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19.9.22

História dos bancários: um olhar (VI)



Nosso Banco do Brasil tem mais de dois séculos de existência, mas não é bem assim...

Seguindo nas leituras de meus papéis velhos sobre a história dos bancários e das lutas de nossa categoria, lendo o livro comemorativo dos 180 anos de história do BB, vemos que na verdade o banco criado em 1808 por D. João VI (ler comentários aqui) seria encerrado em 1829, por lei do período regencial.

"As finanças do país iam de mal a pior. Em 1829 contraíramos novo empréstimo externo, ainda em Londres, destinado ao pagamento dos juros dos dois empréstimos anteriores. Em setembro de 1829 decidira-se por lei, a extinção do Banco do Brasil, que tantos serviços prestara." (p. 18)

A extinção do Banco do Brasil se mostrou um erro para o país à época. A economia daria sinais de melhoria com a crescimento da produção de café como produto de exportação e o país vivia um problema grande com a questão de crédito e emissão de moeda.

"Com a liquidação do Banco do Brasil, em 1829, deixaram de existir estabelecimentos bancários no país. isso indica o erro que foi a extinção do Banco, às vésperas da recuperação econômica trazida pelo café." (p. 19)

Hoje li mais três capítulos do texto de Afonso Arinos. Décadas depois da criação e encerramento do 1º Banco do Brasil, outro banco estatal ou público ou ligado ao governo iria surgir nos anos cinquenta do século 19, sendo ele fruto da fusão de dois bancos privados, um mais antigo do Rio de Janeiro e outro criado pelo Barão de Mauá.

O banco criado por Mauá também se chamou Banco do Brasil, apesar de ser privado.

"Em agosto de 1851, fundava o futuro visconde de Mauá um estabelecimento de crédito a que deu a denominação de Banco do Brasil. Vinha ele concorrer com o Comercial do Rio de Janeiro, único até então na capital do país." (p. 23)

A FUSÃO DE BANCOS QUE CRIOU O BANCO DO BRASIL EM 1853

O novo Banco do Brasil, segundo o texto de Afonso Arinos, foi criado em 1853 da fusão do banco de Mauá e o Comercial do Rio de Janeiro e da subscrição de capital de acionistas em geral.

"Em 1853, graças à iniciativa já referida do visconde de Itaboraí, ocorreu a fusão dos dois bancos do Rio de Janeiro num só estabelecimento com faculdade emissora, que conservou o nome do Banco do Brasil, desta vez, porém, com todas as características oficiais. Nessa fusão, Mauá entrara com 50.000 ações e o Banco Comercial com 30.000. As restantes ações, completadas até atingir o total de 150.000, foram lançadas na praça sendo rapidamente subscritas. Ainda em 1853 aprovaram-se os estatutos e o novo Banco do Brasil - para cuja diretoria Mauá fora eleito, recusando a homenagem - abriu suas portas em abril do ano seguinte." (p. 28)

Enfim, Mauá não quis participar da diretoria por divergências em relação ao papel do Banco do Brasil à época (1854) como, por exemplo, ser emissor de moeda, e criou seu próprio banco - Casa Bancária Mauá Mac Gregor & Cia.

Por fim, li um capítulo dedicado à questão da abolição da escravatura e ao final do capítulo, Arinos fala um pouco do papel do Banco do Brasil na estabilização da economia entre o fim do Império e o início da República e termina o texto do capítulo VII com uma lamentável expressão sobre a guerra de Canudos e seus combatentes:

"A recuperação financeira só teria, porém, condições favoráveis, depois de consolidada a República e exterminados os fanáticos de Canudos (1897)."

Puta que pariu! Essa é a visão elitista dos intelectuais de nossa "elite" da eterna casa-grande.

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GOSTO PELA HISTÓRIA

Eu ganhei a revista comemorativa de um gerente da agência onde trabalhei até o ano de 1998 - Rua Clélia -, época que sofri uma transferência compulsória (PAQ) para outra agência por ser o cara próximo ao Sindicato e que enfrentava com os colegas os desmandos dos gerentes da nossa agência. Acabei indo parar na agência Barra Funda e lá fiquei por dois anos, antes de pedir transferência para a agência Vila Iara em Osasco, no ano 2000.

Sempre gostei de história, de todas as linhas de textos de história, sejam textos da história antiga, sejam textos da história do Brasil. Depois que comecei a ser militante das lutas sindicais passei a me interessar também pela história dos movimentos sindicais e dos trabalhadores. Aos poucos fui acumulando muito material que pegava para ler e aprender alguma coisa sobre a categoria na qual trabalhava.

Se for possível, vou reler boa parte dos materiais que acumulei e comentar alguma coisa aqui no blog onde sempre postei questões relativas ao mundo do trabalho e da política. 

Tenho grande preocupação com o desaparecimento da história de nossas lutas sindicais. Tudo que escrevo aqui, depois acabo organizando e imprimindo em forma de cadernos ou brochuras. Ficam mais uns papéis em casa até que eu morra e alguém decida o que fazer com aquilo.

ELEIÇÕES 2022

Dia 2 de outubro teremos eleições no Brasil. O povo brasileiro vai eleger presidente da república, governadores, senadores e deputados federais e estaduais.

Como sabemos, a história das empresas públicas, estatais e de economia mista está diretamente ligada às opções que fazemos enquanto cidadãos que participam das decisões políticas do país.

Raras vezes, uma eleição foi tão decisiva para os destinos de todos nós e das empresas públicas. E a decisão em 1º turno se tornou mais importante ainda por causa das ameaças de golpe por parte do grupo criminoso que se apossou do Estado nacional.

Sendo assim, voto e peço o voto de cada colega da comunidade Banco do Brasil e da categoria bancária para o presidente Lula e para candidaturas aliadas ao presidente Lula nos Estados e DF, principalmente nos legislativos, deputados federais e estaduais.

#Lula13NoPrimeiroTurno

William Mendes


Bibliografia:

História do Banco do Brasil - Texto do Prof. Afonso Arinos de Melo Franco. Colaboração do Prof. Herculano Gomes Mathias. Edição de junho de 1988, produzida pela diretoria do Banco do Brasil.


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