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18.8.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2011



RETROSPECTIVA 2011

O mês de janeiro teve movimentações importantes para os associados do Plano 1 da Previ: o acordo entre associados, Banco do Brasil e governo foi aprovado no restante das instâncias que faltavam apreciar as mudanças no Estatuto e a forma de uso do superávit do plano.

Postei no blog um excelente artigo do professor Marcos Bagno sobre a denominação “presidenta” que Dilma Rousseff - primeira mulher presidenta do Brasil - escolheu para nominar sua função pública e que a imprensa da casa-grande decidiu desrespeitar desde o primeiro dia do mandato presidencial.

Eu apontei em artigo o desrespeito da direção do BB ao abrir concurso público sem apontar o número de vagas, concurso com zero vagas, ou “quadro de reserva”. Isso é um desrespeito aos cidadãos que estudam para ingressar em empresas públicas. Fiz um artigo também para contestar Bresser-Pereira e a suposta mão de Deus no governo Lula.

As postagens que predominaram no mês de fevereiro versam principalmente sobre a questão da terceirização do trabalho bancário. Matérias sobre as movimentações entre a Febraban e os órgãos governamentais para regulamentar os correspondentes bancários demonstram a forma abusiva do processo que, no fundo, acaba por fazer uma espécie de reforma trabalhista no setor financeiro, pois elimina direitos sociais da categoria conquistados há décadas.

Nas questões relativas ao Banco do Brasil, os funcionários receberam a 2ª parcela da PLR, e o banco bateu recorde de lucro. Nas matérias sobre o lucro do BB, eu comentei a respeito do papel social do banco público, pois ele vinha exercendo sua função de forma idêntica ao setor banqueiro privado. Voltamos às mesas de negociação permanente com o BB no período. Fiz artigo sobre essa estratégia privada do BB.

Março foi um mês com postagens de diversos artigos feitos por mim, que era o secretário de formação da nossa confederação. Fiz um sobre democracia sindical relacionada à estrutura de negociação nacional da categoria bancária – “Democracia representativa não se confunde com ‘assembleísmo’”: no artigo, questiono a ideia do “assembleísmo” de certas correntes sindicais que não se conformam em perder suas proposições durante a construção da estratégia nacional dos bancários. Fiz outro artigo, em parceria com o companheiro Plínio Pavão – “OLT na categoria bancária – o papel do delegado sindical”, sobre o papel do representante sindical de base no BB e Caixa, os chamados delegados sindicais.

Ainda no mês de março, estive no Encontro Baiano de Formação da CUT (Ebafor) e participei das eleições dos bancários de Campo Grande (MS), e nós vencemos com a chapa cutista. A direção do BB apresentou as linhas gerais do novo Plano de Carreira e Remuneração (PCR), conquista da campanha 2010. Participei da gênese do modelo de nova tabela de antiguidade por funções exercidas.

Por fim, registrei no blog a primeira entrevista da presidenta Dilma Rousseff. Ela afirma que não vai descuidar da inflação, anuncia o Pronatec e diz que não vai permitir a retirada de direitos dos trabalhadores brasileiros.

Alguns destaques do mês de abril nas postagens: BB adquire o Eurobank nos Estados Unidos; nossa base sindical retoma as conciliações com o BB, as CCP no SEEB SP; tivemos mesas de negociação sobre o Plano 1 da Previ; várias postagens se referem à questão do correspondente bancário e a ameaça à categoria bancária. No Sindicato, tivemos a formação de nossa Chapa 1 cutista para as eleições.

Entre as questões sindicais a destacar no mês de maio, tivemos negociações com o BB sobre propostas de melhorias no regulamento do Plano 1 da Previ (a direção negou tudo). Realizamos curso de formação da Contraf-CUT e Dieese para os sindicatos da Fetec CUT Centro-Norte. Publiquei diversas matérias sobre a questão da ilegalidade e imoralidade das resoluções do Bacen sobre os correspondentes bancários - até nosso deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) entrou na luta contra as arbitrariedades do Banco Central. E os bancários do Maranhão realizaram plebiscito de desfiliação da CUT, pois a direção de lá era da CSP-Conlutas.

Em junho, ocorreu a eleição do maior sindicato de bancários do país, o nosso. Concorreram duas chapas e a chapa cutista venceu com 83% dos votos válidos. A companheira Juvandia passou a ser a primeira presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. Como membro da chapa, representaria os bancários paulistanos por mais três anos.

As postagens de junho também abordaram as questões de privatização dos aeroportos e a aprovação da terceirização total pelo Congresso; na minha agenda sindical, teve trabalho de base e viagem ao Ceará para o encontro da categoria. No blog, disponibilizei a tese da Articulação Sindical para o 22º Congresso Nacional dos Funcionários do BB (CNFBB).

Dos artigos que publiquei, destaco o artigo “Horas de greve em renovação de direitos coletivos – Anistia ou distribuição para todos”, que poderia ser avaliado por sindicatos, juristas do nosso campo e pela classe trabalhadora, pois é justo que aqueles que foram beneficiados pelas conquistas, mesmo furando greve, paguem pelas horas da luta coletiva.

Os destaques no mês de julho são os encontros deliberativos que compõem a estrutura nacional da categoria bancária. Após a realização dos encontros regionais e estaduais de debates e deliberações das reivindicações da categoria, ocorreram o 22º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB) e a 13ª Conferência Nacional dos Bancários. Publiquei artigos sobre a Previ e sobre o debate das metas abusivas. Fiz também um artigo confessional, que aborda a militância política. Por fim, está publicada no blog a proposta do Plano de Carreira no BB, na qual tive participação central no ano anterior.

Agosto foi um mês de muito trabalho de base preparando os trabalhadores para as negociações com os banqueiros e provável greve na categoria. Estive no Congresso Nacional junto com outras lideranças para denunciar a interferência do Banco Central na estrutura social dos bancários, via resoluções de correspondentes bancários que terceirizam a categoria e desfazem direitos até da CLT. Fiz dois artigos explicando reivindicações específicas dos funcionários do BB.

O mês de setembro foi marcado pelo processo de negociações com os banqueiros e com o governo nas mesas específicas de Banco do Brasil e Caixa e demais bancos públicos. A intransigência do lado patronal foi abusiva e a categoria deflagrou greve nacional no final do mês.

Outubro foi um mês de demonstração de grande força da unidade dos bancários, que realizaram a maior greve da categoria em duas décadas e após 21 dias conquistaram aumento real pelo 8º ano seguido, pisos maiores nos salários e na PLR e cláusulas sociais, boas conquistas na Fenaban, no BB e Caixa Federal.

Após a greve de renovação da Convenção Coletiva, realizamos a 5ª etapa do curso de formação Sindicato, Sociedade e Sistema Financeiro, da Contraf-CUT e Dieese, para formação de dirigentes e assessores das entidades sindicais afiliadas. O curso ocorreu na Escola Sul da CUT em Florianópolis. Cumprimos o compromisso formativo estabelecido no Congresso da Contraf-CUT que me indicou como secretário da pasta.

O mês de novembro foi de muita luta, acreditem! O movimento sindical, em especial nós da categoria bancária, atuou fortemente na luta contra o projeto de terceirização total e o fim das categorias profissionais, dos sindicatos e dos direitos do trabalho. O Congresso Nacional tentou de todo jeito aprovar uma legislação que acabava até com os direitos básicos previstos na CLT.

Além dessa pauta de luta, realizamos o 2º módulo do curso de formação da Contraf-CUT e Dieese, a 5ª etapa foi realizada na Escola Sul, em Santa Catarina. Como dirigente, fiz 3 artigos no mês, dois sobre o Banco do Brasil e um de avaliação dos 5 cursos que fizemos em todas as regiões do país durante o mandato na secretaria de formação da confederação.

Em dezembro, finalizamos o curso de formação na região Sul do país e ainda fiz mais um artigo sobre as péssimas condições de trabalho no Banco do Brasil, que exigiu nos últimos dias do ano que os bancários fizessem o possível e o impossível para o BB chegar a 1 trilhão de ativos financeiros. Para isso, os gestores poderiam arrepiar pra cima dos trabalhadores, cancelando até férias programadas.

Terminei o ano na base social, conversando com os colegas do Banco do Brasil em reuniões nos locais de trabalho. Enquanto fui representante político da classe trabalhadora estive ao lado de meus pares, foi como aprendi a fazer a luta por melhores condições de vida e por um mundo melhor.

O caderno impresso ficou com 500 páginas, foram 280 textos no ano de 2011. São registros de nossa história de lutas. Os links dos artigos desse período podem ser acessados aqui, página de artigos do autor do blog.

William Mendes


14.8.25

Diário e reflexões


17/04/16, o dia que deixei de acreditar na "democracia"

Reflexões

Quinta-feira, 14 de agosto de 2025.


Tive o privilégio de participar, nesta noite fria de quinta-feira, de uma excelente roda de conversa na Comunidade do Paredão, Rio Pequeno. O encontro foi no espaço "Cozinha Popular Dona Nega", importante espaço criado pelo Movimento Brasil Popular em parceria com o MST e lideranças locais para combater o flagelo da fome e insegurança alimentar no Estado e na cidade mais ricos do país, São Paulo.

Voltar ao Jardim Ivana/Rio Pequeno é voltar ao início de minha jornada de vida, à origem de minha caminhada pela Terra. Nasci ali, na rua em frente à padaria da Cinco Quinas, saí dali aos dez anos e aos dezessete voltei, morei ali em fases diferentes de minha vida. Ali me alfabetizei, ali terminei o ensino básico antes da graduação superior. Ali peguei ônibus lotado, vivi enchentes, o Rio Pequeno. 

Ouvir o companheiro José Genoino contando um pouco de suas vivências e suas opiniões sobre as questões mais destacadas no grave cenário político do país e do mundo é uma oportunidade que nenhum militante das causas sociais poderia perder quando é convidado para uma agenda dessa natureza. O bate-papo foi excelente!


Além de ouvirmos Genoino, ouvimos lideranças inspiradoras da Frente de Solidariedade e Luta da Zona Oeste (FSL/ZO), que militam em diversas frentes de lutas na região do Butantã. A gente sai da reunião com uma humildade incrível ao ouvir pessoas tão envolvidas com as causas sociais centrais para o povo e a classe trabalhadora.

Revi companheiros de longa data como o amigo Daniel Kenzo, Jurandir, amigo desde o movimento estudantil na USP, Ernesto e Sérgio e demais militantes queridos do movimento na região Oeste.

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Fui para a roda de conversa com diversas questões em meus pensamentos. Meu momento é de mais compreensão das coisas da vida do que antes. Ter a percepção que sinto ter não me dá conforto algum, me dá uma permanente agonia. Tudo bem, foi para isso que estudei e tentei evoluir mentalmente nas últimas décadas de vida.

O assassinato de Laudemir, trabalhador da limpeza urbana de Belo Horizonte, um gari, por um desgraçado que é o modelo de "cidadão" exaltado pela sociedade humana do capital, me encheu de ódio e raiva, sentimento que voltei a sentir desde o dia 17 de abril de 2016, desde aquela sessão no Congresso Nacional na qual um sujeito escroto enalteceu um torturador ao votar pelo impeachment sem crime da presidenta Dilma Rousseff. 

Em agosto daquele ano de 2016, o mesmo Congresso efetivou a perda do mandato presidencial da primeira mulher eleita no Brasil, eleita por 54,5 milhões de votos do povo brasileiro. 

Desde aquele ano, eu deixei de acreditar na democracia que conhecia como modelo político, entendi que as democracias que existiam na vida real eram farsas e arranjos para a manutenção do poder pelos donos do capital no mundo contemporâneo.

Uma das mulheres mais queridas de minha vida, a nossa tia Alice, irmã de minha mãe, era gari na cidade de Uberlândia, e ver um ser escroto como esse tal Renê "cidadão de bem" andar por aí mexeu com meus sentimentos mais antigos de ódio dessa gente que se acha melhor que os outros, essa gente da burguesia que odiei desde que tinha meus doze ou treze anos, quando me humilhavam como criança trabalhadora.

Quando entrei no movimento sindical, já tendo mais de trinta anos de idade, fui mudando diariamente pela convivência com pessoas maravilhosas, humanistas, pessoas boas como a tia Alice e outras pessoas humildes que eu conhecia. Mudei radicalmente ao longo da vida de representação da classe trabalhadora. Quando afirmo que fui politizado pelos bancários da CUT (nome do meu livro de memórias), é a mais pura verdade. A convivência com a companheirada me tornou uma pessoa melhor.

Com o golpe de Estado contra nós em 2016, a deposição da presidenta Dilma Rousseff, a operação lesa-pátria Lava Jato e a prisão do presidente Lula e outras prisões como a dos companheiros do PT, Genoino, José Dirceu, Vaccari e outras lideranças de nossa história de luta, com a ascensão dos desgraçados que os golpistas colocaram no poder entre 2016 e 2022, e a não convivência diária com tanta gente boa como aquela com quem me reuni hoje à noite, acabei por deixar aflorar em mim o ódio que senti boa parte da minha vida.

Com os exemplos diários de injustiça, violência e impunidade de gente como esse assassino do Laudemir, gari como minha tia Alice, eu voltei a considerar a pena de morte como um instituto legítimo de punição para crimes no Brasil. Um desgraçado como esse tal Renê e tantos outros "cidadãos de bem, patriotas, blá blá blá" não merecem viver sobre a Terra.

Esse pensamento é um retrocesso em mim, de verdade. Quando virei dirigente sindical, gastei um tempão estudando o tema da pena de morte para passar a ser contrário a esse tipo de pena. Retrocedi como pessoa...

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Felizmente, a roda de conversa com gente boa de verdade, me fez amenizar um pouco tudo que eu ainda estava pensando, além de voltar a considerar a pena de morte, de preferência pena capital no estilo revolucionário para traidores, para esses desgraçados fascistas que se acham acima das leis e melhores que as outras pessoas.

William

31.7.25

Diário e reflexões


Presidente Lula fala
ao povo brasileiro

A luta por um país soberano e por cidades melhores para se viver segue firme e contamos com nossas lideranças populares para os avanços

Quinta-feira, 31 de julho de 2025.


Opinião

O mês termina com muitas incertezas para o Brasil e o mundo por causa da guerra global imposta pelos Estados Unidos a todos os países, principalmente para aqueles que não são vassalos do império decadente dos norte-americanos. O BRICS e os avanços chineses em todas as áreas são os motivos dos ataques ao país, e o clã de vira-latas do RJ é a desculpa que veio a calhar ao senhor MAGA. Se esses bolsonaros fossem de outro país, já estariam presos ou pior.

Trump liquidou as regras internacionais construídas após a 2ª Guerra Mundial. Agora as sanções econômicas e políticas são como as bombas que os EUA jogam sobre os países e povos que não se submetem a eles. Com o fim da diplomacia, a lei do mais forte e que tem poder de matar é a única regra no mundo. Imaginem o que é sofrer sanções que bloqueiam a vida de um país como Cuba enfrenta há 63 anos...

O Brasil governado pelo Partido dos Trabalhadores tenta resistir ao ataque covarde e fora da lei perpetrado pelos Estados Unidos. A luta é desigual porque dificilmente algum país importante como o nosso tenha uma quantidade tão grande de traidores da pátria, de gente quinta-coluna, como o clã Bolsonaro e seus seguidores lunáticos.

Se eu estivesse na política, estaria fazendo o que fiz por mais de duas décadas, estaria estudando os cenários e as possibilidades, pensando objetivos de curto, médio e longo prazo e estratégias e táticas para chegar aos objetivos. Mas isso é passado. Seguirei me esforçando por não dizer o que penso sobre o nosso governo, o partido, o movimento sindical e o que vejo ao meu redor no campo da esquerda.

O que sei é que o presidente Lula está fazendo o possível e o impossível para defender o Brasil e o povo brasileiro dos ataques covardes dos Estados Unidos e da extrema-direita lixo do nosso país. Lógico que Lula está fazendo do jeito dele, como conhecemos há seis décadas. Lula não é e nunca foi um revolucionário, sempre foi um conciliador. Estudei isso por duas décadas como sindicalista cutista e compreendo o presidente e o PT, por mais que discorde de algumas coisas.

Obrigado por tanta dedicação e esforço por nós, presidente Lula!

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Heber fala em audiência sobre
o IFSP, unidade Osasco

LUNA ZARATTINI E O COLETIVO JUNTOZ: INSPIRAÇÃO E ESPERANÇA

O que tenho acompanhado minimamente na política partidária é a atuação das juventudes do Partido dos Trabalhadores que estão dando o melhor de si para renovar e revigorar a forma de fazer política do partido junto às bases sociais.

Em Osasco, Heber, Gabi e Matheus, do Coletivo JuntOz, estão atuando de forma extraordinária nesses 7 meses de trabalho no mandato parlamentar na Câmara Municipal de Osasco. Dá um orgulho danado ver a inteligência deles, o preparo e a atitude diária na busca de avanços para o povo da cidade.

Temos 1 (uma) cadeira em 21 cadeiras da Câmara, mas o trabalho deles em benefício do povo é como se eles fossem muitos mandatos, eles são muito bons. 

Ontem estive na 2ª audiência pública na Câmara para tratar do Instituto Federal em Osasco (IFSP). Todos os avanços nessa questão têm participação decisiva do Coletivo JuntOz.

Luna informa paulistanos
sobre medidas de Trump

E a nossa querida Luna Zarattini, vereadora mais votada do Partido dos Trabalhadores em São Paulo e no país, segue incansável nas diversas frentes de luta para as quais o partido destacou a companheira para liderar.

Luna, Heber, Gabi e Matheus, assim como outras lideranças do partido que admiro e respeito, são inspiração e esperança na política como meio de transformar a vida das pessoas que mais precisam, o povo pobre e trabalhador.

William Mendes

(21h)

4.7.25

Diário e reflexões



Nas eleições internas do Partido dos Trabalhadores, nem sempre os eleitores podem votar em quem desejam

Osasco, 04 de julho de 2025

Opinião


Domingo, dia 6 de julho, é dia de exercer a democracia em um dos principais partidos de esquerda e do campo democrático das Américas, é dia de Processo de Eleição Direta (PED) no Partido dos Trabalhadores. Milhões de eleitoras e eleitores vão às urnas eleger seus dirigentes partidários.

Em Osasco, concorriam às eleições três chapas: 

687 Renovação do PT em Osasco

681 Unificar e Avançar

680 Experiência e Renovação

Concorriam...

Eis que às vésperas das eleições impugnaram a chapa do Coletivo JuntOz, a chapa 687 na qual eu votaria por apoiar e acreditar no trabalho inovador que vem sendo feito por Heber, Gabi e Matheus, eleitos para a Câmara Municipal de Osasco após 8 anos sem representação do partido no legislativo.

Francamente! Conhecendo a política como quem foi sindicalista por duas décadas e conhecendo os processos eleitorais, fico imaginando em quantos locais do Brasil algo parecido aconteceu neste processo. São mais de cinco mil municípios brasileiros...

Não acho justo impedir que parte dos eleitores do partido votem em quem gostariam de votar por qualquer que seja o "pelo em ovo" que tenham usado como justificativa para pedir impugnação da candidatura do Heber a presidente e da chapa à direção municipal. 

(Post Scriptum: em vídeo, Heber explicou que desistiu de concorrer à presidência quando impugnaram a chapa)

Todas as candidaturas colocadas são valorosas e têm legitimidade para se apresentarem no processo eleitoral. Impedir uma das chapas de participar num processo de eleição proporcional é impedir que as contribuições do Coletivo JuntOz sejam consideradas no dia a dia do partido em Osasco.

Triste isso! Desanimador! Felizmente, nossos jovens vereadores estão na Câmara Municipal fazendo uma representação que nos enche de orgulho.



É isso! Em Osasco, não posso mais votar na renovação... se quiser exercer meu voto, que vote na conservação...

Histórico

Nas eleições municipais de 2024, o Coletivo JuntOz precisou de muita determinação para concorrer e ser eleito após 8 anos sem termos nenhum mantado parlamentar na cidade. Os jovens não tiveram muito apoio interno das forças políticas mais tradicionais do partido em Osasco. Mas tiveram apoio popular, trabalho de base!

Registro minha indignação com essa forma burocrática de impedir que as nossas jovens lideranças do Partido dos Trabalhadores em Osasco participem das instâncias diretivas contribuindo para a renovação de uma instituição tão importante em nossas vidas de classe trabalhadora.

Queridos companheir@s Heber, Gabi e Matheus, estou com vocês e parabenizo o trabalho excepcional que vocês estão realizando em nossa cidade.

William Mendes

16.6.25

Diário e reflexões



Sem unidade dos segmentos não extremistas de direita, o mundo que conhecemos chegará ao fim

Osasco, 16 de junho de 2025. Segunda-feira.


A sociedade humana e a Natureza onde a vida se desenvolve enfrentarão momentos decisivos nos próximos anos. Não é força de expressão dizer que podemos caminhar para o fim do mundo, algo ameaçador e distópico. 

Conforme o rumo que a espécie animal homo sapiens tomar, o planeta onde a vida se desenvolve (o "mundo") se tornará inviável à vida, senão a todas as formas de vida, pelo menos à vida humana e de outras espécies comuns nos biomas terrestres.

Ao longo da história do planeta diversas espécies e formas de vida existiram e deixaram de existir. A nossa espécie se destacou nos últimos milênios por sermos animais dotados de cérebros altamente desenvolvidos ao longo de nosso percurso na Terra.

No entanto, o mesmo cérebro que nos trouxe até aqui, neste momento da Natureza, pode ser o responsável por inviabilizar a vida de nossa espécie no planeta. Somos animais altamente influenciáveis por abstrações criadas por nós mesmos. Inventamos deuses, tecnologias para alterar o meio ambiente no qual vivemos e temos poder de destruir o mundo.

Estamos no limiar de diversas guerras simultâneas no planeta, tanto guerras tradicionais, com bombas e mortandade de seres humanos e tudo que era vivo ao redor dos fronts, quanto guerras não convencionais, guerras cognitivas que farão nossa espécie perder a noção da vida como nós a conhecíamos ao longo de milênios.

Nos fizemos humanos através de acertos e erros individuais e coletivos, seres sociais cooperativos que construíram comunidades inteiras baseadas nas soluções dos problemas e carências por meio de nossa criatividade, pelo intercâmbio mútuo e pelo convívio com os diferentes, mesmo tendo feito muita guerra nessa jornada humana.

No momento, segmentos da nossa espécie, que chamamos de extrema-direita ou grupos com ideários fascistas, organizados internacionalmente, avançam em seu projeto de tornar a humanidade uma espécie baseada no ódio, que se move no mundo através do ódio, e disposta a destruir o mundo para estabelecer uma sociedade humana do ódio.

Se os segmentos fragmentados em zilhões de bolhas sociais e grupelhos com ideários opostos, mais coletivos e com mais responsabilidade em relação ao planeta e às mais diversas formas de vida, que poderíamos chamar de progressistas, humanistas e gente do espectro mais à esquerda na política, enfim, se a parte humana que não se identifica com o ideário da extrema-direita fascista não se unir e agir, o mundo que conhecíamos pode caminhar rumo ao fim.

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Temos que registrar a história e divulgar os feitos humanistas que já fomos capazes de construir

Em minhas reflexões diárias, tenho pensado muito na questão da história e das nossas realizações enquanto coletivos humanos que lutam por um mundo mais justo e melhor para todas as pessoas e para as diversas formas de vida no planeta.

Dias atrás, em um filme de Wim Wenders - Asas do desejo (1987) -, me chamou a atenção um personagem sobrevivente da 2ª Guerra Mundial - Homer (Homero), um senhor que sonha com uma "epopeia de paz" - que refletia o tempo todo sobre a necessidade e importância de registrar e contar para as gerações futuras o que foi aquilo e o que aconteceu no mundo durante aquele período da guerra total. 

Entendo que cada um de nós tem a responsabilidade e o dever de registrar e contar a história, a nossa história, a história da sociedade humana e do mundo, a partir do ponto de vista no qual nos encontramos nessa sociedade e nesse mundo.

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Livro de memórias

Meu livro em fase final de edição é um pouco esse registro e essa narrativa de nossas histórias: Memórias de um trabalhador politizado pelos bancários da CUT

Contei nos capítulos momentos da vida sindical e política do autor e do país, desde o mundo no qual pertencia enquanto trabalhador, e a linha geral das memórias foi feita com a consciência de que fui mudando como pessoa a partir do meu encontro com o sindicato de minha categoria, os bancários da CUT.

Terminei ontem a seleção de fotos para incluir no livro. Agora é finalizar a edição e imprimir algumas unidades para presentear alguns amigos e pessoas interessadas nessas histórias. Não tenho a pretensão de lançar e vender essas narrativas.

Ainda como registro histórico e narrativas cotidianas de uma categoria importante da classe trabalhadora brasileira, os bancários, sigo trabalhando nos milhares de textos deste blog, encadernando uma história vitoriosa de uma categoria que enfrenta há décadas os donos do poder, os banqueiros.

É meu dever e minha responsabilidade preservar toda a história que registrei no blog em quase duas décadas de luta sindical e política de nossa gente trabalhadora e do campo da esquerda.

As "nuvens" vão se dissipar - Tenho alertado faz tempo as pessoas que me leem que nós viveremos um apagão nunca visto de nossos registros das últimas décadas, tudo que está nas "nuvens" e no mundo digital será perdido pela sociedade humana. Tudo. E em breve, até porque entraremos em novas fases dessa guerra em andamento, guerra cognitiva e apagamento da história e das verdades reais em troca de pós-verdade, de mentiras divulgadas como manipulação das massas humanas.

Salvem o que produziram de cultura humana nas últimas décadas. As nuvens das big techs não são o lugar para se preservar nossa história humana.

William Mendes

16/06/25 (14h28)

27.5.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2010



RETROSPECTIVA 2010

2010 foi um ano de muitos acontecimentos importantes na história do país e da categoria bancária na qual eu participava como dirigente nacional da classe trabalhadora.

A leitura das 286 postagens do blog permite a(o) leitor(a) viajar no tempo e os registros do dirigente sindical blogueiro apontam acontecimentos decisivos nas lutas por direitos sociais, civis e políticos do povo brasileiro.

Era ano eleitoral e a direita faria de tudo para tirar o PT do poder. Lula era o principal cabo eleitoral da candidata Dilma Rousseff. A simulação de agressão por parte de José Serra durante a campanha presidencial gerou até um samba divertidíssimo: “Bolinha de Papel”, do grupo Partido Alto.

Mesmo o blog representando um ponto de vista atomizado, de um trabalhador da categoria bancária em luta, vemos a movimentação dos capitalistas em geral e dos banqueiros em particular, da direita e da centenária casa-grande e sua mídia canalha e manipuladora, para avançar na retirada de direitos e desregular os direitos sociais do trabalho.

No ramo financeiro, a precarização se dava pelo avanço dos correspondentes bancários e pelas formas aviltantes de terceirização das atividades-fim da categoria bancária. Os patrões quiseram se aproveitar da crise financeira global para não atenderem às reivindicações da categoria em sua data-base. Então, fizemos uma bela greve nacional e arrancamos nossos direitos na luta. Pelo 3º ano seguido, foram 15 dias de greve!

 

SUMÁRIO DOS MESES DO ANO

No mês de fevereiro, participei das eleições bancárias no Rio Grande do Norte, levando as bandeiras da CUT aos colegas de lá. Na área de formação, começamos o segundo curso da grade formativa da Contraf-CUT, para os sindicatos da Fetec SP. O curso foi organizado em parceria com o Dieese.

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Março foi movimentado e os eventos organizativos e formativos foram destaque. Tivemos o planejamento da diretoria da Contraf-CUT. Defendi as bandeiras cutistas nas eleições dos bancários de Brasília. Participei do Coletivo Nacional de Formação da CUT (CONAFOR) na Escola Sindical 7 de Outubro, em Belo Horizonte. Realizamos o 2º módulo do curso PCDA para a Fetec SP.

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CASSI - A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, realizou seu processo eleitoral entre os meses de março e abril. Duas chapas concorreram no pleito: “UNIDOS PELA CASSI” e “Uma nova Cassi”. A chapa liderada por Graça Machado venceu a chapa de Humberto Almeida. Graça foi eleita para a Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento em uma composição com a Articulação Sindical da CUT.

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FORMAÇÃO - Ainda em abril finalizamos o curso de formação “Sindicato, Sociedade e Sistema Financeiro” aplicado para dirigentes e assessores das entidades da Fetec SP. O Programa de Capacitação de Dirigentes e Assessores (PCDA) teve a parceria com o Dieese. Estive na posse de delegados sindicais dos bancários de Pernambuco e realizamos dias de lutas no Banco do Brasil.

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No mês de maio, demos início à 3ª turma do curso de formação organizado pela Contraf-CUT e Dieese para dirigentes e assessores das entidades afiliadas, desta vez o curso foi no Nordeste. Os dois primeiros módulos foram em maio e terminamos o curso em junho. Ainda na região, participei de encontro de bancários na Paraíba.

Realizamos o XXI CONGRESSO NACIONAL DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL (CNFBB) em SP, no final de maio, no Novotel.

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PREVI - A democracia foi plena nas eleições de nossa Caixa de Previdência, a Previ. A chapa vencedora foi a UNIDADE NA PREVI, liderada por Paulo Assunção e Vítor Paulo, eleitos diretores de Administração e Planejamento, respectivamente.

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No início de junho realizamos a ASSEMBLEIA DA CLASSE TRABALHADORA NO ESTÁDIO DO PACAEMBU, no dia 1º de junho. Ainda no mês, viajei para Belém do Pará e para Brasília para cumprir compromissos da secretaria de formação da Contraf-CUT. Também organizei materiais formativos para dirigentes e trabalhadores do Banco do Brasil.

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Os meses de julho e agosto foram meses preparatórios das mesas de negociação com a Fenaban e Governo. Cumpri agendas de formação no Sindicato do ABC e em Roraima. Realizamos a 12ª Conferência Nacional dos Bancários no Rio de Janeiro.

Nesse período também estávamos organizando as campanhas eleitorais de nossos bancários Berzoini e Marcolino a deputado federal e estadual, respectivamente. Berzoini foi eleito com 140 mil votos. Marcolino foi eleito com 96,5 mil votos.

Nesse período de início de negociações para a renovação da data-base da categoria bancária, a direção do BB inventou de retirar as portas giratórias das agências, o que nos levou ao enfrentamento e atividades específicas contra essa medida.

Postei no blog a reprodução de diversas matérias sobre insegurança bancária e sobre ações na justiça contra bancos e banqueiros.

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OBSERVAÇÃO: na hora de organizar o caderno, tive trabalho para recordar como fiz as postagens naquele ano de 2010 durante a campanha. Como a agenda sindical era muito corrida, eu abria diversas postagens no blog para serem preenchidas com as informações posteriormente, às vezes ao final dos longos dias. Então, várias postagens têm a mesma data no blog e eu fui agregando textos quando necessário.

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GREVE - As negociações com banqueiros e governo se estenderam pelo mês de setembro e a categoria não teve outra opção a não ser entrar em greve nacional por tempo indeterminado às vésperas do 1º turno das eleições presidenciais. Os caras propuseram apenas a reposição da inflação de 4,29% e mais nada.

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DIREÇÃO DO BB DISPUTOU NARRATIVA DA CAMPANHA - Durante a greve da categoria neste ano, a direção do Banco do Brasil, através de sua diretoria de recursos humanos, decidiu fazer a disputa ideológica com o movimento sindical. Como dirigente nacional, entendi que os comunicados internos do banco ao quadro de funcionários deveriam ser comentados na página do meu blog. Assim o fiz. A cada comunicado interno do diretor do banco sobre a campanha e as negociações, eu reproduzia o comunicado com meus comentários, esclarecendo os bancários que eu representava sobre coisas que entendia estarem meio esquisitas nas mensagens da direção do banco. Deve ser desde essa época que a direção do banco não “simpatizava” muito comigo... dane-se!

A greve da categoria durou novamente 15 dias, por culpa dos banqueiros, e fomos vitoriosos mais uma vez. Conseguimos bons resultados econômicos e sociais. O reajuste de 7,5% equivaleu no Banco do Brasil a uma valorização no piso de 13%, ou seja, 8,71% de aumento real.

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CONQUISTAMOS O PLANO DE CARREIRAS E REMUNERAÇÃO - Conseguimos uma nova tabela de antiguidade para somar ao PCS, a Tabela de Mérito (PCR). Tenho orgulho de ter em casa, até hoje, o caderno com a construção dessa proposta. Rascunhei uma tabela nova de antiguidade para criar uma estratégia diferente da improdutiva luta por “perdas” com índices inatingíveis de reajustes. Como liderança da corrente majoritária da CUT, nós sempre propusemos coisas que pudéssemos entregar ao final das campanhas salariais como, por exemplo, a política de aumento real.

Também avançamos na proteção do comissionamento dos colegas exercendo funções técnicas, administrativas e gerenciais, não permitindo que o BB retire a função de um(a) trabalhador(a) antes de 3 ciclos avaliatórios insatisfatórios.

A campanha trouxe resultados muito positivos para a categoria bancária em geral. No BB, ainda tivemos avanços para os caixas executivos e os colegas das CABB.

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TRABALHO DE BASE - Após a campanha salarial vitoriosa, estive nas bases fazendo o que aprendi desde que virei dirigentes sindical: estive nos locais de trabalho esclarecendo os trabalhadores sobre as conquistas e também sobre o nosso papel histórico de cidadania para o 2º turno das eleições presidenciais que ocorreriam em poucos dias.

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PLANO ODONTOLÓGICO – A direção do Banco do Brasil apresenta ao funcionalismo o BB Dental, com acesso a partir do dia 11 de novembro de 2010. O que a comunidade de funcionários da ativa e aposentados do BB esperava era o que estava combinado desde a reforma estatutária de 2007, um direito a atendimento odontológico dentro da Caixa de Assistência (Cassi). Ao fazer parceria com a OdontoPrev e disponibilizar o direito somente para os bancários da ativa, a direção do BB deu o que a gente conhece na gíria como um “Passa moleque” no conjunto dos associados da Cassi.

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ACORDO SOBRE USO DO SUPERÁVIT DO PLANO 1 DA PREVI – Em dezembro, após meses de negociações entre a direção da Previ, do BB e do governo, e das representações dos associados, foi aprovado o acordo de uso do superávit do Plano 1. A consulta ao corpo social teve uma aprovação expressiva e os trâmites foram encaminhados nas mais diversas instâncias necessárias.

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O ano de 2010 foi um grande ano de lutas. O presidente Lula terminou seus dois mandatos com alto índice de aprovação e transmitiu a faixa para a PRIMEIRA MULHER PRESIDENTA DO BRASIL, DILMA ROUSSEFF, nossa companheira de coração valente!

É isso!

William Mendes


25.5.25

Companheiro Marcos Martins, sempre presente!


Marcos Martins, no aniversário do PT. (29/03/25)


Uma referência política e de vida

Osasco, 25 de maio de 2025.


Faleceu neste domingo nosso querido companheiro Marcos Martins, liderança histórica dos trabalhadores bancários e de toda a população da região de Osasco, vereador e deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores em diversas legislaturas, ele foi o maior lutador contra a praga do Amianto e suas consequências à saúde das pessoas.

Quando conheci Marcos Martins eu tinha 19 anos, era funcionário do Unibanco no Centro Administrativo na Raposo Tavares (CAU). Marcão era a nossa referência do Sindicato dos Bancários: ele foi um dos idealizadores da Regional Osasco. Eu tinha poucos meses de trabalho e fui convencido por ele e sua equipe a ajudar numa greve que ocorreria ali no CAU. Eu era da agência. Fiz os convencimentos dos colegas e paramos a unidade.

Marcos Martins sempre me impressionou por sua simplicidade e assiduidade nos locais de trabalho da categoria e nas mobilizações. Eu saí do Unibanco, entrei no Banco do Brasil e depois virei diretor do Sindicato. Mesmo tendo conhecido Deise Lessa (do BB), outra referência de trabalho sindical e postura política, Marcão seguiu sendo minha referência de como gostaria de atuar sendo representante dos trabalhadores.

Por 16 anos, me esforcei por honrar o mandato dos colegas atuando na base como aprendi com Marcos Martins e Deise Lessa. Mesmo quando o mandato que exerci foi de âmbito nacional, procurei honrar minhas referências políticas, ter simplicidade e assiduidade nos locais de trabalho. Marcão foi um Norte para minha atuação como dirigente de classe.

Querido companheiro Marcos Martins, obrigado por tudo! Você estará sempre presente em nossos corações e nas nossas memórias!

Expresso nossos sentimentos à sua companheira Sueli e aos filhos, familiares, amig@s e companheir@s.

William Mendes


19.5.25

Diário e reflexões



Osasco, 19 de maio de 2025. Segunda-feira.


CULTO À FUTILIDADE

Dó. Acho uma pena tanto conhecimento disponível acumulado pela espécie humana para nada, para chegarmos a 2025 em um mundo hegemonizado pela idiotização das pessoas como moda e objetivo.

Cultura do nada, da futilidade normalizada como o bom, época dos "influenciadores" da imbecilização das massas humanas. Dó.

Se ao menos a gozação, o humor, o passatempo, a descontração levassem a algum tipo de reflexão ou cultura ligada às grandes questões sociais de nosso tempo, tipo o mundo do trabalho e a exploração capitalista, como nos lembra o velho Marx, ou a questão ambiental do planeta, ainda teríamos algum contentamento. Mas até isso está escasseando ultimamente. 

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PRIVILEGIADO POR MINHA COR E GÊNERO

Olhando os conteúdos das pilhas de materiais de formação política - neles os de igualdade de oportunidades -, materiais que acumulei da época sindical, me lembrei de meu percurso de vida como trabalhador pobre branco. Minhas características biológicas influenciaram meu destino no Brasil, um dos países mais racistas do mundo. 

Me lembro do emprego que tive em uma escola de idiomas entre a demissão do Unibanco em 1990 e a entrada no Banco do Brasil em 1992. Quando trabalhava lá, a ordem da dona era nunca contratar mulheres porque elas engravidavam, tinham enxaqueca e faltavam muito... a dona da escola não era uma "mulher", era uma capitalista. Provavelmente, entrei na vaga por ser homem, e sendo o Brasil o que é, talvez tenha tirado a vaga de um rapaz negro...

Foda isso tudo!

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PAPÉIS VELHOS 

Passei o dia olhando mídias de formação e de história da classe trabalhadora. 

Se hoje meu corpo chegasse ao fim ficaria tudo aqui onde está essa papelada toda.

O destino das mídias seriam os sacos pretos e os caminhões de lixo para os lixões. 

As imensas quantidades de revistas, xerox e apostilas universitárias, livros e papéis entulham os espaços do ambiente faz tempo.

É sempre essa indefinição quando manuseio esses papéis velhos. 

William 

Brasil - Linha do tempo de 1990 a 2011



Apresentação do blog:

O texto a seguir fez parte de um curso de formação organizado pela Contraf-CUT e Dieese para o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, em 2012. Eu era secretário de formação da confederação. 

A lista de fatos ocorridos após a redemocratização do país não contém só coisas positivas; pelo contrário, ela enumera um monte de merda que caracteriza bem o que é o Brasil e a vida dura da classe trabalhadora. 

Este texto foi o material de número 35 do 1° módulo do curso.

William Mendes

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LINHA DO TEMPO DE 1990 A 2011

Consolidação democrática e estabilização monetária


- Criação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), em 1990

- Posse de Fernando Collor / Itamar Franco, em 1990

- Abertura econômica indiscriminada: problemas para setores específicos 

- Criação da Força Sindical, em 1991

- Impeachment de Fernando Collor e posse de Itamar Franco (1992)

- Aprovação, pelo Congresso Nacional, da Convenção 158 da OIT, contra a dispensa imotivada (set/92)

- O Fórum sobre Contrato Coletivo e Relações de Trabalho (1993)

- Início da recuperação do valor real do salário mínimo (1995)

- Plano Real e o fim da indexação salarial (julho de 1994 e julho de 1995)

- Eleição de FHC (novembro de 1994)

- Regulamentação da PLR (1994)

- Registro, pelo governo junto à OIT, da Convenção 158, contra a dispensa imotivada (jan/95)

- Continuidade/aprofundamento do ideário neoliberal (o "Estado Mínimo")

- Denúncia, pelo governo junto à OIT, da Convenção 158, contra a dispensa imotivada (nov/96)

- Crises econômicas (México, 1994; Tigres Asiáticos, 1997; Rússia, 1998)

- Processo intenso de reestruturação produtiva das empresas - Dieese promove cursos PCDA sobre o tema: (participaram 2 mil dirigentes, anotei na folha)

- Privatizações de empresas estatais 

- Reeleição de FHC (1998)

- Tentativas de "flexibilização" da legislação trabalhista (banco de horas, ampliação do trabalho por tempo determinado, lay-off, tentativa de alterações do art. 618 da CLT)

- Âncora cambial + elevação da taxa de juros = auge do desemprego (1999 a 2003)

- Aprovação da Lei Complementar 101 - Lei de Responsabilidade Fiscal (2000)

- Crise na Argentina (2001)

- Eleição de Lula: Carta ao Povo Brasileiro = manutenção da política econômica do governo anterior (Meirelles, Palocci), em 2002 (obs. minha: superávit primário, metas de inflação e câmbio flutuante)

- Lançamento da Campanha pela Redução da Jornada de Trabalho sem Redução de Salários, em 2003

- Aprovação da Emenda Constitucional n° 45: exigência de comum acordo para instauração de dissídio coletivo na Justiça do Trabalho (2003)

- O Fórum Nacional do Trabalho (FNT), entre 2003-2005

- Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST), em 2005

- Tentativa de retomada do papel do Estado como indutor do desenvolvimento econômico e social: bolsa-família; salário mínimo; Pronaf; reforma agrária; microcrédito; Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)

- Criação da CONLUTAS, dissidência da CUT (2004)

- Criação da NCST (2005)

- Retomada do crescimento econômico e melhora no mercado de trabalho (2004 a 2008)

- Reeleição de Lula (2006)

- O Fórum Nacional da Previdência Social (2007)

- A negociação da política de recuperação do salário mínimo até 2011: INPC + PIB de 2 anos antes (em 2006, anotei)

- Criação da UGT (fusão da CGT/CAT/SDS), em 2007

- Criação da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), em 2007, dissidência da CUT 

- Extensão, pelo STF, da lei de greve do setor privado ao setor público, enquanto não for aprovada lei específica (2008) - observação minha: a lei de greve é a de 1989, do Sarney 

- Lei 11.648 (DOU de 31/08/2008) reconhece as centrais sindicais e destina a elas 10% do Imposto Sindical 

- A Portaria 186 do Ministério do Trabalho e Emprego (2008)

- A crise econômica e financeira mundial: ações anticíclicas do governo e do Movimento Sindical (2008-2009)

- Ratificação, pelo Congresso Nacional, da Convenção 151 da OIT, sobre o direito de negociação dos servidores públicos 

- A realização da Plenária do Pacaembu pelas Centrais Sindicais (CUT, Força Sindical, CGTB, CTB e NCST), em 1° de junho de 2010

- A eleição de Dilma Rousseff (2010)

- Criação da mesa Nacional sobre Condições de Trabalho na Construção Civil

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Fonte: Dieese e Contraf-CUT


5.5.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2009


Genésio e eu, contra a Folha "Ditabranda".


RETROSPECTIVA 2009

O mês de janeiro foi um mês de muito trabalho de base. Distribuí materiais sindicais em diversas agências e departamentos do Banco do Brasil, além de participar de reuniões políticas organizativas para o ano de luta. No fim do mês, embarquei para Belém do Pará, para participar do Fórum Social Mundial.

Tive agendas em Brasília no início do mês de fevereiro. A CUT fez dia nacional de lutas: “Querem lucrar com a crise: a classe trabalhadora NÃO vai pagar esta conta”. Tivemos reunião nacional da direção da Contraf-CUT e reuniões políticas na Fetec CUT SP para tratar da questão da incorporação do Banco Nossa Caixa pelo BB. Nossa corrente política Articulação Sindical fez seminário nacional. E também fizemos reunião dos delegados sindicais do Banco do Brasil.

No dia 7 de março, participei do ato em frente ao jornal Folha de São Paulo, que havia afirmado que no Brasil a ditadura tinha sido “branda”. Esse é o veículo de comunicação que emprestou carros para sequestrar pessoas naquele período nefasto do país. Folha “Ditabranda”.

Ainda em março, trabalhei no RJ representando a Contraf-CUT em evento da Previ.

No dia 12/03/09, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região promoveu emocionante ato para recordar e comemorar os 30 anos da “Retomada” (1979-2009) da direção de nosso Sindicato da mão dos pelegos aliados da ditadura. Na matéria especial, Gushiken disse não ter dúvidas de que assim como as lutas dos metalúrgicos do ABC, aquela vitória eleitoral nos bancários foi fundamental para impulsionar o movimento sindical brasileiro a contribuir para a redemocratização do país.

Na segunda quinzena, muitos eventos organizativos: estive no Paraná, em encontro dos bancários do BB e Caixa, estive no Rio de Janeiro também em seminário da categoria. Em São Paulo, ocorreram encontros sobre a incorporação do BNC, e encontros temáticos preparatórios para o Congresso da Contraf-CUT.

No mês de abril, o movimento sindical bancário foi marcado por eventos organizativos e democráticos importantes. Realizamos o 2º Congresso da Contraf-CUT e o companheiro Carlos Cordeiro foi eleito o presidente de nossa confederação. Eu fui eleito secretário de formação.

A categoria realizou os congressos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal em Brasília. Em relação à nossa Caixa de Assistência, a delegação do 20º CNFBB indicou o fortalecimento do modelo de Atenção Integral à Saúde, que na Cassi se desenvolvia através da Estratégia de Saúde da Família (ESF), com unidades próprias de atendimento primário, as CliniCassi.

Como secretário de formação, passei a estudar mais a história do movimento sindical e escrever mais também. Fiz dois artigos no mês de abril.

O mês de maio foi repleto de atividades sindicais. Participei do 1º de maio em Cidade Ademar, Zona Sul de São Paulo, um evento classista e sem patrocínio de empresários. Ainda participei da Corrida dos Trabalhadores em Osasco (8K), evento no qual o Sindicato inscreveu centenas de bancárias e bancários.

Estive em reuniões organizativas e deliberativas no mês. Participei do CECUT no interior de São Paulo – Serra Negra - e depois do planejamento da direção da Contraf-CUT, em Nazaré Paulista.

Ainda em maio realizamos Encontro Estadual da Articulação Sindical da CUT, e contamos com a participação de José Ricardo Sasseron, presidente da Anapar e diretor eleito de seguridade na Previ, e Ricardo Berzoini, presidente do Partido dos Trabalhadores.

Mesmo com agenda cheia, não deixei de fazer base. Fiz reuniões em locais de trabalho no Banco do Brasil e distribuí a revista O Espelho no Complexo São João.

Junho foi mês de boas reuniões nacionais: tivemos Encontro da Juventude e do Coletivo de Formação na Contraf-CUT. Depois tivemos Encontro organizativo da Articulação Sindical. Participei ainda de Assembleia na AABB SP.

Em julho, realizamos na Contraf-CUT o 2º Encontro de Comunicação. Participei da 11ª Conferência Nacional dos Bancários, que definiu a pauta de reivindicações da categoria. Ainda fiz debate sobre a Cassi no auditório do Complexo do Banco do Brasil, na Av. São João.

Participei como delegado, em agosto, do 10º Congresso Nacional da CUT (CONCUT). Começaram as mesas de negociações salariais com os banqueiros e governo federal.

A nossa confederação me designou para representar, em setembro, o ramo cutista em curso de formação na Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Turim (ITA) e em Madri (ESP). Foram três semanas fora do país, em companhia de dirigentes de vários países latino-americanos, debatendo e construindo saídas para aquele contexto: crise do capitalismo com a questão do subprime.

Quando voltei, participei ativamente da campanha salarial e dos 15 dias de greve nacional dos bancários e bancárias, iniciada em 24 de setembro.

Entre outubro e dezembro, realizamos o 1º curso de formação Sindicato, Sociedade e Sistema Financeiro, realizado pela Contraf-CUT e entidades sindicais afiliadas e com o suporte técnico do Dieese. Ao longo do mandato na secretaria de formação, iríamos percorrer todas as regiões do país levando formação às bases da categoria bancária.

Ainda em novembro e dezembro, participei de fóruns democráticos diversos: Conferência de Saúde da Cassi em SP e assembleia da AABB SP. Tivemos seminário sobre bancos públicos e regulamentação do art. 192 da CF. Realizamos na Contraf Reunião da Redes Sindicais Internacionais.

Terminei o ano como comecei: na base, ouvindo os trabalhadores e resolvendo demandas nos locais de trabalho no dia 30 de dezembro, no complexo São João do Banco do Brasil.

Após a revisão das 211 postagens do ano, mais um caderno do blog finalizado. 

William Mendes