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18.12.20

Terceirizar a Cassi é decisão de alto risco



Opinião:

Tempos incertos, amanhãs indefinidos. Apesar da pandemia que alterou o cotidiano do mundo, realidade causada por um vírus - o novo coronavírus -, volto a registrar minhas preocupações em relação a algo anterior à pandemia: a crise do capitalismo e a sempre presente necessidade de lucro de seus agentes, a crise permanente do mercado de saúde que visa lucro com a doença e a decisão dos atuais gestores da Cassi e do patrocinador Banco do Brasil de terceirizar a atividade fim da autogestão Cassi, cuja essência do seu sistema é um modelo assistencial próprio de Atenção Primária e Medicina de Família e programas de saúde com monitoramento populacional, sistema organizado a partir de unidades próprias de saúde, as CliniCassi.

Inicio o artigo repetindo o que já disse nos outros textos de opinião e preocupação com os destinos da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil: respeito a opinião dos responsáveis pelo projeto "Bem Cassi" - dirigentes e funcionários -, mas vejo essa terceirização da essência da associação como uma decisão de alto risco para o futuro da autogestão e da atenção à saúde do conjunto dos trabalhadores que dela dependem. A Cassi é ainda uma das maiores e mais antigas autogestões em saúde do país, criada pelos trabalhadores do banco público em 1944 e ela é anterior a tudo quanto é modismo, tendência e referência do "mercado" de saúde brasileiro, anterior ao Sistema Único de Saúde e às leis e legislação existentes hoje e que favorecem claramente o mercado ao invés dos sistemas cooperativados de saúde que não visam lucro e seus beneficiários.

Quando chegamos eleitos à gestão da Cassi, em junho de 2014, passamos rapidamente a estudar e conhecer o que era o sistema de saúde brasileiro e mundial, os modelos e formas de organização do atendimento à saúde de grupos populacionais, públicos e privados, estruturas e agentes dentro dos sistemas, legislações, modelos preventivos e modelos curativos, estruturas primárias, secundárias, terciárias etc. Acreditem: conhecer o mercado de saúde exige estômago forte e firmeza de propósito porque tem muita coisa errada no "mercado". Nós fizemos os estudos e desenvolvemos nossas estratégias de defesa da Cassi e dos associados com o nosso olhar do mundo do trabalho, o nosso olhar nas decisões tinha o lado dos trabalhadores, no curto, médio e longo prazos.

MERCADO ATUA ONDE DÁ MAIS LUCRO

Logo que chegamos, uma notícia de grande relevância no mercado de saúde paulista se destacava naqueles primeiros meses de trabalho nosso como gestores da Cassi. Um grande e tradicional hospital na capital paulistana anunciava nos jornais que estava fechando sua maternidade após 35 anos de existência. As justificativas eram aquelas que a gente conhece do sistema capitalista no setor: taxa de ocupação dos leitos inferior ao esperado, retorno baixo dos investimentos, blá blá blá. O impressionante nas matérias que li é que não havia constrangimento algum em dizer que a maternidade iria dar lugar a uma área que estava dando muito retorno (lucro): câncer! O hospital iria investir em tratamento de câncer! 

Pois é! Mercado é mercado. Mercado segue tendências. Tendências mudam de uma hora para outra. Business, negócios. Stakeholders, parceiros, agentes do mercado. A linguagem da indústria da saúde é imensa, não vou me alongar. Só lembro aos meus colegas que têm representação dos trabalhadores, as entidades associativas, sindicatos e conselhos de usuários, que essa coisa de seguir ou se balizar pelo mercado para definir os rumos da autogestão Cassi é uma escolha de alto risco e de difícil retorno. 

No momento, e por causa da crise anterior, a Atenção Primária/Medicina de Família é uma tendência interessante para o mercado. Por isso que estão surgindo empresas, parceiros, pessoas interessadas em prestar serviços de APS/MFC (Medicina de Família e Comunidade). Dura quanto tempo essa tendência? Nos últimos anos, vimos até médic@s de família da Cassi saírem da associação para abrirem seus próprios consultórios e oferecerem o mesmo serviço para os usuários e empresas locais. De novo: tendência de mercado é tendência de mercado. Quanto dura? A Cassi é para durar décadas. Não é uma empresa episódica, de momento. como são inclusive os planos de saúde privados.

Ao longo do período de trabalho à frente da diretoria de saúde da Cassi vimos muitas coisas acontecerem no mercado, no sistema público, na legislação do setor, vimos diversas reorganizações dos vendedores de serviços de saúde (médicos, "cooperativas" e empresas), vimos as guerras jurídicas, vimos a quebradeira de grandes do setor como a Unimed Paulistana e hospitais. Vimos governos serem derrubados por golpe, o SUS sendo atacado e os direitos trabalhistas sendo perdidos e vimos os governos golpistas atuando para favorecer o mercado privado e dificultando a vida das autogestões e de seus participantes, que tiveram que dobrar, triplicar seus gastos com saúde enquanto o patronato diminuiu suas obrigações.

Também aproveitamos o período para apostar no modelo assistencial da Caixa de Assistência, modelo organizado de forma inversa ao do mercado à época. A base e a riqueza da Cassi são suas estruturas próprias de saúde primária, as CliniCassi e as Unidades Cassi nos Estados. Ampliar essa estrutura é essencial, e é barato! Esclarecemos as dúvidas e até as posturas de má-fé que se tinham em relação à importância e eficiência das unidades próprias de atendimento a saúde da Cassi. Provamos que o custo administrativo das unidades era muito baixo perto do efeito de cuidar da população local, sendo parte dela crônica. Uma equipe de família é um investimento muito pequeno em comparação à despesa assistencial evitada na rede privada local, tanto para atendimentos mais simples quanto para questões mais complexas.

A Cassi desenvolveu estudos que mostraram a eficiência da ESF/CliniCassi com estrutura própria (estudos feitos entre 2015/2018). Enquanto isso, os agentes do mercado de saúde afundavam, se reorganizavam porque os custos estavam quebrando o setor, tanto dos hospitais quanto dos planos de saúde, porque o modelo irracional de serviços por procura, emergencial e curativo, é impagável. Modelos próprios como o da Caixa de Assistência mostraram que fazer prevenção, promoção, acompanhar pacientes crônicos ao longo do tempo por equipes multidisciplinares e programas de saúde eram a melhor estratégia e os custos com saúde eram menores inclusive para as faixas etárias maiores, que o mercado não quer nem ouvir falar.

Eu volto a perguntar aos meus colegas dos sindicatos, das associações e dos conselhos de usuários se eles realmente acham que a terceirização da atividade fim da Cassi, através do piloto do "Bem Cassi" em Curitiba e depois no Brasil inteiro parece ser a melhor forma de investir os novos recursos que os associados confiaram ao Plano de Associados da autogestão? Quando foram feitos os estudos e os debates profundos a respeito dessa decisão administrativa daqueles que estão no poder no momento? A escolha é uma das opções disponíveis e não compete a mim questionar a direção, ela tem sua ideologia.

Eu acharia prudente que as representações dos trabalhadores da ativa e aposentados da comunidade Banco do Brasil, uma comunidade com um grupo populacional que tem 400 mil vidas abrigadas no Plano de Associados, refletissem a respeito dessa terceirização da essência da Caixa de Assistência neste momento da história da autogestão. 

É isso! Preocupações... Se cuidem porque a pandemia vai longe no país dos governantes aliados ao vírus mortal.

William


Post Scriptum

Se tiverem interesse, leiam aqui o artigo anterior. Dentro dele tem o link para o primeiro a respeito da questão.


12.12.20

Terceirização da Atenção Primária à Saúde é boa?


Opinião

Dias atrás, escrevi um artigo expressando minha opinião preocupada a respeito de um projeto de terceirização da atividade fim de uma das maiores autogestões em saúde do país, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a Cassi. Ler aqui.

A associação lançou um projeto chamado "Bem Cassi" que vai ampliar terceirizando os serviços de Atenção Primária (APS) e Estratégia Saúde da Família (ESF) numa grande cidade, Curitiba, e pretende expandir a terceirização da atividade fim para o restante do Sistema Cassi no território nacional.

Como eu disse no artigo, eu respeito a opinião e as decisões das pessoas e forças políticas que estão na direção da autogestão, afinal de contas existem diversas formas de fazer as coisas e as decisões tomadas sobre como fazer são sempre decisões políticas e ideológicas, e não apenas "técnicas". 

A direção e o patrocinador da Cassi representam um momento da vida política do país, e é assim que funciona, isso é normal. Mas as decisões que tomarem terão efeitos duradouros e talvez para sempre na entidade de saúde.

A técnica assessora as decisões políticas dos dirigentes no poder. Aprendi certa vez com um professor de economia que a decisão entre fazer balas de canhão ou manteiga é uma decisão política do governo do momento, depois se vê com quais técnicas e materiais se fazem as bombas ou os alimentos. No movimento sindical aprendi a mesma coisa.

Aliás, para quem conhece de política como nós que vivemos dentro dela por tanto tempo, sabemos que as assessorias de comunicação, jurídicas e econômicas são responsáveis por construir as teses e as defesas a partir das decisões políticas daqueles e daquelas que os trabalhadores escolheram para gerir seus interesses. Do lado do patrão, do capital, é a mesma coisa! 

Pelo menos eu aprendi assim: quem decide é o político e não o técnico, que deve apresentar os leques possíveis de escolhas e as consequências delas. Nas escolhas sempre estarão contidos os riscos calculados. Quem está no poder, governa. Quem não está, acompanha, critica, organiza a luta contra as decisões que entender erradas e prejudiciais para os detentores dos direitos em risco. 

A terceirização da atividade fim nos sistemas de saúde é boa? A terceirização das estruturas do Sistema Único de Saúde brasileiro é boa? A terceirização das Unidades Básicas de Saúde (UBS) é boa? A terceirização da atividade fim da Cassi é boa? As perguntas são muitas e as questões precisariam ser debatidas coletivamente e exaustivamente, não é uma decisão que deveria ficar à margem dos questionamentos e análises técnicas e políticas das representações da classe trabalhadora.

A terceirização da essência do modelo assistencial da Cassi é um risco muito grande e pode não trazer os resultados esperados de ampliação do modelo como defendemos. A Cassi não pode perder o foco naquilo que é, ou naquilo que deveria ser, uma Caixa de Assistência em saúde para o conjunto dos funcionários do BB da ativa e aposentados em todo o território nacional, com um custo acessível a todos, e com direitos iguais, tanto em uma capital quanto no interior dos Estados. 

O Plano de Associados é a essência da Cassi. Os trabalhadores do Banco do Brasil são a essência da Cassi. A solidariedade no custeio é a essência da Cassi. A estrutura própria de Atenção Primária, Estratégia Saúde da Família e as CliniCassi são a essência da Cassi. 

A terceirização da atividade fim da autogestão vai minar toda a essência da Caixa de Assistência, e depois de desfeita a estrutura e o conhecimento interno construído no cuidado de 700 mil vidas por décadas, não haverá volta.

É minha opinião, é uma preocupação. E posso dizer por experiência que conheço a estrutura da Cassi nas bases dela, conheço 42 CliniCassi (das 66 existentes), conheço a estrutura das 27 Unidades Cassi, conheci o trabalho de quase 150 equipes de família e as gestões das unidades. A terceirização coloca em risco essa conquista histórica da comunidade Banco do Brasil.

William


9.12.20

"Bem Cassi": terceirização da Cassi



"Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! Todos puxavam o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo." (ROSA, 2001, p. 32/33)


OPINIÃO


A Cassi apresenta projeto que claramente visa terceirizar o que a Caixa de Assistência tem de melhor, a Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família, desenvolvidas através das CliniCassi, essência do modelo assistencial que possibilitou o menor custo assistencial de participantes vinculados à ESF em graus complexos de necessidades mesmo nas maiores faixas etárias. Ao invés de ampliar o modelo próprio, de baixo investimento e de bom custo-benefício, direção opta por terceirizar a atividade fim da Cassi, uma triste escolha ideológica


Terceirização é uma praga! O capitalismo parece invencível, mesmo sabendo que a vida é a grande derrotada com a vitória do modo de produção capitalista, cujo foco absoluto é o lucro e a mais-valia dos explorados em benefício de pouquíssimos humanos. Com a hegemonia do capitalismo neoliberal tudo na sociedade humana gira em torno desse sistema de acumulação de tudo nas mãos de poucos. A terceirização faz parte dessa lógica.

Sinceramente, eu não sei como começar esse artigo. Perdi o jeito para tratar de assuntos mais técnicos como fiz ao longo de muitos anos ao falar de saúde e de sistemas de saúde como gestor eleito de uma autogestão dos trabalhadores, enfim, enquanto meu lugar de fala foi como diretor de saúde da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (jun/2014 a mai/2018) escrevi mais de 600 textos a respeito dos temas de interesse dos trabalhadores na área de saúde. Aliás, eu tinha um público preferencial como leitor: os formadores de opinião, lideranças e representantes dos associados da Cassi, trabalhadores da ativa e aposentados do BB.

RESPEITO A OPINIÃO DE QUEM PENSA DIFERENTE

Em primeiro lugar, quero registrar que minha opinião sobre esse processo de terceirização da atividade fim da Cassi é uma opinião respeitosa, feita no plano das ideias. Eu conheço parte dos colegas que estão na gestão de nossa Caixa de Assistência, e respeito a opinião deles. Sou defensor ardoroso da ampliação da ESF para o conjunto dos participantes Cassi, todos sabem disso. 

A questão de minha divergência é quanto à estratégia adotada de terceirizar a essência da Cassi. Vejo com muita preocupação isso, tanto no presente quanto no futuro. A epígrafe inicial, do personagem Riobaldo Tatarana, traz sabedoria e um alerta aos defensores da APS/ESF na Cassi: "Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar".

NÃO SE ABRE À CONCORRÊNCIA O QUE SE TEM DE MAIS PRECIOSO

Certa vez, ainda jovem, quando participava de estudos sobre autoconhecimento, aprendi que os seres humanos seriam julgados nos finais dos tempos ou no dia do julgamento final - dependendo de como cada um vê essas questões metafísicas - os humanos seriam julgados de acordo com o conhecimento que tinham, de acordo com o que fizeram ou que não fizeram quando poderiam ter feito. Os mestres diziam aos estudantes que quanto mais conhecimentos adquiríamos, maior seria o peso do julgamento de nossos erros porque não poderíamos alegar ignorância ("não-saber", no sentido respeitoso) e desconhecimento das coisas. Nesse sentido, ignorância seria uma benção!

Sinto que tenho que registrar minha opinião sobre o projeto de terceirização da atividade fim da Cassi, o "Bem Cassi", piloto lançado em Curitiba (PR) nesta conjuntura de "novo normal" do mundo sob pandemia de Covid-19 e sob a fase capitalista atual, que muitos intelectuais chamam de necrocapitalismo. Eu não tenho informações detalhadas e "técnicas" a respeito do projeto "Bem Cassi"; a informação que tenho é a propaganda do lançamento dele, que vi hoje em um vídeo de 4 minutos e que li no hotsite do projeto. A Cassi vai ampliar a APS/ESF através de duas empresas terceirizadas. De novo, cito Riobaldo Tatarana do Grande Sertão: Veredas: "Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa". (ROSA, 2001, p. 31)

MINHA OPINIÃO RESPEITOSA É BASEADA NO CONHECIMENTO ADQUIRIDO POR EXPERIÊNCIA NA GESTÃO DA CASSI

Durante 4 anos, eu tive a oportunidade de conhecer a autogestão dos funcionários do Banco do Brasil, a Cassi. Estudei sua história de quase oito décadas. Quase não dormi por 4 anos, pois tive que intercalar os percalços da escolha das estratégias que adotamos no planejamento do mandato: estudar as questões técnicas do sistema Cassi, participar dos fóruns deliberativos internos (milhares de súmulas, notas e documentos), estar nas bases formando e informando os participantes. Em síntese, seria:

1. Estudar a Cassi (tudo: história, processos, pontos fracos, pontos fortes, desafios, soluções, essência da associação, modelo assistencial, modelo de custeio, responsabilidades de cada um: os associados, o patrocinador, a própria Cassi e seu corpo de profissionais, os "parceiros" no mercado privado que vendem serviços caríssimos e nem sempre adequados etc). 

2. Manter os direitos dos associados: solidariedade no custeio entre participantes jovens e idosos, sãos e adoecidos, de baixa renda e com remuneração/benefícios maiores, da ativa e aposentados (ex-colaboradores segundo o patrão) e com o patrocinador assumindo a parte dele na proporção estatutária 40/60 no custeio do plano para todos (ativos e aposentados), enfim: solidariedade plena para todos poderem estar no Plano de Associados por toda a vida. 2.1. Manter a democracia na associação: pesos iguais na gestão entre patrocinador BB e associados para tomada de decisões; aumentar a participação dos associados através de envolvimento nos conselhos de usuários, sindicatos, associações, conferências de saúde, parcerias entre unidades do BB nos Estados e Unidades Cassi/CliniCassi (PCMSO, ESF, Convênios, canais de solução locais).

3. Informar e formar a base associada com conceitos básicos sobre a Cassi, o que era a Caixa de Assistência, seu modelo assistencial, os direitos em saúde maiores que os de planos de saúde de mercado, e buscar colocar os intervenientes do sistema Cassi no mesmo objetivo: fortalecer a Cassi perante o mercado privado prestador de serviços e consumidor dos recursos da Caixa. Fizemos mais de 600 matérias a respeito, mais de 40 boletins mensais; 53 conferências de saúde que contaram com milhares de associados, 65 reuniões presenciais com os conselhos de usuários e dezenas de visitas às unidades Cassi e CliniCassi e entidades representativas nos Estados.

DIVERGÊNCIA ENTRE CAPITAL E TRABALHO É NORMAL QUANDO SE TRATA DE DEFINIR AS RECEITAS E AS FORMAS DE RATEIOS DA ASSISTÊNCIA MÉDICA DE UMA COLETIVIDADE

Como representantes dos trabalhadores, tivemos que defender a Cassi e os direitos dos associados diuturnamente, ora porque chegavam propostas "técnicas" (e políticas) que de alguma forma eram desfavoráveis aos associados (principalmente querendo onerar mais os associados e dependentes e/ou reduzir os recursos e custos que o patrocinador tinha obrigações de investir), ora porque as propostas eram prejudiciais à essência do que era a Caixa de Assistência - uma autogestão de trabalhadores, baseada na Atenção Integral à Saúde, cujo modelo assistencial se desenvolvia através de unidades próprias de Atenção Primária em Saúde (APS) e Estratégia Saúde da Família (ESF), com programas de saúde que se adequavam às estratégias do modelo. Junto a esse modelo de Atenção à Saúde dos associados, tínhamos um convênio exitoso de saúde do trabalhador (PCMSO) que atuava na saúde de 100 mil funcionários do Banco do Brasil. Os dois sistemas convergiam na busca de saúde coletiva da comunidade BB em todo o território nacional.

Para defender a Cassi e seu modelo assistencial, tivemos que desfazer uma quantidade absurda de mal-entendidos, desinformações e ignorâncias (não-saberes), lugares comuns e, às vezes, até mentiras (fake news). O próprio patrocinador, através de alguns de seus representantes à época, contribuía para desinformar os participantes da ativa e aposentados (e suas entidades representativas) quando sugeria que o modelo assistencial da Cassi não era eficiente, que as Unidades Cassi e CliniCassi não atendiam seus objetivos, que a estrutura da Cassi era cara e onerosa etc. Inclusive, o patrocinador atuou fortemente na desconstrução dos direitos estatutários dos associados na gestão da associação, dizendo que a autogestão não tinha mecanismos de decisão adequados. Lógico que aqui estamos falando que a "grita" do banco era quando a Cassi não aprovava as propostas mais favoráveis ao patrão/patrocinador e contrárias aos interesses dos associados.

CONSEGUIMOS UNIR A COMUNIDADE BANCO DO BRASIL NA DEFESA DO MODELO ASSISTENCIAL, DA ESTRUTURA PRÓPRIA DE SAÚDE E DOS PROFISSIONAIS DA CASSI. PROVAMOS QUE A ESF REDUZ O CUSTO DO SISTEMA, MESMO COM POPULAÇÃO MAIS IDOSA

Por 4 anos, mesmo sem recursos financeiros e materiais adequados, fomos grandes incentivadores dos profissionais da Cassi, principalmente das áreas de saúde, para que seguissem atuando naquilo que mais tinham perfil para atuar: desenvolver estratégias para ampliar o modelo de saúde APS/ESF, a promoção de saúde e prevenção de doenças, o acompanhamento dos participantes crônicos, a recuperação dos pacientes adoecidos e agravados etc. Basta ver que ampliamos em mais de 20 mil o número de cadastrados na ESF. A Cassi desenvolveu estudos nunca feitos nos planos de saúde que apresentaram resultados das vantagens do modelo de APS/ESF numa população relativamente estável ao longo do tempo no Plano de Associados e nos crônicos do Cassi Família. Colocamos todos os intervenientes na mesma direção para defender o modelo assistencial da Cassi.

Além disso, também desfizemos os mal-entendidos e as bobagens que se falavam da estrutura de saúde da Cassi, Unidades Cassi, CliniCassi, quadro próprio de profissionais do sistema de Atenção Primária/ESF e PCMSO. O custo administrativo da estrutura Cassi era o menor do setor de saúde brasileiro, em relação às empresas similares de autogestão, das medicinas de grupo e das cooperativas médicas. Uma estrutura absolutamente eficiente ao se comparar o custo-benefício. E isso com a Cassi tendo a maior quantidade de idosos do setor no país! Os recursos do sistema Cassi (mais de 90%) são gastos nos prestadores através das internações, e grandes despesas assistenciais com materiais, exames etc. Os recursos são gastos na estrutura de 2º e 3º graus e de apoio na rede privada.

A estrutura de Atenção Primária da Cassi, com quase 150 equipes de família nas 66 CliniCassi e 27 unidades Cassi, e a estrutura de medicina do trabalho (PCMSO) era e é muito barata e deveria ser ampliada ao longo dos anos para poder reduzir o custo assistencial na compra de serviços de saúde na rede prestadora daquilo que não era possível fazer na estrutura primária da Cassi. A direção e os associados poderiam avaliar diversas formas de verticalização ou parcerias para atendimento das demandas de segundo e terceiro graus e estruturas de apoio à saúde. Isso é normal e faz parte das estratégias de gestão.

A autogestão Cassems dos servidores do Estado do Mato Grosso do Sul, por exemplo, é um caso exitoso de verticalização própria de hospitais pequenos e médios nos interiores do Estado, e também laboratórios e clínicas, inclusive de Atenção Primária. Nós propusemos ampliar a estrutura própria da Cassi de Atenção Primária e ampliar os serviços nas CliniCassi, inclusive criando estruturas para especialidades, para dar sequência no atendimento primária da ESF. O investimento era baixíssimo, se comparado com o custo assistencial dos participantes na rede privada em serviços similares. A estrutura própria de saúde da Cassi é eficiente e de baixo custo administrativo. Isso é fato.

A TERCEIRIZAÇÃO É GRANDE RESPONSÁVEL PELA CONCENTRAÇÃO DE RECURSOS A POUCOS E PELA EXCLUSÃO DO ACESSO A DIREITOS POR PARTE DA CLASSE TRABALHADORA 

Tem uma reflexão do historiador Eric Hobsbawm, contida no livro A era dos extremos, que ilustra bem o que estamos vivendo neste momento da história humana em relação à superexploração do trabalho através de terceirização, quarteirização, uberização, privatizações transformando direitos em serviços etc:

"(...) De qualquer modo, o custo do trabalho humano não pode, por nenhum período de tempo, ser reduzido abaixo do custo necessário para manter seres humanos vivos num nível mínimo aceitável como tal em sua sociedade, ou na verdade em qualquer nível. Os seres humanos não foram eficientemente projetados para um sistema capitalista de produção. Quanto mais alta a tecnologia, mais caro o componente humano de produção comparado com o mecânico." (HOBSBAWM, 2006, p. 404)

Já estamos superando até os cabeças de planilha do sistema capitalista, aqueles que planilham tudo para cortar custos diariamente e aumentar os resultados das empresas (tudo é empresa, e tudo visa eficiência operacional "em tese"). Os próprios trabalhadores são destacados para direcionar os clientes/usuários aos novos serviços tecnológicos que irão cortar os postos de trabalho deles mesmos. 

Um exemplo disso no setor de saúde é a panaceia chamada de "telemedicina", que virou uma espécie de "Emplasto Brás Cubas" para curar todos os males da humanidade. Uma coisa seria a telemedicina auxiliar os processos de saúde durante a crise humanitária da pandemia de Covid-19 ou como sequência de um atendimento já com histórico do paciente; outra coisa é substituir o acolhimento presencial das pessoas por "telemedicina" como começa a surgir no mercado dos serviços de saúde.

Nos bancos, os bancários foram obrigados a empurrar os clientes para terminais de autoatendimento, serviços telefônicos e terceirizadas ao lado do banco. Os trabalhadores com direitos trabalhistas coletivos históricos são demitidos e convidados a serem eles mesmos "empresas" e isso deu nos uberizados do mundo. Os donos de tudo ficam mais bilionários e os trabalhadores mais miseráveis e sem nada. Como diz Hobsbawm, os trabalhos dos seres humanos estão ficando mais caros que qualquer processo por máquina e até os centavos gastos com uberizados têm que ser reduzidos... 

A INTENÇÃO PODE SER BOA, MAS TERCEIRIZAÇÃO DA ATIVIDADE FIM DA CASSI É UMA OPÇÃO RUIM E TALVEZ SEM VOLTA, CASO SE ABRA MÃO DA ESTRUTURA DE SAÚDE DA CAIXA DE ASSISTÊNCIA

Durante 4 anos de mandato fizemos "loonngos" debates com as representações do patrocinador/patrão contestando e refazendo cálculos de planilhas sobre as Unidades Cassi, as CliniCassi (eram eficientes ou não), o quadro de profissionais da Cassi (eficientes e preparados ou não); apresentávamos outro ponto de vista e em muitos casos convencemos os colegas com argumentos consistentes como a eficiência da ESF, como o baixo custo administrativo da Cassi, dentre outros. Discordei de todas as propostas nas quais o Banco poderia deixar de custear os aposentados, ou cobrar mais de quem usasse mais o sistema Cassi, quebras de solidariedade, redução de direitos em saúde etc. 

No entanto, a hegemonia do capital e do mercado é uma praga! É sempre assim! Enquanto se veem com maus olhos qualquer investimento em estrutura própria (ou despesa administrativa), que poderia trazer economias importantes de milhares e milhões de reais em despesa assistencial na compra de serviços caros na rede privada, o foco das discussões acaba sendo repetidamente desviado para o custo administrativo e as supostas vantagens em contratar ou fazer fora o que se poderia fazer na própria autogestão. E daí vem a solução mágica do mercado: TERCEIRIZAÇÃO, com os nomes mais perfumados possíveis.

Por 4 anos, ouvi dos mais diversos setores, dirigentes e profissionais da Cassi que tínhamos razão em quase tudo que discutíamos sobre ampliar a APS/ESF e a estrutura de saúde do modelo assistencial Cassi. A questão era a época errada para aquela discussão: não tínhamos recursos na Caixa por causa dos déficits recorrentes e subfinanciamentos do sistema. E agora? A escolha por terceirizar a atividade fim do modelo assistencial da Cassi é por falta de recursos? Não me parece.

É isso! Para quem está fora dos debates há mais de dois anos, já fiz o registro respeitoso do que penso sobre esse projeto "Bem Cassi" de terceirização da Cassi naquilo que é a essência da autogestão. A tendência lógica desse "modelo" é vermos depois do piloto as planilhas de "eficiência operacional", depois as comparações com a estrutura interna de saúde da Cassi, depois as dificuldades de investimento próprio, depois a opção em expandir a terceirização e reduzir os "custos" da estrutura da "empresa" etc. 

Eu não culpo as representações dos associados por às vezes apoiarem iniciativas que podem não ser tão ideais para os trabalhadores (TERCEIRIZAÇÃO não é boa para os trabalhadores) porque certas áreas de conhecimento precisariam da assessoria técnica e de dirigentes eleitos com visões de mundo próximas ao mundo do trabalho, dirigentes que dialogassem com os sindicatos, associações e conselhos de usuários e que, se necessário, se colocassem contra os interesses do capital, do patrão. É uma questão de lado, e nesse sentido não tenho visto isso acontecer na Cassi. E repito: respeito os colegas que temos lá, conheço muitos deles. 

Aproveito para reafirmar meu grande apreço pelos trabalhadores da Cassi, que além de serem muito dedicados à autogestão, cumprem suas tarefas com muito profissionalismo.

Esta é minha opinião sobre o "Bem Cassi". Finalizo meu registro com mais uma reflexão do personagem Riobaldo Tatarana, contida no Grande Sertão: Veredas: "pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda a parte" (ROSA, 2001, p. 24)

Abraços a tod@s e desejo uma Cassi fortalecida em seu modelo assistencial, sustentável e com uso racional dos recursos, solidária em seu custeio do Plano de Associados, longeva e que seja para o conjunto dos trabalhadores da ativa e aposentados e seus dependentes.

William


Bibliografia:

HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos - O breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. 19ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.


5.12.20

Dia da médica e do médico de família e comunidade



Opinião

Parabéns às médicas e médicos de família e nosso eterno agradecimento pelo trabalho que vocês realizam!

Ao acordar neste sábado, 5 de dezembro, vi que hoje é o dia dos profissionais de saúde que atuam na área de medicina de família e comunidade. A data comemorativa me trouxe diversas lembranças do tempo que trabalhamos como diretor de saúde na gestão da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a Cassi.

O que poderia dizer a respeito do tema Medicina de Família e Comunidade e dos profissionais que atuam na área? Posso dizer da importância da medicina de família a partir da experiência de gestor de saúde. A Cassi só conseguiu passar duas décadas com praticamente os mesmos recursos de custeio num mercado de saúde com inflação médica absurda graças ao modelo implantado parcialmente de Estratégia Saúde da Família (ESF). 

Entre junho de 2014 e maio de 2018 tive a oportunidade de trabalhar como diretor de saúde de uma das maiores autogestões do país, a Cassi. Antes disso, meu conhecimento sobre Atenção Primária em Saúde, Medicina de Família e Comunidade e modelos de sistemas de saúde era o conhecimento geral que um representante dos trabalhadores tem ao negociar direitos com os patrões. Temos nossas assessorias técnicas e isso é de muita valia.

Ao ser eleito diretor de saúde da Cassi e iniciar o mandato, sabíamos que teríamos pela frente desafios em diversas frentes de atuação porque saúde é área de conhecimento específico, porque saúde é um dos principais embates nas relações entre capital e trabalho (assim como a jornada), porque saúde demanda recursos e a consequente discussão sobre quem financia e porque teríamos que politizar o tema saúde junto aos trabalhadores da ativa e aposentados, papel fundamental de um dirigente eleito.

Ao fazermos um planejamento estratégico nos primeiros 3 meses, fizemos um diagnóstico importante sobre o que era a Cassi, qual o papel dela do ponto de vista dos associados e seus direitos em saúde, o setor em que ela atuava, o papel do patrocinador, o modelo assistencial definido formalmente pelo estatuto e demais documentos da autogestão e as estratégias a perseguir ao longo de 4 anos de trabalho.

A partir do planejamento, ficou claro que papel tínhamos que desempenhar tanto do ponto de vista da diretoria de saúde, um papel mais técnico, quanto do ponto de vista de um dirigente eleito, um papel mais político. Vamos falar um pouco da diretoria de saúde, do modelo assistencial e do que fizemos naquele período. Estava claro para nós que eu teria que fazer um mandato muito próximo às bases da Cassi, as 27 unidades da federação e as 66 CliniCassi, bem como manter um diálogo permanente com as estruturas de representação dos associados e de gestão do Banco do Brasil, porque o modelo assistencial precisava ser apresentado e defendido pelo diretor de saúde. Assim fizemos!

A Cassi na qual trabalhamos entre 2014 e 2018 era uma Caixa de Assistência cuja essência era o Plano de Associados com cerca de 400 mil participantes entre funcionários da ativa, aposentados, pensionistas e dependentes. O modelo de custeio do plano era um modelo solidário, com financiamento de 40% dos custos assistenciais pelos associados e 60% pelo patrocinador (a base era 3% e 4,5% da remuneração ou benefício dos titulares do plano). O Cassi Família era um plano de custeio semelhante aos do mercado que visam lucro: cobrança por pessoa, por idade etc.

O modelo assistencial era de Atenção Integral à Saúde, a partir da Estratégia Saúde da Família (ESF) e das CliniCassi. Após anos de estudos técnicos e pilotos entre 1996 (Estatuto novo) e 2003 (lançamento do modelo ESF/CliniCassi) a Cassi passou a perseguir seus objetivos de estender para o conjunto dos associados o modelo assistencial com Atenção Primária, Medicina de Família, programas de saúde para acompanhar pacientes crônicos e demais benefícios do modelo preventivo e mais racional no uso dos recursos em todas as 27 Unidades da Federação.

Em 2014, A Cassi era uma desconhecida e isso era um dos principais entraves ao avanço do modelo assistencial. Além da incompreensão do modelo por parte dos patrocinadores - associados e banco -, faltava compreensão sobre o modelo APS/ESF/CliniCassi inclusive em setores internos da Cassi e nos apoiadores, conselhos de usuários, entidades representativas e lideranças dos associados. Com isso, a Cassi recebia críticas indevidas, processos na justiça, reclamações em órgãos de saúde etc. Até as entidades representativas "batiam" na Cassi como se ela fosse o banco, em seus embates trabalhistas.

Um de nossos papéis como diretor de saúde seria o de estudar a Cassi, seu modelo assistencial, ouvir os profissionais da área de saúde e defender a autogestão perante os associados e suas entidades, os formadores de opinião e nas relações com o patrocinador e seus representantes em todos os Estados/DF. Também definimos que iríamos provar que o modelo era exitoso, viável e que deveria ser expandido para o conjunto dos participantes da Cassi.

E assim fizemos. Nossa diretoria de saúde desenvolveu estudos com base nos mais de 600 mil participantes do sistema Cassi que comprovaram que os grupos de usuários vinculados à ESF (por níveis de complexidade) tinham despesas assistenciais na rede credenciada menores que os grupos de usuários não participantes do modelo. Diversas estratégias adotadas por nós deixaram claro para os intervenientes do sistema Cassi que o modelo assistencial e a estrutura da autogestão são eficientes, necessários e referência até para o mercado privado de saúde.

Foi um dos trabalhos mais gratificantes de minha vida profissional e política. Durante 4 anos estivemos nas bases da Cassi, ao lado das médicas e médicos de família, das equipes de saúde e dos gestores, defendendo o modelo, explicando como a Cassi funciona, pedindo apoio dos líderes e formadores de opinião e adesão à ESF por parte dos associados - trabalhadores da ativa e aposentados e familiares. Enquanto estivemos lá, defendemos os direitos dos trabalhadores da Cassi, e fizemos o que foi possível por eles mesmo durante a maior crise financeira da entidade. A Cassi segue sendo um excelente lugar para se trabalhar, apontam pesquisas recentes do mercado.

Eu me lembro das dezenas de reuniões que fizemos com as equipes de saúde da Cassi em todos os Estados e no DF. Estive em 42 das 66 CliniCassi e cada reunião com os profissionais da Cassi foi única, foi um aprendizado. Era muito gratificante ouvir da parte deles que nosso trabalho de gestor e líder na comunidade BB estava fazendo aumentar a adesão ao modelo APS/ESF e a compreensão do papel das CliniCassi.

O resultado do trabalho das equipes de gestão das unidades Cassi (27), das equipes da Sede em Brasília e dos profissionais das equipes de família (cerca de 150) foram tão exitosos que o aumento do número de cadastrados na Estratégia Saúde da Família (ESF), que saiu de cerca de 160 mil para 182 mil entre 2014 e 2018, se deu no período mais difícil da história da Caixa, por causa da questão do financiamento do sistema (os recorrentes déficits) e até hoje a ESF mantém o mesmo número de cadastrados, pelos dados que podemos ver.

Mais uma vez, deixo meu eterno agradecimento aos profissionais da Cassi, de todas as áreas, e principalmente ao trabalho amoroso e dedicado das equipes dos profissionais de saúde que não medem esforços para acolher os participantes do sistema Cassi mesmo quando os períodos são extremamente complicados como nesses tempos de pandemia de Covid-19 e de terraplanismo, período no qual os governantes atuam criminosamente até contra medidas de saúde preventivas como as campanhas de vacinação e de isolamento social para minimizar o contágio do novo coronavírus.

William Mendes