimento em relação à própria autogestão, ao seu modelo assistencial revolucionário, aos direitos em saúde que a Cassi proporcionava aos participantes da ativa e aposentados e aos direitos de participação social (democracia) que os trabalhadores tinham em relação à sua autogestão em saúde.

RELATÓRIO ANUAL CASSI 2020

Enfim, hoje de manhã vi a apresentação do Relatório Anual da Cassi, e algumas lideranças sindicais nos perguntam a respeito de diversas questões destacadas pela direção da nossa autogestão. Eu não me debrucei sobre as dezenas de páginas do relatório, coisa que fiz durante tanto tempo, pois estudei os relatórios e balanços da Cassi do início dos anos noventa até os anos em que estive na gestão, 2018 (quase 30 anos de relatórios). Já li as mensagens da direção, os pareceres da auditoria e dos conselhos e entendo que os dados do relatório são fidedignos como atestam os órgãos responsáveis. 

Durante as 170 agendas de gestão que fiz junto aos associados e suas entidades representativas tinha o hábito de incentivar as pessoas a lerem os relatórios e documentos técnicos e políticos relativos a Caixa de Assistência e aos direitos em saúde. Como disse acima, meu lugar de fala era de um dirigente eleito, era de representante formal que prestava contas e opinava sobre as coisas. Por isso tivemos uma produção gigante de textos e informações: porque era nosso papel (in)formar as lideranças, algo como aprendemos na CUT - um curso de formação de formadores -, eu escrevia para mais de mil formadores de opinião. Acredito que isso foi importante à época, pois colocamos a comunidade BB/Cassi e representações lutando por objetivos comuns.

NOÇÕES

Hoje, não tenho o nível de informações que têm os dirigentes da nossa Caixa de Assistência. Tenho noções das coisas. Tenho impressões sobre os rumos que as coisas estão tomando, tenho opiniões a respeito de algumas coisas relativas à Cassi. E, sobretudo, tenho uma gratidão enorme pela comunidade à qual pertenço - a categoria bancária e o movimento sindical e a comunidade BB -, o que sou como pessoa é o resultado do aprendizado e da vivência com a categoria bancária e com a luta dos trabalhadores.

Se avaliar que tenho alguma contribuição a fazer sobre questões relativas à Cassi, vou postar aqui no blog para os dirigentes sindicais e lideranças que tiverem interesse na nossa opinião e impressão sobre alguns temas. Muito me preocupa a terceirização total do modelo assistencial da Cassi, isso será muito prejudicial para a sequência da existência da Caixa de Assistência que criamos. Já disse nas postagens recentes que eu não tenho nada contra os colegas que administram a nossa autogestão neste momento. Tenho divergências importantes às opções ideológicas que estão sendo tomadas em relação ao presente e futuro da "empresa" como a direção atual diz.

Já escrevi bastante para o início de conversa sobre minhas impressões e opiniões a respeito da autogestão Cassi. A Estratégia de Saúde da Família (ESF), a estrutura própria de saúde da Cassi (CliniCassi, equipes de saúde, programas de saúde) e os direitos dos bancários da ativa e aposentados em pertencer ao Plano de Associados da Cassi estão sob sério risco, sério mesmo. 

A Cassi 2021 que se apresenta neste momento e para o futuro é outra, não uma Caixa de Assistência de todos os Funcionários (inclusive aposentados) do Banco do Brasil.

Abraços,

William


18.3.21

Cassi - Desmonte do modelo assistencial é bom?



Opinião:

Deixo abaixo do registro da minha opinião uma nota da Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (seção Paraná) denunciando o desmonte do modelo de Atenção Básica em Curitiba. A nota foi divulgada pelo site Vi o Mundo no dia 15 de março. O desmonte da estrutura de atenção primária e medicina de família em Curitiba é um exemplo do que pode ocorrer com a Cassi dos funcionários do Banco do Brasil. Por sinal, a direção da Cassi está com piloto de terceirização do modelo assistencial justamente em Curitiba (o "Bem Cassi").

Registro mais uma vez a minha preocupação e posição contrária aos projetos de terceirização total do modelo de Atenção Integral à Saúde da Cassi, modelo definido desde a reforma estatutária de 1996 após experiências que definiram que a Caixa de Assistência teria uma estrutura própria de Atenção Primária à Saúde (APS), através da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e das CliniCassi. Quando terminamos a gestão na diretoria de saúde (em maio de 2018) a Cassi tinha cerca de 150 equipes de família, 182 mil cadastrados no modelo e 66 unidades de atendimento em saúde CliniCassi.

QUAL SERÁ O PERFIL DOS USUÁRIOS DE SISTEMAS DE SAÚDE NO PRÓXIMO PERÍODO?

Não é preciso ter bola de cristal nem fazer exercício de futurologia para perceber as tendências das condições de saúde do povo brasileiro e dos participantes do sistema Cassi do Banco do Brasil neste momento de crises diversas, sanitária, política, econômica, social, humanitária. Teremos uma multidão de gente com problemas psicológicos e doenças crônicas das mais variadas.

Por conhecer o perfil dos participantes do sistema Cassi, os 700 mil assistidos à época em que estivemos na gestão do modelo de saúde (2014-2018), e por ver minimamente o que está acontecendo no Brasil após o golpe de Estado em 2016 e sob os governos Temer e Bolsonaro, não é difícil fazer inferências sobre o que vem por aí.

As pessoas terão mais problemas de saúde crônicos do que já tinham. A população Cassi já era mais específica que a população que tem algum tipo de plano de saúde do mercado, que filtra a entrada e expulsa pessoas para ter lucro nas operações. Já tinha população com faixas etárias maiores, tinha um grande contingente de crônicos, tinha uma população considerável de pessoas com algum tipo de deficiência etc. Agora teremos os sequelados da Covid-19 para acolher e cuidar nas próximas décadas.

Vocês acham que a terceirização do modelo próprio da Cassi vai ser boa para a população de assistidos da Caixa de Assistência? Me desculpem, mas fico impressionado com a pessoa minimamente consciente e informada sobre esses sistemas que achar que desfazer a estrutura própria da Cassi vai ser bom para nós, participantes do modelo.

CASSI PRECISA AMPLIAR A ESTRUTURA PRÓPRIA APS/ESF/CLINICASSI

Quem tem algum tipo de conhecimento não pode deixar de externar opinião a respeito dele e é por isso que preciso me posicionar sobre o andamento das coisas na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, uma autogestão em saúde, com quase oito décadas de existência e cujos objetivos não são compatíveis com modelo algum do mercado privado de saúde. É impossível ter como base o mercado porque essa "indústria" visa lucro com a doença das pessoas e isso é antagônico com os objetivos da Caixa de Assistência que criamos, uma associação de trabalhadores da empresa pública Banco do Brasil, autogestão em saúde com espírito cooperativista e solidário.

A autogestão Cassi investiu duas décadas na construção de um sistema de saúde próprio (ESTRUTURA PRÓPRIA, BARATA E EFICIENTE) de atenção primária e medicina de família que foi responsável por cuidar de uma população assistida com características muito peculiares e totalmente diferentes dos interesses capitalistas dos planos e empresas de saúde do mercado. A população da Cassi é mais idosa que a média do mercado, é crônica como o povo brasileiro, e vive mais que a média dos planos de mercado. Por isso, o mercado filtra todos os segmentos que não quer atender - exclui idosos, crônicos e pobres -, "clientes" que dão prejuízo. A Cassi passou duas décadas aperfeiçoando um sistema que dá resultados mesmo atendendo a perfis que não interessam ao mercado - FIZEMOS ESTUDOS E PROVAMOS ISSO NA GESTÃO 2014-2018 - e agora querem terceirizar e desfazer esse sistema.

Volto a repetir: após ampliarem a terceirização da Atenção Primária (APS) e a ESF, a Cassi vai desfazer sua estrutura de saúde construída por nós durante longo tempo e perderemos o acesso à saúde com um custo solidário na comunidade Banco do Brasil. Os aposentados, pensionistas, as pessoas com comorbidades, a grande maioria que ganha menos no sistema Cassi (uns 70% de ativos e aposentados) não conseguirão ficar no Plano de Associados e já nem teremos o SUS - Sistema Único de Saúde - para nos socorrer como acontecia no passado e como acontece nas diversas regiões do interior dos estados onde não há rede privada de saúde. A CASSI HOJE TEM RECURSOS E DEVERIA AMPLIAR SUA ESTRUTURA PRÓPRIA DE APS/ESF/CLINICASSI.

Fico impressionado ao ver o silêncio das entidades representativas em relação a isso. Mas sigo registrando minha preocupação com o desmonte do modelo de saúde exitoso que construímos na Cassi.

Repito o que já disse também. A pandemia mundial de Covid-19 pode até ser uma desculpa para que não se faça nada a respeito do tema - projetos de terceirização do modelo assistencial da Cassi -, o desmonte das empresas públicas como o BB também pode ser outra desculpa, mas as lideranças da comunidade Banco do Brasil poderiam também aproveitar toda a crise e chamar reuniões, debates, envolver dezenas de entidades representativas em temas como saúde e previdência porque são temas que poderiam agregar diferentes segmentos políticos e ideológicos. Mas não vendo ilusões, não seria do dia para a noite o engajamento nos temas, é necessário criar pertencimento e isso não existe no momento, na minha opinião.Feito mais um registro sobre o risco de desmonte da Cassi. Volto a dizer que não tenho nada contra as pessoas que estão na gestão desse processo, não é pessoal, é uma questão de visão de mundo, de ideologia, o que está acontecendo é ruim para o conjunto das pessoas que dependeriam da Cassi nas próximas décadas de vida. Não acho que a Cassi deve ser uma empresa para os poucos que poderão pagar, acho que A CASSI DEVERIA SER PARA TODOS E TODAS.

William Mendes

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ABMMD – Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia -PR

Nota contra o fim da Atenção Básica de Curitiba

O município de Curitiba já foi modelo de atenção básica para o Brasil, com suas unidades de saúde, acesso ampliado, agentes comunitários indo de casa em casa de cada cidadão, desenvolvendo ações de promoção e prevenção.

O município também tem importância por influenciar modelos de gestão de cidades da região metropolitana e de todo Paraná.

Por isto, fazemos este alerta, a fim de informar a setores da sociedade sobre os graves fatos em curso no Sistema de Saúde da cidade.

Já não é de agora que a gestão atual executa fechamento de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) [1], redução do número de equipes de saúde que atuam na atenção básica e mudanças nos processos de trabalho de várias equipes que deixaram de atuar no formato da Saúde da Família antes mesmo da pandemia.

De acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde [2 e 3], o município tinha em março de 2016, 227 equipes de saúde da família e 919 agentes comunitários de saúde (ACS), para em março de 2020 (mês do início da epidemia no Estado) termos 182 equipes e 388 ACS, uma redução de 20% e 58% respectivamente.

Trilhando o mesmo caminho e ao mesmo tempo paradoxalmente, a gestão atual enfraquece ainda mais a Atenção Básica da cidade com o fechamento recente de tantas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Fechamento a princípio anunciado como transitório, por poucas semanas, o que já seria grave, mas preocupa ainda mais dado o andamento da pandemia e o ocorrido em 2020, quando dezenas de UBS permaneceram fechadas por muitos meses.

Além disso, transformou várias unidades em “postinhos de vacinação”, o que nos faz retroceder aos anos 70, e descaracterizou o funcionamento de todas as demais.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde [4], das 111 unidades de saúde que existem, 53 estão completamente fechadas, restando hoje apenas 42 a realizar atendimentos simples do tipo queixa-conduta, 10 que realizam somente vacinação e atendimentos básicos às gestantes e crianças, e ainda 6 que estão atuando somente como postos de vacinação contra Covid-19.

É estarrecedor que este desastre sem precedentes do SUS curitibano seja anunciado pelas equipes de marketing como grande feito da administração municipal.

Na prática, o acesso à saúde para a população caiu em mais da metade em 5 anos.

E quem consegue acessar uma UBS deixou de conseguir, na maioria das vezes, ser atendido pelos profissionais das equipes com quem já tinha vínculo de confiança construído ao longo do tempo, justo quem teria melhor condições de lhe amparar com cuidados adequados em momento de crise.

As mudanças impostas à Atenção Básica impactarão de maneira profundamente negativa na saúde da população, uma vez que a paralisação dos atendimentos das condições crônicas e de diversas outras linhas de cuidado se manifestará de forma desastrosa, resultando em agravamento destes problemas e gerando ainda mais mortes evitáveis [5].

Neste momento de pandemia, onde as pessoas mais precisam de acesso, vemos tantas portas se fecharem, vemos os serviços de saúde reduzirem sua capilaridade e proximidade da população o que agrava ainda mais o efeito desproporcional da pandemia sobre os grupos socialmente mais vulneráveis [6].

Ação que vai na contramão do que muitos outros municípios brasileiros vêm fazendo, optando por fortalecer a atenção básica, o teleatendimento por parte de profissionais e equipes já vinculados e dedicados para cada comunidade, a testagem e a identificação precoce de casos, além de educação em saúde culturalmente adequadas e em contato direto com as lideranças e organizações do território de cada Unidade Básica de Saúde [7].

Nessa perspectiva, a Associação Brasileira de Médicos e Médicas para Democracia – Núcleo Paraná, reafirmando seus compromissos éticos com o SUS, vem conclamar os representantes legislativos e conselheiros municipais a pressionar a Prefeitura Municipal de Curitiba a realizar contratações emergenciais para saúde de maneira mais abrangente e contundente do que tem sido feito até agora.

De modo que seja possível garantir a reabertura de todas as Unidades de Saúde tão necessárias à nossa população e que foram fechadas neste período.

Referências

[1] RPC Curitiba. UPA que ficava no Hospital de Clínicas de Curitiba é fechada. 02/05/2017. [https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/upa-que-ficava-no-hospital-de-clinicas-
-de-curitiba-e-fechada.ghtml]. Acesso em 13/03/2021.

[2] Brasil, Ministério da Saúde. E-Gestor AB. Cobertura da Atenção Básica. [https://eges- torab.saude.gov.br/paginas/acessoPublico/relatorios/relHistoricoCoberturaAB.xhtml]. Acesso em 13/03/2021.

[3] Brasil, Ministério da Saúde. E-Gestor AB. Cobertura de ACS. [https://egestorab.sau- de.gov.br/paginas/acessoPublico/relatorios/relHistoricoCoberturaACS.xhtml]. Acesso em 13/03/2021.

[4] Curitiba, Prefeitura Municipal. [https://www.facebook.com/515514761825666/post- s/4055783744465399/?app=fbl]. Acesso em 13/03/2021.

[5] Mendes, E.V. O Lado Oculto de uma Pandemia: A Terceira Onda da Covid-19 ou o Paciente Invisível.

[6] SARTI, Thiago Dias et al. Qual o papel da Atenção Primária à Saúde diante da pandemia provocada pela COVID-19?. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 29, n. 2, e2020166, 2020
[http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-96222020000200903]. Acesso em 13/03/2021.

[7] COVID-19 e Atenção Primária: as experiências nos territórios (Rede PROFSAÚDE) / organizado por Carla Pacheco Teixeira [et al.]. -Rio de Janeiro: ANAIS/SESSÕES TEMÁTICAS / PROFSAÚDE, 2020.

16.2.21

Como está o controle social da Cassi?



Opinião:

Os participantes da comunidade BB têm mais de uma centena de entidades sindicais, dezenas de entidades associativas da ativa e aposentados e a Cassi tem 27 conselhos de usuários. 

Perguntas que deixo para as lideranças da comunidade BB e para os interessados e interessadas:

A comunidade Banco do Brasil, com dois séculos de existência, está atenta e acompanhando o que vem ocorrendo em suas instituições? Os fóruns coletivos estão acompanhando e debatendo as mudanças que vêm ocorrendo na Caixa de Assistência? Foram feitos debates sobre a terceirização na Cassi? A implantação da telemedicina foi discutida com os associados? Qual a extensão da telemedicina? Qual a última vez que se cobrou a ampliação e manutenção do modelo assistencial APS/ESF/CliniCassi? Será que desfigurar programas de saúde como o PAF é aceitável para o modelo assistencial?

A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a Cassi, era até 2017 uma das experiências de sistemas de saúde mais exitosas no país e ouso dizer no mundo por causa da amplitude da população envolvida à época (695 mil participantes diretos) em relação ao seu modelo assistencial de Atenção Primária à Saúde (APS) e Estratégia de Saúde da Família (ESF) com estrutura própria - 66 unidades de atendimento em saúde (CliniCassi) e 150 equipes de família à disposição dos participantes nas 27 capitais e diversas regiões nos interiores do país. 

O sistema de Atenção Integral à Saúde da Cassi - baseado em prevenção de doenças, promoção de saúde e acompanhamento de crônicos - já havia se desenvolvido por duas décadas (1996-2017) e durante nossa gestão à frente da diretoria de saúde conseguimos aferir por mecanismos técnicos a eficiência do modelo em relação ao mercado e em relação aos participantes não vinculados ao modelo assistencial. Os avanços na área da saúde foram em função da competência e dedicação do quadro de funcionários da Cassi.

MODELOS DE SAÚDE - O mercado privado de saúde brasileiro tem um modelo descentralizado e de livre acesso por ofertas de serviços e com custos praticamente impagáveis ao longo do tempo, inverso ao modelo idealizado pela Cassi, planejado para monitorar e acompanhar sua população assistida em todo o território nacional, uma população estável e com longa permanência no tempo (décadas). 

Esse modelo mais centralizado possibilita um sistema mais eficiente no tempo, com monitoramento periódico dos participantes de acordo com os diversos graus de complexidade e com resultados melhores em saúde e no custo da compra de serviços nos prestadores do mercado: a rede credenciada e seus diversos níveis de ofertas de serviços.

Os estudos técnicos que fizemos sobre a eficiência do modelo APS/ESF/CliniCassi foram surpreendentes e foram possíveis justamente por termos uma população longeva no sistema e parte dela já estar fidelizada no modelo assistencial em funcionamento há anos nas 66 CliniCassi e 150 equipes de família (ESF). 

O que foi possível fazer com as informações que tínhamos à época? (e baseado nos direitos dos associados à época, que foram drasticamente reduzidos após 2018)

Nós conseguimos comparar o comportamento das despesas per capita entre um grupo de participantes vinculados por pelo menos 3 anos ao modelo ESF (51.821 pessoas) com um grupo não cadastrado ao modelo ESF (401.693 pessoas) por níveis de complexidade (ano base do estudo: 2015). 

Os estudos comprovaram que mesmo as faixas etárias mais idosas tinham uma despesa assistencial na rede prestadora muito menor do que as mesmas faixas etárias que não estavam inseridas ainda no modelo assistencial (de 10 a 40% menor). E as despesas assistenciais dos mais idosos eras menores que as das faixas etárias mais jovens sem vínculo ao modelo!

AMPLIAÇÃO DO MODELO ASSISTENCIAL MESMO EM TEMPOS DE CRISE ECONÔMICO-FINANCEIRA - A Estratégia de Saúde da Família (ESF) da Caixa de Assistência saltou de pouco mais de 157 mil cadastrados no início de nossa gestão na saúde (jun/2014) para 182 mil cadastrados ao final do mandato (mai/2018). Só em nossa gestão, incluímos quase 25 mil vidas ao modelo, mesmo a Cassi enfrentando uma grave crise de custeio, outra base importante de um sistema de saúde, debate que, na Cassi, excedia em muito a responsabilidade da diretoria de saúde e rede de atendimento.

Por que fiz este breve histórico da Cassi dos trabalhadores da comunidade Banco do Brasil?

Porque tenho a impressão que o modelo assistencial da nossa autogestão - baseado em prevenção de doenças, promoção de saúde, recuperação e acompanhamento dos participantes - foi severamente afetado pelas mudanças ocorridas após 2018. Vejamos algumas mudanças preocupantes no período:

- A reforma estatutária de novembro de 2019 que encareceu a mensalidade dos participantes;

- A direção atual que aumentou abusivamente as coparticipações em consultas e exames, afetando a essência do modelo: prevenção e acompanhamento dos doentes crônicos através de APS/ESF (o modelo faz mais consultas e exames e economiza exponencialmente em MAT/MED e em internações hospitalares);

- A redução drástica do programa de apoio medicamentoso aos crônicos, o PAF, que foi todo desfigurado com a redução de centenas de medicamentos e com o fim da distribuição em casa, que visava isonomia de acesso à população crônica, principalmente nos interiores e locais com pouca rede de venda de medicamentos. Segundo matéria na Contraf-CUT (10/9/20) a LIMACA reduziu de 365 para 92 os princípios ativos, de 2985 para 1167 medicamentos e de 143 para 31 materiais abonáveis;

- A pandemia de Covid-19 que afetou profundamente a relação dos participantes com as CliniCassi e com a rede prestadora, inclusive os vinculados à ESF, em boa parte pessoas dos grupos de risco, com algumas comorbidades e acompanhamento das equipes multidisciplinares;

- E, por fim, a implantação de um modelo de telemedicina que o mercado vem adotando em substituição ao atendimento presencial e que precisaria ser avaliado criticamente pelas representações dos associados da Cassi porque me parece que essa ferramenta tende a ser usada na Caixa de Assistência para substituir o modelo presencial na relação dos profissionais de saúde das equipes ESF com os participantes da autogestão. Uma coisa é a ferramenta ser utilizada durante a crise da pandemia e outra é ser adotada como modelo para tudo.

Por causa da pandemia de Covid-19, e também por causa de outros fatores anteriores à pandemia como, por exemplo, maior custo para os participantes após 2018, avalio que o sistema que funcionava relativamente bem de APS/ESF/CliniCassi deve ter sofrido prejuízos e ou retrocessos importantes nesse período. Mas reafirmo que isso é uma impressão pelo que conheço do sistema Cassi. Não tenho dados sobre isso e entendo que as entidades dos participantes deveriam ter esses dados formalmente, já que representam os associados.

Para piorar, a direção da Cassi pretende terceirizar a essência do modelo assistencial (piloto "Bem Cassi" no Paraná) e isso pode ferir mortalmente o modelo porque se a direção desfizer a estrutura própria construída há décadas dificilmente haverá retorno. Essa terceirização para o mercado da atividade-fim da Cassi é extremamente arriscada porque mercado é mercado. Já vimos grupos empresariais fecharem leitos de maternidade para abrirem leitos para tratamento de câncer porque dão mais lucro para os donos e profissionais das empresas de saúde. (escrevi 3 artigos a respeito do "Bem Cassi": ler aqui um deles com link para os outros)

Além do que descrevi em relação às mudanças na Cassi, temos uma tragédia em andamento no mundo do trabalho relacionado à Cassi - o Banco do Brasil - que passa por um desmonte violento desde o golpe de Estado de 2016. Só neste mês saíram 5.533 trabalhadores do banco, sendo que mais de mil pessoas saíram da comunidade BB. 

As entidades sindicais relatam diariamente o caos que está trabalhar no BB por causa da pandemia, do desmonte, do assédio moral, descomissionamentos e reduções salariais, metas impossíveis e péssimas condições de trabalho. Já saíram mais de 17 mil pessoas no período Temer e Bolsonaro. 

Enfim, os fatos e os acontecimentos indicam que provavelmente temos uma multidão de pessoas adoecidas ou em vias de adoecer na comunidade Banco do Brasil. Isso é muito preocupante.

Deixo minha solidariedade aos colegas que estão na ativa enfrentando essa situação difícil nos locais de trabalho e minha solidariedade às lutas em defesa dos direitos da comunidade BB, sejam direitos em saúde, previdência e direitos sociais como os do trabalho.

Abraços a tod@s,

William Mendes


11.1.21

Ataque ao BB - Governo fecha agências e desliga 5 mil trabalhadores



Opinião

Há menos de uma semana escrevi um artigo a respeito das ameaças e riscos aos quais o Banco do Brasil e sua comunidade de trabalhadores da ativa e aposentados estão expostos sob esse regime fascista e de destruição de tudo no país. (leia artigo aqui)

"Essa comunidade e segmento de trabalhadores bancários precisa ser fortalecida por cada um de nós. As nossas entidades representativas e associativas - incluindo nossos sindicatos, Cassi e Previ - estão todas sob risco e sob ameaça de desfazimento, de intervenções externas, de enfraquecimento e consequentemente de dificuldades para cumprir com seus objetivos em face do momento atual de crise política, social e econômica do Brasil."

Apesar de parecer, não foi uma premonição o que escrevi: foi mais ou menos uma leitura de cenário esses ataques ao banco e aos trabalhadores neste início de ano. 

Nesta segunda, 11 de janeiro, foi anunciado pelo regime no poder - o "governo" lesa-pátria - uma reestruturação no BB que pretende esvaziar ainda mais o papel do banco público e a sua capacidade de financiar a reconstrução do Brasil, que vive a maior crise de sua história após o golpe de Estado em 2016.

Ao mesmo tempo, o anúncio de redução do papel do BB é mais um ataque violento aos trabalhadores que já estão em seus limites físicos e psicológicos devido ao trabalho sob condições absurdamente adversas como tem sido trabalhar durante a pandemia mundial do novo coronavírus (Covid-19).

A depender desses celerados no poder, o Brasil, um dos maiores países do mundo, vai se tornar um pasto continental e uma lavoura de commodities para vender grãos, carnes e minérios aos povos de outros países do mundo. Não teremos empresas públicas que financiam agricultura familiar e nossas empresas, não teremos funcionalismo público com direitos, não teremos valor agregado em nossas produções internas (hoje a Ford anunciou fechamento de todas as fábricas aqui) e não teremos consumo interno, só miséria, fome, uberização de tudo e de todos.

Vamos acompanhar nos próximos dias as notícias que o movimento sindical vai nos trazer e divulgar para tod@s as pessoas da Comunidade BB da ativa e aposentados as informações sobre esse processo de esvaziamento do banco e risco cada dia maior para todos nós. Lembro a vocês que os riscos são os mesmos para ativos e aposentados, para BB, Cassi e Previ. Reflitam e compartilhem com seus pares e contatos.

Abraços,

William Mendes

(Reprodução de matéria do Sindicato dos Bancários de Brasília)

Governo Bolsonaro ataca sociedade e funcionalismo com nova reestruturação do BB

11 de janeiro de 2021

O pacote prevê desativação de 361 unidades e estima desligamento de 5 mil trabalhadores

O Sindicato tomou conhecimento, na manhã desta segunda-feira (11), de comunicado ao mercado feito pelo Banco do Brasil, que anuncia uma profunda reestruturação com impactos em todas as unidades da instituição, como fechamento de várias agências, certamente gerando ainda mais transtornos ao atendimento a clientes e usuários, impactando a prestação de serviços nos municípios e, por consequência, a retomada econômica de que o Brasil tanto precisa.

“O funcionalismo do BB, já atônito e aflito no meio de uma pandemia, após uma atuação aguerrida lidando com tantas superações, porque determinado a vencer esse estado de coisas, não aguardaria – por óbvio – como resposta um ataque direcionado na forma de demissões, política de descenso, diminuição de dotação, extinção de cargos e funções, fechamento de unidades, rebaixamentos, 'redistribuição' de cargos”, afirma Kleytton Morais, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília.

O dirigente ainda pontua que essa postura da direção do banco, alinhavada com os preceitos do Palácio do Planalto e do Ministério da Economia, é “inaceitável”.

Sindicato reforça que as funcionárias e os funcionários do BB merecem RESPEITO!

O Sindicato tem acompanhado a situação dramática e em muitos casos caótica nas agências do BB (na matéria original há um vídeo de superlotação em uma agência do Guará). As diligências realizadas e as tentativas junto ao banco para emergencialmente solucionar esses problemas não resultam sustentáveis, porque a necessidade de novas contratações é fato, por isso vê e percebe que é ineficaz a política isolada de “otimizar a distribuição da força de trabalho, equacionando as situações de vagas e excessos nas unidades do banco”, conforme expressa o comunicado do BB.

O Fato Relevante informa que a implementação plena das medidas deverá ocorrer durante o primeiro semestre de 2021 e entre outras questões impactará 870 pontos de atendimento do país. O pacote prevê desativação de 361 unidades e estima o desligamento de 5 mil trabalhadores.

“A estimativa do BB pelo desligamento de 5 mil funcionários, a partir da adesão (será voluntária de fato?) aos dois programas de PDV, sem a previsão imediata de realização de concurso público, contratações e sem uma lógica expressa de retenção dos conhecimentos estratégicos acumulados por esses trabalhadores ao longo de décadas, é questão que precisa ser considerada e trazida pelo banco e que preocupa o Sindicato”, explica Kleytton.

Para o presidente do Sindicato, “é imperiosa a transparência da gestão, assegurado o respeito à participação ativa dos funcionários e funcionárias para opinar e influir nas soluções e redesenho da atuação que impactem na organização do trabalho e na persecução da continuidade e do fortalecimento da atuação do Banco do Brasil enquanto instituição pública e para o povo”.

“O desmantelamento do Banco do Brasil tem um objetivo claro, que é o de atender aos interesses do mercado, em particular dos bancos privados, que visam somente o lucro. Isso é uma tragédia em diversos níveis, porque, além de contribuir com o aumento do já grave quadro de desemprego que assola o país em plena pandemia, na prática significa retirar do povo um importante instrumento de crédito para a agricultura, a indústria, o comércio e as pessoas físicas”, avalia Marianna Coelho, representante da Fetec-CUT/CN na Comissão de Empresa dos Funcionários do BB e secretária de Assuntos Jurídicos do Sindicato.

O Sindicato destaca que esta é uma nota informativa preliminar. Ao longo dos dias, a entidade buscará reunir mais informações, inclusive junto ao banco, a fim de orientar a categoria e mobilizá-la à luta e a resistir contra ameaças, ataques e tentativas de supressão de direitos.

Fonte: Da Redação do Sindicato

5.1.21

Bancários unidos podem superar desafios de 2021



Opinião

A comunidade dos trabalhadores do maior e mais antigo banco público do país, o Banco do Brasil, está dispersa, desunida, e até dividida em minigrupos de interesse, microgrupos. Não é só ela, é verdade! O golpe de Estado, as reformas e retiradas de direitos sociais feitas pelos golpistas e a pandemia mundial de Covid-19 isolaram a todos nós.

Comunidades históricas de trabalhadores estão desarticuladas por diversos motivos, e estão frágeis, e fragilizadas estão sob risco de desaparecer e sob ameaça permanente de perder os direitos que ainda não lhes foram retirados - direitos do mundo do trabalho, da dimensão saúde e do período posterior ao trabalho bancário. Estou falando de mim e de você que lê este artigo.

A comunidade Banco do Brasil pertence à comunidade dos trabalhadores da categoria bancária e somados bancos públicos e privados somos quase 400 mil trabalhadores da ativa e talvez um milhão com os aposentados e pensionistas.

Bancários da ativa e aposentados pertencem a um dos segmentos profissionais que mais se organizaram no Brasil e conquistaram direitos ao longo de dezenas de anos de lutas. Não à toa, os bancários são uma das categorias de trabalhadores que mais resistiu aos ataques dos patrões década após década ao longo do século passado e deste início de século 21.

PERTENCIMENTO

Pertencer à comunidade dos trabalhadores bancários, primeiro do antigo Unibanco e depois do Banco do Brasil, me permitiu ser um cidadão mais consciente de meus direitos e deveres. Me encontrei como ser humano ao lutar junto aos colegas por direitos trabalhistas, de saúde e previdenciários, e aprendi política e história diariamente com meus pares e nos locais de trabalho que visitava.

Foi graças à organização da categoria bancária em sindicatos, associações políticas e recreativas, cooperativas e grupos de afinidades que eu tive a oportunidade de ser uma pessoa com consciência política e isso não é pouca coisa, pelo contrário, isso definiu a minha vida e a vida das pessoas de meu convívio. 

Podem acreditar: os patrões não gostam disso, de nos unirmos e nos organizarmos! E é por isso que eles se organizam para nos enfraquecer e nos derrotar, destruir nossas entidades e nossos direitos coletivos.

Foi a partir do local de trabalho que eu passei a compreender que o mundo não estava organizado para me servir, que eu não era o centro do universo. Meu egocentrismo e meu egoísmo foram amenizados no convívio coletivo.

Foi nos locais de trabalho, nos sindicatos e nas associações coletivas que aprendi as questões mais essenciais da convivência com os outros, e da necessidade de sermos solidários, prestativos, e desse convívio diário surge em nós o espírito de pertencimento a algo, a um grupo, a algum lugar.

Ao mesmo tempo, graças ao mundo do trabalho, dos locais de trabalho, e de nossas entidades, a gente aprende que deve buscar sempre aprender coisas novas, estudar nossa história, pensar em nossos futuros, os riscos e oportunidades que existem e as melhores formas de alcançar as melhorias pessoais e coletivas.

Eu sou muito grato à vida por ter tido a oportunidade de conhecer as lideranças do movimento sindical e as lideranças nos locais de trabalho e nas associações e clubes dos bancários, do Banco do Brasil e das organizações sindicais.

BANCO DO BRASIL

Em 2019, aos 50 anos de idade, eu migrei da condição de bancário da ativa do Banco do Brasil para a condição de beneficiário das nossas Caixas de Previdência e Assistência (Previ e Cassi). Essa condição e esse direito só são possíveis a mim e aos meus colegas por causa da história coletiva de milhares e milhares de trabalhadores ao longo de dois séculos de existência do banco público BB.

É por isso que eu sinto que pertenço a algum lugar, a alguma coisa. Eu não sou só o pai, o filho, o companheiro e familiar das pessoas de meu convívio. Não sou só torcedor de um time de futebol, estudante de tal universidade e cidadão paulista e brasileiro. Eu sou um trabalhador da comunidade Banco do Brasil. Somos do Banco do Brasil!

Essa comunidade e segmento de trabalhadores bancários precisa ser fortalecida por cada um de nós. As nossas entidades representativas e associativas - incluindo nossos sindicatos, Cassi e Previ - estão todas sob risco e sob ameaça de desfazimento, de intervenções externas, de enfraquecimento e consequentemente de dificuldades para cumprir com seus objetivos em face do momento atual de crise política, social e econômica do Brasil.

Nós temos que nos organizar como sempre fizemos. Nós que estamos distantes do dia a dia, temos que nos aproximar. Temos que nos unir. Temos que definir objetivos comuns que nos congreguem para defendermos a manutenção das conquistas históricas da comunidade bancária, da comunidade BB, incluindo a defesa dos bancos públicos e demais empresas estratégicas do Estado brasileiro. 

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Eu sei que deveria falar de cara em "classe trabalhadora", mas se não começarmos de baixo pra cima, das bases, ninguém terá pertencimento a nada. Como bancário, fui virando liderança e representante no banco onde atuava, na agência, na região (OLT). Como liderança no banco ao qual pertencia, ajudei a organizar federações, confederações, central sindical. Depois atuei em comunicação, formação, saúde coletiva. Mas se não começarmos de baixo, da base, não vamos a lugar algum.

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A pandemia é uma realidade que nos impede de circular. Mas podemos nos organizar para o momento que pudermos nos abraçar e conversar presencialmente. Devemos nos unir pelo que nos unifica e caminharmos juntos. A convivência nos movimentos sociais me deu tolerância, paciência e conhecimento, me deu amor e amizades. Me ensinou solidariedade. Nosso projeto é amor, não ódio!

Meu desejo é viajar o país assim que a condição de circulação permitir. Fiz isso durante muitos anos de lutas e de representação. Estou com saudades das pessoas, das nossas entidades associativas, da comunidade à qual pertenço. Sei que não verei alguns amig@s e companheir@s porque infelizmente el@s nos deixaram, mas sei que poderei abraçar e rever muita gente que a gente gosta e quer construir juntos um mundo melhor.

Querid@s amig@s e companheir@s, por favor, se vocês puderem seguir as recomendações de isolamento social, façam isso. Estamos sob risco sério de adoecimento e morte por causa do vírus (além das doenças crônicas que nos afetam até por causa dessa crise toda). Vamos vencer essa etapa dura da história e nos organizarmos para mantermos nossos direitos coletivos e individuais.

Abraços fraternos e sigamos juntos! Assim que pudermos, nosso desejo é rever os amig@s!

William Mendes


18.12.20

Terceirizar a Cassi é decisão de alto risco



Opinião:

Tempos incertos, amanhãs indefinidos. Apesar da pandemia que alterou o cotidiano do mundo, realidade causada por um vírus - o novo coronavírus -, volto a registrar minhas preocupações em relação a algo anterior à pandemia: a crise do capitalismo e a sempre presente necessidade de lucro de seus agentes, a crise permanente do mercado de saúde que visa lucro com a doença e a decisão dos atuais gestores da Cassi e do patrocinador Banco do Brasil de terceirizar a atividade-fim da autogestão Cassi, cuja essência do seu sistema é um modelo assistencial próprio de Atenção Primária e Medicina de Família e programas de saúde com monitoramento populacional, sistema organizado a partir de unidades próprias de saúde, as CliniCassi.

Inicio o artigo repetindo o que já disse nos outros textos de opinião e preocupação com os destinos da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil: respeito a opinião dos responsáveis pelo projeto "Bem Cassi" - dirigentes e funcionários -, mas vejo essa terceirização da essência da associação como uma decisão de alto risco para o futuro da autogestão e da atenção à saúde do conjunto dos trabalhadores que dela dependem. A Cassi é ainda uma das maiores e mais antigas autogestões em saúde do país, criada pelos trabalhadores do banco público em 1944 e ela é anterior a tudo quanto é modismo, tendência e referência do "mercado" de saúde brasileiro, anterior ao Sistema Único de Saúde e às leis e legislação existentes hoje e que favorecem claramente o mercado ao invés dos sistemas cooperativados de saúde que não visam lucro e seus beneficiários.

Quando chegamos eleitos à gestão da Cassi, em junho de 2014, passamos rapidamente a estudar e conhecer o que era o sistema de saúde brasileiro e mundial, os modelos e formas de organização do atendimento à saúde de grupos populacionais, públicos e privados, estruturas e agentes dentro dos sistemas, legislações, modelos preventivos e modelos curativos, estruturas primárias, secundárias, terciárias etc. Acreditem: conhecer o mercado de saúde exige estômago forte e firmeza de propósito porque tem muita coisa errada no "mercado". Nós fizemos os estudos e desenvolvemos nossas estratégias de defesa da Cassi e dos associados com o nosso olhar do mundo do trabalho, o nosso olhar nas decisões tinha o lado dos trabalhadores, no curto, médio e longo prazos.

MERCADO ATUA ONDE DÁ MAIS LUCRO

Logo que chegamos, uma notícia de grande relevância no mercado de saúde paulista se destacava naqueles primeiros meses de trabalho nosso como gestores da Cassi. Um grande e tradicional hospital na capital paulistana anunciava nos jornais que estava fechando sua maternidade após 35 anos de existência. As justificativas eram aquelas que a gente conhece do sistema capitalista no setor: taxa de ocupação dos leitos inferior ao esperado, retorno baixo dos investimentos, blá blá blá. O impressionante nas matérias que li é que não havia constrangimento algum em dizer que a maternidade iria dar lugar a uma área que estava dando muito retorno (lucro): câncer! O hospital iria investir em tratamento de câncer! 

Pois é! Mercado é mercado. Mercado segue tendências. Tendências mudam de uma hora para outra. Business, negócios. Stakeholders, parceiros, agentes do mercado. A linguagem da indústria da saúde é imensa, não vou me alongar. Só lembro aos meus colegas que têm representação dos trabalhadores, as entidades associativas, sindicatos e conselhos de usuários, que essa coisa de seguir ou se balizar pelo mercado para definir os rumos da autogestão Cassi é uma escolha de alto risco e de difícil retorno. 

No momento, e por causa da crise anterior, a Atenção Primária/Medicina de Família é uma tendência interessante para o mercado. Por isso que estão surgindo empresas, parceiros, pessoas interessadas em prestar serviços de APS/MFC (Medicina de Família e Comunidade). Dura quanto tempo essa tendência? Nos últimos anos, vimos até médic@s de família da Cassi saírem da associação para abrirem seus próprios consultórios e oferecerem o mesmo serviço para os usuários e empresas locais. De novo: tendência de mercado é tendência de mercado. Quanto dura? A Cassi é para durar décadas. Não é uma empresa episódica, de momento. como são inclusive os planos de saúde privados.

Ao longo do período de trabalho à frente da diretoria de saúde da Cassi vimos muitas coisas acontecerem no mercado, no sistema público, na legislação do setor, vimos diversas reorganizações dos vendedores de serviços de saúde (médicos, "cooperativas" e empresas), vimos as guerras jurídicas, vimos a quebradeira de grandes do setor como a Unimed Paulistana e hospitais. Vimos governos serem derrubados por golpe, o SUS sendo atacado e os direitos trabalhistas sendo perdidos e vimos os governos golpistas atuando para favorecer o mercado privado e dificultando a vida das autogestões e de seus participantes, que tiveram que dobrar, triplicar seus gastos com saúde enquanto o patronato diminuiu suas obrigações.

Também aproveitamos o período para apostar no modelo assistencial da Caixa de Assistência, modelo organizado de forma inversa ao do mercado à época. A base e a riqueza da Cassi são suas estruturas próprias de saúde primária, as CliniCassi e as Unidades Cassi nos Estados. Ampliar essa estrutura é essencial, e é barato! Esclarecemos as dúvidas e até as posturas de má-fé que se tinham em relação à importância e eficiência das unidades próprias de atendimento a saúde da Cassi. Provamos que o custo administrativo das unidades era muito baixo perto do efeito de cuidar da população local, sendo parte dela crônica. Uma equipe de família é um investimento muito pequeno em comparação à despesa assistencial evitada na rede privada local, tanto para atendimentos mais simples quanto para questões mais complexas.

A Cassi desenvolveu estudos que mostraram a eficiência da ESF/CliniCassi com estrutura própria (estudos feitos entre 2015/2018). Enquanto isso, os agentes do mercado de saúde afundavam, se reorganizavam porque os custos estavam quebrando o setor, tanto dos hospitais quanto dos planos de saúde, porque o modelo irracional de serviços por procura, emergencial e curativo, é impagável. Modelos próprios como o da Caixa de Assistência mostraram que fazer prevenção, promoção, acompanhar pacientes crônicos ao longo do tempo por equipes multidisciplinares e programas de saúde eram a melhor estratégia e os custos com saúde eram menores inclusive para as faixas etárias maiores, que o mercado não quer nem ouvir falar.

Eu volto a perguntar aos meus colegas dos sindicatos, das associações e dos conselhos de usuários se eles realmente acham que a terceirização da atividade-fim da Cassi, através do piloto do "Bem Cassi" em Curitiba e depois no Brasil inteiro parece ser a melhor forma de investir os novos recursos que os associados confiaram ao Plano de Associados da autogestão? Quando foram feitos os estudos e os debates profundos a respeito dessa decisão administrativa daqueles que estão no poder no momento? A escolha é uma das opções disponíveis e não compete a mim questionar a direção, ela tem sua ideologia.

Eu acharia prudente que as representações dos trabalhadores da ativa e aposentados da comunidade Banco do Brasil, uma comunidade com um grupo populacional que tem 400 mil vidas abrigadas no Plano de Associados, refletissem a respeito dessa terceirização da essência da Caixa de Assistência neste momento da história da autogestão. 

É isso! Preocupações... Se cuidem porque a pandemia vai longe no país dos governantes aliados ao vírus mortal.

William


Post Scriptum

Se tiverem interesse, leiam aqui o artigo anterior. Dentro dele tem o link para o primeiro a respeito da questão.


5.12.20

Dia da médica e do médico de família e comunidade



Opinião

Parabéns às médicas e médicos de família e nosso eterno agradecimento pelo trabalho que vocês realizam!

Ao acordar neste sábado, 5 de dezembro, vi que hoje é o dia dos profissionais de saúde que atuam na área de medicina de família e comunidade. A data comemorativa me trouxe diversas lembranças do tempo que trabalhamos como diretor de saúde na gestão da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a Cassi.

O que poderia dizer a respeito do tema Medicina de Família e Comunidade e dos profissionais que atuam na área? Posso dizer da importância da medicina de família a partir da experiência de gestor de saúde. A Cassi só conseguiu passar duas décadas com praticamente os mesmos recursos de custeio num mercado de saúde com inflação médica absurda graças ao modelo implantado parcialmente de Estratégia de Saúde da Família (ESF).

Entre junho de 2014 e maio de 2018 tive a oportunidade de trabalhar como diretor de saúde de uma das maiores autogestões do país, a Cassi. Antes disso, meu conhecimento sobre Atenção Primária em Saúde, Medicina de Família e Comunidade e modelos de sistemas de saúde era o conhecimento geral que um representante dos trabalhadores tem ao negociar direitos com os patrões. Temos nossas assessorias técnicas e isso é de muita valia.

Ao ser eleito diretor de saúde da Cassi e iniciar o mandato, sabíamos que teríamos pela frente desafios em diversas frentes de atuação: porque saúde é área de conhecimento específico, porque saúde é um dos principais embates nas relações entre capital e trabalho (assim como a jornada), porque saúde demanda recursos e a consequente discussão sobre quem financia e porque teríamos que politizar o tema saúde junto aos trabalhadores da ativa e aposentados, papel fundamental de um dirigente eleito.

Ao fazermos um planejamento estratégico nos primeiros 3 meses, fizemos um diagnóstico importante sobre o que era a Cassi, qual o papel dela do ponto de vista dos associados e seus direitos em saúde, o setor em que ela atuava, o papel do patrocinador, o modelo assistencial definido formalmente pelo estatuto e demais documentos da autogestão e as estratégias a perseguir ao longo de 4 anos de trabalho.

A partir do planejamento, ficou claro que papel tínhamos que desempenhar tanto do ponto de vista da diretoria de saúde, um papel mais técnico, quanto do ponto de vista de um dirigente eleito, um papel mais político. Vamos falar um pouco da diretoria de saúde, do modelo assistencial e do que fizemos naquele período. Estava claro para nós que eu teria que fazer um mandato muito próximo às bases da Cassi, as 27 unidades da federação e as 66 CliniCassi, bem como manter um diálogo permanente com as estruturas de representação dos associados e de gestão do Banco do Brasil, porque o modelo assistencial precisava ser apresentado e defendido pelo diretor de saúde. Assim fizemos!

A Cassi na qual trabalhamos entre 2014 e 2018 era uma Caixa de Assistência cuja essência era o Plano de Associados com cerca de 400 mil participantes entre funcionários da ativa, aposentados, pensionistas e dependentes. O modelo de custeio do plano era um modelo solidário, com financiamento de 40% dos custos assistenciais pelos associados e 60% pelo patrocinador (a base era 3% e 4,5% da remuneração ou benefício dos titulares do plano). O Cassi Família era um plano de custeio semelhante aos do mercado que visam lucro: cobrança por pessoa, por idade etc.

O modelo assistencial era de Atenção Integral à Saúde, a partir da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e das CliniCassi. Após anos de estudos técnicos e pilotos entre 1996 (Estatuto novo) e 2003 (lançamento do modelo ESF/CliniCassi) a Cassi passou a perseguir seus objetivos de estender para o conjunto dos associados o modelo assistencial com Atenção Primária, Medicina de Família, programas de saúde para acompanhar pacientes crônicos e demais benefícios do modelo preventivo e mais racional no uso dos recursos em todas as 27 Unidades da Federação.

Em 2014, A Cassi era uma desconhecida e isso era um dos principais entraves ao avanço do modelo assistencial. Além da incompreensão do modelo por parte dos patrocinadores - associados e banco -, faltava compreensão sobre o modelo APS/ESF/CliniCassi inclusive em setores internos da Cassi e nos apoiadores, conselhos de usuários, entidades representativas e lideranças dos associados. Com isso, a Cassi recebia críticas indevidas, processos na justiça, reclamações em órgãos de saúde etc. Até as entidades representativas "batiam" na Cassi como se ela fosse o banco, em seus embates trabalhistas.

Um de nossos papéis como diretor de saúde seria o de estudar a Cassi, seu modelo assistencial, ouvir os profissionais da área de saúde e defender a autogestão perante os associados e suas entidades, os formadores de opinião e nas relações com o patrocinador e seus representantes em todos os Estados/DF. Também definimos que iríamos provar que o modelo era exitoso, viável e que deveria ser expandido para o conjunto dos participantes da Cassi.

E assim fizemos. Nossa diretoria de saúde desenvolveu estudos com base nos mais de 600 mil participantes do sistema Cassi que comprovaram que os grupos de usuários vinculados à ESF (por níveis de complexidade) tinham despesas assistenciais na rede credenciada menores que os grupos de usuários não participantes do modelo. Diversas estratégias adotadas por nós deixaram claro para os intervenientes do sistema Cassi que o modelo assistencial e a estrutura da autogestão são eficientes, necessários e referência até para o mercado privado de saúde.

Foi um dos trabalhos mais gratificantes de minha vida profissional e política. Durante 4 anos estivemos nas bases da Cassi, ao lado das médicas e médicos de família, das equipes de saúde e dos gestores, defendendo o modelo, explicando como a Cassi funciona, pedindo apoio dos líderes e formadores de opinião e adesão à ESF por parte dos associados - trabalhadores da ativa e aposentados e familiares. Enquanto estivemos lá, defendemos os direitos dos trabalhadores da Cassi, e fizemos o que foi possível por eles mesmo durante a maior crise financeira da entidade. A Cassi segue sendo um excelente lugar para se trabalhar, apontam pesquisas recentes do mercado.

Eu me lembro das dezenas de reuniões que fizemos com as equipes de saúde da Cassi em todos os Estados e no DF. Estive em 42 das 66 CliniCassi e cada reunião com os profissionais da Cassi foi única, foi um aprendizado. Era muito gratificante ouvir da parte deles que nosso trabalho de gestor e líder na comunidade BB estava fazendo aumentar a adesão ao modelo APS/ESF e a compreensão do papel das CliniCassi.

O resultado do trabalho das equipes de gestão das unidades Cassi (27), das equipes da Sede em Brasília e dos profissionais das equipes de família (cerca de 150) foram tão exitosos que o aumento do número de cadastrados na Estratégia de Saúde da Família (ESF), que saiu de cerca de 160 mil para 182 mil entre 2014 e 2018, se deu no período mais difícil da história da Caixa, por causa da questão do financiamento do sistema (os recorrentes déficits) e até hoje a ESF mantém o mesmo número de cadastrados, pelos dados que podemos ver.

Mais uma vez, deixo meu eterno agradecimento aos profissionais da Cassi, de todas as áreas, e principalmente ao trabalho amoroso e dedicado das equipes dos profissionais de saúde que não medem esforços para acolher os participantes do sistema Cassi mesmo quando os períodos são extremamente complicados como nesses tempos de pandemia de Covid-19 e de terraplanismo, período no qual os governantes atuam criminosamente até contra medidas de saúde preventivas como as campanhas de vacinação e de isolamento social para minimizar o contágio do novo coronavírus.

William Mendes

4.9.20

Campanha dos Bancários 2020 - Acordos assinados



Registro no blog que a Campanha Nacional dos Bancários foi finalizada nesta sexta-feira 4 com a assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários e os Acordos Coletivos aditivos por banco e ou por temas.

O cenário em que se deu essa campanha de renovação dos direitos coletivos da categoria foi bastante complexo. Além do país estar vivendo um período de exceção desde o golpe de Estado em 2016, e com isso as instituições do Estado não funcionam mais e a cidadania está largada à sua própria sorte (ou azar), tivemos neste ano por causa da pandemia mundial de Covid-19 a exacerbação da crise política, econômica e social que já vivíamos da era Temer e Bolsonaro .

No início da campanha de renovação da data-base da categoria, expliquei em postagem que havia uma ameaça aos direitos históricos dos trabalhadores do setor financeiro porque sem a ultratividade (manutenção dos direitos da CCT até renovação de novo acordo), perdida com a reforma trabalhista realizada pelo congresso golpista e o governo de exceção, os bancários poderiam perder vários direitos conquistados há décadas.

A campanha começou com os banqueiros e governo propondo a redução de diversos direitos coletivos como a 13ª cesta-alimentação, a redução substancial do valor de PLR a ser distribuído, e reduções de direitos nos acordos dos bancos públicos também. Ao final, os direitos foram praticamente mantidos, havendo uma redução de direito na questão do abono de 5 dias dos bancários do BB, que não poderão mais ser cumulativos nem convertidos em espécie como antes. Não sei os detalhes do acordo dos colegas da Caixa Federal. 

Os banqueiros, gente que não vou nem nominar o que penso a respeito desses sujeitos, não deram sequer a reposição da inflação oficial da data-base dos bancários. Depois de lucrarem quase 30 bilhões no primeiro semestre, enquanto a sociedade brasileira quebrou, eles conseguiram impor sua estratégia de dar abono salarial. Deram 2 mil de abono e reajuste de 1,5% para uma inflação estimada de 2,74% (INPC). Para o ano seguinte, os bancários tiveram garantida a inflação e mais 0,5% de aumento real.

A correlação de forças no embate entre capital e trabalho está favorável aos banqueiros, um dos segmentos que patrocinou o golpe de Estado, e aos representantes da casa-grande e demais lixos da extrema-direita. 

Contudo, avalio que renovar os direitos coletivos por 2 anos é algo importante para a categoria. O cenário do país é de destruição total de tudo. Os trabalhadores e os pobres estão pagando por se deixarem enganar e se aliarem aos seus algozes. Voto e burrice têm consequência e preço, e apoiarem o golpe e todo lixo de direita custou caro para o país e o povão, que precisa do suporte do Estado para o exercício de sua cidadania!

Segue abaixo partes de uma matéria da Contraf-CUT que resume os principais pontos da campanha neste ano, principalmente no que diz respeito ao BB, banco ao qual dediquei a maior parte de minha vida profissional.

William Mendes

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(reprodução de parte de matéria da Contraf-CUT)



Resumo das negociações com o Banco do Brasil

Reajuste: conforme negociado na mesa única da Fenaban


Proposta inicial: reajuste ZERO.

Proposta final: 2020: Reajuste de 1,5% para salários + abono de R$ 2 mil para todos. Garante em 12 meses valores acima do que seria obtido apenas com a aplicação do INPC para salários até R$ 11.202,80, o que representa 79,1% do total de bancários (isso já considerando o pagamento de 13°, férias e FGTS). INPC sobre VR, VA, valores fixos e tetos da PLR.

2021: Reposição da inflação + 0,5% de aumento real para salários e demais verbas, como VA, VR e auxílio-creche.

Todos os direitos da Convenção Coletiva de Trabalho e do Acordo Coletivo de Trabalho foram mantidos.

PLR


Proposta inicial: Redução da distribuição do lucro líquido (parcela linear) para 2%.


Após negociação: Mantida PLR como está no acordo atual (4% lucro líquido mais 45% do salário, mais módulo variável determinado pelo Banco do Brasil por semestre).

GDP

Proposta inicial: 1 ciclo avaliatório para descomissionamento.


Após negociação: Mantidas as três avaliações negativas para descomissionamento por desempenho (3 GDPs).

Intervalo intrajornada


Proposta inicial: 15 a 30 minutos com registro para todos os funcionários de seis horas.


Após negociação: Até uma hora com registro apenas para quem fizer opção.

Faltas abonadas


Proposta inicial: 2020 e 2021 – cinco faltas não conversíveis e não acumuláveis.

Após negociação: Regra de transição, com conversão em pecúnia do saldo de abonos adquiridos até primeiro de setembro de 2020. Os adquiridos a partir de primeiro de setembro de 2021 terão que ser usufruídos até agosto de 2022, inclusive nas férias, mas sem conversão em pecúnia ou acumulação. Os abonos já adquiridos e acumulados permanecem com as regras anteriores.

Folga Justiça Eleitoral


Proposta inicial: 60 dias para gozar a folga.

Após negociação: 180 dias para gozar a folga.

Prazo para realização de perícia psicológica


Proposta inicial: 12 meses.


Após negociação: Manutenção de 18 meses.

Horário de repouso


Proposta inicial: Apenas para atividades repetitivas.


Após negociação: Manutenção de atendentes de Sala de Autoatendimento.

Outros pontos negociados


Mesa sobre bancos incorporados a ser conduzida e iniciada a partir de outubro, com apresentação de pautas em setembro/2020


Mesa permanente sobre Teletrabalho e Escritórios Digitais

Mesa permanente sobre Saúde e Segurança

Fonte: Contraf-CUT

28.8.20

Campanha Nacional dos Bancários (V)




Estamos no ano de 2020 e a categoria bancária mais uma vez está em luta pela renovação de seus direitos coletivos. Este blog registrou a história dessa categoria ao longo de muitos anos, pois fui dirigente nacional dos bancários, eleito pelos trabalhadores para 4 mandatos no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e 3 mandatos na Contraf-CUT.

A história de luta dos bancários brasileiros é belíssima e uma das mais importantes desta categoria profissional no mundo capitalista porque em nosso país o segmento sempre teve grande quantidade de empregados e conquistou direitos sociais que foram estendidos para outras categoriais profissionais.

O maior banco público do país, o Banco do Brasil, foi criado em 1808 e resistiu aos ataques de diversos governos ao longo da história do Brasil. Tive o privilégio de passar a maior parte de minha vida trabalhando para o povo brasileiro no Banco do Brasil. Na ativa, vivi sob a direção dos governos de Fernando Collor, Itamar Franco, FHC, Lula, Dilma e Temer. Hoje, o país vive um de seus piores cenários da história, sob um governo inominável.

Enfim, as negociações entre bancários e banqueiros se dá num cenário bastante complicado, porque além da destruição econômica, política e social que o país já vivia após o golpe de Estado em 2016, sob o governo Temer, que impôs reformas trágicas para a classe trabalhadora, o país viria a ser capturado em 2018, por fraudes diversas nas eleições, por hordas de canalhas e todo tipo de criminoso que se possa imaginar.

Os bancários brasileiros sofrem ameaças sérias de redução de emprego, direitos, privatização dos bancos públicos e, para piorar o cenário, ainda viria a pandemia mundial do novo coronavírus em 2020, com a mudança radical na vida das pessoas mundo afora.

Os banqueiros seguiram na boa. O lucro dos poucos bancos brasileiros é tão grande que nada na economia se compara ao setor. O país está quebrado, mas os donos dos bancos e os próprios bancos estão em outro plano existencial. Em 2019, só os 4 maiores bancos tiveram lucro de mais de 80 bilhões e neste primeiro semestre tiveram lucro de quase 30 bilhões.

E mesmo assim, os caras não querem atender às reivindicações dos bancários, que estão na linha de frente, atendendo a população e os clientes, se expondo ao risco de morte por coronavírus e adoecidos por metas fora da realidade.

Nas primeiras rodadas, os banqueiros propuseram diversas reduções de direitos da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), redução na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e redução em direitos como 13ª cesta-alimentação, folgas e abonos, redução nos salários, já que não querem sequer repor a inflação do período. O que se poderia dizer desses caras donos de bancos?

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As negociações seguem no dia de hoje. Os banqueiros voltaram atrás em algumas cretinices, e neste momento em que escrevo esta postagem, 16h25 desta sexta-feira, os sindicatos informam que os banqueiros propuseram reajuste salarial de 1,5% mais abono de 2 mil reais. Propuseram o índice cheio da inflação estimada (2,74%) para as demais verbas como, por exemplo, cesta-alimentação, vale-refeição e auxílio-creche. Decidiram manter as regras da PLR de anos anteriores. Ainda estão em negociação as mesas com BB e Caixa Federal.
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Hoje é Dia dos Bancários, 28 de agosto, e afirmo a vocês: essa categoria tem história de lutas, muita história de lutas. Eu mesmo vivi e participei das campanhas salariais da categoria por três décadas. Também é o dia de criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Ajudei a construir a história dessa entidade por muito tempo, como dirigente dos bancários brasileiros.

Parabéns aos bancários! Desejo que tudo corra da melhor forma possível nesta campanha salarial em andamento.

William Mendes