Blog de William Mendes, ex-dirigente sindical bancário e ex-diretor eleito de saúde da Caixa de Assistência dos funcionários do Banco do Brasil
3.1.18
Balanço do mandato na Diretoria de Saúde da Cassi (IV)
Relação da Diretoria de Saúde com a Região Sul do país foi intensa. Nas 22 agendas de gestão na região, compartilhamos experiências de lutas na defesa dos direitos dos bancários, fortalecemos a relação da Cassi com participantes e Conselhos de Usuários, entidades representativas, Banco do Brasil e rede credenciada
Olá prezad@s associados da Cassi e companheir@s de lutas!
Começamos na semana passada uma série de textos de prestação de contas fazendo um balanço do mandato que estamos completando à frente da Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento (própria) da nossa autogestão em saúde, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, entidade com mais de sete décadas de história.
A pesquisa que fiz durante horas de leitura, lendo mais de 25 postagens no blog, me trouxe boas recordações de tudo que fizemos juntos, principalmente com os Conselhos de Usuários, que contêm lideranças das mais diversas entidades e segmentos de participantes, e com as equipes de funcionários das unidades Cassi Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Diferentemente da região Norte, que tem a maior extensão geográfica do país e a menor concentração de população assistida pela Cassi (cerca de 25 mil associados, ou 38 mil pessoas, incluindo os convênios de reciprocidade), a região Sul tem a menor área territorial do Brasil (576 mil Km²), possui o maior IDH do país (0,756) e é a região brasileira mais alfabetizada e com menor incidência de pobreza (Wikipedia).
A estrutura Cassi é fundamental tanto numa região quanto na outra, porque nosso modelo assistencial APS/ESF, nossas políticas e programas de saúde e a coordenação de cuidados com promoção e prevenção têm como objetivo igualdade de direitos para todos os participantes no acesso ao sistema de saúde Cassi, por mais que a estrutura social de saúde nas regiões seja escassa e baseada em outras lógicas de mercado - o lucro.
A comunidade Banco do Brasil na região Sul do país é expressiva e temos mais de 111 mil participantes segundo o Relatório Anual Cassi 2016. São mais de 98 mil associados. Além das unidades administrativas nas capitais Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba, temos na região 13 unidades de atendimento em saúde, as CliniCassi, e nossa Estratégia Saúde da Família (ESF) já cuida de um terço dos associados (33.400 pessoas), através de 26 equipes de família.
Importância da ESF/CliniCassi
Em relação ao setor de saúde e estruturas sociais, a região Sul tem características semelhantes a outras do país. Nas capitais temos bom acesso a redes prestadoras de serviços de saúde e de apoio, mas em grande parte dos interiores há carência de rede credenciada, evidenciando um problema estrutural brasileiro na área da saúde.
Como disse acima, esse desequilíbrio de estruturas de saúde no setor só amplia a importância do modelo assistencial da Caixa de Assistência baseado em Atenção Primária, ESF, CliniCassi, programas de saúde e coordenação de cuidados em populações mais estáveis no tempo (associados por décadas), como vim explicando para as lideranças e intervenientes da comunidade BB nestes anos. Sem as CliniCassi e nossa ESF, as despesas básicas seriam muito maiores nas redes prestadoras que existem, porque o sistema de mercado é fragmentado, focado na doença, tem muito desperdício e fraudes, o pagamento das despesas hospitalares é por conta aberta (fee for service) e visa lucro.
Uma unidade CliniCassi em Santa Maria (RS) ou Balneário Camboriú (SC) tem um médico(a) de família e uma pequena equipe que cuida de mais de 1000 participantes, sendo que em geral centenas deles são crônicos e necessitam de acompanhamento de nosso modelo assistencial. O custo administrativo é insignificante se comparado a despesas assistenciais/básicas de uso de rede credenciada e hospitalar que visam lucro e trazem todos os problemas que expliquei no parágrafo anterior. A diferença de custo administrativo no modelo (investimento) em relação a despesas geradas na rede prestadora é exponencial, por não ser coordenada/orientada a partir da Cassi.
Não adianta algum(a) desavisado(a) vir com as teses de cortar despesas administrativas como a estrutura do modelo assistencial APS/ESF/CliniCassi ou programas de saúde que monitoram e estabilizam nossos crônicos e evitam doenças e agravamentos de doenças porque as resoluções da ANS e o Rol de cobertura mínima já estão dados e se nós tirarmos o que faz a Cassi gerenciar melhor os recursos, as despesas básicas vão aumentar porque os direitos em usar a rede credenciada já estão dados pela lei. Um dos fatores que levam a muita reclamação e judicialização é uma prática sabida do mercado vendedor de "serviços de saúde" ao dizer aos usuários de planos que eles podem tudo e que é só acionar a justiça ou a ANS.
A aprendizagem com os Conselhos de Usuários
Antes de fazer uma síntese de nossa agenda nos estados da região Sul, gostaria de partilhar o quanto aprendi na minha relação com os Conselhos de Usuários. Cada um dos 27 Conselhos da Cassi tem suas peculiaridades no exercício do voluntariado e na sua organização, e acabei estabelecendo relações de muito respeito e companheirismo ao longo desse percurso de lutas pela Cassi e pelos associados.
Já antes da posse em junho, comecei a visitar os Conselhos e em julho de 2014 fui pela primeira vez ao Conselho de Usuários do Rio Grande do Sul. Lá conheci os conselheir@s liderados pela grande figura do Maeda. Fiquei encantado com as experiências vistas ali e fui convidado por ele para tentar voltar meses depois ao Estado na época das pré-Conferências no interior. Fiz um esforço tremendo e fui na de Santa Maria. Que experiência! Uma quadra lotada da AABB com pessoas debatendo Cassi e escolhendo por consenso seus representantes. Aquele evento reforçou em mim para todo o mandato a certeza que eu deveria estar sempre NA BASE onde estão as PESSOAS que representamos e que SÃO A ESSÊNCIA DA CAIXA DE ASSISTÊNCIA. Valeu pelo convite, Maeda! Balizou minha atuação de Diretor de Saúde.
CASSI RS - 5 agendas de gestão
2014 - Em julho, nos reunimos com o Conselho de Usuários e fizemos uma reunião muito boa. Pude apresentar nossas propostas para a Cassi e plano de trabalho e ouvimos as lideranças do Estado. Fui convidado para participar de uma pré-Conferência. Visitamos também o Sindicato dos Bancários.
Meus primeiros textos como Diretor de Saúde eleito falavam muito em fortalecer a participação social, a Estratégia Saúde da Família (ESF), a solidariedade na Cassi, o espírito de pertencimento e a relação com as entidades do funcionalismo, abrir portas nas unidades Cassi para juntos melhorar o atendimento aos associados e proteger a Caixa de Assistência de mazelas do mercado privado de vendas de serviços de saúde.
Havia me comprometido em melhorar as informações sobre a Cassi e as comunicações. Criamos o Boletim Prestando Contas Cassi. Foi algo importante em nosso mandato. Já publicamos 40 boletins (ler AQUI), feitos com muito carinho para os associados e comunidade BB.
2014 - Em outubro, vivi a experiência de voltar ao RS e ir até Santa Maria para uma pré-Conferência. Foi uma experiência muito legal e fortaleceu em mim uma característica que já tinha como dirigente sindical - estar sempre nas bases representadas.
2014 - Participei, em novembro, da Conferência de Saúde em Porto Alegre.
2015 - Estive em setembro cumprindo agenda de trabalho da Diretoria de Saúde. Como responsável pela gestão das unidades regionais, demos posse à nova gerência e tivemos a oportunidade de nos reunir com o Conselho de Usuários.
2016 - Voltamos ao Estado para a Conferência de Saúde e para uma agenda que a nossa Diretoria havia planejado para aquele ano: visitar o Banco do Brasil nas capitais, através da Super/Gepes e fazer e ou reforçar parcerias em benefício da saúde dos trabalhadores e melhorar a comunicação interna no BB sobre a Cassi/ESF/CliniCassi e direitos e deveres dos associados.
Mais uma vez nos reunimos com o Conselho de Usuários RS e em todas as visitas às unidades que administro fiz reuniões de gestão e reuniões com os funcionários da Cassi, pois acreditamos na gestão dialogada e participativa.
Em 2017, estive em Porto Alegre, mas não considerei como agenda de gestão da Cassi, porque fui convidado pelas entidades sindicais para dar uma palestra no encontro estadual dos bancários sobre banco público, em um sábado de junho. Fiquei muito grato pelo convite e pela oportunidade de falar com os trabalhadores.
AGENTES FACILITADORES - Em relação às experiências dos colegas gaúchos nas lutas por direitos, pela Cassi e no voluntariado, me chamou atenção a figura dos Agentes Facilitadores, que teve papel relevante na manutenção e ampliação da rede credenciada Cassi no interior do Estado. Como gestor da nossa autogestão, busquei inclusive levar a novidade para a gestão da Cassi. Convidamos o Maeda, coordenador do Conselho de Usuários do RS, para falar sobre o tema na Sede da Cassi em evento que organizamos com gestores das unidades, em setembro de 2014 (No planejamento de gestão, quis ouvir os 27 gerentes de unidades Cassi para cumprir o que defendo de gestão compartilhada).
CASSI SC - 6 agendas de gestão
2015 - Em fevereiro, estivemos no Estado. Fiz agenda de gestão e reunião com os funcionários. Visitamos o Sindicato dos Bancários de Florianópolis. Também fiz reunião com o Banco do Brasil e com colegas na base. Participei de reunião com o Conselho de Usuários da Cassi SC.
Nos textos que fazia no blog para prestar contas, informar sobre a Cassi e os direitos dos associados e opinar sobre os debates que já se intensificavam sobre o déficit do Plano de Associados, abordei bastante a defesa da solidariedade, da ESF, melhor comunicação para os participantes e, até ali, em fevereiro, eu já havia visitado a trabalho 15 Estados, em algumas bases fui com recursos próprios, como ali em SC.
2015 - Voltei ao Estado em outubro, para agenda da Diretoria de Saúde. A unidade recebia nova direção. Tivemos contato com diversas lideranças do Conselho de Usuários e fiz reunião de gestão com os funcionários. Fui com recursos próprios.
2015 - Participei da Conferência de Saúde em novembro. Visitamos o Sindicato, fizemos reuniões de gestão na Unidade. Em matéria no blog, eu informava ao final daquele ano que havia conseguido visitar as 27 Unidades da Federação em 18 meses de trabalho. Era meu papel de gestor de unidades Cassi e representante dos trabalhadores associados.
(alguns burocratas e detratores com intenções políticas, acham que um diretor eleito deve ficar em sua mesa na sede em Brasília... enquanto os associados não sabem de nada que acontece)
2016 - Cumpri agenda da Diretoria de Saúde. Nosso planejamento era visitar os 26 Estados e DF e buscar parcerias com o Banco do Brasil - Super e Gepes - em prol da saúde dos trabalhadores. Somos responsáveis pelo convênio de saúde ocupacional BB e Cassi e também pedimos espaço nas comunicações locais para falar das CliniCassi e ESF.
2017 - Ao final de março, estivemos em SC para agenda de gestão. Nos reunimos com o Conselho de Usuários. Tivemos reuniões internas, visitamos as CliniCassi Joinville e Balneário Camboriú. Visitamos AABBs.
2017 - Participamos da Conferência de Saúde em outubro. Tivemos outras agendas de gestão: posse de nova gerência, reunião com o Conselho de usuários, visita ao Banco do Brasil.
SANTA CATARINA TEM HISTÓRIA A CONTAR SOBRE ESF - Quando a Cassi iniciou a implantação da Estratégia Saúde da Família, entre 2001 e 2005, vários profissionais e equipes contribuíram com a produção de conhecimento relacionado à APS e às possibilidades de atuação. A Unidade SC efetuou avaliação sobre o cuidado praticado em população específica e bastante exposta a riscos cardiovasculares e cerebrovasculares (artigo publicado na Abrasco). Ver mais no Boletim Prestando Contas Cassi nº 35 (AQUI).
CASSI PR - 11 agendas de gestão
2014 - Em junho, estivemos a primeira vez no Estado para evento de inauguração de Sala de Apoio à Amamentação, na CABB de SJP. Na oportunidade cumprimos agenda de gestão e visita ao Sindicato dos Bancários.
2014 - Em agosto, cumprimos uma agenda de fortalecimento da Cassi, do Conselho de Usuários, e do sistema no Estado. Foi dado início ao projeto de Agentes Facilitadores na Cassi PR, com o objetivo de melhorar a rede credenciada no interior. Houve grande participação de todas as entidades sindicais e lideranças da comunidade BB da região. O projetou sofreu atrasos por causa do orçamento contingenciado em 2015/16, mas neste ano que passou (2017) ele foi fundamental para credenciar dezenas de novos profissionais e especialidades no interior do Estado.
Tivemos ainda a inauguração do edifício novo da Cassi PR e reuniões com o Conselho de Usuários e de gestão com os funcionários.
2015 - Estivemos, em fevereiro, na base de Umuarama em reunião com lideranças locais e do Estado sobre a Cassi na região.
2015 - Voltamos em maio para agenda de gestão. Tivemos reuniões diversas, inclusive sobre Agentes Facilitadores e com o Conselho de Usuários.
2015 - Em junho, fomos convidados pelo Sindicato de Curitiba a falar sobre a Caixa de Assistência, a ESF e demais questões, com os bancários da base. Foram contatados milhares de bancários em reuniões locais e plenária.
Todas as agendas de 2015 foram feitas com recursos das entidades que nos convidaram para os eventos.
2015 - Estivemos na Conferência de Saúde em novembro. O desafio maior que tivemos na Diretoria de Saúde, como responsáveis pelas Conferências, era fazer com que elas acontecessem, porque não tivemos recursos da Cassi. Nós fizemos os 17 encontros pedindo apoio às entidades representativas. Foi algo muito marcante para todos nós. De novo, tive que usar recursos próprios para ir a várias delas.
2016 - Estive no Paraná, em maio, para participar da 22ª Conferência Mundial de Promoção de Saúde (UIPES). Aproveitei e fiz agenda de gestão na Unidade Cassi.
2016 - Em agosto, fizemos a agenda de parcerias de saúde com o Banco do Brasil, conforme planejamento da Diretoria de Saúde. Na agenda tivemos diversas reuniões: Conselho de Usuários, Super/Gepes, Sindicato, com a base etc.
2017 - Cumprimos agenda no Estado em setembro, a convite do Sindicato, em reuniões de base (Cenop), com o BB (Gepes), no Sindicato, com o Conselho de Usuários.
2017 - Agenda de gestão da Diretoria de Saúde em Londrina. Estamos com piloto de implantação de Rede Referenciada na região. Além desta pauta, aproveitamos para participar da pré-Conferência de Saúde e pudemos visitar o Sindicato e falar sobre Cassi em reunião com as lideranças bancárias.
2017 - Por fim, em novembro, participamos da Conferência de Saúde, fechando as 17 Conferências do ano. Tivemos a oportunidade de nos reunir com o Conselho de Usuários.
CASSI PARANÁ CONTRIBUIU PARA A DEFINIÇÃO DA ESF COMO MODELO APÓS REFORMA ESTATUTÁRIA DE 1996 - A unidade também tem uma bela história de contribuição na escolha da Estratégia Saúde da Família, tendo como referência o modelo canadense, quando a Cassi testava formas de reorganizar seu modelo assistencial em algumas unidades do país.
Agenda de gestão na região Sul fez parte de um planejamento do mandato focado na Cassi, no modelo assistencial, na defesa dos direitos dos associados e esteve diretamente relacionada à sustentabilidade do Plano de Associados
Enfim, mais uma vez, reforço para vocês que nos acompanham e que compartilharam nosso trabalho nesses 4 anos, que tudo que fizemos, e com divulgação pública, foi em defesa do modelo de Atenção Integral à Saúde, do modelo de custeio solidário do Plano de Associados, na defesa intransigente dos direitos de cobertura de saúde para nossos trabalhadores associados da ativa, aposentados, pensionistas e dependentes.
Como expliquei a tod@s, cada estratégia que adotamos tinha um planejamento e objetivo a ser alcançado: dar maior conhecimento sobre a Cassi para seus donos - os associados; fortalecer o que ela tem de melhor e diferente - seu modelo de promoção e prevenção via APS/ESF; e enfrentar o que entendi ser inadequado como, por exemplo, quererem que só os associados arcassem com o ônus de solução do déficit, sendo que há vários fatores que causam o desequilíbrio, inclusive alguns de responsabilidade do patrocinador Banco do Brasil.
Amig@s leitores, na região Sul foram 6 Conferências de Saúde, 13 reuniões com as lideranças dos Conselhos de Usuários, agenda de parcerias de saúde nos 3 Estados, conheci 6 das 13 CliniCassi. Ouvi muito os participantes e me coloquei à disposição e fui franco e direto nas opiniões quando questionado sobre qualquer tema.
Um abraço a tod@s e, por favor, divulguem esse balanço entre os colegas e amig@s. Deu muito trabalho fazer toda essa pesquisa, mas fiz por compromisso com a comunidade BB, com as entidades representativas e com os funcionários da Cassi.
William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento (mandato 2014/18)
Post Scriptum:
Leiam o 1º texto de balanço AQUI, o 2º texto AQUI e o 3º texto AQUI.
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