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29.8.22

História dos bancários: um olhar (II)



Eleições presidenciais de 1989

A categoria bancária brasileira sempre esteve na vanguarda das lutas sociais e ao longo de sua história contou com lideranças políticas concatenadas com as demandas imediatas e também históricas da classe trabalhadora e do povo brasileiro à frente das entidades sindicais. Nas eleições presidenciais de 1989 não foi diferente. Membros da Executiva nacional do BB e outras lideranças sindicais declararam apoio à Frente Brasil Popular e à candidatura de Lula/Bisol, pelo Partido dos Trabalhadores.

Mais de três décadas depois, vivemos em 2022 momentos decisivos da história do país e do povo brasileiro. E essa categoria de lutas e conquistas novamente se coloca na vanguarda tanto ao enfrentar os banqueiros em mais uma dura campanha salarial na qual os bancos estão intransigentes nas mesas de negociação e ameaçam direitos coletivos importantes, quanto é vanguarda ao vermos a imensa maioria das lideranças bancárias apoiando a candidatura de Lula para que o país possa retomar a esperança e as oportunidades para o povo como um todo.

Segue abaixo a reprodução de trechos do material que tenho em meus arquivos pessoais relativo às eleições que ocorreriam no dia 15 de novembro de 1989 para a presidência do Brasil (aos 100 anos de "República"). Eram as primeiras eleições diretas para presidente desde o início dos anos sessenta e após mais de duas décadas de regimes ditatoriais e o povo escolheria entre mais de duas dezenas de candidatos. A eleição se deu após a Constituinte iniciada em 1986 e após a promulgação da nova Constituição Federal, a Constituição Cidadã de 1988.

Materiais como este me ensinaram muito - como liderança nos locais de trabalho e depois como dirigente eleito pelos colegas - e aprendi que era importante nos posicionarmos sobre todas as questões relativas à vida da classe trabalhadora que representávamos.

William Mendes

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FRENTE DO JORNAL

LULA VESTE A CAMISA DO BANCO DO BRASIL POR QUE VESTE A CAMISA DO BRASIL

O funcionalismo do BB já sabe: o futuro do Banco (e do Brasil) está em jogo nessa eleição

Os últimos cinco anos foram muito ricos para o aprendizado político dos bancários do BB. A retomada das greves, a luta pelo salário e pelas condições de trabalho, a defesa perante o ataque permanente ao banco, seu papel social e ao conjunto das estatais criaram e desenvolveram uma consciência da necessidade de lutar permanentemente contra projetos políticos que visavam enfraquecer os bancos estatais e consolidar o sistema financeiro como instrumento de concentração de renda, via especulação financeira.

Nesse período, o movimento sindical cresceu e ampliou-se dentro do BB; a conquista dos sindicatos mais importantes do país por direções combativas e sérias criou as condições para a recomposição salarial no BB e a melhoria de nosso acordo coletivo, com novas cláusulas sociais e sindicais, ampliadas a cada ano.

Ao mesmo tempo em que a luta do funcionalismo torna-se uma referência no movimento sindical, o governo Sarney, sempre pronto a atender as orientações dos banqueiros e do FMI, implementa o plano de esvaziamento do BB, através da redução do papel social do banco, das restrições à admissão de pessoal, da total falta de transparência na administração de seus recursos.

A luta do funcionalismo ajuda a barrar uma parte significativa dos ataques, mas aponta para os trabalhadores do BB a necessidade de uma luta bem mais ampla que passa pelo engajamento na luta político-partidária, na discussão dos diferentes projetos, para o sistema financeiro e para a democratização da sociedade como um todo, a começar pelos locais de trabalho e pela administração nas empresas estatais.

DEFENDER O BB É DEFENDER O BRASIL

Nesse processo, o discurso neoliberal tenta localizar no Estado a origem de todos os males. Tenta debitar aos servidores públicos e de estatais a prática clientelista e corrupta das elites; tenta caracterizar as conquistas dos trabalhadores de algumas estatais como odiosos privilégios. Tudo isso para abrir caminho para o tão sonhado leilão de ações de estatais lucrativas, que converteria em capital sem risco o dinheiro multiplicado pela ciranda financeira, que corre risco cada vez maior de se tornar apenas papel, diante da inviável dívida interna, multiplicada pela irresponsável política de Maílson.

Nesse cenário, é fundamental (para eles) destruir o BB, até mesmo como símbolo nacional de estatal eficiente, como atesta a pesquisa do Datafolha. No caminho, o ataque permanente ao funcionalismo serve como cortina de fumaça para as negociatas de Maílson e Berard. O anúncio de prejuízo é seguido pela queda das ações na bolsa e uma súbita compra pela corretora de Roberto Marinho. Roubo!!?

O QUE QUEREMOS PARA OS PRÓXIMOS ANOS

Nessas eleições presidenciais, estão em jogo projetos que podem levar o país para diferentes caminhos. Um deles se apresenta ao eleitor com toda a clareza, sem um discurso mitificador e sem demagogia de palanque. É um projeto que aponta na participação e na democratização as saídas para um país rico, com a pior distribuição de renda de toda a América Latina; aponta para o fim da especulação financeira, canalizando os recursos do sistema para o crédito produtivo; aponta para a defesa das estatais, com o controle de seus funcionários e da sociedade. É um projeto que está à frente da defesa do BB e que tem investido na organização da classe trabalhadora como forma de sustentar politicamente as principais mudanças estruturais que serão feitas para garantir que o Brasil seja o país do presente, não o país de um incerto futuro, apontado pelas elites como o pote de ouro do final do arco-íris.

Este projeto tem seu vetor apontado para a eleição do dia 15 de novembro. Está representado pela Frente Brasil Popular, pela candidatura LULA, pelos compromissos assumidos junto aos setores que vêm lutando contra a miséria, e exploração, a dilapidação do patrimônio público. No dia 15, você tem um compromisso: defender o BB, defender o Brasil, conosco.

A CANDIDATURA LULA CRESCE EM TODO PAÍS

(...) A candidatura Lula só é possível porque se apoia inteiramente no trabalho consciente de milhões de pessoas que lutam por seus salários, por democracia, por moradia, por terra, em defesa da ecologia e pelos direitos humanos. É esta a força da candidatura Lula: a luta do povo por uma vida melhor.

(...) Nesta eleição, quem representa o novo é LULA.

Por que o novo, num país onde as elites estão há tanto tempo no poder, significa respeito ao povo e democracia em todos os níveis

(Frente Brasil Popular - PT, PSB, PCdoB)


VERSO DO JORNAL

PROPOSTAS DA FRENTE BRASIL POPULAR PARA O BANCO DO BRASIL

1 - Exclusividade como agente do Tesouro: todos os fundos públicos devem estar centralizados no BB. Arrecadação de impostos, pagamentos do governo, contas de todas as estatais, etc. A administração desses recursos deve priorizar a aplicação em projetos de interesse da população, garantindo o financiamento, com juros e prazos favoráveis, do crescimento da produção e do consumo.

2 - Financiamento para agricultura de consumo interno: as linhas de financiamento à agricultura devem priorizar as culturas para consumo interno, e não para exportação. Prazos e juros devem ser extremamente diferenciados de acordo com o tamanho e tipo de propriedade rural. Em caso de programas incentivados com juros negativos o tesouro deve remunerar o banco, pagando o eventual spread negativo.

3 - Financiamento da pesquisa e implementação de tecnologia de ponta: criação de linhas especiais de crédito para pesquisa, através de aplicações de prazo mais dilatado e fatias dos depósitos à vista de pessoas jurídicas.

4 - Reativar e desenvolver o MIPEM: o financiamento e acompanhamento das pequenas e médias empresas contribui para a distribuição de renda e para a ampliação da capacidade de produção e geração de empregos na indústria e no comércio.

5 - Valorizar e profissionalizar o funcionalismo: profissionalizar o funcionalismo, enquanto bancários, dando formação e oportunidade de desenvolvimento na empresa, ampliando seu conhecimento do processo de produção, retirando o caráter de máquina que o BB e outros bancos têm e humanizando o trabalho bancário.

6 - Democratizar o BB, a partir dos locais de trabalho: criar condições democráticas dentro do banco, descentralizando as decisões, ampliando ao máximo a democracia interna, envolvendo o funcionalismo num projeto de banco social, motivando a participação e garantindo transparência nos rumos da instituição a partir de cada agência, através da participação do funcionalismo e da comunidade na definição de prioridades para aplicação de recursos. Realizar, em curto prazo, concurso público para preenchimento das vagas e garantir a abertura das mais de 400 agências prontas, sem inaugurar. Reformular o Plano de Cargos e Salários e Plano de Cargos Comissionados, para eliminar as distorções e facilitar o desenvolvimento profissional, dentro de critérios democráticos de avaliação.

7 - Democratização da Cassi e Previ: as duas caixas, cujos benefícios devem estar voltados aos funcionários, devem ser administradas por funcionários eleitos, com a direção do banco limitando-se ao papel de fiscalização e acompanhamento. Realizar auditoria nessas caixas para verificar a existência de malversação ou corrupção nas administrações passadas.

8 - Auditoria do BB: realizar auditoria nas contas do banco nos últimos vinte anos para apurar denúncias de utilização política dos recursos do BB, durante os últimos governos.

9 - Exclusividade na regulamentação e fiscalização do Comércio Exterior: é fundamental manter o controle do Comércio Exterior pela CACEX, a fim de manter um total acompanhamento do processo de exportação/importação.

10 - Levantamento e cobrança dos grandes inadimplentes históricos: regularização de todos os débitos, com a devida atualização monetária, e responsabilização das direções anteriores por prejuízos causados.

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Estes companheiros lutam em defesa do Banco do Brasil

E POR ISSO APOIAM LULA E BISOL

Membros da Executiva Nacional do BB que apoiam Lula:

Maia (POA); Ivan (Florianópolis); Rui e Tadeu (Curitiba); Lúcio Prieto, Deli e Paulo Assunção (SP); Amaral, Imaculada, Joel e Fernanda (RJ); Eder e Angela (BH); Lessivan (Salvador); Zé Roberto (Alagoas); Enaide e Fernando Duarte (Recife); Pimentel e Sofia (Fortaleza); Sérgio Taboada (Acre).

Outros apoios no BB:

Ricardo Berzoini (Seeb SP e presidente do DNB); Samuel Lima (presidente Seeb Florianópolis); José Luís (ex-diretor Seeb Porto Alegre e diretor eleito da CASSI); Zé Reis (Seeb Porto Alegre); Ana Júlia (Oposição Sindical do Pará); Magela e Jaques (Alternativa Bancária de Brasília); Regina Souza (Seeb Piauí); Jorge Streit (presidente Seeb Rondônia); Luisinho (Seeb SP); Simon (Oposição sindical de Goiás); Nelson (presidente do Seeb Ceará); Jandira (Seeb PB); Zeca (ex-diretor Seeb MS); Paulo Pinto (presidente Seeb ES) e muitos outros companheiros, dirigentes sindicais e funcionários em todo o país.

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