Osasco, 10 de fevereiro de 2022.
Ao olhar papéis, revistas e documentos antigos e diversas postagens em meu blog sindical me vêm à memória as imagens e as lembranças de tantos anos de participação na organização das lutas por direitos dos trabalhadores da comunidade Banco do Brasil, uma comunidade com mais de dois séculos de existência na sociedade brasileira.
Entre ontem e hoje reli no blog algumas matérias publicadas entre 2006 e 2010, marcadas com a categoria "Previ", relativas às nossas lutas por melhorias de direitos e benefícios em nosso fundo de pensão, a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil.
Ao ler a matéria sobre o acordo e distribuição do superávit do Plano 1 na Revista Previ nº 157, de fevereiro de 2011, me dei conta do quanto o associativismo e o cooperativismo são essenciais na vida da classe trabalhadora. A começar pela constituição dos sindicatos e associações de classe e incluindo as caixas e fundos financeiros para darem suporte aos trabalhadores e seus familiares nos momentos difíceis e pós-laborais.
Eu tive a oportunidade de ser dirigente eleito dos bancários e representante dos colegas da comunidade Banco do Brasil ao longo de quase duas décadas. Durante o período de representação eu estudava muito as questões técnicas de nossas duas caixas, a de previdência e a de assistência à saúde (Cassi). E uma característica que marcou meus mandatos foi a presença nas bases conversando com os trabalhadores sobre essas questões. Os registros no blog mostram isso.
Como representante de dezenas de milhares de bancárias e bancários do BB e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e da CNB/CUT e depois Contraf-CUT participei de diversas negociações relativas ao nosso fundo de pensão. Me lembro, por exemplo, de ter contribuído para as negociações nacionais sobre o uso do Fundo Paridade e a redução do valor da Parcela Previ e sobre os superávits do Plano 1 da primeira década dos anos dois mil.
A Revista Previ que cito nesta postagem traz o resultado final das negociações relativas ao superávit que gerou o Benefício Especial Temporário (BET), que melhorou os benefícios dos associados durante um determinado tempo*, e outras melhorias contínuas nos benefícios dos aposentados e pensionistas e futuros aposentados do Plano 1.
Estou olhando e avaliando um grande volume de papéis e documentos acumulados ao longo de uma vida de dirigente sindical. Não dá mais para guardar toda essa papelada. Alguma coisa vou acabar guardando porque é difícil se desfazer de coisas que nos lembram o que fomos e o que fizemos ao longo de nossa existência.
Os rascunhos de estudos, anotações que geraram processos negociais e organizativos e muitos documentos que valeram para a época não têm como serem guardados, mas alguma revista, algum jornal ou documento a gente acaba separando.
As novas gerações apostam todas as fichas na internet e nos materiais virtuais. Acho isso um equívoco imenso! Opinião minha.
Os próprios sites de nossas instituições da comunidade Banco do Brasil, tanto as caixas de previdência e assistência à saúde quanto as páginas das associações e sindicatos não conservam quase nada de história, tudo que fica é coisa recente, se alguém quiser coisa antiga (uma década é "antigo", imaginem décadas) vai ficar sem a informação. Quando tem o link a resposta é "error" ou não existe.
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CASSI - Quando vejo a destruição que vem ocorrendo em nossa Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, conhecida como Cassi, vejo o quanto chegamos longe no desconhecimento da essência do que deveria ser uma caixa de assistência para uma comunidade de trabalhadores e familiares.
As pessoas que estão na gestão neste momento estão desfazendo toda a essência solidária da autogestão e o modelo assistencial próprio de Estratégia de Saúde da Família (ESF), apostando no mercado privado e reforçando o que o capitalismo tem como essência: a saúde como mercadoria para quem pode pagar e não como um direito.
É triste! Mas são os tempos. Eles acham que o mercado vende prevenção e saúde... fala sério! O mercado vendo intervenção cirúrgica, remédios, próteses, fetiches etc. E a conta é cara!
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Vou guardar essa Revista Previ nº 157. Quando eu morrer, a pilha de coisas guardadas da história de lutas da categoria profissional e comunidade às quais me fiz cidadão trabalhador ficará para o expurgo feito por outra pessoa.
William
*Post Scriptum: os fundos específicos desses benefícios especiais temporários duraram até o final do exercício de 2013. A direção da Previ informou aos associados no início de 2014 que a Previ precisaria cumprir o artigo 18 da Resolução CGPC 26/2008, recompondo a Reserva de Contingência do Plano 1. Com isso os associados voltaram a contribuir mensalmente e cessaram os recursos extraordinários do BET.
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Para ler o texto anterior, o Memórias (XV), clique aqui.
Se quiser ler o seguinte, o XVII, clique aqui.
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