18/04/2013
Dirigentes e militantes da Rede Nacional de Formação da Central reforçam luta em defesa da pauta da classe trabalhadora
Mística abre os trabalhos do Enafor. Escrito por Pedreira. Fotos: Santos - CUT |
Ao som de ‘Vai Passar’ de Chico
Buarque, com uma mística em homenagem aos 30 anos da Central Única dos
Trabalhadores (CUT) e um vídeo sobre a história da Política Nacional de
Formação da Central teve início na manhã desta quinta-feira (18) o XVIII Encontro
Nacional de Formação – ENAFOR.
José Celestino Lourenço, o Tino,
secretário nacional de Formação da CUT, recordou que muitas das reivindicações
que estavam no projeto de fundação da CUT ainda se fazem presente nos dias de
hoje: reforma agrária, fim da censura, jornada de 40 horas semanais e liberdade
e autonomia sindical.
Bandeiras de luta que integram o Dia
Nacional de Mobilização da CUT que ocorreu na quinta-feira com ações por todo o Brasil. É a
militância da CUT nas ruas para cobrar do governo federal e do Congresso
Nacional uma resposta a pauta de reivindicações entregue ao governo no dia 6 de
março.
Aproveitando a ocasião, o secretário de
Formação da CUT apresentou uma moção de apoio ao Dia Nacional de Mobilização
que foi aprovada por todos os participantes que compõem a Rede Nacional de
Formação da CUT, reforçando a luta em defesa da pauta da classe trabalhadora.
(veja aqui)
Formação para construir um novo
sindicalismo – a Política Nacional de Formação
da CUT está enquadrada numa perspectiva de construção coletiva do conhecimento
a partir de um sindicalismo de massa, democrático e combativo.
Segundo Tino, o projeto de formação
passa por um novo momento onde está sendo implementado um planejamento
estratégico com várias etapas em conjunto com as estaduais e ramos e mais
aproximado no ponto de vista da territorialidade.
Admirson Medeiros, o Greg, secretário
adjunto de Formação da CUT, ressaltou em sua fala que o grande objetivo deste
Encontro é atualizar as diretrizes da Política Nacional de Formação para o
período de 2013 a 2015.
Dirigentes falam sobre a Política Nacional de Formação. |
Para Sônia Auxiliadora, secretária da
Mulher Trabalhadora da CUT-SP, a formação colabora no processo de construção de
uma nova sociedade com um olhar mais detalhado para questões atuais como a
paridade. “Formação e educação são fundamentais para as mudanças na sociedade
que tanto queremos”, acrescentou.
Citando um trecho da fala do
ex-presidente Lula em evento anterior na CUT, Carmen Foro, vice-presidenta da
Central, lembrou que “a gente só compreende o que é a CUT quando imaginamos o
que seria a sociedade e a classe trabalhadora sem a Central”.
Esgotamento da agenda atual –
após as primeiras intervenções iniciou-se o debate sobre o cenário atual de
desenvolvimento brasileiro e o mundo do trabalho.
Analisando o contexto político,
econômico e social do País, Arilson Favareto, que já foi educador da escola São
Paulo da CUT e é hoje professor da Universidade Federal do ABC, acredita que
apesar da última década ter representado um momento de expressivas conquistas,
a experiência do Brasil mostra que é insustentável uma mesma agenda sobreviver
por duas décadas seguidas. E a atual já dá sinais de esgotamento.
Com dados sobre a realidade brasileira,
Favareto mostrou que diminuiu significativamente a pobreza no Brasil, porém
houve um aumento nos índices de desigualdade. 3483 municípios que representam
141 milhões de pessoas tiveram melhora na renda e consequentemente redução da
pobreza. Já em 1359 municípios que representam 44 milhões de pessoas a
desigualdade aumentou e em 296 municípios com 4,3 milhões de pessoas a renda
diminuiu.
Ao citar dois vetores do
desenvolvimento brasileiro na década passada, o crescimento das exportações de
commodities e a expansão do mercado consumidor interno, Favareto afirmou que
este cenário necessita de renovação, o que demanda grandes esforços dos
movimentos progressistas, sociais e da CUT.
Mesa debate o desenvolvimento brasileiro e o mundo do trabalho. |
“O Brasil continua exportando
produtos de baixo valor agregado, ou seja, produtos que não contribuem para a
competitividade das nossas exportações no cenário internacional. Isso tem uma
série de implicações como o fortalecimento de setores de posições mais
conservadoras no Congresso Nacional como o agronegócio e de um modelo
predatório ao meio ambiente”, ressaltou.
Aproveitando as considerações feitas
por Favareto, Carmen destacou que os programas e políticas públicas voltadas à
agricultura familiar também passam por um momento de esgotamento e necessitam
de adequação e reformulação.
“Há uma clara disputa entre o modelo do
campo da agricultura familiar que produz 70% dos alimentos que chegam as mesas
dos brasileiros e o campo do agronegócio e seu modelo majoritariamente exportador
de commodities. Assim, é necessário uma intervenção do governo no sentido de
garantir uma reforma agrária ampla e democrática e políticas de apoio a
produção e combate a grande concentração de terra”, cobrou Carmen.
Rosane Bertotti, secretária nacional de
Comunicação da CUT, também criticou a estagnação das políticas para a
agricultura familiar. Assim, pontuou a dirigente, é fundamental discutir o
papel da formação no projeto de desenvolvimento para o campo. “Você não
consolida avanços em políticas públicas se não houver, por exemplo,
democratização dos meios da comunicação. Precisamos nos desafiar a construir
uma política específica de formação em comunicação a partir da nossa história e
dos princípios CUTistas e pensar em uma formação relacionada a esse processo de
avanço e consolidação da democracia, das novas tecnologias, do novo método de
trabalho e seus aspectos e dimensões”, declarou.
De acordo com Tino, “se por um lado
temos a possibilidade de fazer a transição democrática com propostas
implementadas a partir de reivindicações da classe trabalhadora, por outro é
extremamente preocupante a aliança de setores conservadores da sociedade liderados
pela imprensa e partidos de direita articulado com o judiciário. Aí, a formação
tem um grande peso e responsabilidade articulando com todas as outras políticas
da Central a construção de uma sociedade justa, fraterna, socialista e
democrática.”
Fonte: CUT
Nenhum comentário:
Postar um comentário