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26.3.12

Contraf-CUT divulga manifesto criticando disputas internas no BB e Previ


A Contraf-CUT está divulgando um manifesto cobrando que o Banco do Brasil desempenhe seu papel como banco público e repudiando "a falta de compromisso com a instituição demonstrada pela direção da empresa, que coloca a disputa de poder e influência acima do interesse público". O texto é motivado pelas sucessivas notícias que vêm sendo veiculadas na mídia sobre disputas internas entre executivos que teriam envolvido uma suposta quebra de sigilo bancário.

A mais nova notícia foi divulgada pela Folha de S. Paulo no último sábado (24) e colocou mais uma vez a direção da Previ como alvo de suspeitas. O Conselho Deliberativo da entidade cobrou explicações do presidente do fundo, Ricardo Flores, sobre o pagamento em dinheiro vivo de uma casa que adquiriu em Brasília em 2010.

De acordo com o jornal, "Flores comprou o imóvel numa área nobre de Brasília por R$ 1,65 milhão em junho de 2010. Do total, R$ 900 mil foram financiados pela própria Previ e o restante Flores pagou com 'recursos disponíveis', sendo R$ 190 mil em espécie." O presidente do fundo, que trava há meses uma disputa política com o atual presidente do banco, Aldemir Bendine, disse que tomou o dinheiro emprestado de um empresário, e que teria informado em sua declaração de Imposto de Renda.

"Nós, trabalhadores do BB e associados da Previ, queremos que as duas instituições desenvolvam seus papéis da melhor forma possível, o banco fornecendo crédito barato para impulsionar o desenvolvimento da sociedade e o fundo de pensão cuidando do dinheiro dos funcionários e garantindo sua complementação de aposentadoria", afirma William Mendes, secretário de Formação da Contraf-CUT e funcionário do Banco do Brasil. "É nisso que a diretoria das duas entidades deve estar focada, não em disputas internas que prejudicam a imagem das duas instituições", diz.

Veja a íntegra do manifesto, que está nas páginas da nova edição da revista O Espelho, que chegará aos sindicatos nos próximos dias:

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BB e Previ são instituições sérias e merecem respeito

Aos funcionários, clientes e brasileiros

A respeito das reportagens veiculadas pela imprensa sobre o Banco do Brasil e a Caixa de Previdência dos Funcionários do BB, relatando disputas internas entre executivos e suposta quebra de sigilo bancário, os trabalhadores que defendem o Banco do Brasil como banco público, manifestam-se na defesa do papel do banco público.

Os empregados repudiam a falta de compromisso com a instituição demonstrada pela direção da empresa, que coloca a disputa de poder e influência acima do interesse público e acaba por afetar sua imagem e os negócios, com prejuízo para a sociedade. Defendemos que qualquer irregularidade seja apurada e os responsáveis punidos.

O Banco do Brasil é dos brasileiros e não deve ser inviabilizado por disputas internas. Os bancos públicos são patrimônio da sociedade e foram fundamentais no combate à maior crise econômica desde 1929, causada pela quebra do banco Leman Brothers, em 2008, e pela desregulamentação e falta de fiscalização do sistema financeiro internacional.

Naquele momento, os bancos públicos federais foram fundamentais na execução da política de governo para blindar nosso país da crise por meio de políticas fiscal e monetária que auxiliaram para que o Brasil, diferentemente de outras nações do mundo, fosse um dos que melhor enfrentou o problema, além de evitar que os efeitos da crise se disseminassem e saíssem do controle, possibilitando ao país a saída mais rápida entre todas as nações da crise.

O funcionalismo e suas entidades de classe e associativas defendem que o Banco do Brasil avance na atuação como banco público auxiliando o desenvolvimento do país. Que preste contas à sociedade por meio de mecanismos definidos pelo congresso nacional. Defendem o direito dos pequenos produtores rurais, micros e pequenas indústrias terem acesso ao crédito para fomento e desenvolvimento regional.

O Banco do Brasil e Caixa são duas instituições seculares com história de contribuição para o País por seus trabalhadores, pelas suas ações e pelo seu pioneirismo. Quando pouco se falava em previdência e pecúlio, os funcionários do BB criaram a Previ em 1903. O Banco do Brasil desde 1808, por sua vez, foi o grande desbravador de regiões longínquas, levando para elas serviços e a presença do governo federal. E, nos dias atuais ainda exerce papel fundamental no fomento ao desenvolvimento.

Da mesma forma que o BB, a Previ (fundo de pensão dos funcionários do banco) deve ser preservada de interesses individuais de executivos do banco. Foi com um modelo de gestão avançado implantado no ano de 1997, que os funcionários passaram a fazer parte da gestão do fundo, com poderes em todas as instâncias administrativas. Modelo que foi fundamental para evitar investidas de governos passados na execução de negócios prejudiciais aos interesses dos trabalhadores e do fundo de pensão.

Esse modelo tem garantido o bom desempenho graças ao modelo de governança corporativa, onde cada um cumpre o seu papel, tanto os representantes do Banco do Brasil quanto os eleitos pelos funcionários, que juntos devem gerir a Previ e garantir a aposentadoria de mais de 170 mil pessoas.

Mas neste mês de março o funcionalismo do BB e a sociedade assistem a uma acirrada troca de acusações envolvendo gestores do BB e da Previ indicados pelo Banco do Brasil, na qual são reveladas ações deploráveis e condenáveis pela sociedade. Revelações que preocupam os trabalhadores e merecem a condenação por parte das entidades associativas e sindicais.

A Disputa não é para fazer o Banco e a Previ melhores, brigam por poder político, não importando as consequências para as duas instituições. Disputa que, avaliamos, só pode acontecer em decorrência da dissociação dessas pessoas com as iniciativas e decisões governamentais de transformar suas empresas em entidades exemplares e capazes de auxiliar a gestão do País na construção de uma nova história.

Assim, todos os funcionários do Banco do Brasil esperam que, como em outros eventos, sejam tomadas medidas capazes de apurar as acusações e de estancar a crise, com medidas que priorizem a valorização do corpo técnico da empresa e que se tenha à frente do BB e da Previ equipe voltada para o gerenciamento e que se preocupem com o futuro dessas instituições tão importantes para o nosso país.


Fonte: Contraf-CUT

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