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30.11.21

Memórias (IX)



Memórias de lutas sindicais

O passado não se repete nunca, pois os contextos e as épocas nunca são os mesmos. No entanto, o passado nos serve de referência para pensar o presente e o futuro. Ao ver os registros de minha vida de dirigente sindical - a forma como o movimento fazia a organização e as lutas -, vejo ali boas referências para lutar e derrotar nossos inimigos de classe. 

As novas gerações têm que desenvolver novas estratégias e táticas de acordo com o contexto e o momento atual. Assim como as experiências que vivemos ainda têm sua validade: contato permanente com os trabalhadores que representamos, organização nos locais de trabalho, planejamentos estratégicos de ações para enfrentar o patronato e os inimigos da classe, enfim...

Como manter e ampliar direitos no contexto atual? Não temos respostas assertivas e prontas, temos alguns princípios, concepções e práticas sindicais que sempre nos auxiliaram. Também é importante olhar as experiências do passado porque a luta de classes não para nunca, enquanto houver classes.


Olhando meus registros no blog A Categoria Bancária no mês de junho de 2007, 22 postagens, vejo que sempre mesclamos organização de base (OLT) e organização das entidades sindicais na estrutura. Ver aqui postagens na ordem cronológica inversa, do fim do mês para o início.

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Na 1ª semana daquele mês, do dia 1 ao dia 7, eu fiz reunião de base em agências do BB, fizemos reunião da diretoria do Sindicato para planejar a campanha nacional dos bancários, fiz artigo de opinião sobre estratégias e questões sobre a campanha da categoria, finalizei a produção da revista dos funcionários do Banco do Brasil - O Espelho - que era impressa e com 16 páginas e fizemos reunião do Coletivo BB para avaliar o trabalho e a luta no 1º semestre e desenhar as estratégias e dividir as tarefas e ações políticas de cada militante do coletivo de diretores. Isso não é pouca coisa!

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Na 2ª semana não foi diferente. Realizamos reunião nacional na Confederação para a campanha de data-base dos bancários, reunião no Sindicato e eu fiz reunião na secretaria de imprensa da Contraf-CUT. Eu era o diretor responsável pela comunicação nacional da categoria.

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REESTRUTURAÇÃO DO BB - Na 3ª semana do mês, conversei à noite com um bancário para buscar informações sobre a reestruturação que a direção do Banco estava realizando. O movimento sindical sempre desenvolveu estratégias de contatos nos locais de trabalho para estar antenado com as informações internas sobre o que o patrão faz. Isso é essencial para as lideranças sindicais. Além da informação de qualidade, os contatos nos dão representatividade e pertencimento coletivo - trabalhadores e sindicatos.

REVISTA DO BRASIL - Tivemos reunião sobre a Revista do Brasil. A revista foi um dos projetos mais bonitos que já vi sobre comunicação voltada para os trabalhadores e não para manipular o povo como as revistas dos empresários da casa-grande, as porcarias do Partido da Imprensa Golpista (P.I.G.). A revista era parte do projeto do portal Rede Brasil Atual, no ar até hoje. Eu tenho praticamente todas as revistas impressas publicadas e distribuídas para dezenas de milhares de trabalhadores de diversas categorias profissionais que faziam parte do projeto.

AGENDAS EM BRASÍLIA (CCP e CASSI) - Estive em Brasília nos dias 20 e 21 de junho para tratar das questões relativas à reforma estatutária da Cassi (2ª votação não atingiu quórum novamente, ver logo abaixo*) e também para participar de reunião da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (COE BB ou CEBB) a respeito do Acordo de Conciliação Prévia e Voluntária entre o Banco e os trabalhadores sobre demandas trabalhistas (CCP).

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Na última semana do mês, tivemos assembleia da Anapar para tratar de questões do Economus, dos funcionários do banco Nossa Caixa. Também tivemos assembleia do Sindicato sobre prestação de contas para a categoria. As reuniões organizativas seguiram: tivemos reunião nacional para definir as mídias da campanha nacional dos bancários.

Enfim, o mês de junho de 2007 deste ex-dirigente da categoria bancária foi bem intenso!

Fizemos muita coisa boa durante nossa participação nas lutas e conquistas da categoria e da classe trabalhadora brasileira.

William

*Post Scriptum: reprodução de comunicado O Espelho Fax nº 296, da Comissão de Empresa, sobre o resultado da votação da reforma estatutária de 2007 em 2º turno.

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O Espelho Fax


DTX0 - Informativo da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil – nº 296/junho/07


CASSI

Mais uma vítima do pacote do BB


Pacote de maldades do banco causa incertezas no funcionalismo
e votação da proposta de novo estatuto não atinge quórum


Pela segunda vez, a consulta sobre o novo estatuto da Cassi terminou sem o quórum necessário para aprovar as mudanças. No segundo turno da votação, encerrado na sexta-feira, dia 1º, 66.256 associados votaram pela aprovação das propostas negociadas com o banco. O número, entretanto, não atingiu os dois terços necessários para garantir o resultado. Faltaram702 votos no “sim”.

“Por uma questão estatutária, o resultado das eleições não foi consolidado por falta de quórum. A insegurança do funcionalismo na votação se deve, em grande parte, ao pacote de reestruturação do banco. O BB precisa assumir sua responsabilidade no resultado. O pacote pretende economizar R$ 280 milhões, sendo que R$ 21 milhões seriam retirados da Cassi. O funcionalismo ficou preocupado já que a diretoria do banco imitou a truculência de 1996, quando os tucanos quebraram o nosso PCS e liquidaram o equilíbrio atuarial da Cassi”, afirmou Marcel Barros, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.

Marcel destaca que outra parcela da responsabilidade pelo não atingimento do quórum se deve ao pessoal que fez campanha pela não aprovação das mudanças, incluindo diretores do banco e um pequeno segmento do movimento sindical que coloca questões partidárias acima das necessidades dos funcionários.

“A rigidez do estatuto estabeleceu uma situação em que a minoria se sobrepôs à maioria. É lamentável, mas acontece em um estado de direito e vamos respeitar o resultado. Além da irresponsabilidade da atual direção do banco ao lançar este pacote de maldades que lembra os piores ataques do governo FHC, muita gente apostou na divisão do funcionalismo para favorecer projetos políticos escusos. Os bancários ficaram em segundo plano, o que é lamentável, porque as propostas de mudanças na Cassi eram importantíssimas e salvariam a nossa Caixa de Assistência do déficit financeiro que há anos compromete o futuro da entidade”, destacou Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT.

A Contraf-CUT vai continuar pressionando o banco para retomar as negociações sobre a Cassi.

Confira abaixo os números finais da votação.

 

 

Escolha

Nº de votos

percentual

Sim

66.256 

65,97%

Não

25.042 

24,93%

Branco/nulo   

9.138

9,09%

Total

100.436

100%

 



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