O Banco do Brasil anunciou na manhã desta terça-feira, dia 10, o lucro líquido de R$ 2,932 bilhões no primeiro trimestre deste ano, com crescimento de 24,7% no confronto com o mesmo período em 2010.
Para Marcel Barros, funcionário do BB e secretário-geral da Contraf-CUT, "esse resultado é fruto do empenho e dedicação dos trabalhadores do BB, submetidos à cobrança de metas abusivas para venda de produtos e à prática de assédio moral, o que não pode ser tolerado numa empresa que deveria valorizar os seus funcionários. Além disso, esses números são reflexo das altas taxas de juros cobrados dos clientes, muitos empurrados para a utilização de correspondentes em condições precárias de trabalho e segurança".
"Mais do que apresentar lucros fabulosos e competir com os bancos privados, o BB precisa reafirmar o seu papel de banco público, induzindo o sistema financeiro nacional a oferecer crédito mais barato, qualidade de atendimento para os clientes e a população, e investir com força no desenvolvimento com distribuição de renda e inclusão social", salienta Marcel.
Números do balanço
A carteira de crédito do maior banco do país, incluindo as garantias prestadas e os títulos e valores mobiliários privados, chegou a R$ 397,516 bilhões, com crescimento de 21,2% em doze meses. Com isso, a participação da instituição financeira no mercado doméstico atingiu 19,5% em março, mantendo a liderança no sistema Financeiro.
Os empréstimos para consumidores continuaram em expansão, com alta de 22,5% na análise anual, para R$ 116,487 bilhões, impulsionado pelo financiamento a veículos e operações de CDC salário, que cresceram 36,0% e 23,6% respectivamente em doze meses.
Para empresas, o acréscimo foi de 16,1%, para R$ 148,637 bilhões. No agronegócio (R$ 77,403 bilhões), o crescimento foi de 19,3%.
"Esses números demonstram que o BB continua fora de rota, pois insiste em direcionar o crédito para o consumo, especialmente de pessoas físicas, com spread alto, apesar da queda da inadimplência", analisa Marcel.
Para o secretário-geral da Contraf-CUT, "o crescimento do volume de crédito para o setor produtivo é um sinal de que falta ao BB voltar a ser público". Ele observa que no período o financiamento da safra cresceu 19%, "o que mostra que o foco deixou de ser produzir e passou a ser consumir".
Considerando apenas o crédito imobiliário, uma das apostas do BB para conquistar mais clientes, o saldo das operações para pessoas físicas e jurídicas alcançou R$ 4,161 bilhões, montante 22% superior ao verificado no 4º trimestre de 2010 e quase o dobro (99%) do contabilizado há 12 meses.
O indicador de inadimplência, que mensura o atraso das operações há mais de 90 dias, recuou de 3,1% do total da carteira em março de 2010 para 2,1% ao final do primeiro trimestre deste ano, mesmo assim o spread continua nos mesmos patamares de períodos anteriores.
Lucro permite novo aumento real de salários
O BB foi o quarto grande banco a divulgar o lucro do primeiro trimestre. O Itaú Unibanco obteve R$ 3,53 bilhões; o Bradesco, R$ 2,7 bilhões; e o Santander, R$ 2,07 bilhões.
"O resultado dos balanços dos bancos demonstra que os trabalhadores devem continuar a fazer a sua parte, mesmo sem receberem a contrapartida das empresas. Valorização dos pisos salariais, aumento real, melhor PLR, condições adequadas de saúde, mais segurança, dentre outras demandas, podem ser garantidos aos bancários, que devem entrar ainda mais organizados na próxima campanha salarial", avalia Marcel.
"Além do mais, é necessário reforçar a luta pela regulamentação do sistema financeiro, definindo o papel dos bancos públicos e privados, para evitar a manutenção dessa sangria de recursos da sociedade para engordar o cofre das instituições financeiras", conclui o diretor da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT com Folha.com
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