Artigo de Alan Rodrigues *
Recentemente o Banco Central do Brasil editou normas (res. 3954 e 3959/11) com o objetivo de regulamentar a contratação de correspondentes bancários pelas instituições financeiras. Aparentemente afinadas com a política do governo federal de inclusão bancária da população, estas resoluções influem sobremaneira na sociedade e na forma de organização do sistema financeiro, além de gerar diversas repercussões no campo das relações de trabalho.
Antes de tudo, cabe lembrar que o objetivo inicial dos correspondentes bancários seria o de atender em alguns serviços básicos como abertura de contas, saques, depósitos e pagamentos de títulos, limitados a certo valor, praças desassistidas de agências bancárias, sendo inclusive necessária a suspensão do serviço do correspondente caso a localidade passasse a contar com posto de atendimento bancário (conforme res. 2.640/99).
A resolução 3.954/11 abre precedentes para que os correspondentes bancários possam vir a desempenhar praticamente qualquer atividade que hoje é desenvolvida nas agências bancárias, como exemplos, além das já citadas, comercializar cartões de crédito, operações de crédito, transferências bancárias, pagamentos de qualquer natureza, operações de câmbio, entre outras; parecendo criar desta forma, certa confusão na sociedade tornando difícil e muitas vezes confusa a relação entre instituição financeira e seus correspondentes contratados.
Além disso, apesar do seu aparente caráter social de “inclusão bancária”, esta resolução traz uma série de atitudes nocivas aos trabalhadores, dando margem a um imenso processo de precarização das relações de trabalho, pois além da possibilidade de que praticamente qualquer tipo de sociedade possa exercer a função de correspondente.
A nova resolução abre brechas para que os bancos e seus conglomerados possam criar as próprias empresas que atuem neste segmento. Na prática, isto significa que, ao invés de o banco aplicar um pesado investimento na abertura de uma nova agência, cumprindo todas as exigências para tal, ele poderá simplesmente contratar um correspondente, que comercializará praticamente todos os produtos e serviços oferecidos pela instituição.
Eis um baita negócio: reduz-se drasticamente os custos com instalações e infraestrutura (por exemplo, correspondentes não precisam ter porta giratória detectora de metais), aumenta-se a receita dos bancos, ampliando a oferta de produtos e serviços, evitam-se custos com reclamações trabalhistas e, além de tudo isto, flexibiliza-se e precariza-se o trabalho, visto que, um comerciário recebe, em média, cerca de um terço do salário de um bancário, além dos demais direitos já conquistados em acordos coletivos.
Além disso, estas resoluções parecem ameaçar seriamente a existência desta categoria que nos parece enxergar, no futuro, como um resumido grupo de controladores deste emaranhado de terceirizações e quarteirizações, que gerarão lucros cada vez mais fabulosos aos seus acionistas.
Cabe aos trabalhadores, assenhorar-se deste processo que tanto lhes diz respeito e não deixar que normas editadas por instituições que se preocupam, única e exclusivamente, com os interesses do mercado, interfiram de forma tão cruel nas relações, já tão desiguais, entre trabalhadores e banqueiros.
Esperemos também que o Legislativo, que é quem de fato deve editar normas que influam diretamente nas relações de trabalho, sensibilize-se com a questão e leve, a sério, este debate àquela Casa.
* Economista, secretário geral do Sindicato dos Bancários do Pará (Em 2011) e funcionário da Caixa Econômica Federal.
9 comentários:
*Esse comentário é sobre a reversão dos terceirizados. Desculpe comentar nesse post. Não sei se veriam meu comentário lá!
Essa reversão aumentaria o número de convocações do último concurso, no PR. Vocês saber o motivo do alto número de cadastro de reserva na micro 16 (Curitiba)? As convocações estão muito lentas e os concursados aprovados, como eu, estão perdendo a esperança de serem convovados.
Abs. (leandrogmeireles@hotmail.com)
Olá colega! Espero que você seja convocado.
O Sindicato dos bancários de Curitiba tem feito um forte combate em relação à terceirização na CABB de São José dos Pinhais. A luta é para que o banco não possa mais terceirizar e convoque as pessoas aprovadas no concurso. Acompanhe também o site deles para mais detalhes.
Abraços,
Ook, obrigado. Aproveitando... Sabe algo sobre a negociata com a folha de pagamento que migraria do BB para o Santander? Abs.
Leandro, perguntei pro pessoal que acompanha mais a imprensa econômica aqui e ninguém ouviu nada a respeito.
Você ouviu a informação de onde? Se tiver novidades, mande pra nós.
Abraços,
Leandro, perguntando um pouco mais aqui na Contraf, um dos prováveis motivos para a demora na chamada dos concursados de Curitiba pode ter sido uma reestruturação interna no banco chamada BB 2.0 que faz com que muitas pessoas sejam realocadas. Isto ocorreu em SP também há pouco tempo.
E sobre transferência de fopag do Estado, do BB para outro banco, pode ser que aconteça mesmo, porque houve mudança de governo aí.
Abraços,
Willian, todas as informações são garimpadas em fóruns e no orkut. Se você tiver um perfil, faço o convite a acessar a comunidade . Para os concursados, a comunidade é muito boa, pois ficamos sabendo de notícias como essa, da migração da folha.
Outro endereço que busco informações, é esse: http://discussao.net/banco-do-brasil-pr-2011
Se não for chatear muito, volto a questionar.. Essa realocação dos funcionários devido ao BB 2.0, já terminou? Sei que não tem como saber, mas estamos muito preocupados com a possível não convocação dos aprovados.
Então, fica o convite para olhar esse fórum que passei o endereço e a comunidade "Convocações BB 2011". Se souber mais informações sobre esse concurso para o Paraná e puder me passar, ficarei muito grato. Saiba que não estou pertubando somente você. Enviei dois emails para Ana Smolka (conhece?) também. Emails esses que foram respondidos prontamente. Novamente, muito obrigado pela ajuda e paciência!
Willian, mais uma coisa... As informações sobre a migração da folha são que o atual Governador do Paraná, Beto Richa , fez a mesma coisa com a folha de pagamento da cidade de Curitiba quando era prefeito.Fez leilão com a folha e entregou a mesma para empresas privadas. Não tenho como saber, pois estou no RJ. As informações que tenho, são pesquisadas pelo google. Essa migração ocorreu mesmo, durante o mandato de Beto Richa na prefeitura da cidade?
Grande abraço!
Olá Leandro!
Me parece que a realocação do BB 2.0 acabou lá na região. Devem voltar a chamar os concursados.
Eu tenho um perfil no orkut mas quase não uso. É mais pra ver coisa de família. Tento usar mesmo é o blog.
Conheço sim a Ana, é companheira nossa na luta!
Abraços e estamos a disposição!
Ok, obrigado William. Quando chegar em Curitiba, pretendo participar com mais empenhos dessas causas. Abraços!
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