Mesa de abertura representa unidade nacional dos funcionários do BB. Foto: Jailton Garcia. |
A abertura do 25º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, realizada nesta sexta-feira 6 à noite em São Paulo, foi marcada pela discussão sobre a importância de os bancários conquistarem novos avanços na Campanha Nacional 2014 e se engajarem na disputa eleitoral de outubro em favor de propostas que defendam os interesses da classe trabalhadora.
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, lembrou os 50 anos do golpe militar e ressaltou a importância de vivermos em uma democracia no Brasil fazendo uma homenagem às vítimas de perseguição política na ditadura, representadas no plenário pela ex-presidenta da CNB e do Sindicato dos bancários do Rio de Janeiro, Fernanda Carísio. Ele destacou a importância de se lutar para que o BB cumpra seu papel de banco público, reduza a taxa de juros e volte sua ação para o desenvolvimento do país.
"Não queremos um Banco do Brasil que pratique assédio moral e reduza funcionários, como vem fazendo, se igualando aos bancos privados. Não queremos que os bancários do BB adoeçam por excesso de trabalho por causa da pressão por metas", afirmou.
O presidente da Contraf-CUT destacou as conquistas de 2013, nas lutas contra a terceirização e no acordo coletivo, relacionando-as aos desafios para 2014: "Temos que continuar a combater os projetos de terceirização que estão sendo analisados pela Câmara dos Deputados, Senado e STF. Sabemos que o ministro Luiz Fux fez um relatório péssimo para os trabalhadores ao analisar os processos e que é preciso estarmos atentos a isso e às movimentações no Congresso Nacional. Se esses projetos passarem será tudo terceirizado, caixas, gerências e será o fim do concurso público".
A conjuntura política também é importantíssima para a luta dos trabalhadores, na opinião de Cordeiro. "Temos que ir para as ruas defender a candidatura da presidenta Dilma Rousseff, e a eleição de governadores e deputados comprometidos com os trabalhadores. Temos uma imensa responsabilidade, não podemos vacilar e permitir que projetos como o relatório da Booz Allen, que propunha a privatização do BB e da Caixa voltem a ameaçar os bancários e o povo brasileiro", defendeu ele.
"Não queremos retrocesso, queremos seguir trilhando o caminho da política de valorização do salário mínimo, do aumento real dos salários. Queremos avançar e conseguir concretizar nossas principais pautas, como o fim do fator previdenciário, redução da jornada e o cumprimento da Convenção 158 da OIT. Com ousadia, mobilização e unidade chegaremos aos nossos objetivos ", concluiu.
Dois projetos em disputa
Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e representante da Fetec SP, fez uma análise da atual conjuntura no Brasil e a ameaça de retrocesso político que pode prejudicar não somente a classe trabalhadora brasileira como toda a da América Latina.
"Temos que discutir as reivindicações dos bancários do Banco do Brasil, como emprego e saúde, e também a ameaça do retorno do neoliberalismo, que tanto prejudicou os bancários em nosso país nos anos 90", disse Juvandia. Naquele período, os bancários dos bancos públicos federais ficaram oito anos com índices zero de reajuste, demissões e perseguições.
"Queremos continuar no rumo progressista e cobrar mudanças, para isso é preciso que delegados e representantes se engajem na campanha para reeleger a presidenta Dilma Rousseff", destacou.
Juvandia também criticou a atuação da mídia, segundo ela o maior partido de oposição da atualidade, e conclamou os participantes do Congresso participarem da campanha pela democratização dos meios de comunicação e pela convocação de uma constituinte exclusiva para a reforma política. "Não queremos retrocesso, queremos um país cada vez mais igual, com divisão de renda, temos que levar o governo cada vez mais para a esquerda e para a pauta da classe trabalhadora", concluiu.
Wagner Nascimento, diretor do Sindicato de Belo Horizonte e representante da Fetraf MG, falando em nome da Articulação Bancária também destacou a importância de os trabalhadores se engajarem na campanha presidencial deste ano, "onde há dois projetos claros em disputa em que o nosso próprio futuro como funcionários de um banco público está em jogo".
Identificar quem está afinado com os trabalhadores
Ao destacar a importância das eleições de outubro para toda a população brasileira, incluindo os trabalhadores do ramo financeiro, o representante da Feeb Bahia e Sergipe e da CTB, Fábio Ledo, afirmou que é preciso saber quais candidatos estarão do lado dos trabalhadores. "É preciso apontar quais candidatos estão afinados com nossas reivindicações". Ledo, que também é diretor do Departamento Jurídico do Sindicato da Bahia, saudou os participantes e pediu atenção da categoria no atual cenário político.
A diretora do Sindicato de Campinas e da Feeb São Paulo e Mato Grosso do Sul, Elisa de Figueiredo Ferreira, representando a corrente Unidade Sindical, manifestou preocupação com o futuro do Banco do Brasil, que segundo ela atua no mercado como um banco privado. "Temos de fazer uma discussão profunda sobre isso e construir uma pauta unitária para enfrentar esse problema", propôs.
Wilson Ribeiro, em nome da corrente CSP/Conlutas, destacou que as jornadas de junho do ano passado provocaram "uma mudança na situação política do país, com mais questionamentos do modelo econômico atual e generalização de greves por todo o país", o que para ele insere as eleições presidenciais deste ano em uma conjuntura diferente de disputas anteriores.
Representando o Fórum Sindical, Sérgio Farias fez uma breve reflexão sobre a organização sindical dos trabalhadores bancários brasileiros. "Sem a luta dos companheiros do passado, que se organizaram e se reorganizaram - após a ditadura militar -, não estaríamos aqui reunidos neste grande congresso dos funcionários do Banco do Brasil", observou Farias, que também é diretor da Fetraf Rio de Janeiro e Espírito Santo. Ele também espera que a unidade do movimento sindical dos bancários do Brasil seja exemplo para trabalhadores de outros países, como os Estados Unidos.
Sindicalização dos bancários do BB nos EUA
Participaram também da mesa de abertura do 25º Congresso duas trabalhadoras norte-americanas: uma funcionária do Banco do Brasil nos EUA, e Anne Luck Deak, diretora da CWA, a central sindical que representa mais de 700 mil trabalhadores de vários segmentos de serviços dos Estados Unidos.
Os bancários não possuem sindicatos nos EUA, razão pela qual são desorganizados e ganham em geral menos que os trabalhadores dos serviços de limpeza, que são sindicalizados. Anne contou que pesquisa realizada pela CWA constatou que a média salarial dos bancários norte-americanos é tão baixa que um terço deles precisa buscar os programas sociais do governo para complementar a renda.
E há diferenças salariais gritantes entre regiões e entre bancos, inclusive dentro do próprio BB nos Estados Unidos. "Nós que trabalhamos no Banco do Brasil em Orlando temos salários e benefícios menores, além de férias mais curtas, que os bancários do BB de Nova York", relatou Anne Deak.
A Contraf-CUT está desenvolvendo uma parceria com a CWA na tentativa de criar um sindicato dos bancários do BB nos EUA. O primeiro passo foi a assinatura do Acordo Marco assinado pela Contraf-CUT e pela UNI Américas com o BB, pelo qual o banco deve respeitar os direitos dos bancários em todo o continente, tanto de legislação e de acordos e convênios coletivos da categoria, bem como princípios e direitos fundamentais do trabalho previstos pela OIT.
Rede de Comunicação dos Bancários
José Luiz Frare, da Contraf-CUT
Maria Ester Costa, da Contraf-CUT
Rodrigo Couto, do Sindicato de Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário