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17.4.22

Memórias (XXIV)



Eleições e democracia


Osasco, 17 de abril de 2022. Domingo.

Neste registro de memórias, vou dissertar um pouco sobre eleições e democracia. Eu entendo que as sociedades humanas estão vivendo um momento de transição daquilo que conhecemos como democracia para alguma outra coisa que não sei como será definida mais adiante. 

Além de se retirar eleitos do poder por golpes civil-militares e jurídico-parlamentares e processos de lawfare com os donos do poder por trás dos processos antidemocráticos, temos agora ferramentas tecnológicas que alteram o comportamento humano em massa e interferem no resultado de eleições que vão acontecer ainda.

As novas tecnologias desenvolvidas pelos seres humanos nas últimas décadas acabaram por inviabilizar as formas tradicionais de representação popular nos espaços de poder. Com o advento das redes sociais e os sistemas de algoritmos, associados aos disparos em massa de fake news e desinformação de forma pessoal (só no aparelho do manipulado) e para milhões de pessoas (ao custo de muito dinheiro), não se pode mais definir alguns resultados eleitorais como democráticos.

Avalio que é esse o cenário de fim das democracias que estamos vivendo desde o início da década passada no mundo (o golpe de Estado na Ucrânia em 2014 é um exemplo) e no Brasil, com o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff em 2016, impeachment sem crime de responsabilidade e depois a prisão do candidato que venceria as eleições em 2018 - Lula da Silva -, permitindo com isso a chegada ao poder da extrema-direita, de forma irregular e antidemocrática, devido às inúmeras interferências no processo em desfavor de um candidato e em favor do outro.

ELEIÇÕES CORPORATIVAS EM ENTIDADES DE TRABALHADORES

É nesse cenário atual de risco às democracias que estamos vivendo nessas semanas as eleições na Cassi e na Previ, caixas de assistência e previdência dos funcionários do Banco do Brasil. 

No mês passado, tivemos as eleições na Cassi e felizmente a chapa liderada pelo companheiro Fernando Amaral, apoiada pelas entidades sindicais, venceu com ampla margem de diferença em relação à segunda colocada, a chapa considerada como chapa da direita, a chapa dos empresários, a chapa apoiada pelos grupos patronais. Fiquei muito feliz de ter visto a massa de associados trabalhadores e aposentados votarem na chapa composta pelos colegas que tinham o apoio dos legítimos representantes dos interesses do mundo do trabalho.

Nesta segunda-feira 18 começam as eleições na Previ e novamente temos um cenário parecido com o das eleições na Cassi, uma chapa apoiada pelas entidades sindicais, a Chapa 3 liderada pelos companheiros Márcio de Souza e Paula Goto, e outras chapas de grupos de direita, empresariais, cujos interesses não são os da classe trabalhadora, não são mesmo. 

Mais uma vez, espero que a massa dos associados trabalhadores e aposentados vote massivamente na Chapa 3, que representa os interesses do mundo do trabalho e dos trabalhadores bancários. Não podemos nos enganar pela imensidão de fake news e desinformações que circularam pelas redes sociais e e-mails nos últimos dias.

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Quando olho para trás em relação a crer ou não crer na efetividade da democracia, avalio que o período no qual mais acreditei nas mudanças sociais em favor do povo e da classe trabalhadora através da democracia representativa foi até 2016, até que um bando de homens corruptos efetivou o golpe de Estado que tirou da presidência Dilma Rousseff em 2016. A direita tirou da presidência a candidata que eu e mais 54,5 milhões de eleitores votamos em 2014, e impediram o mandato presidencial sem nenhuma justificativa formal, só porque a casa-grande cansou de tentar voltar ao poder via voto.

De lá para cá, eu fui avaliando a situação da democracia com o avanço das manipulações possíveis aos processos eleitorais através dos sistemas que dominaram o mundo atual, as redes sociais e os algoritmos que alteram o comportamento de milhões de pessoas. Fora os processos antidemocráticos que já conhecíamos como lawfare e golpes tradicionais, mas com alcances menores que esses resultantes das novas tecnologias.

Me lembro de meu primeiro voto em 1988, eu tinha acabado de tirar meu título de eleitor e pude votar pela primeira vez na candidata que efetivamente representava os interesses do mundo do trabalho e da classe trabalhadora, Luiza Erundina, candidata a prefeita de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores. 

Nunca me esqueço de um dos efeitos em minha vida de trabalhador após as mudanças efetuadas por Erundina. Eu era trabalhador braçal, descarregava caminhões com caixas de palmito e depois passava o dia entregando o produto em restaurantes paulistanos. Para chegar ao depósito onde trabalhava, eu nunca conseguia entrar nos ônibus lotados e a solução era ir pendurado nas portas e janelas dos ônibus. Muita gente caía e ou morria por causa disso. Após Erundina virar nossa prefeita, as mudanças nos transportes públicos me permitiram tomar ônibus como gente, entrar, pagar e às vezes até me sentar durante a viagem. Nunca esqueci essa mudança na minha vida de trabalhador.

A partir desse meu primeiro voto, passei a vida toda de eleitor trabalhador votando no Partido dos Trabalhadores. Não era politizado, mas tinha claro que trabalhador votava em trabalhador. E a maioria dos candidatos e dos partidos era de representações das elites e da casa-grande. Esse monte de partidos de direita, conservadores, liberais blá-blá-blá nunca representou os nossos interesses, de trabalhadores braçais, de bancários, de professores, metalúrgicos, motoristas de ônibus, comerciários, empregadas domésticas etc. Trabalhador(a) vota em trabalhador(a). Passei a vida adulta tendo isso claro.

Depois me politizei virando bancário sindicalizado e até dirigente sindical e representante dos colegas de minha categoria profissional. A eleição de Lula em 2002, após perder várias eleições - 1989, 1994 e 1998 - nos permitiu ver as maiores mudanças em favor da classe trabalhadora e do povo brasileiro que o Brasil já experimentara em seus 5 séculos como colônia, império e república, ou melhor, república nada... uma colônia disfarçada do século 19 adiante, pois a casa-grande brasileira odeia o Brasil e o povo brasileiro e nunca considerou o país de forma soberana, a não ser como colônia de exploração. 

Enfim, vou parar por aqui esta memória. Já dissertei um pouco sobre o que penso atualmente a respeito de eleições e democracia no estágio atual do mundo.

De novo, desejo que meus colegas da ativa e aposentados do Banco do Brasil tenham juízo e votem na Chapa 3 nas eleições da Previ, a chapa que representa nossos interesses do mundo do trabalho.

William


Para ler o texto anterior, Memórias (XXIII), clique aqui. O texto seguinte pode ser lido aqui.

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Post Scriptum:

PREVI

As eleições na Previ terminaram ontem, sexta-feira 29, e a Chapa 3 Previ para os Associados venceu a eleição com larga vantagem em relação às demais chapas de direita e grupos que representam os interesses do capital, do "mercado" (o 1% de rentistas) e dos corruptos de colarinho branco. Fico feliz pela decisão massiva de mais da metade dos associad@s da Previ. Segue abaixo a notícia do resultado, com adaptações na matéria da Previ:

Chapa 3 vence as Eleições Previ 2022

29/04/2022

A votação para definir quem são os dirigentes eleitos nos próximos quatro anos terminou nesta sexta-feira, 29/4, às 18h. A vencedora foi a Chapa 3 – PREVI PARA OS ASSOCIADOS. Foram computados ainda 86.446 abstenções, 3.508 votos em branco e 5.554 nulos. O número total de eleitores votantes foi de 108.221 (cento e oito mil, duzentos e vinte e um votos). Confira o Resultado Final consolidado por estado (tirei o link, veja no site da Previ)

Veja abaixo o total de votos recebidos pelas quatro chapas concorrentes:

Chapa                                                               Votos         %

Chapa 3: Previ para os Associados                 54.423    50,29
Chapa 4: Mais União na Previ                         20.344    18,80
Chapa 1: Previ Plural Apartidária                   17.728    16,38
Chapa 2: Pense – O Futuro é Agora                  6.664      6,16

Entre os dias 18 e 29 de abril os associados puderam votar para definir os representantes para as diretorias de Administração e de Planejamento, além de um membro titular e um suplente para os Conselhos Deliberativo e Fiscal, e dois membros titulares e dois suplentes para os Conselhos Consultivos do Plano 1 e do Previ Futuro. Os mandatos são de quatro anos e vão de 1/6/2022 até 31/5/2026.

O resultado das Eleições Previ 2022 será homologado pela Comissão Eleitoral após a conclusão das verificações que são realizadas pela auditoria externa e pela auditoria da Previ.

Confira os membros da chapa vencedora:

Nome                                      Cargo  

Márcio de Souza                    Diretor de Administração
Paula Regina Goto                 Diretora de Planejamento
Antonio Sergio Riede            Conselheiro Deliberativo Titular
Luciana A. B. Bagno              Conselheira Deliberativa Suplente
Getulio Mendes Maciel          Conselheiro Fiscal Titular
Wagner F. L. Bernardes        Conselheiro Fiscal Suplente
Carlos Guilherme Haeser      Conselho Consultivo do P.B. 1 Titular
Eleucipio Vera Barreto          Conselho Consultivo do P.B. 1 Suplente
José Carlos Vasconcelos       Conselho Consultivo do P.B. 1 Titular
Francisco dos Santos Filho   Conselho Consultivo do P.B. 1 Suplente
André Luiz Alves                   Conselho Cons. P.B. PREVI Futuro Titular
Elisa de Figueiredo Ferreira Conselho Cons. P.B. PREVI Futuro Suplente
Carlos Eduardo B. Marques  Conselho Cons. P.B. PREVI Futuro Titular
Cleiton dos Santos Silva       Conselho Cons. P.B. PREVI Futuro Suplente

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Post Scriptum II:

CASSI

Aproveito o registro para incluir o resultado final das eleições na Cassi deste ano, ocorridas em março, que também tiveram como chapas vencedoras as chapas construídas e apoiadas pelo movimento sindical. A Cassi estava com uma direção 100% favorável ao patrão antes dessas eleições. Agora teremos ao menos uma minoria para denunciar a destruição em andamento em nossa Caixa de Assistência, que vem sofrendo perdas irreparáveis como o desfazimento do modelo assistencial (ESF), sua estrutura própria de CliniCassi e de seu quadro de profissionais. 

A matéria do site da Cassi é esta abaixo. A Cassi está tão esquisita que fui procurar o resultado das eleições por chapa e o tal hotsite que criaram diz que não está mais disponível o resultado final... acreditem se quiserem! Custei encontrar os votos das outras chapas. Fui encontrar os dados em uma matéria da Contraf-CUT.


Chapas 6 e 77 vencem as Eleições CASSI 2022

Publicado na Cassi em: 28/03/2022

Com 39.923 votos, a Chapa 6 foi a vencedora das Eleições CASSI 2022 para a Diretoria de Risco Populacional, Saúde e Rede de Atendimento e os membros dos Conselhos Deliberativo. A Chapa 77 ganhou a eleição para o Conselho Fiscal com 39.090 votos registrados. A apuração foi realizada após as 18h desta segunda-feira, dia 28/3/2022.

Foram registrados 8.149 votos em branco e 12.681 votos nulos na soma das duas votações.

Com o resultado, foram eleitos os seguintes candidatos:


Diretoria de Risco Populacional, Saúde e Rede de Atendimento
Fernando Amaral Baptista Filho


Conselho Deliberativo
Titular: Cristiana Silva Rocha Garbinatto
Suplente: Cláudio Alberto Fernandes do Nascimento
Titular: Alberto Alves Júnior
Suplente: Gilmar José dos Santos

Conselho Fiscal
Titular: Fernanda Lopes de Oliveira
Suplente: Diusa Alves de Almeida

Todos os eleitos tomam posse no dia 1º de junho e têm à frente um mandato de quatro anos de duração.


Publicação da Contraf-CUT em 28/3/22:

Chapas 6 e 77 vencem eleição da Cassi

28 de março de 2022 - 18:56

Eleitos assumem cargos em junho e seguem até maio de 2026

As chapas 6 e 77, Unidos por uma Cassi Solidária, que tiveram o apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), federações, sindicatos e da maioria das entidades associativas do país, foram as mais votadas nas eleições da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) e vão assumir a diretoria de Risco Populacional, Saúde e Rede de Atendimento, além dos conselhos Deliberativo e Fiscal a partir de junho de 2022 até maio de 2026.

Do total de votantes, 56,38% votaram na Diretoria e Conselho Deliberativo e 53,24% votaram no Conselho Fiscal.

Veja abaixo os dados da votação:

Diretoria e Conselho Deliberativo:

Unidos por uma CASSI Solidária             39.923 votos (eleita)
Mais União na CASSI                                20.048 votos
CASSI: Entre que a casa é sua                 16.112 votos
CASSI Independente                                  3.187 votos


Conselho Fiscal:

Unidos por uma CASSI Solidária             30.090 votos (eleita)
Mais União na CASSI                                19.035 votos
CASSI: Entre que a casa é sua                 13.200 votos
CASSI Independente                                  3.200 votos

Obs.: Esses são os dados prévios, assim que sair a totalização oficial, alteramos aqui com a votação exata!

Mais informações em nosso site e redes sociais.


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