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20.1.25

Diário e reflexões



Osasco, 20 de janeiro de 2025. Segunda-feira.


SINDICALIZAÇÃO

Me associei ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região quando trabalhava no Unibanco da Raposo Tavares, no CAU. O pessoal do sindicato me contatou como fazia com qualquer bancário ou bancária e na conversa do dia a dia eles me convenceram a me sindicalizar. Depois passei a sindicalizar todo mundo que conhecia lá dentro. Trabalhei lá entre abril de 1988 e maio de 1990, quando fui demitido.

Voltei a ser bancário dois anos depois, passei no concurso do Banco do Brasil e tomei posse da vaga de escriturário em setembro de 1992. Uns meses depois, assim que entrei em contato com o pessoal do sindicato novamente, me sindicalizei em fevereiro de 1993. Mais uma vez, virei um grande defensor da sindicalização e vivia ganhando prêmios do sindicato por sindicalizar um monte de bancários.

Uma década depois de entrar no Banco do Brasil, o pessoal me convenceu a ceder meu nome para compor a chapa da CUT que concorreu e ganhou a eleição sindical em abril de 2002 contra a chapa da oposição. Representar os colegas bancários mudou minha vida em tudo, eu mudei completamente em relação à pessoa que era antes de virar dirigente sindical.

Não vou abordar neste texto de sindicalização minha contribuição à corrente política para a qual dediquei a maior parte de minha vida adulta, a Articulação Sindical da CUT. Minha contribuição política faz parte da história e se a história ainda vale alguma coisa ou não, não sei, mas a campanha nacional unificada entre bancos públicos e privados foi alcançada com a minha participação efetiva nos primeiros anos do governo Lula. E também a política de aumento real de salário em substituição da antiga reivindicação de "perdas".

LAWFARE ANTECIPA MEU DESLIGAMENTO DO BB

Por motivos políticos acabei saindo do Banco do Brasil um pouco mais cedo do que talvez gostaria. Como um dirigente nacional da categoria exercendo um mandato eletivo numa entidade dos funcionários do banco, vinha sofrendo um processo de lawfare (desses com carta anônima e acusações falsas), que havia se tornado comum contra lideranças de esquerda. Como era tudo mentira para tirar minha atenção e tempo nos embates que enfrentava e para que eu não me reelegesse, após o uso político, o processo foi arquivado por falta de provas.

Aderi à aposentadoria antecipada de meu plano de previdência da Previ no dia em que completei a regra do estatuto para aderir. Estávamos no primeiro ano do governo Bolsonaro, e antes já vivíamos sob o jugo do governo golpista de Temer. Infelizmente, encerrei minha vida de dedicação ao Banco do Brasil sem um bolinho e abraços dos colegas.

Por sugestão de nossos advogados, durante minha defesa contra aquelas mentiras, era melhor que eu me silenciasse um tempo dos embates políticos que fazia através de meus textos em blog em nome da categoria que representava. Acatei a sugestão e me silenciei por mais de um ano na comunicação e prestação de contas que fazia através de meus textos. Muita gente que conhecia meu trabalho de representação e minha história ficou sem saber de mim por um bom tempo.

Veio a pandemia no ano seguinte. Aí que aumentou meu isolamento como aconteceu com praticamente todo mundo.

Mas e a questão da sindicalização? O texto é sobre sindicalização.

Como se tornaram raras as oportunidades de participar de assembleias do nosso sindicato, e como eu havia me desligado do banco em um dia e no dia seguinte passei a ser beneficiário do nosso fundo de pensão da Previ, entendi que tinha virado sócio remido do sindicato, como acontece com muitos bancários. 

Um dia, em algum evento virtual que não consegui participar, descobrimos que eu estava com a matrícula irregular no sindicato, o pessoal do sindicato e eu percebemos que minha filiação não estava em dia. Pesquisa vai, pesquisa vem, sou informado que estava inadimplente desde que me desliguei do banco e me tornei beneficiário da Previ.

R$ 5.311,14

A solução não foi eu voltar a pagar a mensalidade. A regularização seria eu pagar um montante inimaginável para voltar a ser sindicalizado como sempre fui desde minha entrada na categoria lá no Unibanco nos anos oitenta. Balancei em pagar o valor apresentado a mim...

A tomada de decisão em usar um recurso de minha família para voltar a ser sindicalizado foi dificílima. Pensei em tantas coisas que vocês não fazem ideia! 

Em primeiro lugar, eu tinha uma história no sindicato. Como bancário, como sindicalizador, como dirigente sindical. Como poderia não ser sindicalizado na entidade na qual participei no mínimo de três décadas de sua história?

Tomei a decisão e no dia 23 de dezembro de 2021 paguei os 5.311,14 ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região para regularizar minha situação de sindicalizado há décadas, já que eu não era sócio remido ainda porque faltava me aposentar pela previdência pública, aquela que a cada reforma aumenta o prazo para os trabalhadores poderem se aposentar.

A QUEM DEVERIA INTERESSAR A SINDICALIZAÇÃO, FILIAÇÃO, ASSOCIAÇÃO?

Nos últimos 3 anos de pagamento em dia das mensalidades de nosso sindicato (paguei no mês de dezembro R$ 211,68), fiquei refletindo sobre um monte de coisas relativas ao movimento sindical que ajudei a construir, principalmente o da categoria bancária.

A quem deveria interessar a sindicalização? Como se dá o processo de sindicalização de um trabalhador ao seu sindicato? O que leva um trabalhador a querer ou aceitar ser sindicalizado ao seu sindicato de base? Amigos leitores, juro para vocês que tenho experiência nesse tema e poderia discorrer aqui sobre cada uma dessas questões. 

O fato concreto é que no meu caso de sindicalizado, se eu não fosse quem sou, se eu não fosse politizado, uma pessoa com ideologia e, principalmente, com história em nosso sindicato, eu não teria insistido todos esses anos em me manter sindicalizado. Se o tratamento que recebo do sindicato for a média do tratamento que os bancários recebem, eu imagino que o trabalhador deve estar pensando se permanece ou não associado.

Nesses 3 anos após a regularização que me custou 5.311,14, quem correu atrás dos boletos para pagar as mensalidades fui eu. A cada tempo, tenho que fazer email, pedir boletos etc. Eu não tenho boleto ainda para pagar a mensalidade de hoje, 20 de janeiro. 

Mesmo sendo sindicalizado como qualquer bancário sindicalizado, o coletivo de diretores do banco ao qual fui dirigente não me chamou para absolutamente nenhuma agenda de debates no sindicato nos últimos 3 anos. Imagino que teria contribuições a fazer em algumas questões como outros associados da entidade.

E, por fim, o sindicato ao qual eu participei de décadas de sua história não se dignou a me convidar para fazer uma fala sequer sobre os 100 anos da instituição!

E olha que em um evento de rua, dirigentes da executiva da entidade se disseram surpresos ao saber que eu ainda não havia sido convidado para um depoimento... me disseram que entrariam em contato comigo... (houve veto ou coisa do tipo?)

Essa é a relação do sindicato com um de seus sindicalizados com esse histórico que descrevi acima.

Será que chegou a hora de parar de pagar a mensalidade que vence hoje e que preciso pedir o boleto ao sindicato? Acho que cansei de verdade desse tratamento e dessa relação indigna com a qual sou tratado pelo sindicato ao qual dediquei minha vida.

Cara, acho que para mim chega!

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SINDICALIZEM-SE! É IMPORTANTE! O SINDICATO É OU DEVERIA SER A CASA DOS TRABALHADORES

Colegas bancárias e bancários e trabalhadores que me leem, por favor, não levem em consideração meu caso pessoal com a direção de nosso sindicato e se sindicalizem! É muito importante fortalecer nossas entidades representativas e de organização das lutas da classe trabalhadora.


William Mendes

Associado 351524. Se mandarem os boletos, seguirei associado.


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