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30.11.21

Memórias (IX)



Memórias de lutas sindicais

O passado não se repete nunca, pois os contextos e as épocas nunca são os mesmos. No entanto, o passado nos serve de referência para pensar o presente e o futuro. Ao ver os registros de minha vida de dirigente sindical - a forma como o movimento fazia a organização e as lutas -, vejo ali boas referências para lutar e derrotar nossos inimigos de classe. 

As novas gerações têm que desenvolver novas estratégias e táticas de acordo com o contexto e o momento atual. Assim como as experiências que vivemos ainda têm sua validade: contato permanente com os trabalhadores que representamos, organização nos locais de trabalho, planejamentos estratégicos de ações para enfrentar o patronato e os inimigos da classe, enfim...

Como manter e ampliar direitos no contexto atual? Não temos respostas assertivas e prontas, temos alguns princípios, concepções e práticas sindicais que sempre nos auxiliaram. Também é importante olhar as experiências do passado porque a luta de classes não para nunca, enquanto houver classes.


Olhando meus registros no blog A Categoria Bancária no mês de junho de 2007, 22 postagens, vejo que sempre mesclamos organização de base (OLT) e organização das entidades sindicais na estrutura. Ver aqui postagens na ordem cronológica inversa, do fim do mês para o início.

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Na 1ª semana daquele mês, do dia 1 ao dia 7, eu fiz reunião de base em agências do BB, fizemos reunião da diretoria do Sindicato para planejar a campanha nacional dos bancários, fiz artigo de opinião sobre estratégias e questões sobre a campanha da categoria, finalizei a produção da revista dos funcionários do Banco do Brasil - O Espelho - que era impressa e com 16 páginas e fizemos reunião do Coletivo BB para avaliar o trabalho e a luta no 1º semestre e desenhar as estratégias e dividir as tarefas e ações políticas de cada militante do coletivo de diretores. Isso não é pouca coisa!

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Na 2ª semana não foi diferente. Realizamos reunião nacional na Confederação para a campanha de data-base dos bancários, reunião no Sindicato e eu fiz reunião na secretaria de imprensa da Contraf-CUT. Eu era o diretor responsável pela comunicação nacional da categoria.

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REESTRUTURAÇÃO DO BB - Na 3ª semana do mês, conversei à noite com um bancário para buscar informações sobre a reestruturação que a direção do Banco estava realizando. O movimento sindical sempre desenvolveu estratégias de contatos nos locais de trabalho para estar antenado com as informações internas sobre o que o patrão faz. Isso é essencial para as lideranças sindicais. Além da informação de qualidade, os contatos nos dão representatividade e pertencimento coletivo - trabalhadores e sindicatos.

REVISTA DO BRASIL - Tivemos reunião sobre a Revista do Brasil. A revista foi um dos projetos mais bonitos que já vi sobre comunicação voltada para os trabalhadores e não para manipular o povo como as revistas dos empresários da casa-grande, as porcarias do Partido da Imprensa Golpista (P.I.G.). A revista era parte do projeto do portal Rede Brasil Atual, no ar até hoje. Eu tenho praticamente todas as revistas impressas publicadas e distribuídas para dezenas de milhares de trabalhadores de diversas categorias profissionais que faziam parte do projeto.

AGENDAS EM BRASÍLIA (CCP e CASSI) - Estive em Brasília nos dias 20 e 21 de junho para tratar das questões relativas à reforma estatutária da Cassi (2ª votação não atingiu quórum novamente, ver logo abaixo*) e também para participar de reunião da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (COE BB ou CEBB) a respeito do Acordo de Conciliação Prévia e Voluntária entre o Banco e os trabalhadores sobre demandas trabalhistas (CCP).

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Na última semana do mês, tivemos assembleia da Anapar para tratar de questões do Economus, dos funcionários do banco Nossa Caixa. Também tivemos assembleia do Sindicato sobre prestação de contas para a categoria. As reuniões organizativas seguiram: tivemos reunião nacional para definir as mídias da campanha nacional dos bancários.

Enfim, o mês de junho de 2007 deste ex-dirigente da categoria bancária foi bem intenso!

Fizemos muita coisa boa durante nossa participação nas lutas e conquistas da categoria e da classe trabalhadora brasileira.

William

*Post Scriptum: reprodução de comunicado O Espelho Fax nº 296, da Comissão de Empresa, sobre o resultado da votação da reforma estatutária de 2007 em 2º turno.

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O Espelho Fax


DTX0 - Informativo da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil – nº 296/junho/07


CASSI

Mais uma vítima do pacote do BB


Pacote de maldades do banco causa incertezas no funcionalismo
e votação da proposta de novo estatuto não atinge quórum


Pela segunda vez, a consulta sobre o novo estatuto da Cassi terminou sem o quórum necessário para aprovar as mudanças. No segundo turno da votação, encerrado na sexta-feira, dia 1º, 66.256 associados votaram pela aprovação das propostas negociadas com o banco. O número, entretanto, não atingiu os dois terços necessários para garantir o resultado. Faltaram702 votos no “sim”.

“Por uma questão estatutária, o resultado das eleições não foi consolidado por falta de quórum. A insegurança do funcionalismo na votação se deve, em grande parte, ao pacote de reestruturação do banco. O BB precisa assumir sua responsabilidade no resultado. O pacote pretende economizar R$ 280 milhões, sendo que R$ 21 milhões seriam retirados da Cassi. O funcionalismo ficou preocupado já que a diretoria do banco imitou a truculência de 1996, quando os tucanos quebraram o nosso PCS e liquidaram o equilíbrio atuarial da Cassi”, afirmou Marcel Barros, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.

Marcel destaca que outra parcela da responsabilidade pelo não atingimento do quórum se deve ao pessoal que fez campanha pela não aprovação das mudanças, incluindo diretores do banco e um pequeno segmento do movimento sindical que coloca questões partidárias acima das necessidades dos funcionários.

“A rigidez do estatuto estabeleceu uma situação em que a minoria se sobrepôs à maioria. É lamentável, mas acontece em um estado de direito e vamos respeitar o resultado. Além da irresponsabilidade da atual direção do banco ao lançar este pacote de maldades que lembra os piores ataques do governo FHC, muita gente apostou na divisão do funcionalismo para favorecer projetos políticos escusos. Os bancários ficaram em segundo plano, o que é lamentável, porque as propostas de mudanças na Cassi eram importantíssimas e salvariam a nossa Caixa de Assistência do déficit financeiro que há anos compromete o futuro da entidade”, destacou Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT.

A Contraf-CUT vai continuar pressionando o banco para retomar as negociações sobre a Cassi.

Confira abaixo os números finais da votação.

 

 

Escolha

Nº de votos

percentual

Sim

66.256 

65,97%

Não

25.042 

24,93%

Branco/nulo   

9.138

9,09%

Total

100.436

100%

 



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O texto anterior pode ser lido aqui.

23.11.21

Memórias (VIII)



Memórias de lutas como dirigente de uma das categorias profissionais mais organizadas do país: bancárias e bancários


O mês de maio de 2007 começou com diversas reuniões organizativas no movimento sindical bancário. É o que apontam meus 17 registros no blog: ver aqui as postagens do mês. Reuniões na Confederação e no Sindicato para enfrentar a reestruturação no Banco do Brasil. 

REESTRUTURAÇÃO NO BB - A direção do BB estava realizando uma reestruturação sem negociação alguma com os sindicatos. Foi um mês de lutas e mobilizações de nossa parte

REFORMA ESTATUTÁRIA DA CASSI - Tivemos também na 2ª quinzena do mês a segunda rodada de votações da reforma estatutária da Cassi, a primeira foi aprovada pela maioria dos votantes, mas com quórum abaixo do que previa o estatuto. Segundo matéria da Fenabb que reproduzi no blog (ver aqui), foram favoráveis 59.204 associados e eram necessários 95.905 votos em relação ao quórum estatutário.

LUTO EM FAMÍLIA - Eu tive que me ausentar do dia a dia sindical por luto em família entre os dias 7 e 11 de maio.

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REESTRUTURAÇÃO DO BB EM 2007

O movimento sindical e o funcionalismo do Banco do Brasil foram surpreendidos pelo anúncio de uma reestruturação sem negociação alguma com os trabalhadores e suas representações.

Segundo matéria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região (ler reprodução dela aqui), a pauta do banco público e do governo do Partido dos Trabalhadores (um governo de composição, sabemos disso) incluía programas de incentivo a aposentadoria e saída de funcionários, terceirizações e redução de locais e postos de trabalho.

Fizemos o enfrentamento à direção do banco e ao governo. Reuniões com delegados e delegadas sindicais e dias de luta e mobilizações foram organizados. Também procuramos representantes do governo federal para cobrar a suspensão da reestruturação e medidas que não prejudicassem os trabalhadores e o papel do banco público.

AUDIÊNCIA PÚBLICA - Realizamos negociações com a direção do BB e audiência pública no Congresso Nacional sobre a reestruturação. Estive presente nas agendas em Brasília - DF.

ENCONTRO NACIONAL - Voltei à Brasília no sábado 26 de maio para participar do encontro que organizamos para enfrentar o governo e a direção do BB.

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SINDICATO É PRA SINDICATEAR, INDEPENDENTE DO GOVERNO

Os anos de governos do Partido dos Trabalhadores foram anos de aprendizagem para nós do movimento sindical e de movimentos sociais. As contradições fazem parte das lutas de classes dentro do regime capitalista.

Governo é governo, partido é partido e sindicato é sindicato. Sempre ouvi isso durante minha formação política como dirigente dos trabalhadores da categoria bancária. E levei isso a sério a vida toda. Nunca tive dúvida quando o governo de Lula ou de Dilma (do PT) ou quando o próprio PT tinha posições políticas que não eram as melhores para os trabalhadores que nós representávamos. Meu lado é o lado do trabalhador/a. 

Meus votos e minha representação eram dos bancários e bancárias e nunca tive dúvidas sobre isso. A militância que me acompanhou a vida toda sabe disso.

É isso! Memórias de lutas que definiram a pessoa que me tornei nesta vida. E memórias de lutas de classe, lutas coletivas. Fomos milhares de pessoas que durante mais de uma década lutamos por nossos direitos e conquistamos muitos avanços, direitos que agora nos são roubados de forma vil pelo regime imposto por golpe de Estado em 2016.

Temos que retomar a democracia e nossos direitos.

William


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18.11.21

Memórias (VII)


Eu, Deli e Vitor Benda no final de 2006,
num debate de comunicação na Carta Maior.

Os meses iniciais de 2007 tiveram Cassi na pauta de luta d@s trabalhador@s do BB


Os primeiros dias do mês de abril de 2007 foram de muito trabalho na secretaria de imprensa da Contraf-CUT. Eu tinha parte de minha agenda sindical dedicada a estudar questões do mundo do trabalho para representar bem a categoria profissional na qual atuava como dirigente eleito.

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COMUNICAÇÃO E IMPRENSA - Durante os 3 anos em que atuei como secretário de imprensa me envolvi em diversas agendas de comunicação, tanto na estrutura sindical quanto nas áreas de mídia independente e alternativa (como na foto que ilustra essa postagem), fora do eixo da mídia comercial e hegemônica. 

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BANCO DO BRASIL E HISTÓRIA DE LUTAS - Como liderança sindical oriunda da corporação de trabalhadores do BB, eu estudava muito tudo que tivesse relação com a história de nossa organização. Os duzentos anos do banco público, as origens e fortalecimento de nossas caixas de assistência e previdência - Cassi e Previ -, a força do cooperativismo e associativismo de nossa comunidade bicentenária etc. Para poder falar sobre nós, era necessário estudar e muito a nossa história.

O registro de minha agenda sindical do dia 4/04/07 (ver aqui) é um exemplo do que fiz durante anos a fio: estudar a nossa história e me empoderar das lutas empreendidas pelo coletivo de trabalhadores para poder estimular o espírito de pertencimento de cada bancária e bancário que eu representava. Como disse em outra postagem, eu conversava com bancários do BB no dia da posse deles e já associava boa parte deles ao Sindicato. E nunca deixei de ir à base conversar com os colegas, mesmo quando estava atuando em estruturas de 3º grau (confederação).

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PARTE DA DIREÇÃO DA CASSI TENTOU PASSAR A PERNA NOS SINDICATOS E NOS ASSOCIADOS ANTES DA VOTAÇÃO DA REFORMA ESTATUTÁRIA DE 2007

Muitas vezes os trabalhadores não têm noção do quanto o movimento sindical é fundamental para proteger os direitos e as entidades de classe como, por exemplo, a Caixa de Assistência do BB (Cassi). 

O patronato e os capitalistas têm ampla vantagem em termos de poder persuasivo de comunicação porque detêm as estruturas e o capital (dinheiro) e com isso conseguem manipular e enganar o povo trabalhador. Isso foi assim no passado e segue sendo assim no presente, infelizmente - a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante!

Em 2007, após quase 2 anos de negociações entre nós e o patrão/governo para reequilibrar as finanças da Cassi e ampliar o modelo de Atenção Integral à Saúde, via Estratégia de Saúde da Família (ESF) com a estrutura própria de unidades de atendimento CliniCassi em todas as capitais e regiões metropolitanas, alguns membros da direção tentaram retirar direitos dos associados no texto do Estatuto a ser votado. Tentaram, por exemplo, cassar o direito de os associados apreciarem e votarem os relatórios anuais e os atos de gestão da direção da associação.

A Contraf-CUT foi pra cima da direção da Cassi e do Banco e após as medidas tomadas pelo movimento sindical os direitos foram restabelecidos e assim os bancários puderam ser consultados sobre as alterações estatutárias que trariam mais recursos para a Caixa de Assistência. Ver aqui a cobrança da Contraf-CUT sobre a Cassi.

Vendo a agenda sindical do mês todo (aqui), há registros de solução de alguns problemas apontados pela confederação e de apoio do movimento sindical à reforma estatutária, que foi aprovada por maioria na segunda quinzena de abril, mas a participação ficou abaixo do quórum mínimo (ver aqui). Haveria outra votação em maio.

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COMENTÁRIO FINAL

Estamos no final do ano de 2021. O mundo enfrenta uma crise mundial por causa da pandemia de Covid-19 e pela destruição gerada pelo modo de produção capitalista. Nosso querido país, o Brasil, sofreu um golpe de Estado em 2016 e ano a ano a vida do povo brasileiro foi sendo destruída, direitos trabalhistas, previdenciários, direitos sociais nos foram roubados como, por exemplo, educação e saúde. O patrimônio público e natural está sendo destruído. A democracia foi ferida de morte. Temos milicianos e diversos tipos de canalhas no poder e nas instituições da vida nacional. O cenário é um dos piores de nossa história de classe trabalhadora.

Ver os meus registros nos blogs é relembrar que já tivemos agendas de lutas trabalhistas em cenários mais favoráveis. Isso é história coletiva e pessoal. A história não acabou. Podemos retomar a felicidade. E vamos fazer isso. A luta continua!

Essas foram as memórias de hoje.

William


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14.11.21

Memórias (VI)



Memórias das lutas sindicais em março de 2007

Olhar as postagens do blog sindical A Categoria Bancária é olhar os registros que fiz como dirigente nacional dos trabalhadores do ramo financeiro. Ao criar o blog eu tinha a intenção de me aproximar tanto das entidades sindicais e seus dirigentes quanto das pessoas que representávamos com mandatos eletivos. 

Em março daquele ano fiz 22 postagens e nelas é possível ver que o movimento sindical bancário ao qual fiz parte era relativamente bem organizado. Percebe-se que nós nos organizávamos e tínhamos algum tipo de planejamento e estratégias definidas. 

Eu me reunia periodicamente com o coletivo de diretores do BB no Sindicato (Coletivo BB); nos reuníamos também no secretariado da Contraf-CUT para organizar o dia a dia da confederação. Tivemos reunião da comissão de empregados do BB, que antecedeu negociação sobre a PLR dos bancários. E eu fazia reuniões com bancários na base. Fiz isso enquanto fui dirigente. E também fiz reunião de sindicalização com novos funcionários do BB.

Vejam aqui as postagens do mês de março de 2007 no blog. Elas estão em ordem cronológica inversa, do último dia do mês para o primeiro.

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PLR 2007 - DIREÇÃO DO BB TENTA PERSEGUIR GREVISTAS

HISTÓRIA DA PLR NOS FEDERAIS - A história da conquista da Participação nos Lucros e Resultados no BB e demais bancos públicos federais é uma história de luta muito bonita e não pode ser esquecida pelos trabalhadores e seus dirigentes sindicais.

Os bancários do setor privado e dos bancos públicos estaduais e regionais que assinavam e cumpriam a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), assinada entre a federação dos bancos (Fenaban) e os sindicatos e federações da CUT (CNB) desde 1992, conquistaram o direito a receber a PLR com regras gerais desde a campanha salarial de 1995. Foi uma grande conquista dos anos noventa.

Os bancários dos bancos públicos federais não recebiam PLR por alguns motivos. Os governos de plantão se aproveitavam do fato da campanha de data-base dos bancários não ser unificada entre públicos e privados e com isso os trabalhadores se enfraqueciam em suas lutas. Além disso, havia uma legislação que só permitia a distribuição de 6,25% do resultado em empresas S/A como o BB.

Banco do Brasil, Caixa Federal, BNB, BASA, BNDES quando conseguiam algum acordo negociado com os governos assinavam ACT (acordos por banco), e nem sempre isso ocorria porque o governo se utilizava dos tribunais de justiça do trabalho para impor acordos rebaixados ou a Contec, mesmo em bases cutistas. Os tais "dissídios coletivos no TST". Os bancários de bancos federais ficaram sem PLR entre 1995 e 2002.

Só após a eleição de Lula em 2002 e posse em 2003 é que se abriu uma possibilidade de campanha unificada dos bancários em geral. Mas a unidade era uma decisão dos trabalhadores em seus congressos e encontros. Após unificar a categoria, a luta foi para o governo aceitar uma mesa de bancos públicos e privados. Eu tive a honra e o privilégio de ajudar a construir toda essa história.

GREVE 2003 - A PLR NO BB só veio após uma greve de 3 dias na campanha salarial de 2003. O governo Lula não quis cumprir as conquistas dos bancários da data-base de setembro, negociadas entre a CNB/CUT e a Fenaban. O mesmo se deu em relação à Caixa Federal. Resultado: os bancários do BB e da Caixa fizeram uma greve muito forte e para sair da greve os sindicatos conseguiram diversos direitos em nova mesa de negociação para fechar a campanha de 2003.

Os sindicatos haviam defendido a proposta negociada com a direção do BB (um erro de leitura das direções sindicais) e os bancários democraticamente disseram não a ela e só após a greve é que nova proposta incluiu diversos direitos, entre eles uma PLR nos moldes do modelo Fenaban, sem discriminar ninguém.

Depois disso, nós fomos melhorando a PLR nos bancos públicos, ano a ano. Veio no BB a parcela linear de 4%. Depois veio o modelo específico na Caixa. Enfim, foi a nossa PLR melhorada em 2006 que a direção do BB tentou piorar em 2007.

Faço esse histórico porque tenho ele de memória. É isso. Ver aqui um informativo que fizemos na Contraf-CUT sobre a negociação da PLR no começo de 2007. Era uma questão ideológica que estava em discussão. A direção do banco queria penalizar os grevistas diminuindo o valor que eles receberiam em relação aos colegas.

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PROPOSTA DA CASSI EM 2007

Em uma postagem do dia 23 de março de 2007, reproduzi no blog um artigo de uma das lideranças que participou das negociações sobre a Cassi. Eu não consegui a informação sobre o autor do artigo, sei que ele foi publicado na Aafbb e traz um resumo bem interessante do que foram as negociações entre nós e o banco/governo por quase dois anos.

Vale a pena ler o artigo porque ele segue atual em relação às bases das discussões sobre a Cassi, o Plano de Associados, os direitos dos associados e a questão dos déficits recorrentes ao longo do tempo, bem como o novo modelo assistencial pós estatuto de 1996, que previu implantar um sistema preventivo e de cuidados dos participantes com uma estrutura própria de Atenção Primária e Estratégia de Saúde da Família (ESF), através das CliniCassi.

É isso. Ver o artigo e a postagem aqui.

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Encerro as memórias de hoje. 

Muitas foram as lutas, as conquistas e os embates com o patronato, independente do governo. Evidente que governos mais identificados com a classe trabalhadora como os governos do Partido dos Trabalhadores facilitam os caminhos a serem trilhados por nós, a classe trabalhadora.

Aqui neste blog há muita história, isso eu posso dizer a vocês.

William


Post Scriptum: após fazer essa postagem relembrando o embate entre a direção do BB e nós a respeito da PLR daquele período, o 2º semestre de 2006, fui reler diversas matérias da época e inclusive coloquei várias delas nas postagens de março como "post scriptum", porque são história pura de luta de classes. 

Vou fazer outra postagem de memórias a respeito dessa luta sobre a PLR no BB. A direção do banco saiu vitoriosa em sua prática de assédio moral e prática antissindical e manteve até o fim sua sacanagem de discriminar os grevistas. Apostou em dividir os trabalhadores e ganhou, venceu o individualismo e perdeu a solidariedade. Mesmo a Contraf-CUT e sindicatos indicando rejeição nas assembleias, os bancári@s aprovaram a proposta.

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Para ler a postagem seguinte, Memórias (VII), clique aqui.

E para ler a anterior, a V, clique aqui.


11.11.21

Memórias (V)



Memórias das lutas em fevereiro de 2007


Olhando as 18 postagens do blog A Categoria Bancária, me veio à lembrança alguns momentos saudosos das lutas daquele ano.

O início do ano de 2007 foi um período de preparação de agendas de lutas, de produção de materiais informativos e fase final das negociações sobre o fortalecimento de nossa Caixa de Assistência (Cassi), que vinha com problemas de déficit e atraso na implantação do modelo assistencial de Atenção Integral à Saúde, através de Atenção Primária (APS) e Estratégia de Saúde da Família (ESF), organizando uma estrutura própria da Cassi no país todo.

A agenda do mês contou com seminários na Contraf-CUT sobre economia e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal (Lula/PT). Eu tinha reuniões sobre a secretaria de imprensa e sobre a produção de materiais para o funcionalismo como as revistas O Espelho Nacional e informativos on line (ver um exemplo aqui); tinha reuniões políticas do Coletivo BB no Sindicato; também acompanhava as reuniões entre o Banco do Brasil e colegas em relação a questões trabalhistas através de CCP - Comissão de Conciliação Prévia, instalada no Sindicato após assembleia de base autorizar a CCP. No nosso caso, chamávamos de CCV - por serem "Voluntárias" as negociações - o bancário não era obrigado a fazer acordo de todo o seu passivo trabalhista -, diferente das antigas CCP feitas com a outra confederação, a Contec.

Ver as postagens do mês clicando aqui.

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SINDICALIZAÇÃO DE NOVOS TRABALHADORES

Um dos momentos que me dava muita satisfação à época como diretor do Sindicato e da Confederação era o direito de falar com os novos funcionários do Banco do Brasil no 1º dia deles de trabalho quando se apresentavam para a posse da função de escriturários. Os novos bancários passavam duas semanas em treinamento em espaços do BB.

Nós negociamos esse direito com a direção local do banco em São Paulo e depois lutamos para que todas as bases sindicais tivessem esse direito.

É importante lembrar que os sindicatos sempre fizeram campanhas e lutas pela contratação de mais trabalhadores para os bancos públicos e privados, sendo o acesso aos cargos nos bancos públicos via concurso.

Eu tive o privilégio de sindicalizar centenas de colegas bancários e por muitos anos encontrei trabalhadores em diversas bases do país que me lembravam desse 1º dia deles como bancário e bancária, dia no qual eles se sindicalizaram comigo e com os demais companheir@s do Sindicato. (postagem aqui). Os trabalhadores estavam em outras bases sindicais porque em uma empresa nacional como o BB é comum os funcionários galgarem novas funções e irem para outras cidades e Estados.

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CORPO SOCIAL VAI AVALIAR PROPOSTA SOBRE A CASSI

Em fevereiro, a direção do patrocinador BB e o governo federal e as representações dos trabalhadores e associados da Cassi chegaram a uma proposta para ser apresentada ao corpo social em consulta de reforma estatutária.

Os bancários conquistaram em campanha nacional de data-base (2005) a abertura de negociações com o patrão-patrocinador sobre os déficits e melhorias de direitos dos associados da Caixa de Assistência. As negociações ocorrerem ao longo de 2006 e chegaram a uma proposta no início de 2007.

Ver aqui uma tabela com algumas propostas debatidas e a evolução delas ao longo do processo. 

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É isso. Mais um momento de memórias de lutas através deste veículo de comunicação que criei quando era dirigente da classe trabalhadora.

William


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O texto anterior, o IV, pode ser lido aqui.


9.11.21

Memórias (IV)



Janeiro de 2007 também foi de lutas

Apesar de janeiro ser um mês com poucas mobilizações dos movimentos de lutas da classe trabalhadora, nós tivemos agendas de questões relativas ao funcionalismo do Banco do Brasil. Eu estava em férias até dia 24, mas tivemos negociação sobre a Caixa de Assistência (Cassi) e reuniões sobre a nossa Caixa de Previdência (Previ).

CAIXA DE ASSISTÊNCIA - DÉFICIT E MODELO ASSISTENCIAL EM DEBATE

Pelo que me lembro, nós tínhamos um compromisso firmado por parte do Banco do Brasil de abrir negociações para resolver o déficit do Plano de Associados e as demais questões centrais relativas à nossa Caixa de Assistência, como a lentidão do avanço no modelo de Atenção Integral à Saúde, que na Cassi se daria através da Estratégia de Saúde da Família (ESF), lançada em 2003.

O BB teria que negociar conosco não por ser bonzinho, mas porque a mesa de negociação havia sido conquista da campanha nacional e do Acordo Coletivo de Trabalho 2005 (ACT com a CNB/CUT). A direção do banco negociar conosco Cassi e Previ e qualquer outra coisa como Plano de Cargos e Salários (PCS), melhoria de condições de trabalho, contratação de mais bancários etc é fruto de lutas e mobilizações.

O déficit do Plano era oriundo de um conjunto de fatores, alguns de responsabilidade do patrocinador BB e outros relativos ao próprio sistema de saúde onde a Cassi operava. 

PATROCINADOR DEVEDOR DA CASSI - O banco congelou salários durante os governos tucanos e isso arrebentou as receitas da Cassi. Pior que isso: a direção decidiu não cumprir o Estatuto Social de 1996 e passou uma década contribuindo somente com 3% sobre a folha dos pós-1998 e não os 4,5% estatutários. E o Grupo dos Dependentes Indiretos (GDI) gerava déficits recorrentes, de responsabilidade do banco.

Além disso, a Cassi seguia sendo basicamente uma pagadora de serviços de saúde comprados no mercado privado, o que é inviável para qualquer sistema de saúde (fee for service, inflação médica etc). 

SISTEMA PRÓPRIO DE ATENÇÃO PRIMÁRIA: ESF E CLINICASSI - O compromisso após 1996 era a Cassi criar um sistema próprio de Atenção Primária através da Estratégia de Saúde da Família (ESF) a partir de unidades de saúde nas regiões - as CliniCassi -, cadastrando e acompanhando por esse modelo pelo menos a população assistida do Plano de Associados, cerca de 400 mil vidas. E os crônicos do Cassi Família.

Esse histórico é sempre importante trazer para as pessoas para que se entenda por que nossa Caixa de Assistência tem problemas como os déficits e alguns desafios do modelo assistencial não encaminhados até hoje pelas direções que já estiveram na associação desde 1996.

Só para constar também, o Banco do Brasil tinha um compromisso de mesa de incluir como benefício de saúde dos associados da Cassi o Plano Odontológico. Foram anos de espera de solução para essa questão. E ao final, a solução foi diferente do que esperávamos. O banco implantou o direito somente para o pessoal da ativa e não como um benefício na Cassi, excluindo o direito aos aposentados e pensionistas.

Enfim, janeiro de 2007 teve mesa com o BB no dia 17 (ler matéria aqui) e dia nacional de luta no dia 30 de janeiro (ler postagem aqui).

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CAIXA DE PREVIDÊNCIA (PREVI)

Nós estávamos também com agenda de mobilização e lutas por melhorias dos benefícios na Previ porque havia superávit em nosso Plano e nós havíamos definido um conjunto de propostas para serem negociadas com o banco/governo e a direção da Previ.

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Esse foi mais um momento de nossas memórias de lutas, são minhas memórias, mas são nossas memórias porque são lutas coletivas e pertencem ao processo histórico da classe trabalhadora.

William


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8.11.21

Memórias (III)



Memórias das lutas dos bancários em 2006 (III)

Ao rever as postagens do blog sindical A Categoria Bancária do mês de dezembro de 2006 fica a recordação do quanto nossa agenda era toda voltada para as lutas da classe trabalhadora. 

Mesmo sendo dezembro um mês no qual as agendas sindicais são menos intensas que os meses de preparação de campanhas nacionais de data-base ou específicas por temas ou bancos, ou mesmo as lutas gerais da classe trabalhadora, tivemos agendas importantes. Ver aqui as postagens de dezembro.

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MARCHA DO SALÁRIO MÍNIMO

Já no início daquele mês organizamos a 3ª Marcha do salário mínimo, luta que começamos em 2004. Essa pauta foi tão, mas tão importante!, que a renda do trabalhador brasileiro aumentou durante os governos do Partido dos Trabalhadores por causa dessa pauta que construímos e conquistamos. Tenho orgulho de ter participado de todas as marchas a Brasília. 

Aliás, foi tão importante!, mesmo sem o reconhecimento devido por parte de trabalhadores aposentados, que os aumentos reais do salário mínimo aumentaram os benefícios dos aposentados durante todos os governos do PT. Antes, durante os governos neoliberais dos fernandos, principalmente o FHC, foram anos de congelamento e os aposentados eram chamados pelo sociólogo de "vagabundos".

Nesta de 2006, saímos de ônibus de São Paulo no dia 5 e eu fiquei na capital federal para participar de negociações com o Banco do Brasil. (ler aqui)

Além da pauta do salário mínimo também lutávamos pela correção da tabela do Imposto de Renda.

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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA CONTRAF-CUT

O ano de 2006 foi o ano da criação de nossa confederação do ramo financeiro. A estratégia era tentar reaglutinar sob o guarda-chuva de direitos dos bancários todos os trabalhadores que estavam produzindo para os conglomerados dos bancos. Os banqueiros foram se reestruturando para desorganizar a nossa luta e reduzir os direitos dos bancários. Calculávamos que havia meio milhão de pessoas que estava fora da Convenção Coletiva dos Bancários, mas trabalhando pros caras.

Tive a oportunidade de fazer parte dessa história de organização dos bancários, que se organizaram como departamento dentro da Central Única dos Trabalhadores (DNB/CUT) nos anos oitenta, depois evoluímos como uma confederação em 1992 (CNB/CUT) e finalmente a Contraf-CUT em 2006. Minha primeira missão foi organizar a secretaria de imprensa, incluindo a criação do site e a tarefa de dar conhecimento à marca Contraf-CUT. Foi um desafio muito legal, e contamos com toda a equipe da secretaria e da direção e o apoio dos sindicatos e federações filiados.

O nosso primeiro planejamento ocorreu entre os dias 12 e 15 e foram 4 dias de muita construção coletiva, pactos e alinhamento de objetivos, estratégias e táticas para 3 anos de lutas. Posso dizer que participar de planejamentos estratégicos como participei foi definidor do dirigente sindical que fui por muitos anos. Apliquei o aprendizado até na gestão da diretoria de saúde da Cassi, muitos anos depois.

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PLANEJAMENTO DO COLETIVO BB

Assim como fazíamos planejamento estratégico na Confederação, fazíamos em nosso coletivo de diretores do Banco do Brasil no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, minha principal escola de formação política.

No sábado 16 de dezembro passamos o dia todo organizando nossas lutas para o ano de 2007. Tudo que tinha relação com nosso trabalho sindical era definido coletivamente, o que cada um iria fazer, tarefas, formas de organizar a base, ampliar direitos, fortalecer o movimento, enfrentar os ataques dos banqueiros e governo, formação política dos trabalhadores, sindicalização e fortalecimento do Sindicato etc.

Aprendi muito também com as reuniões e debates políticos semanais no Coletivo BB. Como já disse em textos aqui no blog, definitivamente, por fazer planejamento estratégico, eu sabia o que tinha que fazer todos os dias do ano como representante da classe trabalhadora, eu pertencia a um grupamento político que organizava as lutas sindicais.

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O ano de 2006 foi um bom ano de lutas. Reelegemos o presidente Lula, a classe trabalhadora seguiu tendo como base um salário mínimo que crescia acima da inflação todos os anos. As categorias profissionais conquistavam aumentos reais e novos direitos ano a ano após a eleição de um governo com um olhar para o povo e a classe trabalhadora.

Eu estava completando 5 anos de mandatos como dirigente sindical e estava com diversas tarefas a desempenhar em nome dos trabalhadores e trabalhadoras e dos sindicatos e corrente política que representava, a Articulação Sindical.

É isso. Demos nossa contribuição como sujeitos históricos em lutas de classe que seguem vivas, mesmo nos momentos mais difíceis como esse que o povo brasileiro está vivendo sob um regime do mal, de crime organizado e de desfazimento do país. Nós vamos superar isso, como sujeitos coletivos. (Me referi aqui ao governo Bolsonaro)

William


Para ler o texto seguinte, o Memórias (IV), clique aqui.

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7.11.21

Memórias (II)


Em meio a intensa agenda de lutas,
instantes com a família.

Memórias das lutas dos bancários em 2006 (II)

Criei o blog de trabalho em 2006 quando era secretário de imprensa de nossa confederação cutista dos bancários (Contraf-CUT). Um dos objetivos do blog era prestar contas do mandato eletivo, tanto para os trabalhadores da base (mandato de 1º grau), quanto para o Sindicato, a Fetec CUT SP e a corrente política aos quais pertencia e que haviam indicado a mim para a direção de uma entidade de 3º grau, uma confederação. 

Apesar de ter como prioridade o mandato na secretaria de imprensa da confederação (decisão coletiva), nunca deixei de fazer trabalho de base no Sindicato. Havia aprendido isso nos debates do coletivo de banco ao qual pertencia, o Coletivo BB. 

Ao olhar minhas 25 postagens no mês de novembro de 2006 (clicar aqui), fica claro o quanto minha agenda semanal incluía conversar com os trabalhadores na base, mesclando a OLT (Organização no Local de Trabalho) com o dia a dia de reuniões sindicais e políticas nas duas entidades - Sindicato e Confederação - e o planejamento dos trabalhos da secretaria de imprensa. Também produzia textos políticos e fazia parte das negociações com o Banco do Brasil.

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BB E A TERCEIRIZAÇÃO DO SESMT (NR4)

Em 2006 a direção do banco atuou para precarizar o SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho), terceirizando o setor. O movimento sindical foi pra cima do banco e com organização e luta revertemos a terceirização. Ler a matéria aqui.

Anos depois, tive a oportunidade de conversar com diversos profissionais da área como diretor de saúde eleito na Cassi. Contei a eles e elas essa história de luta sindical que obrigou o Banco do Brasil a implantar estruturas de SESMT nas diversas regiões do país. Foi uma luta bonita! 

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CASSI: ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF)

No mês de novembro de 2006 a Contraf-CUT e o BB estavam discutindo as questões da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil. Ver postagem aqui. Essas negociações avançariam para uma reforma estatutária em 2007, com consulta ao corpo social e entrada de novos recursos na Cassi.

Eu era secretário de imprensa e o responsável pela revista O Espelho Nacional em 2006. Também era representante da Fetec CUT SP na Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB ou COE-BB).

Uma década depois, já como diretor eleito da Cassi, repliquei no blog como "post scriptum" uma entrevista de outubro/2006 com Aluísio Gomes sobre ESF, ele já havia atuado na Cassi e estava trabalhando na ANS como secretário geral da agência.

Tenho a consciência de dever cumprido por saber que durante nosso mandato na diretoria de saúde (2014/18) a ESF foi ampliada e fortalecida e chegou ao maior número histórico de cadastrados e acompanhados pelo modelo assistencial: 182 mil vidas. 

Após sairmos da gestão, a direção atual vem destruindo a Estratégia de Saúde da Família, modelo construído na Cassi por mais de 20 anos. Na entrevista, o senhor Aluísio Gomes explica por que é estratégico ter estruturas próprias de ESF como a Cassi vinha construindo desde 1996.

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BB ASSINA ADITIVO À CONVENÇÃO COLETIVA

Nossa geração tem o orgulho de ter encaminhado uma luta histórica da classe trabalhadora, a unidade. Nós organizamos e implementamos a campanha nacional unificada da categoria bancária, foi um processo intenso e de muito debate entre as diversas forças do movimento.

Em 2006 o Banco do Brasil assinou a Convenção Coletiva de Trabalho da Contraf-CUT com a federação dos banqueiros, a Fenaban. As questões específicas a nós, de lutas antigas ou direitos maiores e relativos aos funcionários do BB ficaram num aditivo à Convenção. Ver postagem aqui.

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TEMPOS DE LUTAS E APRENDIZADOS

Reler as 25 postagens do blog do mês de novembro de 2006 foi um momento de rever boas memórias de lutas e de conquistas. Eu vinha aprendendo dia a dia a ser um representante da classe trabalhadora. Acredito que fiz uma representação política honesta, dedicada e transparente. 

A postagem sobre o 7º Congresso da Fetec CUT SP (ler aqui) me lembrou do saudoso companheiro Tião, com quem aprendi muito. Nunca me esqueço de uma das assembleias decisivas do BB na qual Tião estava lá ao nosso lado na mesa para nos dar força e experiência. Eu tive o privilégio de compor mesas e fazer debates com assembleias lotadas de bancárias e bancários do BB desde 2003 até que fui para outra missão política, a direção da Cassi em 2014.

Ao ler o artigo que fiz para os debates sobre estratégia de organização de lutas e campanha salarial dos bancários, me lembrei que sempre fiz um esforço extra para estudar e escrever para o movimento de luta de classes. Ler aqui.

É isso. Boas memórias. Nós fizemos nossa contribuição nessa longa história humana, a luta de classes entre nós os trabalhadores e os donos do poder, os capitalistas.

William


Clique aqui para ler o texto de Memórias (III).

Para ler o 1º texto, clique aqui.


6.11.21

Memórias (I)


Com Daniel Reis e Rosane Bertotti, da CUT nacional.

Memórias das lutas dos bancários em 2006

Criei este blog no dia 5/10/2006. Na época, eu era dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, a Contraf-CUT.

Dia 5 de outubro de 2006 foi também o 1º dia da greve nacional dos bancários, greve aprovada pela categoria em assembleias país afora após diversas rodadas de negociação com os banqueiros e governo federal não lograrem êxito em obter uma proposta digna de apreciação pelos bancários em assembleias.

A postagem no blog traz informações sobre a boa adesão da categoria à greve. Ler a postagem aqui.

(Na atualidade: nov/2021) Mauro Iasi, no canal Café Bolchevique da TV Boitempo, nos fala sobre temporalidade, separando a temporalidade do indivíduo da temporalidade de classe. 

Em linhas gerais, e resumindo a ideia com minhas palavras, sofremos uma certa ansiedade e angústia ao vislumbrarmos que não veremos no tempo de nossa vida as mudanças e os resultados de nossas lutas coletivas (pensando os nossos objetivos históricos, uma sociedade socialista ou cooperativa e solidária). É verdade. Por isso precisamos ter algum tipo de pertencimento às lutas coletivas, para sabermos que pertencemos a algum lugar histórico.

Ao ver os registros que fiz por mais de uma década de nossas lutas de classe, vejo que fiz parte de uma luta coletiva, de um processo histórico e que não terminou quando eu deixei de fazer parte dele como dirigente sindical. Eu fui um tijolinho nesta construção coletiva. Isso é importante tanto para mim quanto para o processo em si. Há um sentimento de pertencimento nessa relação minha e do movimento de lutas da classe trabalhadora.

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Outra postagem do mês de outubro de 2006, traz registros a respeito das eleições no Brasil e tributação, é uma postagem que ainda hoje aponta as questões centrais da péssima carga tributária brasileira. A maior parte da arrecadação tributária do país se dá com impostos indiretos, sobrecarregando o povo, o setor produtivo e o consumo, ao invés de taxar os bens, patrimônio e renda da burguesia, a classe abastada. Antigo o problema, viu! Ler aqui

A matéria traz ainda o resultado da campanha nacional dos bancários em 2006 após o encerramento da greve daquele ano. Os bancários tiveram reajuste de 3,5% (aumento real de 0,63%).

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A postagem do dia 26/10/06 fala sobre as eleições gerais, eu me manifesto e explico por que voto em Lula. Ler aqui.

É assinado o Acordo Coletivo de Trabalho do BB e Contraf-CUT. Tivemos mais um ano de avanços nos direitos da categoria e classe trabalhadora brasileira sob o governo do Partido dos Trabalhadores.

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As outras duas postagens do mês de outubro de 2006 trazem o resultado da eleição presidencial, Lula é reeleito (ler aqui), e vemos a minha agenda sindical, eu tinha uma agenda intensa tanto como dirigente do sindicato, quanto como secretário de imprensa da confederação. Ler aqui.

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Boas lembranças! Somos seres coletivos e vivemos inseridos em processos históricos. É bom termos consciência disso para lidarmos com as angústias da temporalidade individual, com a noção clara de nossa finitude. Nossa missão enquanto seres humanos é livrar o mundo do modo de produção e exploração capitalista e a criação de um mundo melhor para todas as pessoas e para as demais espécies viventes no planeta.

William


Clique aqui para ler o texto de Memórias (II).