Blog de William Mendes, ex-dirigente sindical bancário e ex-diretor eleito de saúde da Caixa de Assistência dos funcionários do Banco do Brasil
28.8.20
Campanha Nacional dos Bancários (V)
Estamos no ano de 2020 e a categoria bancária mais uma vez está em luta pela renovação de seus direitos coletivos. Este blog registrou a história dessa categoria ao longo de muitos anos, pois fui dirigente nacional dos bancários, eleito pelos trabalhadores para 4 mandatos no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e 3 mandatos na Contraf-CUT.
A história de luta dos bancários brasileiros é belíssima e uma das mais importantes desta categoria profissional no mundo capitalista porque em nosso país o segmento sempre teve grande quantidade de empregados e conquistou direitos sociais que foram estendidos para outras categoriais profissionais.
O maior banco público do país, o Banco do Brasil, foi criado em 1808 e resistiu aos ataques de diversos governos ao longo da história do Brasil. Tive o privilégio de passar a maior parte de minha vida trabalhando para o povo brasileiro no Banco do Brasil. Na ativa, vivi sob a direção dos governos de Fernando Collor, Itamar Franco, FHC, Lula, Dilma e Temer. Hoje, o país vive um de seus piores cenários da história, sob um governo inominável.
Enfim, as negociações entre bancários e banqueiros se dá num cenário bastante complicado, porque além da destruição econômica, política e social que o país já vivia após o golpe de Estado em 2016, sob o governo Temer, que impôs reformas trágicas para a classe trabalhadora, o país viria a ser capturado em 2018, por fraudes diversas nas eleições, por hordas de canalhas e todo tipo de criminoso que se possa imaginar.
Os bancários brasileiros sofrem ameaças sérias de redução de emprego, direitos, privatização dos bancos públicos e, para piorar o cenário, ainda viria a pandemia mundial do novo coronavírus em 2020, com a mudança radical na vida das pessoas mundo afora.
Os banqueiros seguiram na boa. O lucro dos poucos bancos brasileiros é tão grande que nada na economia se compara ao setor. O país está quebrado, mas os donos dos bancos e os próprios bancos estão em outro plano existencial. Em 2019, só os 4 maiores bancos tiveram lucro de mais de 80 bilhões e neste primeiro semestre tiveram lucro de quase 30 bilhões.
E mesmo assim, os caras não querem atender às reivindicações dos bancários, que estão na linha de frente, atendendo a população e os clientes, se expondo ao risco de morte por coronavírus e adoecidos por metas fora da realidade.
Nas primeiras rodadas, os banqueiros propuseram diversas reduções de direitos da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), redução na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e redução em direitos como 13ª cesta alimentação, folgas e abonos, redução nos salários, já que não querem sequer repor a inflação do período. O que se poderia dizer desses caras donos de bancos?
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As negociações seguem no dia de hoje. Os banqueiros voltaram atrás em algumas cretinices, e neste momento em que escrevo esta postagem, 16h25 desta sexta-feira, os sindicatos informam que os banqueiros propuseram reajuste salarial de 1,5% mais abono de 2 mil reais. Propuseram o índice cheio da inflação estimada (2,74%) para as demais verbas como, por exemplo, cesta alimentação, vale refeição e auxílio creche. Decidiram manter as regras da PLR de anos anteriores. Ainda estão em negociação as mesas com BB e Caixa Federal.
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Hoje é Dia dos Bancários, 28 de agosto, e afirmo a vocês: essa categoria tem história de lutas, muita história de lutas. Eu mesmo vivi e participei das campanhas salariais da categoria por três décadas. Também é o dia de criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Ajudei a construir a história dessa entidade por muito tempo, como dirigente dos bancários brasileiros.
Parabéns aos bancários! Desejo que tudo corra da melhor forma possível nesta campanha salarial em andamento.
William Mendes
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