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20.12.17

Mídia empresarial bate em autogestões. Diz que minuta CGPAR foi aprovada. Seria por encomenda?


(Sintaxe do texto atualizada em 21/12/17, às 19h15)



Opinião

Olá prezad@s associados e participantes da Cassi e companheir@s de lutas.

A mídia empresarial, mais comumente chamada por nós progressistas de PIG (Partido da Imprensa Golpista), produziu no último dia 19 de dezembro uma matéria que tudo indica ter sido encomendada por seus aliados no governo que ajudou a instalar após o Golpe de Estado em 2016. Essa mesma mídia, das mesmas famílias de empresários, foi o braço direito de Fernando Collor e Fernando Henrique para atacar as empresas públicas e seus trabalhadores nos anos neoliberais dos noventa.

A Folha de São Paulo (FSP) publicou matéria ontem com o título sugestivo "Plano de saúde de estatal federal custa o triplo do privado". A matéria segue o padrão que toda a imprensa empresarial tem feito ao ser a aliada número um dos segmentos que aplicaram o golpe à democracia brasileira para fazer reformas que devolvem o país à condição de colônia, num total desfazimento dos direitos sociais, políticos e humanos da classe trabalhadora. 

É uma matéria parcial, superficial, não diz nada que poderia ser explicado se o outro lado fosse ouvido. Não tem ali sequer a opinião da Unidas, entidade que congrega as autogestões no país.

A porta voz do Ministério do Planejamento (a FSP/PIG) apresenta os argumentos do secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, e informa através dele que já foi aprovada a tal minuta da CGPAR (Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União), minuta que vazou em julho nas redes sociais sobre os planos de ataque às autogestões e direitos em saúde dos trabalhadores das estatais federais por parte do governo.

Mais uma vez joga-se números e valores comparativos entre o setor público e privado, insinuando que os números do setor privado seriam "melhores" que os do setor estatal federal, assim como aconteceu na audiência no Congresso Nacional recentemente. Nossas entidades e lideranças questionaram na audiência as não-conformidades nos dados, médias equivocadas e números que não seriam passíveis de comparação por apresentarem bases completamente distintas. Além das questões básicas envolvendo solidariedade, direitos e coberturas em saúde.

O fato é que nós trabalhadores de empresas públicas com papel central na vida do povo brasileiro que precisa do Estado e dos serviços públicos só fornecidos por nós, teremos que enfrentar com muita unidade os ataques que virão nos próximos meses em relação aos direitos que ainda não foram retirados de cada um de nós. Além de lutar nas etapas adequadas por recuperar e reverter as reformas canalhas já implementadas por um Legislativo e Executivo que só fazem lesar o patrimônio público e os cidadãos.

As autogestões em saúde têm um papel fundamental na saúde pública e suplementar brasileira. Elas aliviam a sobrecarga de demandas no Sistema Único de Saúde (SUS) em cerca de 5 milhões de vidas, em um sistema que se auto patrocina com contribuições de trabalhadores e empresas e têm papel social importante na vida dos trabalhadores das empresas estatais federais. 

As autogestões não visam lucro com a doença e cuidam de participantes com perfis diversos, diferente do setor de planos de saúde privados que só querem "clientes" que geram lucro. Nós das autogestões cuidamos das populações com as maiores faixas etárias do sistema, e se não fossem elas - as autogestões -, a Constituição Federal diz que o SUS teria que arcar com toda a assistência à saúde do povo brasileiro (inclusive os participantes das autogestões).

Só como exemplo da diferença de papel das autogestões, peguemos a nossa Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil. Nós cuidamos de mais de 700 mil vidas, sendo mais de 400 mil no plano de saúde dos trabalhadores da ativa e aposentados, e nosso modelo assistencial de Atenção Primária (APS) e Estratégia Saúde da Família (ESF) apresenta resultados expressivos na relação custo/benefício quando observamos as despesas assistenciais/básicas do segmento de participantes já vinculados ao nosso modelo quando comparado ao segmento ainda não cadastrado na ESF.


RESULTADOS EM SAÚDE DOS VINCULADOS À APS/ESF NA CASSI IMPRESSIONAM E MOSTRAM O QUANTO AUTOGESTÕES COMO A NOSSA SÃO IMPORTANTES PARA A SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA

Todos os índices são melhores ao se observar populações da autogestão Cassi cuidadas por seu modelo de promoção de saúde e prevenção de doenças, recuperando e reabilitando participantes já acometidos por algum tipo de agravo. 

Aqueles que acompanham e leem os nossos boletins Prestando Contas Cassi viram nas edições deste ano de 2017 (ler boletins AQUI) o quanto a Caixa de Assistência acertou ao definir seu modelo assistencial ao vir instalando sua estrutura desde a reforma estatutária de 1996.

Dados já divulgados nos boletins - Nos vinculados à ESF é menor a demanda em pronto-socorro em 25%. As despesas assistenciais do grupo vinculado, na comparação por grau de complexidade, chegam a ser 30% menores. As internações hospitalares são bem menores no segmento de vinculados à ESF. Os vinculados à APS/ESF dentro da curva A (maiores despesas da operadora) têm custo 14% menor que os não cadastrados. 

As pessoas nas faixas etárias acima de 59 anos são mais cuidadas na Cassi que em outras operadoras e isso faz com que o crescimento da despesa assistencial (32%) deste segmento entre 2012/2016 tenha variado menos que a inflação do período (40%).

A Cassi tem problemas de sustentabilidade por diversos motivos externos à sua gestão e também temos melhorias a serem feitas na gestão e os associados e Banco do Brasil estão trabalhando neste sentido.

Enfim, eu não concordo com esse ataque às autogestões e conclamo a tod@s os associados da Cassi e das demais autogestões, juntamente com as entidades sindicais e representativas dos participantes, para que preparemos a mobilização e defesa intransigente de nossas autogestões e de nossos direitos em saúde.

As autogestões são muito importantes e não podem ser atacadas assim pelo governo e devem ser fortalecidas.

Abraços e vamos juntos na defesa das autogestões em saúde.

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi

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