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17.5.24

Cassi, nossa Caixa de Assistência (1)



17/05/24. Sexta-feira.

Opinião


Nossa Caixa de Assistência

A Cassi é a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, uma autogestão em saúde gerida de forma compartilhada entre os seus associados e o patrocinador BB. A associação foi criada em 1944 e neste ano completou oitenta anos de existência. 

Atualmente, a Cassi é uma operadora de saúde na modalidade de autogestão, atua no setor de saúde suplementar brasileiro, tem estatuto próprio, e se submete à legislação do país. O setor onde atua é fiscalizado em parte pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS. Digo em parte porque a Cassi compra serviços de saúde em um mercado que não é controlado pela ANS, o que é ruim para as autogestões em saúde.

Esse cenário onde a Cassi opera não foi sempre assim: nossa Caixa de Assistência foi criada por trabalhadores do BB muito antes de boa parte das instituições do Estado nacional. Pertencemos a uma comunidade de vanguarda no mundo do trabalho, cuja cooperação sempre esteve presente em nosso cotidiano. Associativismo e solidariedade fazem parte da história dos funcionários do maior banco público do país.

Sou associado de nossa Caixa de Assistência há mais de trinta anos e tive a oportunidade e a missão de ter sido um dos administradores eleitos pelos associados e associadas na história de nossa autogestão. Foi um período de muito aprendizado e de muita luta por direitos em saúde porque a realidade dos direitos dos associados da Cassi vem sendo construída desde janeiro de 1944. Contei parte da história de nossa associação ao longo do mandato que exerci em nome dos associados.

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Relatório 2023 (dados retirados do site da Cassi)

Hoje, saiu o resultado da consulta ao corpo social em relação ao Relatório 2023. Participaram do processo de prestação de contas 55.200 participantes, de um total de 160.239 associados, pouco mais de 34% do total do público com direito a voto em nossa Caixa de Assistência. A maioria aprovou o relatório: 31.894 pessoas. Achei preocupante a quantidade de pessoas que não aprovaram o relatório: 23.306 pessoas ou 42,2% dos manifestantes (total de votos contrários 4.606, brancos 8.436 e nulos 10.264). 

Desde minha saída da gestão de nossa Caixa de Assistência, acompanho de longe os avanços e retrocessos em relação aos direitos dos associados e em relação à própria operadora do ponto de vista das formalidades do setor onde a Cassi opera. Avalio que os associados vivenciaram momentos difíceis e de retrocessos em relação aos nossos direitos durante os governos de Temer e Bolsonaro (2016-2022). É importante lembrarmos que o governo federal é acionista majoritário do BB e indica a metade da gestão da Cassi. 

O Relatório 2023 expressa a realidade da operadora e o que foi feito em nossa Caixa de Assistência no ano passado, incluindo, é lógico, o que foi feito nos últimos anos (consequências das gestões anteriores). O Relatório foi aprovado pelos conselhos fiscal e deliberativo e por auditoria independente. A direção fez apresentações do Relatório para os associados e suas representações.

Eu ainda não terminei a leitura completa do Relatório. Segui o voto de nossas representações eleitas e de nossas entidades representativas do funcionalismo. 

Algumas questões me chamaram a atenção. Lógico que a minha leitura do Relatório não é uma leitura de leigo, é uma leitura de quem geriu a nossa Caixa de Assistência por muitos anos e de quem tem opinião em relação às decisões tomadas pela direção da Cassi.

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Duas observações iniciais sobre o Relatório 2023

No geral, percebi um esforço do nosso governo Lula (sou eleitor de Lula) e da composição da direção da Cassi em 2023 em resolver o problema do déficit preocupante que se realizaria no exercício, de aproximadamente 448 milhões de reais (p. 7), caso não avançasse o acerto das dívidas do patrocinador relativas às reclamações trabalhistas. Lógico que a preocupação segue em relação aos valores recorrentes de receitas operacionais e despesas assistenciais.

Vejo com preocupação a questão dos planos de saúde para familiares dos associados. Desde que era gestor, tenho senões a essa estratégia de criação de um monte de planos hipoteticamente mais baratos (direitos menores para nossos familiares). O que parece ser um avanço no Cassi Essencial e Cassi Vida, ampliarem a carteira em 8.500 e 6.802 planos vendidos (+15.302) nada mais é, na minha opinião, que a saída de 15.790 participantes do Cassi Família I e II. Não é avanço algum no "público-alvo" como costumam dizer. Só estamos enfraquecendo o principal plano para familiares. 

Entendo que poderíamos fortalecer o CF II, que é melhor, com descontos por adesão espontânea ao modelo de Atenção Primária e Estratégia de Saúde da Família (ESF). Seria melhor para todos: Cassi e o modelo assistencial, familiares e patrocinador. Os planos familiares não foram pensados para oferecer direitos menores para nossos entes queridos. Isso é um equívoco! Imaginem se tem cabimento um colega do banco com o filho ou neto com um plano de saúde com coberturas menores e redes piores...

Enfim, desejamos perenidade para nossa Caixa de Assistência e sustentabilidade com manutenção e ampliação de direitos em saúde para o conjunto das trabalhadoras e trabalhadores da ativa e aposentados(as) e demais assistidos(as) da comunidade Banco do Brasil.

Parabéns à direção pelo trabalho que vem realizando e parabéns a todos nós associados por essa conquista extraordinária que é a Caixa de Assistência.

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Nossa solidariedade ao povo do RS

Por fim, presto aqui a nossa solidariedade ao povo irmão do Rio Grande do Sul. O Estado sempre foi uma base referência no que diz respeito à Cassi, nosso modelo assistencial de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e sempre contamos com uma participação muito ativa do voluntariado nos conselhos de usuários. 

Aprendi muito com os colegas e amigos do RS. Temos uma população de mais de 31.500 participantes da Cassi no Estado. Esperamos que nossas irmãs e irmãos se recuperem e retomem a vida o mais breve possível. Contem conosco da comunidade Banco do Brasil e com todo o povo brasileiro!

William Mendes


Post Scriptum: o texto seguinte desta série pode ser lido aqui.


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