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Nas lutas deste ano. Foto: Maurício. |
Avaliação sucinta sobre as conquistas dos bancários do BB em 2013
Companheir@s de luta e colegas do BB, este foi o segundo ano no qual cumpri a missão de coordenar as negociações nacionais com o banco pela Contraf-CUT e suas federações e sindicatos.
Agradeço a confiança depositada em mim e a parceria e compromisso dos representantes das federações na Comissão de Empresa dos Funcionários do BB - CEBB, que assessora a Contraf-CUT nas questões específicas do banco.
A categoria foi muito aguerrida! Muito mesmo! Os bancários e suas lideranças sindicais venceram a tentativa dos bancos de nos derrotarem pelo tempo da greve (eles se deram mal). Eles disseram em mesa que não iriam nos dar mais aumento real, nem direitos novos. Nós afetamos até o crédito e a circulação de moedas. Os banqueiros chupins ficaram mal na fita com a sociedade!
Conseguimos aumento real pela 10ª vez e isso é muito importante para os bancos que têm PCS como os públicos, onde os bancários acumulam uma vida na empresa e se aposentam ali.
A estratégia de organização da campanha, das reivindicações e a maneira como as mesas e negociações acontecem são fundamentais para apresentarmos como conquistas finais a lista abaixo de questões acrescidas no estoque de direitos dos funcionários do BB em 2013.
Também tenho parte nisso e se somarmos os 24 itens relacionados à nossa vida funcional do BB neste ano com outros 10 itens da campanha 2012 (ver aqui) são 34 questões específicas que atendem demandas de partes e setores do funcionalismo do Banco do Brasil.
Me sinto com a sensação de dever cumprido. E nossa função de dirigentes e de coordenadores é feita para absorver reclamações e muitas vezes acusações injustas. Mas se aceitamos a tarefa, não tem problema levarmos as porradas. Fizemos o esforço de buscar ao fim e ao cabo os direitos novos para nossos bancários e para nossos sindicatos.
Analisem friamente os dados abaixo e vejam se não são importantes. Um direito novo para homoafetivos ou para pessoas com deficiência (PcD) pode não significar nada para uma maioria, mas é importante para cada pessoa, cada colega abrangido pelo direito.
Aumentar a bolsa dos estagiários em 71% é algo muito importante para uma multidão de jovens. Querem ver o que estou dizendo. Temos cerca de 10 mil estagiários no banco. Tive que brigar naquelas várias horas de bastidores para que o direito retroagisse a 1º de setembro e não para novembro. São 10 mil x 476,00 (238 x 2 meses) = R$ 4.760.000 que fizemos ser distribuídos para essas garotas e garotos que ajudam os funcionários do BB (tão atolados de serviço por falta de contratação).
Foi muito legal a firmeza que tivemos na mesa geral da Fenaban exigindo mudança na regra da compensação das horas de greve, isso porque argumentamos que a greve longa foi culpa dos bancos e não dos bancários.
Me lembrei por meses de cada bancária e bancário e cada sindicato me lembrando de lutar para fazer o banco estornar os descontos de greve ocorridos no 1º semestre pela luta contra as mudanças do plano de funções. Conseguimos!
Desde o início das negociações na mesa da Fenaban e na mesa específica do BB eu tinha a "fixação" de ajudar a construir alguma proposta que limitasse a sacanagem absurda de enviar trocentos torpedos aos nossos colegas bancários cobrando metas.
Falei isso na mesa da Febanan usando um argumento do próprio negociador Magnus Apostólico. Em uma das mesas ele havia falado de pilares básicos que deveriam haver na relação entre capital e trabalho, seria algo de interesse comum:
Conforto + Segurança + Produtividade
Foi perfeito usar o argumento dele para perguntar aos banqueiros na mesa se eles achavam que era "confortável" receber dezenas de mensagens por dia cobrando metas, inclusive no final de semana com a família... (percebemos que os caras sentiram a pergunta!). Depois usei como exemplo a cláusula de proibição de publicação de ranking individual.
Quero lembrar que não devemos fazer pouco caso da proposta de Vale-cultura que conquistamos na mesa do BB ANTES da mesa final da Fenaban. São R$ 600 por ano. Não é pouca coisa principalmente para os mais de 50 mil escriturários e caixas do banco.
A conquista do mérito para os caixas, iniciada em 2012 e finalizada nesta campanha, pode render 2 letras de mérito para os caixas que já atuam desde 2006 e isso equivale a R$ 226 a mais de salário para quem ganha cerca de R$ 3000. Estou falando de 7,5% de aumento só pelas duas letras de mérito! É pouco?
São muito importantes as ferramentas conquistadas em 2012 (cláusula de conflitos da Fenaban) e neste ano de combate ao assédio moral. Agora os bancários e os sindicatos têm que se apropriarem dos direitos e fazer eles valerem.
Talvez algumas pessoas façam pouco caso da conquista do direito à vacina contra gripe para todos... Engraçado, porque eu tenho mais de vinte anos de banco e todo ano é uma reclamação geral em várias bases do país por causa do pessoal querendo a vacina e não tendo direito a ela simplesmente porque era uma liberalidade: o BB disponibilizava se quisesse e onde quisesse.
Enfim, avalio que nós todos, coordenação, entidades sindicais organizadas a partir da Contraf-CUT e principalmente cada bancária e bancário fomos vitoriosos e podemos ter orgulho de sermos combativos, de classe, termos unidade e sabedoria. Neste fim de semana, devemos dormir o sono dos justos.
William Mendes
Secretário de formação da Contraf-CUT e Coordenador da CEBB
PS: quero constar aqui o meu agradecimento aos colegas do banco que estão do outro lado da mesa de negociação. Estamos de lados opostos, nós representando os trabalhadores, eles representando o banco, mas as semanas que passamos em duros debates nas mesas e nos momentos finais foram sempre marcadas por respeito mútuo e sapiência do papel de cada um. O respeito e a postura são importantes nas relações, mesmo aquelas sob tensão como ocorre em mesas de negociação.
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Contraf-CUT assina acordo específico com BB e cobra respeito aos grevistas
Depois da assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários com a Fenaban, a Contraf-CUT, federações e sindicatos firmaram nesta sexta-feira 18 o acordo aditivo específico com o Banco do Brasil, que trouxe avanços como a contratação de mais funcionários, a melhoria na pontuação de mérito dos caixas, novas medidas para combater o assédio moral e o novo mecanismo que limita em no máximo uma hora por dia, até 15 de dezembro, a possibilidade de compensação de horas da greve.
"Cada avanço específico no acordo aditivo, em particular o aumento real de salário, que tem perenidade nas empresas públicas como o BB, onde há plano de carreira, é fruto da forte participação dos bancários do Banco do Brasil na greve nacional dos bancários", destaca Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
Na cerimônia de assinatura do acordo aditivo, realizada no hotel Intercontinental, em São Paulo, a Contraf-CUT cobrou do banco a reclassificação das faltas de julho e agosto último, em razão da forte luta dos bancários contra o PL 4330.
"Também cobramos da direção do banco que neste ano a postura da empresa seja diferente em relação ao pós-greve do ano passado, quando o BB passou meses perseguindo funcionários que participaram da paralisação. Esperamos que este ano tenhamos um período pós-greve mais respeitoso por parte da empresa", acrescenta William Mendes, secretário de Formação da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.
Isso foi cobrado porque, antes mesmo da assinatura do acordo, já havia denúncias em alguns estados de administradores cancelando férias de bancários. "Nossos sindicatos não aceitarão isso", adverte o diretor da Contraf-CUT.
Outra cobrança da Contraf-CUT foi a solicitação de instalação de mesa permanente imediata para discutir a distribuição do superávit da Previ de 2012, uma vez que existem reivindicações de participantes para que seja mantida a suspensão das contribuições.
O acordo específico com o Banco do Brasil
REAJUSTE COM AUMENTO REAL - O piso e demais verbas salariais serão reajustados em 8% (aumento real de 1,84%). Com essa proposta, o aumento real no piso do BB acumula 38,5% desde o início da campanha nacional unificada. O novo piso do BB será de R$ 2.104,66 após 90 dias (A2).
CONTRATAÇÕES - O banco apresentou propostas que estão entre as reivindicações do funcionalismo. Serão contratados 3 mil bancários até agosto de 2014.
PSO/CAIXAS - Os caixas executivos passarão a pontuar como os demais comissionados na primeira faixa de funções: 1 ponto por dia. A contagem será feita de forma retroativa considerando 2006 adiante e com isso os bancários que exerceram a função de caixa desde essa data já terão ou estarão próximos de completar 1095 pontos e adquirir mais uma letra de mérito (R$ 113). Além disso, serão efetivados no caixa mais de 1.200 bancários que já vêm exercendo a função a mais de 90 dias.
TRAVA PARA REMOÇÃO - os escriturários terão que esperar um tempo menor para poder concorrer à remoção para outras unidades de trabalho. A trava diminuiu de 24 para 18 meses.
INCORPORADOS - haverá uma mesa temática após 30 dias da assinatura do acordo sobre o tema Cassi e Previ para que o BB apresente os dados e estudos referentes aos incorporados, os planos de saúde e previdência desse segmento e demais fatores inerentes.
QUESTÕES DE COMBATE AO ASSÉDIO MORAL
TORPEDOS - o banco propôs criar uma cláusula que limita o uso de mensagens de texto (SMS) cobrando metas de seus funcionários fora da jornada de trabalho.
"FICHA SUJA" - o banco também terá como pré-requisito para um funcionário ser gestor, não haver registro dele de denúncia procedente nos últimos 12 meses na ouvidoria ou no protocolo de prevenção de conflitos assinado entre a Fenaban e as entidades sindicais.
PLR
O banco pagará participação nos lucros e resultados para 117,8 mil bancários e os valores serão maiores que o semestre anterior devido ao excelente trabalho do funcionalismo.
FALTAS DOS DIAS DE LUTA E DA GREVE
Os banqueiros tentaram impor uma derrota aos bancários e exigir compensação de cada hora de luta durante seis meses. A força da mobilização e as lideranças sindicais não permitiram isso.
A nova redação da Convenção Coletiva de Trabalho permitirá a compensação de até 1 hora por dia e até 15 de dezembro. Após isso, as horas restantes serão anistiadas.
RECLASSIFICAÇÃO DAS FALTAS DE LUTA CONTRA O PLANO DE FUNÇÕES
Também serão reclassificadas e serão devolvidos os descontos dos dias de greve dos bancários que participaram da luta contra as mudanças unilaterais do plano de função.
VEJAM ABAIXO A ÍNTEGRA DAS CONQUISTAS DO FUNCIONALISMO
1- Vale-cultura: no valor de R$ 50,00 por mês para os funcionários que ganhem até 5 salários mínimos, a partir de janeiro/2014.
2- Ausências para PcD: Abono das horas de ausências, durante a jornada de trabalho, para os funcionários com deficiência, para aquisição, manutenção ou reparo de ajudas técnicas (cadeiras de rodas, muletas, etc), com limite de uma jornada de trabalho por ano;
3- Igualdade/respeito à orientação sexual: Elevação da licença adoção para homens solteiros (família monoparental) ou com união estável homoafetiva, de 30 para 180 dias;
4- Bolsa estágio foi reajustada em 71%: Aumento do valor da bolsa dos estagiários, de R$ 332,00 para R$ 570,00 (retroativo a 1º/09/2013);
5- Auxílio educacional para dependentes de vítimas de assaltos: Auxílio educacional para dependentes de funcionário falecido ou que tenha ficado inválido em decorrência de assalto intentado contra o Banco - no limite de R$ 868,00 por mês até 24 anos incompletos, na forma das instruções internas (sem cláusula).
6- Vacina contra a gripe para todos os funcionários (sem cláusula)
Demais Propostas
7- Redução da trava para remoção de escriturários, de 24 meses para 18 meses;
8- Pagamento das substituições: Movimentação transitória para as ausências da gerência média nos casos de licença de saúde, a partir do 1º dia e até 90 dias, nas agências de qualquer nível com até 7 (sete) funcionários;
9- Efetivação dos caixas executivos: Cláusula com compromisso do Banco em preencher o número de vagas de caixa executivo existentes na data de assinatura do ACT, priorizando os funcionários que já estejam substituindo há mais de 90 dias e desde que haja interesse pelo funcionário;
10- Aumento do mérito dos caixas: Elevação da pontuação do mérito para os caixas, de 0,5 ponto para 1 ponto por dia de exercício, retroativo a 2006, com pagamento a partir de 1.9.2013;
11- Proibição de mensagens de texto cobrando metas: Cláusula com compromisso do Banco em normatizar internamente a proibição do envio, pelos gestores, de mensagens de texto (SMS) que tratem de cobrança de metas em fins de semana, além da limitação do horário de envio durante a semana;
12- BB treinará gestores com desempenho ruim no RADAR: Compromisso do Banco em normatizar internamente o treinamento dos gestores que não obtiverem desempenho suficiente no RADAR (sem clausular);
13- Mediação de Conflitos: Compromisso do Banco de agregar a metodologia de ouvidoria existente à metodologia de mediação de conflitos, treinando todos os gerentes de Gepes, analistas que atuam na Ouvidoria e Administradores (sem clausular);
14- TAO (estar entre os 20) será exigido também nas áreas meio e diretorias: Compromisso de considerar somente os 20 primeiros do TAO para os processos seletivos e nomeações nas Unidades do Banco (sem clausular);
15- FICHA SUJA impedirá ascensão a gestor: Seleção para gestores, na rede de agências, pelo Programa de Ascensão Profissional, com pré-requisito de não ter demanda de Ouvidoria procedente nos últimos 12 meses, consideradas também as denúncias encaminhadas via "protocolo de prevenção de conflitos"; (sem clausular)
16- Mesa Temática sobre Cassi e Previ com início previsto para 30 dias após a data de assinatura do ACT;
17- Contratações: 3.000 contratações de funcionários até 31.08.2014;
18- Plano de funções: O banco se compromete a efetuar ajustes nos percentuais do Adicional de Função de Confiança - AFC e do Adicional de Função Gratificada - AFG em relação aos Valores de Referência - VR das Respectivas Funções, a partir de 01.09.2016, conforme os termos desta Cláusula.
Parágrafo Primeiro - Em 01.09.2016, o percentual do Adicional de Função de Confiança - AFC em relação ao Valor de Referência - VR da respectiva Função de Confiança - FC, passará a ser 43,75%.
Parágrafo Segundo - A partir do mês de setembro de 2016 e a cada 3 (três) anos, o percentual do Adicional de Função Gratificada - AFG em relação ao Valor de Referência - VR da respectiva Função Gratificada - FG, passará a ser:
I- Em 01.09.2016 - 18,75%
II - Em 01.09.2019 - 25,00%
III- Em 01.09.2022 - 31,25%; e
IV- Em 01.09.2025 - 37,50%. (sem clausular)
COMENTÁRIO: banco reconhece que exagerou na redução do valor das gratificações de funções comissionadas, mas não houve negociação com o movimento sindical e nós não concordamos com esse plano implantado unilateralmente)
19- Renovada CCV específica de jornada para aderentes às funções de 6 horas do Plano de funções: Renovação do Acordo Coletivo (acordo marco) sobre CCV por 2 anos, sem cláusula de suspensão de ações judiciais por 180 dias.
20- Prorrogação por mais seis meses da possibilidade de realização de horas extras para os funcionários que aderiram a funções gratificadas, na forma prevista no plano de funções;
21- Reclassificação das faltas de greve realizadas no primeiro semestre de 2013, por conta do plano de função;
22- Realização de mesa temática sobre CABB.
23- Participação nos Lucros e Resultados: o modelo de distribuição da PLR terá a mesma estrutura do exercício anterior. O aumento no montante do programa será distribuído para todas as faixas salariais (47% a mais):
Escriturários recebem R$ 5.837,15 e caixas executivos R$ 6.236,38
Parcela variável do Módulo BB (vinculado ao resultado): a tabela de salários paradigma será aumentada na mesma proporção de 47% a mais.
Veja alguns grupos: Comissionados FG e FC (plenos) 2,07 salários paradigma, gerência média 2,15 salários paradigma, primeiros gestores 2,57 salários paradigma. (Todas as demais funções na tabela da parcela variável no BB também foram reajustadas pela mesma proporção, informou o banco).
24- Anistia de parte das horas de greve da campanha: foi uma vitória importante dos bancários, principalmente dos bancos públicos, termos mudado o paradigma da regra da CCT sobre a compensação das horas de greve.
Além de manter a data limite de possibilidade de compensar até 15 de dezembro, que é uma proteção aos bancários para não ficarem meses compensando, avançamos em limitar no máximo 1 (uma) hora por dia, o que pode anistiar até 70% das horas feitas por bancários comissionados, pois para aqueles que participaram de toda a greve iniciada em 19/9 e finalizada na sexta 11/10 seriam 17 dias de falta (102h ou 136h) e com a assinatura hoje dos acordos, a compensação pode chegar a umas 40 horas.
Fonte: o blog com informação da Contraf-CUT