Páginas

Mostrando postagens com marcador Educação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Educação. Mostrar todas as postagens

16.6.25

Diário e reflexões



Sem unidade dos segmentos não extremistas de direita, o mundo que conhecemos chegará ao fim

Osasco, 16 de junho de 2025. Segunda-feira.


A sociedade humana e a Natureza onde a vida se desenvolve enfrentarão momentos decisivos nos próximos anos. Não é força de expressão dizer que podemos caminhar para o fim do mundo, algo ameaçador e distópico. 

Conforme o rumo que a espécie animal homo sapiens tomar, o planeta onde a vida se desenvolve (o "mundo") se tornará inviável à vida, senão a todas as formas de vida, pelo menos à vida humana e de outras espécies comuns nos biomas terrestres.

Ao longo da história do planeta diversas espécies e formas de vida existiram e deixaram de existir. A nossa espécie se destacou nos últimos milênios por sermos animais dotados de cérebros altamente desenvolvidos ao longo de nosso percurso na Terra.

No entanto, o mesmo cérebro que nos trouxe até aqui, neste momento da Natureza, pode ser o responsável por inviabilizar a vida de nossa espécie no planeta. Somos animais altamente influenciáveis por abstrações criadas por nós mesmos. Inventamos deuses, tecnologias para alterar o meio ambiente no qual vivemos e temos poder de destruir o mundo.

Estamos no limiar de diversas guerras simultâneas no planeta, tanto guerras tradicionais, com bombas e mortandade de seres humanos e tudo que era vivo ao redor dos fronts, quanto guerras não convencionais, guerras cognitivas que farão nossa espécie perder a noção da vida como nós a conhecíamos ao longo de milênios.

Nos fizemos humanos através de acertos e erros individuais e coletivos, seres sociais cooperativos que construíram comunidades inteiras baseadas nas soluções dos problemas e carências por meio de nossa criatividade, pelo intercâmbio mútuo e pelo convívio com os diferentes, mesmo tendo feito muita guerra nessa jornada humana.

No momento, segmentos da nossa espécie, que chamamos de extrema-direita ou grupos com ideários fascistas, organizados internacionalmente, avançam em seu projeto de tornar a humanidade uma espécie baseada no ódio, que se move no mundo através do ódio, e disposta a destruir o mundo para estabelecer uma sociedade humana do ódio.

Se os segmentos fragmentados em zilhões de bolhas sociais e grupelhos com ideários opostos, mais coletivos e com mais responsabilidade em relação ao planeta e às mais diversas formas de vida, que poderíamos chamar de progressistas, humanistas e gente do espectro mais à esquerda na política, enfim, se a parte humana que não se identifica com o ideário da extrema-direita fascista não se unir e agir, o mundo que conhecíamos pode caminhar rumo ao fim.

---

Temos que registrar a história e divulgar os feitos humanistas que já fomos capazes de construir

Em minhas reflexões diárias, tenho pensado muito na questão da história e das nossas realizações enquanto coletivos humanos que lutam por um mundo mais justo e melhor para todas as pessoas e para as diversas formas de vida no planeta.

Dias atrás, em um filme de Wim Wenders - Asas do desejo (1987) -, me chamou a atenção um personagem sobrevivente da 2ª Guerra Mundial - Homer (Homero), um senhor que sonha com uma "epopeia de paz" - que refletia o tempo todo sobre a necessidade e importância de registrar e contar para as gerações futuras o que foi aquilo e o que aconteceu no mundo durante aquele período da guerra total. 

Entendo que cada um de nós tem a responsabilidade e o dever de registrar e contar a história, a nossa história, a história da sociedade humana e do mundo, a partir do ponto de vista no qual nos encontramos nessa sociedade e nesse mundo.

---

Livro de memórias

Meu livro em fase final de edição é um pouco esse registro e essa narrativa de nossas histórias: Memórias de um trabalhador politizado pelos bancários da CUT

Contei nos capítulos momentos da vida sindical e política do autor e do país, desde o mundo no qual pertencia enquanto trabalhador, e a linha geral das memórias foi feita com a consciência de que fui mudando como pessoa a partir do meu encontro com o sindicato de minha categoria, os bancários da CUT.

Terminei ontem a seleção de fotos para incluir no livro. Agora é finalizar a edição e imprimir algumas unidades para presentear alguns amigos e pessoas interessadas nessas histórias. Não tenho a pretensão de lançar e vender essas narrativas.

Ainda como registro histórico e narrativas cotidianas de uma categoria importante da classe trabalhadora brasileira, os bancários, sigo trabalhando nos milhares de textos deste blog, encadernando uma história vitoriosa de uma categoria que enfrenta há décadas os donos do poder, os banqueiros.

É meu dever e minha responsabilidade preservar toda a história que registrei no blog em quase duas décadas de luta sindical e política de nossa gente trabalhadora e do campo da esquerda.

As "nuvens" vão se dissipar - Tenho alertado faz tempo as pessoas que me leem que nós viveremos um apagão nunca visto de nossos registros das últimas décadas, tudo que está nas "nuvens" e no mundo digital será perdido pela sociedade humana. Tudo. E em breve, até porque entraremos em novas fases dessa guerra em andamento, guerra cognitiva e apagamento da história e das verdades reais em troca de pós-verdade, de mentiras divulgadas como manipulação das massas humanas.

Salvem o que produziram de cultura humana nas últimas décadas. As nuvens das big techs não são o lugar para se preservar nossa história humana.

William Mendes

16/06/25 (14h28)

4.2.25

Diário e reflexões



Vereadora Luna Zarattini conversa com a militância

Terça-feira, 4 de fevereiro de 2025.


Tivemos hoje uma reunião com a nossa companheira e liderança Luna Zarattini, vereadora mais votada do Partido dos Trabalhadores em São Paulo e única mulher do partido na bancada paulistana. Luna será a nova líder do PT na Câmara.

A jovem vereadora é uma inspiração a todos nós que construímos a militância do Partido dos Trabalhadores. Sou testemunha do quanto Luna e sua equipe estão sempre presentes nos territórios e comunidades da cidade, principalmente nas áreas periféricas, que mais precisam das políticas municipais.

Luna fez uma fala de abertura trazendo informações para as mais de quarenta pessoas que participaram da reunião virtual e em seguida ouviu toda a militância que se inscreveu para apresentar sugestões, demandas e questionamentos, tratando de todas as questões levantadas por nós.

Dentre alguns destaques, Luna falou sobre a importância da agenda de meio ambiente, direitos humanos, saúde, cultura e educação, e explicou que neste novo mandato vai seguir com as lutas que já liderava e novas pautas estão em alta como os absurdos da Sabesp privatizada e as privatizações do prefeito atual.

Neste ano o Partido dos Trabalhadores realizará seu processo interno de eleições diretas, o PED, oportunidade da militância para trazer novas filiações e fazer grandes debates sobre os rumos do partido, o maior e mais importante partido de esquerda do Brasil.

É isso! Foi uma boa reunião com nossa vereadora Luna Zarattini.

William


26.8.24

Diário e reflexões

 


Diplomação da Resistência

Segunda-feira, 26 de agosto de 2024.


Opinião (7)


ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Estive hoje em nossa Universidade de São Paulo, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), para uma reparação histórica, a Diplomação da Resistência a 15 jovens estudantes que foram vítimas da ditadura brasileira, a diplomação é um projeto de iniciativa do mandato da vereadora Luna Zarattini (PT), presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo, em parceria com a USP, em especial com a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento e o IGc-USP).

Foi uma data histórica e necessária a Diplomação das jovens mulheres e homens que lutaram pela liberdade de todos nós e não puderam concluir suas graduações por causa da violência da ditadura civil-militar que se instalou no Brasil a partir de 1964. A iniciativa é um resgate da trajetória desses estudantes e contribui para a manutenção da memória coletiva de todos nós.

Linhas de Sampa, sempre presente!

O evento foi muito emotivo! Como um cidadão paulistano formado pela FFLCH-USP e militante do movimento estudantil e sindical senti fortes emoções durante a cerimônia de reparação histórica e diplomação das guerreiras e guerreiros que lutaram por todos nós. A reparação e o resgate histórico demoraram décadas, mas foi uma homenagem importante aos familiares e amig@s das e dos estudantes.

---

Conforme informação do site da Universidade (publicação de 12/8/24):

"A iniciativa faz parte de um projeto mais amplo, a Diplomação da Resistência, que busca homenagear ao todo 31 estudantes da USP e é fruto de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), Pró-Reitoria de Graduação (PRG), Gabinete da vereadora e ex-aluna da USP Luna Zarattini e o coletivo de estudantes Vermelhecer. 'Essa homenagem concedida aos ex-estudantes da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que foi substituída pela atual FFLCH, tem uma importância simbólica imensa', destaca Paulo Martins, professor e diretor da FFLCH."

Diplomação

Alexandre Vannucchi Leme, Instituto de Geociências (IGc) (dez/2023)
Ronaldo Queiroz, Instituto de Geociências (IGc) (dez/2023)

e hoje:

Antonio Benetazzo, Filosofia
Carlos Eduardo Pires Fleury, Filosofia
Catarina Helena Abi-Eçab, Filosofia
Fernando Borges de Paula Ferreira, Ciências Sociais
Francisco José de Oliveira, Ciências Sociais
Helenira Resende de Souza Nazareth, Letras
Ísis Dias de Oliveira, Ciências Sociais
Jane Vanini, Ciências Sociais
João Antônio Santos Abi-Eçab, Filosofia
Luiz Eduardo da Rocha Merlino, História
Maria Regina Marcondes Pinto, Ciências Sociais
Ruy Carlos Vieira Berbert, Letras
Sérgio Roberto Corrêa, Ciências Sociais
Suely Yumiko Kanayama, Letras
Tito de Alencar Lima, Ciências Sociais
--------------------



Como aluno da FFLCH e militante das causas populares, deixo aqui a minha gratidão a cada pessoa que participou dessa luta histórica. Deixo meu agradecimento especial para a companheira Luna Zarattini, que honra a memória de seu avô e todas as lideranças que lutaram pela nossa democracia e liberdade.

William Mendes


Fonte das informações: site da USP e página do mandato de Luna Zarattini

---

Post Scriptum: o texto anterior dessa série sobre democracia e eleições municipais pode ser lido aqui. O texto seguinte pode ser lido aqui.

12.8.24

Diário e reflexões



Por mais que as plataformas digitais (big techs) estejam dominando e manipulando a vida das pessoas, temos que apostar na política verdadeira focada na melhoria coletiva da vida do povo

Segunda-feira, 12 de agosto de 2024.


Opinião (3)


ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Está se aproximando o início formal das campanhas eleitorais no Brasil para elegermos prefeitas e prefeitos e as mulheres e homens que vão nos representar nas câmaras legislativas. A campanha começa na sexta-feira, 16 de agosto.

Através deste blog vou compartilhar minha experiência política de décadas como representante eleito por milhares de bancárias e bancários e pretendo abordar candidaturas e propostas que acredito serem dignas do voto e apoio das pessoas que leem nossos textos no blog.

---

PLATAFORMAS DIGITAIS

O que são elas?

Comento rapidamente hoje sobre a transformação de nossas vidas através dessas corporações monopolistas que em duas décadas concentraram um poder de manipulação global de massas nunca visto na história das sociedades humanas: as big techs.

Fiquei muito impactado por uma palestra do professor Sérgio Amadeu, da UFABC, sobre o poder dessas empresas de plataformas digitais em dominar e alterar o mercado e os direitos do trabalho: está em curso uma "plataformização" da vida. 

---

De onde são elas?

A quase totalidade do mercado de plataformas digitais é dominado pelas empresas norte-americanas. 

---

Isso é bom para o povo? Isso é bom para as comunidades e países do mundo?

Não! Isso traz um risco seríssimo de perda da soberania do país e as consequências impactam negativamente a vida das pessoas, os seus cotidianos que se realizam na plenitude nas cidades (ou não), como disse nos textos anteriores (ler aqui).

---

O que vendem as plataformas digitais (big techs)? 

As empresas de plataformas digitais operam com uma mercadoria: nossos dados. Elas vendem acesso a nossos dados. 

Tudo que fazemos pelo celular (smartphone), por um perfil na internet, é coletado e vendido por essas corporações capitalistas norte-americanas.

---

O que isso tem a ver com a política?

Tudo! Essas empresas concentraram o poder de pautar temas e agendas na vida de comunidades inteiras, países, e também têm o poder de apagar, inviabilizar, tornar invisível, cancelar temas, pautas e agendas populares, influenciando diretamente as escolhas das pessoas e os direitos essenciais na vida das pessoas, vida que se realiza nas cidades.

---

Entendem a seriedade do tema "plataformas digitais" em nossas vidas de cidadãs e cidadãos paulistanos, osasquenses, uberlandenses e das demais cidades brasileiras?

O mundo viu as plataformas digitais serem utilizadas por pessoas e empresas para influenciar consultas populares de grandes comunidades como, por exemplo, o Reino Unido, que decidiu a saída da Comunidade Comum Europeia (Brexit) e isso afeta milhões de pessoas até hoje.

---

Tem sentido a questão que trago para debate e reflexão? Vamos aos poucos abordando temas de nosso interesse de classe trabalhadora. 

A participação popular na política real, presencial e a partir dos espaços das comunidades é fundamental para lidarmos com essas máquinas de manipulação e produção de mentiras (fake news). 

As propostas e candidaturas que quero debater aqui devem trazer oportunidades e melhorias de vida para as pessoas nas cidades.

Abraços e se gostaram da reflexão, compartilhem com as pessoas as ideias que trouxe aqui. 

William Mendes 


Post Scriptum: a postagem anterior pode ser lida aqui. O texto seguinte desta série sobre eleições pode ser lido aqui.


18.6.23

Memórias (XXXVIII)


Na mesa de assembleia com grandes lideranças:
Deli, Vaccari, Marcolino e Sasseron. Foto: Pepe.


Evocações

A leitura do livro Evocación, de Aleida March, me levou aos prantos. Aleida é uma mulher revolucionária, foi combatente na Revolução Cubana e companheira de Ernesto Che Guevara. A leitura de suas recordações e resgates de momentos vividos ao lado de Che me fez refletir sobre muita coisa e também me fez recordar o passado de lutas.

Em suas recordações, ela vai nos contando sua infância e adolescência, vivida em meio às dificuldades materiais e sob a violência que o povo sofria por parte do governo de Fulgencio Batista, ditador que assumiu o poder após o golpe de Estado de 1952. Ela encontrou a si mesma ao ler aos 20 anos de idade A história me absolverá, alegação de defesa de Fidel Castro no julgamento dos jovens revolucionários que atacaram o quartel de Moncada, em 26 de julho de 1953. 

Aleida disse: "sentí que en ese documento se expresaban todos mis ideales y la ruta a seguir para conquistar la plena dignidad patria."

Ao longo do livro o leitor passa a conhecer um Che Guevara que não se conhece lendo a farta biografia positiva e negativa que existe sobre ele. É diferente de outras biografias ler Aleida March compartilhando conosco a sua vida comum com Che, seu comandante, depois seu chefe, depois seu marido e pai de seus quatro filhos. Seu amante, seu amigo, seu professor e seu inspirador. Seu eterno apaixonado. 

Ao ler sobre o momento no qual Che se despede de Aleida e dos filhos em 1965, deixando fitas gravadas com declamações dos poemas que mais gostavam, para partir para a guerrilha de libertação do povo no Congo, foi impossível não chorar como ela diz que chorou...

Che acreditava na construção de um "homem novo", um novo ser humano, um ser humano educado, com cultura, com um forte espírito criador e focado na busca de uma sociedade mais justa e igualitária. Era muito forte em sua concepção e prática revolucionária a questão da ética e do caráter que as pessoas deveriam ter tanto nas questões pessoais e coletivas quanto nas relações sociais.

Com a leitura das evocações de Aleida March, foi inevitável reviver minhas próprias evocações dos tempos de lutas...

---

NA REPRESENTAÇÃO DE CLASSE, PROCUREI FAZER NA PRÁTICA O QUE DEFENDÍAMOS NO CAMPO DAS IDEIAS DA ESQUERDA

Figuras humanas como a do médico revolucionário Ernesto Che Guevara sempre inspiraram o campo político da esquerda. No nosso caso brasileiro, a figura do metalúrgico humanista Luiz Inácio Lula da Silva nos inspira há décadas, sendo Lula um grande homem da prática como exemplo de vida e representação política.

Ao longo das evocações de Aleida March, relembrando posturas éticas e princípios inquebrantáveis no líder revolucionário Che Guevara, tive também as minhas recordações dos tempos de lutas sindicais e representação eletiva da classe trabalhadora. As evocações me trouxeram uma leveza que ninguém poderá me tirar, porque a ética foi a minha prática no dia a dia da luta empreendida entre capital e trabalho.

No movimento sindical, minha escola de formação política foi o Sindicato dos Bancários e depois a tendência política na qual militei por décadas. No dia a dia sindical, a minha formação foi sendo construída diariamente a partir das visitas às bases sociais e nas reuniões políticas e formativas do coletivo de banco ao qual eu pertencia, o do Banco do Brasil. 

Como dizíamos, tínhamos dois ouvidos e uma boca, então era importante ouvir a base e não só fazer pregação sem ouvir o outro lado. Fiz isso a vida toda. Sempre que estudamos um grande líder do nosso campo político - o democrático -, vemos que essa prática é central: ouvir as pessoas.

Dei sorte de vivenciar o momento áureo do sindicalismo bancário e cutista brasileiro. A divergência de opiniões e ideias era a prática e ninguém era excluído ou desconsiderado (hoje dizem "cancelado") por ter opinião própria, estávamos abertos a mudar de ideia e, por haver tolerância e paciência, todos saíam fortalecidos e unidos com os debates e as decisões construídas por consenso progressivo.

Com o passar do tempo na condição de dirigente eleito, fui assumindo novas tarefas no movimento e ao passar a coordenar e liderar temas importantes ou setores estratégicos, me esforcei para pôr em prática tudo o que havia aprendido no dia a dia da formação política advinda da relação com a base, com o coletivo de banco, com o conjunto da direção do Sindicato e com as demais forças políticas que atuavam no movimento e que eram "oposição" à corrente política que eu representava. E também exerci a ética e prática sindical na relação com o patronal, o capital.

Ao longo do livro de recordações de Aleida March, ela nos conta passagens nas quais Che não aceitava absolutamente nenhuma ação que pudesse parecer privilégio, não admitia nenhum excesso de gasto pessoal com o recurso que era coletivo, era de uma disciplina incrível nas ações e práticas que exercia em nome da revolução e da causa pela qual lutava, a leitura e o estudo permanentes eram uma questão de princípio, educação e formação para construir-se o homem novo para uma nova sociedade.

De certa forma essas foram as mesmas concepções e práticas sindicais que embasaram a minha formação política de esquerda, através do movimento que ganhou o nome de Novo Sindicalismo a partir do final dos anos setenta, com a luta de metalúrgicos, bancários, professores e outras categorias contra a carestia, pela volta da democracia e por um Brasil mais justo e igualitário. Os anos oitenta foram o momento áureo dessas lutas: a criação do Partido dos Trabalhadores, a Conclat e depois a CUT, o MST, as Diretas Já, a Constituinte e a Constituição Cidadã de 1988 deram as bases ideológicas ao movimento sindical ao qual me integrei no final dos anos oitenta e ao longo das décadas seguintes.

---

EVOCAÇÕES SINDICAIS (2003-2018)

A formação da minha ética política se deu nos primeiros anos do movimento sindical. E seguiu ano após ano, nas lutas constantes e dilemas vividos nas funções que desempenhei como dirigente da classe trabalhadora.

Diria até que minha ética de trabalhador de categoria organizada sindicalmente e nacionalmente se deu assim que entrei na categoria bancária em 1988, e com embates reais entre capital e trabalho. No entanto, a ética como liderança se deu após 2003.

TER OPINIÃO DIFERENTE NÃO É SER INIMIGO DA DIREÇÃO DO SINDICATO - Ainda como trabalhador de base nos anos noventa, me lembro, por exemplo, de quando o nosso sindicato entrou com ação judicial contra o governo federal para que os trabalhadores bancários da base pudessem abater todas as despesas com educação. Falei com a direção sindical que isso iria dar merda...

Eu já era formado em Ciências Contábeis e entendi que isso tinha um risco enorme de dar errado e a liminar ser cassada porque os bancários vivem no mesmo mundo do restante da classe trabalhadora. Por que só nós teríamos esse direito, esse privilégio?

Não deu outra... liminar cassada e teve trabalhador que precisou vender carro para pagar o fisco. Os bancários ficaram bravos pra caramba com o sindicato. Eu avisei onde trabalhava que era uma fria utilizar essa liminar. A intenção do sindicato até era legítima, mas estava na cara que esse atalho para se fazer justiça tributária não era o mais adequado. 

A FORMAÇÃO POLÍTICA COMO DIRIGENTE SINDICAL

Me lembro das assembleias decisivas dos bancários do Banco do Brasil naquele primeiro ano sob o governo do presidente Lula (2003). 

Era uma segunda-feira quando veio a proposta final do governo para ser apreciada em assembleia à noite na Quadra dos Bancários. 

Eu havia dito ao nosso coordenador da comissão de negociação que seria difícil a aprovação da proposta arrancada na mesa de negociação porque os trabalhadores esperavam ao menos uma proposta idêntica ao índice que a categoria havia conseguido na mesa da Fenaban. 

Isonomia e campanha unificada eram eixos congressuais nossos, mesmos direitos entre todos os bancários, de bancos privados e públicos em geral. 

Defendemos a aprovação da proposta negociada em mesa - isso é uma ética de mesa de negociação entre capital e trabalho. Os bancários rejeitaram a proposta e construímos uma forte greve entre a terça e a quinta-feira. 

A direção do Sindicato foi impecável em nossa ética sindical, os trabalhadores decidiram e nós encaminhamos uma greve muito forte. 

Na quinta-feira, iríamos apreciar nova proposta negociada com o governo e patrão sob uma correlação de forças melhor - a greve forte - e agora com o índice cheio da categoria (12,6%), e com diversas conquistas novas: um acordo de PLR que não havia nos bancos públicos, isonomia nos tíquetes e auxílio-creche que eram menores no BB, um aumento grande na cesta-alimentação, 5 dias de abonos para funcionários pós-1998, a volta do direito de eleger delegados sindicais com estabilidade, e abono dos dias de greve. Uma proposta vitoriosa mediante a greve daqueles 3 dias.

A assembleia à noite foi tensa, quadra lotada. 

Na passeata que fizemos durante a tarde, parte da militância me disse que queria aceitar a proposta e encerrar a greve vitoriosa. Outra parte queria rejeitar a proposta e queria muito mais, talvez a revolução (rsrs). 

Na reunião da direção nos bastidores da assembleia, decidimos que eu faria uma das defesas da proposta, eu já tinha muita inserção na base social. 

Foi difícil aquela fala com a massa de trabalhadores, gente querida gritando e ofendendo, queriam continuar a greve. 

Aprovamos a proposta e a categoria saiu vitoriosa daquela campanha. 

Eu me sentei atrás do palco e chorei. Foi tenso demais. Iniciei ali uma relação de liderança com a categoria baseada em muita honestidade e ética sindical. Eu fiz a coisa certa naquele momento.

A militância que ficou brava na hora depois me procurou e nos deu razão. Foi uma campanha vitoriosa.

---

A LIBERDADE DE OPINIÃO FOI CENTRAL NA MINHA FORMAÇÃO POLÍTICA

Depois dessa primeira assembleia decisiva em 2003, fiz nas assembleias em São Paulo as defesas das propostas finais das negociações entre a direção do Banco do Brasil e nós das confederações de bancários da CUT (CNB e Contraf) entre os anos de 2004 e 2013, foram 11 anos de muitos debates com a massa de trabalhadores bancários de nossa categoria.

Cada ano, uma história. A campanha de 2004 e a greve de 30 dias. A campanha de 2005 (e essa tem uma história antes mesmo de começar)... e assim sucessivamente até a última campanha que atuei no sindicato e na confederação em 2013. Em 2014 fui eleito para a direção da Caixa de Assistência dos Funcionários do BB (Cassi) e no congresso daquele ano deixei a coordenação do movimento no banco.

Estabeleci uma relação ética com os trabalhadores e com as lideranças de todas as forças políticas que atuavam na categoria bancária. Essa ética na postura e na defesa daquilo que acreditava marcou momentos políticos interessantes em nossas vidas de direção sindical nos anos dois mil.

Cheguei a fazer falas em congressos de bancários dividindo tempo com pessoas da oposição contra a minha própria corrente política porque eu entendia que a proposta em questão era um absurdo completo, contrária aos princípios que norteavam as nossas bandeiras políticas da CUT. 

É claro que houve um consenso em nosso grupo de que a corrente estava dividida naquele tema e foi aberta essa possibilidade de defesa a favor e contra a proposta em questão - algo que o pessoal conhecia com o apelido de "cláusula Zé Lourenço". Nunca fui porraloca como dirigente. Minha atuação naquele momento foi consentida pelo grupo político ao qual eu pertencia. No final, a proposta "Zé Lourenço" foi rejeitada com votação apertada após contagem de crachás.

E nem por isso, ter opinião divergente de parte de minha corrente, deixei de ser uma liderança nacional, coordenador de nossas bancadas e negociações etc. Havia uma ética no movimento sindical que permitia a opinião divergente e o debate de ideias sem a pessoa ser demonizada e cancelada por isso. Todos ganhavam com a construção do consenso progressivo, a Política e a Democracia eram fortalecidas.

Essa política saudável de debate de ideias e construção de consensos foi sumindo do seio de nossa democracia sindical e partidária na última década. Avalio que isso não é bom para o movimento dos trabalhadores. Isso não fortalece a unidade e o pertencimento às causas que defendemos.

---

NA COMUNICAÇÃO E NA FORMAÇÃO POLÍTICA O CORPO FALA, A PRESENÇA NO AMBIENTE É CENTRAL (ONTEM E HOJE)

A leitura das evocações de Aleida March, companheira de Che Guevara, me trouxe várias lembranças ao longo dos quatro dias de leitura. Várias. Tem uma passagem no livro onde ela fala do incomodo do Che quando algum companheir@ deixava de participar dos eventos presencialmente.

"Es en esta época en que el Che comienza a asistir a las recepciones de gobierno, porque entendía que era un compromiso ineludible y una escuela de formación para los nuevos cuadros de la Revolución. En realidad se molestaba muchísimo cuando algún compañero no asistía, al considerarlo como parte de sus funciones. Como siempre, iba vestido con su uniforme verde olivo, que ya en la noche había sufrido el rigor de la faena de todo el día: reuniones, actos, en fin, las tareas cotidianas." (ALEIDA March, Evocación, p. 102)

Aproveito a passagem acima para refletir em uma postagem de Memórias no blog sobre essa questão da "escuela de formación" quando se trata da participação presencial em eventos formais da política. 

Tenho observado que algumas das direções sindicais e partidárias deixaram de fazer encontros e assembleias presenciais quando o assunto pode gerar algum enfrentamento político. 

Entendo todas as alegações que as direções apresentam para só fazerem assembleias e eleições virtuais, mas acho uma perda de oportunidade não aproveitar esses eventos políticos para educar e formar a classe trabalhadora que se quer organizar e representar.

Em uma assembleia ou congresso de trabalhadores, tudo ensina, tudo educa. Até as movimentações dos grupos políticos pelos cantos, definindo as posições e as defesas, demonstram aos participantes a pujança da política e do debate de ideias. Demonstra inclusive que as pessoas com ideias diferentes não são inimigas, só têm ideias diferentes... a política deve ser civilizada, ela é para se evitar a violência e a guerra.

Quando eu coordenava as negociações nacionais do Banco do Brasil e os congressos e assembleias, sempre pedia para a nossa militância fazer falas e defesas que fossem didáticas ao falar para o plenário. Não era necessário ficar só nas provocações com os outros grupos. A fala deveria ser formativa. Quem atuou comigo vai se lembrar disso.

Ao fazer uma defesa sobre a campanha unificada, ou sobre o porquê de ser melhor reivindicar ganho real ao invés de perdas desde Cabral, ou por quê salário fixo é melhor que remuneração variável, eu pedia que o dirigente desse o histórico do tema para centenas de participantes que iriam votar a seguir. A política deve educar o trabalhador e a trabalhadora.

Outra questão muito importante é a própria postura das mesas que coordenam congressos e assembleias, os ritos democráticos, se não existir eventos presenciais toda essa construção democrática desaparece. Ela sempre foi meio consuetudinária, ritos construídos entre nós trabalhadores e não registrados em papéis. E funcionavam!

Outro dia, fui a uma assembleia presencial do meu condomínio e ao ver a desorganização e a falta de tato para coisas básicas, precisei pedir o microfone e dar algumas orientações sobre apresentação de propostas, processos de defesas, questão de ordem, que não se fala ou debate durante período de votação etc. As pessoas perderam a noção de quase tudo.

Enfim, como vamos convencer a classe trabalhadora a ir para as ruas defender ideias abstratas como democracia, direitos trabalhistas e previdenciários, meio ambiente etc se não exercitarmos a participação presencial em uma assembleia ou congresso de trabalhadores para decidir a vida imediata deles como o emprego, o salário etc? É o mínimo para se preparar uma pessoa a participar de algo como ir para as ruas lutar contra um golpe militar ou golpe fascista chamá-la para ir a uma assembleia umas duas vezes ao ano!

FAZER OU NÃO FAZER ASSEMBLEIA PARA COMEÇAR UMA CAMPANHA SALARIAL?

Fecho esta Memória com uma evocação lá de 2005, quando eu estava em meu primeiro mandato eletivo como dirigente da classe trabalhadora.

Íamos começar os processos democráticos de organização das bases de trabalhadores bancários. As assembleias de base são os fóruns onde tudo começa. É assim há séculos... não é exagero. Essa prática democrática das assembleias vem de muito longe...

Na assembleia é onde as forças políticas se apresentam, onde se definem eixos de campanha e quem vai representar e liderar a categoria nos fóruns decisórios de uma campanha salarial. Já falei acima sobre os ritos democráticos numa assembleia presencial.

Em um certo momento interno em nosso sindicato, a direção procurou todas as forças políticas que atuavam na categoria em nossa base e em nome da unidade desenhou-se uma distribuição da delegação que participaria dos fóruns estaduais e no fórum nacional que definiria a pauta de reivindicações daquele ano.

Assim que eu entendi direito a proposta, questionei o método definido naquele fórum interno porque não haveria assembleia de base. Aleguei que definir as delegações assim, por distribuição de forças políticas sem a assembleia da categoria era uma opção que deseducaria a base e nós mesmos, dirigentes cutistas.

Aberta a polêmica, todas as pessoas da direção envolvidas naquela fase de decisões foram ouvidas e como não houve consenso progressivo porque eu não concordei, a reunião foi suspensa e remarcada para que cada participante fizesse suas consultas e se organizasse para a definição do método dias depois.

Bom, felizmente, fui feliz no meu questionamento democrático. Após idas e vindas, prevaleceu a decisão de se fazer assembleia de base para definir as questões centrais e as delegações para as etapas seguintes da campanha salarial daquele ano de 2005.

Foi algo muito parecido com aquele clássico filme "Doze homens e uma sentença". Nossa democracia interna baseada na paciência e na construção de política ouvindo a divergência, o consenso progressivo, evitou que iniciássemos em 2005 na maior base bancária do país, uma campanha sem assembleia inicial.

Tenho uma leitura do momento atual de que se isso acontecesse hoje, eu não seria ouvido, a opinião divergente sequer teria sido ouvida e a proposta inicial seria automática... campanha salarial sem assembleia de base...

Juro pra vocês que isso aconteceu em 2005. Foi um aprendizado para todos nós da direção do Sindicato. Fizemos uma ótima campanha salarial naquele ano.

William


Post Scriptum: para ler o texto de Memorias XXXVII anterior, é só clicar aqui. O capítulo seguinte pode ser lido aqui.


7.9.22

História dos bancários: um olhar (IV)



A independência do Brasil

"Ao deixar o Brasil, em abril de 1821, o rei D. João VI, que confiara a Regência de nosso País a seu filho D. Pedro, não alimentava dúvidas sobre a nossa Independência. Tornou-se famosa a frase em que recomendava ao herdeiro que, no caso da separação, pusesse a coroa na cabeça não permitindo que ninguém lhe tomasse a dianteira.

Na realidade, expressara-se da seguinte forma: 'Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para alguns desses aventureiros'." (p. 13)


Hoje é 7 de setembro de 2022. Há 200 anos o Brasil se tornava politicamente independente de Portugal. Em situações normais, hoje seria um dia de grandes comemorações por parte de tod@s os brasileiros. Como vivemos num Estado tomado pelo crime organizado desde o golpe de Estado em 2016, a data nacional foi capturada pelo regime de exceção para ser utilizada como evento político de manipulação de parte do povo para que se mantenha os criminosos no poder central.

Como a história é feita diariamente pelos seres humanos, vamos seguir adiante, fazendo história e recuperando a independência verdadeira do Brasil e do povo brasileiro, lutando para que haja eleições diretas e democráticas em outubro de 2022, e lutando para nos libertarmos dessa máfia que assumiu o poder por fraudes diversas e golpes em 2018. Vamos eleger Lula presidente do Brasil, governadores progressistas e parlamentares do campo popular, de esquerda e apoiadores do projeto de Brasil soberano liderado por Lula.

---

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL DE FATO OCORREU E TEMOS QUE REFLETIR SOBRE O 7 DE SETEMBRO DE 1822 E OUTROS 7 DE SETEMBRO

Hoje pela manhã, li o ponto de vista de alguns intelectuais que respeito e ponderei a respeito da opinião deles sobre críticas exageradas que se fazem sobre o 7 de setembro.

Opiniões que li no site do Brasil247:

- O economista Paulo Nogueira diz que é um erro dizer que o Brasil se tornou uma colônia da Inglaterra após a independência em 7 de setembro de 1822. Ele afirma que havia divergências políticas entre as elites luso-brasileiras e os ingleses. Eu já disse isso que ele afirma, quando comentei capítulos do livro Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado. Posso ter exagerado, reconheço isso sem problemas. Segundo Paulo Nogueira, a integridade territorial brasileira foi fruto do acerto entre D. João VI e D. Pedro I, veja o acerto na citação acima na abertura da postagem.

Também li opiniões do sociólogo Jessé Souza, do ex-ministro Aldo Rebelo, do presidente do PCO Rui Costa Pimenta e do professor e filósofo Alysson Mascaro e todos eles enaltecem a data do 7 de setembro. A dependência que seguimos tendo até hoje é uma dependência muito atrelada ao imperialismo e ao capitalismo em relação aos países do Norte. E nossa luta pela independência segue firme nesse sentido, a busca de soberania popular em todas as dimensões sociais.

---

HISTÓRIA DO BRASIL E DO BANCO DO BRASIL

Voltando à história dos bancários e ao texto de Afonso Arinos em comemoração aos 180 anos de criação do Banco do Brasil, ao reler o capítulo III sobre a independência do Brasil, tive um olhar menos crítico do que a primeira vez que reli dias atrás. 

Afonso Arinos nos lembra do risco que o BB correu logo no início de sua existência ao ficar sem recursos financeiros assim que a Corte retornou a Portugal em 1821.

"(...) Com a partida de D. João, em abril do ano anterior, entrara o meio comercial em pânico. O Banco do Brasil, fora posto em risco pelas retiradas de dinheiro. As dívidas dos que tinham ido para Lisboa ficavam por receber, inclusive a da rainha Carlota Joaquina..." (p. 14)

O Banco do Brasil estava quase falindo já naquela ocasião.

O capítulo III tem subdivisões que nos atualizam bastante sobre o período: A independência; As guerras da independência; A consolidação do império e as dificuldades econômicas do período; O empréstimo de Londres; A Assembleia Constituinte de 1823; A Constituição de 1824.

É por causa desses acontecimentos e dos empréstimos seguidos que o Brasil tomou dos Ingleses, tanto para acertar sua independência em relação a Portugal quanto para se manter internamente, que muitos de nós já fala logo que a independência foi um faz de conta. 

O Brasil se tornou independente de forma política, mas se manteve dependente de forma econômica não só da Inglaterra naquele momento, mas dos imperialismos por causa da hegemonia do modo de produção capitalista no mundo. 

É isso. Seguiremos escrevendo alguns comentários sobre o Brasil e o nosso querido Banco do Brasil e a categoria bancária conforme eu vá relendo materiais que me ajudaram a ser mais politizado.

William


Para leitura do texto anterior, clique aqui.

O texto seguinte desta série (o nº V) pode ser lido aqui.


10.8.22

Memórias (XXX)


Foto: edição de folha bancária do
Sindicato da categoria em Pernambuco.

Cursos de formação política de dirigentes e assessores bancários

Após minhas experiências como diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região atuando nas bases no dia a dia, e também na Executiva da entidade e nas negociações do Banco do Brasil (na Comissão de Empresa), comecei novas tarefas na confederação da categoria. Primeiro fui secretário de imprensa em 2006 e depois passei a ser o responsável pela secretaria de formação da Contraf-CUT, a partir de 2009.

A missão que a diretoria da confederação confiou a mim era de retomar um curso feito nos anos noventa na antiga Confederação Nacional dos Bancários (CNB). Na época, o curso havia sido muito bem avaliado na formação de lideranças da categoria. E assim fizemos. Em parceria com o Dieese, organizamos um curso de formação em 3 módulos de 5 dias para disponibilizarmos para as federações e sindicatos filiados à Contraf-CUT e parceiros do Comando Nacional.

O curso foi pensado para ser realizado nas bases sindicais da confederação e com isso tivemos que pensar uma organização que demoveu os esforços de muita gente, a começar pelas equipes de assessoria da Contraf-CUT, do Dieese e das entidades sindicais que desde o início em 2009 até o final de nossas realizações formativas se disponibilizaram para que tudo corresse bem. O esforço dos participantes foi imenso porque tinham que se ausentar por uma semana de seus cotidianos e famílias. Foi uma parceria histórica em favor da formação política e sindical.

Os cursos foram acontecendo com participação exitosa e empolgada ao longo do primeiro mandato à frente da secretaria de formação e também no segundo mandato, até 2015. Entre 2009 e 2012 realizamos 5 turmas do curso Sindicato, Sociedade e Sistema Financeiro. Os cursos foram um Programa de Capacitação de Dirigentes e Assessores (PCDA), organizado pela Contraf-CUT e Dieese com financiamento das próprias entidades sindicais da estrutura da confederação.

---

3ª TURMA DO CURSO PCDA "SINDICATO, SOCIEDADE E SISTEMA FINANCEIRO" - NORDESTE

Ao manusear o material do curso ministrado à 3ª turma, rememorei um período que marcou muito minha vida. Como aprendi! Como aprendemos uns com os outros! Os 3 módulos foram realizados entre os meses de maio e junho de 2010 em Pernambuco. Eu saía muito diferente de cada módulo, de cada curso, e as pessoas diziam a mesma coisa, criamos muita coisa boa durante aqueles quase 6 anos formativos.

O 1º módulo aconteceu nos primeiros dias de maio e o curso se deu em Itamaracá, porque um dos pedidos que fazíamos às entidades sindicais envolvidas era que o curso ocorresse fora das capitais para que a ideia de imersão fosse possível. Para ver a programação do 1º módulo basta clicar aqui. O 2º módulo foi em maio também e o 3º módulo foi em junho, na cidade de Gravatá (PE).

Naquele primeiro encontro refletimos muito sobre a sociedade e o mundo do trabalho. Pela programação é possível ver que variávamos as mídias e fontes dos materiais com os quais trabalhávamos. Revivemos juntos a história do movimento sindical brasileiro e internacional e o quanto a política, as mídias e os governantes impactam na vida de todos, mesmo as pessoas dizendo que não ligam pra política.

Reli alguns textos nesta semana como, por exemplo, os textos de Eric Hobsbawm, Rubem Alves, César Benjamin e Leo Huberman. Que textos! Que reflexões nos trazem esses textos ao vermos como estamos neste momento em relação ao mundo do trabalho!

O texto de José Roberto Torero - "Papo-cabeça no MSN" (2009) - adiantava o que viria mais adiante (hoje!) sobre os jovens e as referências que balizam suas informações e conhecimentos. Preocupante demais! Se uma década atrás o Google era a referência e isso era complicado, hoje são "influenciadores" que muitas vezes não têm conhecimento algum daquilo que falam...

No 2º módulo (ver aqui) a programação era muito focada na área à qual atuávamos como trabalhadores, o sistema financeiro e bancário, e a programação trazia um panorama de mais de um século de história do setor, mudanças e padrões que formataram a sociedade como nós a conhecemos. Era um módulo bem denso e de muita matéria de economia.

Por fim, no 3º módulo trabalhávamos bastante com os desafios daquele momento na categoria bancária (ver aqui). Para onde caminhava o emprego no setor, saúde, igualdade de oportunidades, terceirização, regulamentação ou não do sistema financeiro, as negociações coletivas com o patronato, segurança e outros temas da agenda das entidades sindicais.

---

BOAS MEMÓRIAS

Por ser muito apegado à história - história de lutas dos trabalhadores, história do mundo, das sociedades humanas, da arte e da cultura - acabo por guardar quantidades impossíveis de materiais diversos em casa. Sei que tenho que me desfazer de muita coisa. Mas tenho uma dificuldade grande de fazer isso cada vez que pego um material como este do curso...

Enfim, memórias como essas são memórias boas, saudosas, saudáveis.

William


Post Scriptum - Para ler o texto anterior de Memórias (XXIX), clique aqui. O texto seguinte pode ser lido aqui.


1.11.17

Cassi e o Novembro Azul - Foco na saúde dos homens


Peço às lideranças dos associados e do Banco do Brasil
que compartilhem o significado do Novembro Azul na Cassi
e acessem o site da nossa entidade. Serão disponibilizadas
nas páginas dos Estados/DF atividades de saúde dos homens.

Novembro Azul na Cassi foca a saúde dos homens de forma ampliada, pois os homens são resistentes em aderir à promoção da saúde e prevenção de doenças

O Novembro Azul surgiu em 2003, na Austrália, em comemoração ao Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, celebrado no dia 17 de novembro. Hoje em dia é uma campanha realizada por diversas entidades para conscientização a respeito de doenças masculinas, com ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Nesse contexto, há ênfase no direcionamento para o rastreamento do câncer de próstata em toda a população masculina com mais de 50 anos, ou seja, a realização de testes em homens considerados saudáveis, sem queixas, nem sinais ou sintomas, sem averiguar histórico ou outras informações.

A Cassi, alinhada com o Ministério da Saúde (MS), o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e diversas entidades de respaldo internacional, como também em conformidade com a melhor evidência científica atualmente disponível, se posiciona contra o rastreamento universal com o teste de PSA ou toque retal para diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Desta forma, a Cassi aproveitou o Novembro Azul para divulgar e promover o cuidado da saúde do homem de forma ampliada. Esta estratégia foi desenvolvida no intuito de despertar no homem o cuidado com sua saúde, evitando valorizar o foco na doença.

Muitos estudos comprovam que os homens são mais vulneráveis às doenças do que as mulheres, especialmente às enfermidades graves e crônicas. Ainda, homens morrem mais cedo que as mulheres. A despeito disso, os homens não buscam, como as mulheres, os serviços de saúde. A grande maioria é inserida no sistema de saúde por meio de atenção especializada, quando em situação de doença mais avançada.

Outro fator preocupante é que o homem, julgando-se invulnerável, se cuida menos e se expõe a mais situações de risco. Eles entendem a doença como um sinal de fragilidade não inerente ao homem. Na Cassi, atualmente, aproximadamente 54% dos cadastrados na Estratégia Saúde da Família (ESF), modelo de Atenção Primária à Saúde (APS) desenvolvida pela Cassi em seus serviços próprios, são mulheres.

É por estes aspectos que a campanha da Cassi foi aberta, com o hotsite Novembro Azul (clique AQUI), evidenciando a importância do cuidado da saúde do homem, onde o papel da família é essencial, principalmente da mulher, que, culturalmente, tem a tendência de se cuidar mais e melhor, sendo elas fortes aliadas no incentivo ao cuidado da saúde do homem.

Além disso, o dia 17 de novembro foi definido pela Cassi como o dia “D”. As CliniCassi realizarão atividades voltadas aos participantes, cadastrados e não cadastrados na ESF, no intuito de reforçar a importância do cuidado com a saúde do homem.

Independentemente da programação do Novembro Azul, as CliniCassi realizam continuamente diversas ações, dentre elas atendimentos individuais com profissional da equipe multidisciplinar, bem como atividades coletivas com foco na educação em saúde dos participantes.

No desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde, por meio da ESF, a Cassi entende ser essencial o fortalecimento dos serviços próprios, com vistas à garantir ações efetivas de promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação aos participantes Cassi.

As CliniCassi, trabalham mobilizando homens e mulheres a serem protagonistas do seu cuidado. Busquem orientações dos profissionais da ESF em uma das 65 CliniCassi espalhadas por todo o Brasil.

Abraços a tod@s e vamos mudar a cultura predominante de não-cuidado para uma cultura de autocuidado e orientações em saúde a partir das CliniCassi e das informações em saúde produzidas pela nossa Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil.


William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento (mandato 2014/18)

Referências:

1. Canadian Task Force on Preventive Health Care. Recommendations on screening for prostate cancer with the prostate-specific antigen test. CMAJ, November 4, 2014, 186 (16).

2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Rastreamento / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

3. U.S. Preventive Service Task Force. Prostate Cancer: Screening. May, 2012.

4. DynaMed [Internet]. Ipswich (MA): EBSCO Information Services. 1995 - . Record No. 113802, Prostate cancer screeningInstituto Nacional do Câncer. Câncer de Próstata.

5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: princípios e diretrizes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

15.10.15

Parabéns aos professores, educadores e formadores da classe trabalhadora



Parabéns professora Ione e tod@s os professores, educadores e
formadores. Vocês são fundamentais para nossa sociedade!

DIA DOS PROFESSORES

Neste dia 15 de outubro homenageia-se e comemora-se o dia dos professores. Eu diria professores e professoras, educadores de uma forma geral e os formadores.

Durante todo o meu percurso como representante eleito pelos trabalhadores no movimento sindical, entre 2002 e 2015, busquei contribuir com a formação política da classe trabalhadora que representamos.

O trabalho de base, ir nos locais de trabalho e estar no dia a dia com os trabalhadores, conversando sobre todos os assuntos da dimensão social e humana, é fundamental para educar e formar os nossos pares.

Depois de iniciar no Sindicato, tive a oportunidade de ser secretário de formação da Contraf-CUT por seis anos. Ali eu me descobri e muito aprendi e muito transmiti aos nossos pares. E sempre com a valiosa contribuição dos educadores e formadores do Dieese e do próprio movimento sindical e social.

Meus agradecimentos e homenagens aos educadores e formadores do Dieese e da CUT na figura do Carlindo e Regina, e do Tino na Central Única dos Trabalhadores.

Na minha missão atual, como Diretor de Saúde eleito pelos trabalhadores, nos cabe uma missão revolucionária de educação e formação na área da saúde. Desde que cheguei à nossa Caixa de Assistência (Cassi) em 2014 não faço outra coisa que não seja trabalhar arduamente quase que todos os dias do mês para levar informação e conhecimento sobre o que é a Cassi, sobre o modelo assistencial que nela está definido de Atenção Integral à Saúde, dos modelos e sistemas de saúde que existem etc.

Toda educação e formação só é possível quando se faz isso de forma inclusiva e participativa. Por isso estamos focados em aumentar a participação social na Cassi através dos Conselhos de Usuários, sindicados, entidades representativas da ativa e aposentados e o próprio Banco do Brasil, que é gestor na Cassi conosco, porque é melhor fazer formação em saúde com o envolvimento de tod@s.

Por fim, eu tenho a profissão de professor como uma das mais nobres do mundo social. Deixo na figura de minha esposa e companheira, Ione Ribeiro, uma homenagem e o agradecimento por essa nobreza da escolha em ser professora, educar nossas crianças, jovens e adultos e dedicar uma vida de carinho e amor à profissão.

Já me emocionei tantas vezes ao longo da convivência com a tia Ione ao ver o amor e carinho das crianças e de seus pais pela forma como a educação chegou até essas crianças que são sempre o futuro de nós todos.

Obrigado por ser professora e por toda a dedicação a educar, professora Ione. Você e vocês professores, educadores e formadores são FUNDAMENTAIS para um mundo melhor.

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi

23.4.14

1ª Conferência Nacional de Saúde do(a) Trabalhador(a) da CUT inicia nesta quarta



Agenda de luta: fiz questão de começar o primeiro dia como futuro diretor eleito de saúde da Cassi (posse em junho) de vir para a nossa 1ª Conferência de Saúde da CUT. O nosso mandato será um esforço de estar sempre em contato com as entidades do funcionalismo e nada melhor do que estar nesta conferência da classe trabalhadora.

É fundamental que nunca percamos nossas referências enquanto classe e também é um espaço para aprender sobre as grandes questões políticas que envolvem a saúde no mundo do trabalhador. O modo de produção capitalista está destruindo a saúde de noss@s trabalhadores e temos que ir além da questão de tratar dos adoecidos.

Temos que buscar sempre a manutenção da saúde integral dos seres humanos que são trabalhadores. O nosso horizonte é difícil porque enfrentamos o capital, mas temos que trabalhar a conscientização da classe trabalhadora. 

Eu acredito muito na formação política e sindical como forma de organizar os trabalhadores e mudar a realidade social.

William Mendes


Começa nesta quarta-feira (23), no Centro Cultural Adamastor, no município de Guarulhos (SP), a 1ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da CUT. Segundo Junéia Martins Batista, Secretária da CUT Nacional responsável pela área, o objetivo central do evento que vai até sexta-feira (25) é a consolidação da política de Saúde do Trabalhador da CUT.

Junéia explica que "Saúde do Trabalhador é um conceito que, na Constituição Brasileira, faz parte da Saúde Pública e foi forjado no âmbito do Movimento Sanitarista que no final dos anos 1970 e durante a década de 1980 construiu as bases e lutou pela implantação do Sistema Único de Saúde - SUS. Ela se contrapõe à visão conservadora e tecnicista dos demais conceitos tais como, higiene ocupacional, saúde e segurança no trabalho, medicina do trabalho, entre outros. Enquanto esses últimos analisam as ocorrências de acidentes e doenças do trabalho de forma estanque, individualizada e tendem a culpabilizar o trabalhador, na Saúde do Trabalhador o foco é no coletivo, pois o problema está nos ambientes e na organização do trabalho e, principalmente, o saber dos trabalhadores".

A Conferência contará com a participação de quatro palestrantes: Dr. Giovanni Alves, sociólogo e professor da UNESP/Marília que abordará o tema "Processo produtivo capitalista e Saúde do Trabalhador: características e problemas dos novos modelos de exploração do trabalho"; Dr. Guilherme Costa Delgado, economista e consultor da Comissão Brasileira Justiça e Paz, cujo tema será "Agrotóxicos, meio ambiente e modelo de desenvolvimento agrário"; Dr. Heleno Rodrigues Correa Filho, médico epidemiologista da UNICAMP, falará sobre "Os novos/velhos padrões de adoecimento no trabalho"; e a Dra. Maria Maeno, médica e pesquisadora da Fundacentro, abordando os "Limites e possibilidades dos modelos de intervenção".

Clique aqui para ver a programação.

Participarão 150 delegados de todos os Estados e ramos filiados à CUT, os quais debaterão nos três dias da Conferência propostas para contribuir com a implementação da política da Secretaria Nacional de Saúde do Trabalhador.

"Os resultados da nossa 1ª Conferência alavancarão as ações dos nossos sindicatos ajudando a conscientizar os trabalhadores de que os problemas de adoecimento e acidentes de trabalho se originam nos conflitos entre o capital e o trabalho, e somente serão superados com a participação dos próprios trabalhadores", afirma Eduardo Lírio Guterra, secretário nacional adjunto de Saúde do Trabalhador da CUT.

Para o secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Walcir Previtale, a 1ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador(a) da CUT acontece em um momento muito importante. 

"Temos pela frente situações que vão interferir diretamente na vida de milhares de trabalhadores, como o novo modelo de perícia médica proposta pelo INSS, a nova proposta de reabilitação profissional também do INSS e o futuro da CT-SST (Comissão Tripartite - Saúde e Segurança no Trabalho) que discute e define as políticas para a saúde dos trabalhadores", ressalta Walcir. 

Fonte: CUT


29.1.14

Contraf-CUT promove curso de especialização em previdência complementar


William Mendes e Sasseron fazem abertura do curso.

A Contraf-CUT em parceria com a Anapar promove curso de formação com especialização em Previdência Complementar. O objetivo é formar lideranças sindicais em todas as bases e regiões do País, com capacidade de representar, produzir e reproduzir conhecimento sobre o tema. Com isso, as entidades filiadas à Contraf-CUT aumentam o potencial de informar, organizar e defender os direitos dos trabalhadores do ramo financeiro em relação aos seus planos de previdência complementar existentes ou que vierem a ser criados.

O curso será ministrado em 4 dias em período de manhã e tarde (32h) entre os dias 10 e 13 de fevereiro (segunda a quinta-feira), no Hotel Braston, em São Paulo. Há 30 vagas disponíveis. As inscrições devem ser feitas através das federações filiadas à Contraf-CUT.

"Ao definirem os nomes dos participantes, as entidades devem inscrever pessoas que se comprometam com a tarefa de estudar o tema, desenvolver conhecimento para o enfrentamento dos problemas relativos ao tema da previdência complementar, com a finalidade de tornarem-se multiplicadores e que possam contribuir em todos os espaços de formulação, debates, representação pública e, principalmente, ações práticas, locais, regionais e nacionais", orienta William Mendes, secretário de formação da Contraf-CUT.

Um critério imprescindível a ser cumprido é a exigência de cota de gênero, como estabelece a CUT, para o caso dos sindicatos que inscreverem mais de um(a) participante. Cada federação deve inscrever ao menos 30% de um dos gêneros.


Projeto de formação

Cada vez mais, a Contraf-CUT tem trabalhado para se aproximar dos sindicatos e do/as dirigentes sindicais e para oferecer condições de formação a novas lideranças e para que sua ação seja cada vez mais qualificada. Para isso, vem investindo muitos recursos na formação sindical. Seja através de módulos formativos, elaboração de documentos que servem como subsídios, como os Cadernos Contraf-CUT, e mais recentemente com a promoção de cursos de especialização em temas relevantes para a classe trabalhadora e da atualidade.

O foco na formação sindical e política do/as dirigentes sindicais da estrutura da Contraf-CUT abrange hoje tanto o viés classista quanto o corporativo. O conceito é o de Formação Permanente, seguindo a Política Nacional de Formação da CUT, e busca aliar um percurso formativo que congrega os cursos classistas da Rede Nacional de Formação da CUT com os cursos oferecidos pela própria Confederação, estes mais focados nos desafios enfrentados na organização e representação do ramo financeiro.

Para a Contraf-CUT, os dirigentes sindicais precisam se especializar para atuarem de forma mais incisiva na sociedade, sobretudo nas disputas de hegemonia que se apresentam, bem como na representação dos trabalhadores e nos espaços de negociação coletiva, criando assim um processo rico e participativo de construção coletiva.

"O capital é organizado. Dentre esses, os banqueiros mais ainda. Por isso os trabalhadores devem ter organização ainda maior para atingir seus objetivos", alerta William.


Foco na ação sindical

Essa nova etapa do processo formativo encaminhado pela Contraf-CUT, focando temas de alta relevância para a classe trabalhadora e particularmente os/as bancários/as, teve início em 2012, com a realização de dois cursos de especialização em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Ramo Financeiro. 

"Depois realizamos em 2013 o curso de especialização no combate à Terceirização, que foi tão importante que catalisou o enfrentamento e a mobilização contra o projeto de terceirização total, que vinha sendo debatido no Congresso Nacional, através do PL 4330 e seus substitutivos", lembra o diretor da Contraf-CUT. "Os participantes do curso saíram com uma grande quantidade de informações e um engajamento tão grande, que os bancários e suas federações e sindicatos aumentaram e lideraram a mobilização junto com os demais ramos da CUT e os trabalhadores conseguiram adiar e retirar o famigerado projeto da pauta do Congresso em 2013", salienta.

Outros temas estão na ordem do dia, como Segurança Bancária, Negociação Coletiva, Nova Regulamentação para o Sistema Financeiro Nacional e Igualdade de Oportunidades, dentre outros.

"Especialmente neste momento conjuntural em que tanto se discute a questão da Previdência Pública quanto da Previdência Complementar no Brasil e no mundo, a Contraf-CUT convoca suas entidades filiadas a inscreverem até 30 dirigentes sindicais e assessores para buscarem especialização na temática da Previdência Complementar", conclui William.

Mais informações sobre o curso e os procedimentos para inscrições se encontram no comunicado enviado pela Contraf-CUT aos sindicatos e federações.


Fonte: Contraf-CUT