Artigo
A categoria bancária realizou neste fim de semana a sua 16ª
Conferência Nacional. O evento é a etapa final da construção da pauta de
reivindicações dos trabalhadores do setor bancário. O processo de negociação
coletiva dos bancários brasileiros é um dos mais organizados no mundo porque é
feito em um país de dimensões continentais e reúne trabalhadores e entidades
sindicais de bancos públicos e privados, de todas as regiões do país e dos mais
diversos matizes políticos e ideológicos. É um exemplo vigoroso de unidade de
classe para os trabalhadores de outros ramos produtivos e de outros países.
O processo de construção da Campanha Nacional dos Bancários
é bastante democrático. Os trabalhadores começaram a definir as prioridades e a
estratégia para este ano de 2014 desde assembleias e fóruns locais, passando
por encontros estaduais e regionais até que se reunissem na Conferência em
questão.
Agora começa uma nova fase do processo de negociação
coletiva dos bancários. Os trabalhadores entregarão as reivindicações para a
Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e para os bancos que têm negociações
específicas concomitantes e serão definidas as rodadas de negociações. Ao mesmo
tempo os trabalhadores e suas entidades sindicais irão intensificar o processo
de mobilização da categoria para a eventual necessidade de greve, caso as
propostas dos banqueiros não satisfaçam as reivindicações. É sempre bom e
confortante saber que participei da construção desse rico processo nos últimos
doze anos.
A questão da
solidariedade
O encontro teve momentos muito emocionantes que nos levaram
às lágrimas tanto por alegria como por compartilhar a dor daqueles e daquelas
que sofreram injustiças várias.
Na sexta-feira 25, um painel discutiu a tragédia que foi a
ditadura civil-militar no Brasil entre os anos de 1964-1985. Além do atraso que
trouxe ao País em todas as dimensões da sociedade, até hoje vivemos as
consequências e efeitos da violência institucional daquele período porque o
fantasma do fim das liberdades civis está sempre presente e é preciso vigilância
permanente contra as ideias que combatem as soluções pacíficas das
controvérsias, que combatem as políticas e programas inclusivos e de
solidariedade e que dizem não aos processos políticos, que devem ser
fortalecidos com maior participação popular e não o inverso.
Ainda na sexta-feira à noite, na abertura política da
Conferência, o presidente da Contraf-CUT - Carlos Cordeiro -, fez uma bonita homenagem a
uma companheira e delegada do encontro que traz na história de sua família as
marcas da violência da ditadura. O plenário ficou bastante emocionado e se
solidarizou com a companheira.
No sábado 26, tivemos a apresentação de um espetáculo
teatral – “Tito, é melhor morrer do que perder a vida” – que arrancou lágrimas
da plateia. A montagem, do grupo de Teatro do Botoquipariu, é oferecida pelo
Sindicato dos Bancários de Guarulhos e trouxe ao palco a resistência e o apreço
pela liberdade do padre dominicano que foi preso, torturado e perseguido até a
loucura. Já na abertura da peça, o diretor Djalma de Lima lembrou a importância
da memória e de trazer para as novas gerações um pouco da história de luta das
gerações passadas.
O carinho que
fortalece a militância e as convicções
Além dos momentos de comoção coletiva pela programação que
trouxe a questão da memória de luta da classe trabalhadora, a Conferência
Nacional é um momento de muitas emoções, tanto de carinho e solidariedade quanto
de embates políticos duros e de intolerâncias também.
Estou começando uma nova missão em minha vida militante como
diretor eleito da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil
(Cassi), onde fui eleito com o apoio das entidades do funcionalismo que são as
legítimas representantes dos trabalhadores.
Atuei na área de formação sindical por dois mandatos na
nossa Contraf-CUT e tivemos a felicidade de partilhar e construir conhecimento
coletivo para a classe trabalhadora com centenas de dirigentes e assessores
bancários. O encontro anual é o momento em que revemos mais de uma centena de
companheiros e companheiras dessa jornada formativa.
"O valor do abraço e das palavras de carinho e solidariedade dessas pessoas é de encher os olhos até para escrever aqui. Meu muito obrigado a todas e todos vocês que nos transmitiram palavras e energia de que estamos fazendo o bom combate e que muitos, muitos mesmo, estão conosco nas jornadas atuais."
"O valor do abraço e das palavras de carinho e solidariedade dessas pessoas é de encher os olhos até para escrever aqui. Meu muito obrigado a todas e todos vocês que nos transmitiram palavras e energia de que estamos fazendo o bom combate e que muitos, muitos mesmo, estão conosco nas jornadas atuais."
Estamos vivendo momentos difíceis no seio do movimento e
esperamos superar as divergências com tolerância, unidade e foco nos projetos
da classe trabalhadora. Eu acredito muito nisso e estou à disposição em contribuir para cada dia termos mais unidade na luta contra o sistema financeiro
e contra o sistema hegemônico do capital, que destrói toda e qualquer
possibilidade de solidariedade humana.
Um grande beijo e abraço a toda a companheirada de luta e
boa Campanha Nacional dos Bancários para todos nós.
William Mendes
Diretor de Saúde da Caixa de Assistência (Cassi)
Secretário de Formação da Contraf-CUT
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