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17.10.25

Mudanças na direção da Previ




Comentário:

"(...) A justiça participativa se refere ao que só pode ser participado, ou seja, ao poder político, que pertence a todos os cidadãos igualmente. Uma política é injusta, neste caso, no sentido exatamente inverso ao da justiça distributiva, isto é, quando trata desigualmente os iguais, excluindo uma parte dos cidadãos do exercício do poder. A prática democrática pertence a essa justiça" (CHAUI. Leituras da Crise, p. 19)


Começo meu comentário com a citação da professora Marilena Chaui para deixar clara a minha opinião política sobre as costumeiras questões plantadas propositadamente por atores políticos para confundir as pessoas sobre o papel e as diferenças entre a "técnica" e a "política".

Hoje a nossa Caixa de Previdência anunciou mudanças na direção relativas à parte indicada pelo patrocinador Banco do Brasil: João Fukunaga saiu para assumir outros desafios. Daqui a alguns meses, teremos mais mudanças na direção por indicação dos associados da Previ, pois teremos eleições.

Durante seu trabalho como presidente da Previ, o associado e bancário Fukunaga, indicado pelo patrocinador Banco do Brasil após o cumprimento de todas as exigências normativas, estatutárias e da legislação vigente, sofreu ataques de grupos políticos por ser quem é, uma pessoa com origem no movimento de lutas dos trabalhadores.

Eleições fazem parte de processos políticos em contextos democráticos. E na democracia, como explica a filósofa Marilena Chaui, não se pode excluir ninguém do processo, caso contrário não se trata de democracia, mas de qualquer outra coisa. Falo isso mesmo sendo o caso em questão de uma pessoa indicada e não eleita porque tentaram desqualificar e impedir uma função de poder legítima baseando-se em supostas irregularidades nunca comprovadas.

João Fukunaga cumpriu com excelência sua missão na Previ. Baseio minha afirmação em dados da realidade: dados atestados pela governança da Previ e órgãos externos responsáveis pelo acompanhamento de entidades de previdência complementar. Ele fez sua gestão respeitando o estatuto e as normas internas do fundo de pensão. Também cumpriu todas as normas externas e legislações em vigor. 

Nossa Caixa de Previdência tem as regras de governança mais avançadas do Brasil e quiçá do mundo. Isso tem relação com a "técnica". E também tem relação com a "política". Nosso estatuto da Previ é fruto de longo processo de lutas dos trabalhadores da comunidade Banco do Brasil e suas entidades sindicais e associativas. Nossa Previ tem 121 anos de existência.

Por que citei a filósofa Chaui e sua explicação sobre justiça participativa?

Porque os donos do poder, os capitalistas, os burocratas, atuam fortemente para excluir do espaço de poder os próprios trabalhadores que criam as instituições sociais e os patrimônios políticos, econômicos e culturais delas.

Não é correto - ou justo como explica Chaui - inventar regras para excluir cidadãos e associados do espaço de poder de suas próprias comunidades ou associações. As regras limitadoras são invenções burocráticas para excluir os verdadeiros interessados nos patrimônios sociais da classe trabalhadora.

Definir que só podem votar e ser votadas pessoas com determinadas características - quantidade de dinheiro e bens, certos comprovantes e certificados disso ou daquilo, gênero, origem e raça etc - é tornar injustos processos democráticos, pois democracia é o direito de todas as pessoas participarem do poder, como explica a filósofa Marilena Chaui.

A gestão de qualquer instituição da sociedade humana é um ato político. Da mesma forma que a técnica é fundamental para assessorar os atos políticos em qualquer gestão. Mas não me venham com essa de dizer que toda decisão é "decisão técnica"... Toda decisão é POLÍTICA!

Posso dar o exemplo mais conhecido de nosso país, o direito democrático de um metalúrgico votar e poder ser votado para presidente da república. Ou um ex-capitão do exército que teve que sair da vida militar jovem ainda por ter feito coisas fora das normas por lá. Eles não poderiam atuar na medicina fazendo intervenções cirúrgicas ou advogar sem as licenças da área, mas poderiam e podem gerir qualquer instituição da sociedade humana porque gestão é um ato político.

Enquanto princípio, não é democrático e justo criar zilhões de exigências para impedir que as pessoas possam votar e serem votadas para exercer poder político nas comunidades onde vivem ou em instituições nas quais são associadas. Não é! Se temos uma comunidade com 200 mil participantes e definem regras nas quais só umas mil pessoas possam participar do processo de eleição (ou indicação) para exercer o poder naquela comunidade, isso não é democracia plena, porque não há justiça participativa. Estão tratando de forma diferente os iguais.

Penso a respeito disso desde que fui aprendendo política no movimento sindical bancário, desde que entrei na comunidade Banco do Brasil décadas atrás. Em cada embate entre o capital, o patrão, e os trabalhadores, os burocratas vão inventando regras para limitar a participação dos trabalhadores nos espaços de poder, não só do banco público em seus principais cargos, mas também de nossas próprias entidades associativas, entidades criadas por nós mesmos, os trabalhadores daquela comunidade.

Na reforma estatutária da Cassi e da Previ, em meados dos anos noventa, os representantes do governo de plantão, do banco, do patrão, propunham mil regras para um trabalhador poder concorrer a um cargo de gestão de nossas entidades Cassi e Previ, de maneira que se não houvesse enfrentamento do lado do movimento sindical, só os preferidos do governo e do patrão fariam a gestão sozinhos.

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Concluo a reflexão

Enfim, meu comentário e reflexão é mais para o meu lado da classe, o lado dos trabalhadores, dos bancários da ativa e aposentados. 

Um/a associado/a da Cassi e da Previ não deveria precisar ter mil certificados ou ser mil coisas "técnicas" inventadas pelos burocratas para fazer a gestão de nossos patrimônios constituídos por nós mesmos ao longo de décadas. 

Os corpos técnicos de nossas entidades associativas de saúde e previdência existem para assessorar os indicados pelos interessados na gestão daquelas instituições, no caso de nossas caixas de assistência e previdência, ou seja, os patrocinadores banco e associados.

Nossos três indicados pelo corpo social na direção - Paula, Márcio e Wagner - e nossos conselheiros estão fazendo um excelente trabalho e seguindo tudo que as normas exigem. Os indicados na gestão pelo outro patrocinador interessado, o Banco do Brasil, também. É assim que deve ser.

Desejo sucesso ao companheiro João Fukunaga em seus novos desafios, e desejo sucesso aos novos gestores da nossa Previ, Márcio Chiumento e Adriana Chagastelles.

William Mendes
Ex-diretor eleito da Cassi

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João Fukunaga deixa a presidência da Previ

Executivo assume diretoria na EloPar, holding especializada em soluções de pagamento e fidelização


17/10/2025

O presidente da Previ, João Luiz Fukunaga, foi convidado a assumir a diretoria de Relações Governamentais e ASG da EloPar, holding criada em 2015 com objetivo de viabilizar o crescimento das empresas do grupo, atuando como uma plataforma de integração e suporte estratégico para suas subsidiárias.

Fukunaga assume o desafio de fortalecer o relacionamento institucional do Grupo EloPar com órgãos governamentais, reguladores e entidades do mercado, além de impulsionar a agenda de sustentabilidade e ASG nas empresas do grupo.

Nesta sexta-feira, 17/10, Fukunaga apresentou sua carta de renúncia ao Conselho Deliberativo da Previ, que aprovou o pedido. Para liderar a Entidade, o Banco do Brasil, patrocinador da Previ, indicou Márcio Chiumento, atual diretor de Participações.

Durante sua gestão na Previ, João Fukunaga impulsionou a modernização da Entidade, fortaleceu a governança, valorizou a diversidade e aproximou ainda mais os associados. Seu maior legado, porém, está na gestão do Plano 1: a aceleração da estratégia de imunização do passivo. Entre 2023 e 2025, a alocação em Renda Variável caiu de 32% para 18%, com cerca de R$ 30 bilhões desinvestidos e realocados em Renda Fixa. Essa mudança reforçou a liquidez, garantiu aderência às obrigações do plano e superou uma meta de redução de alocação em Renda Variável prevista para 2030.

Sua atuação comprometida, inovadora e responsável, teve contribuições relevantes não apenas para a Entidade, mas também para o fortalecimento do sistema de previdência complementar fechada no Brasil. A Previ reconhece e agradece sua dedicação, e deseja pleno sucesso na nova etapa profissional.

Após receber a indicação do Banco do Brasil, o Conselho Deliberativo da Previ já iniciou os trâmites para a posse de Márcio Chiumento, reafirmando o compromisso da Entidade com uma gestão responsável e com a proteção dos direitos dos associados. A escolha do novo presidente segue os princípios de governança e os critérios técnicos que orientam a atuação da Previ.

Funcionário de carreira do Banco do Brasil desde 2000, Chiumento tem perfil técnico. É graduado em Direito, mestre em Gestão e Inovação, e possui MBA em Negócios Financeiros pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em sua sólida trajetória na instituição, acumulou experiência em posições estratégicas, como head de Clientes, Estratégia e Produtos do segmento Setor Público, Ouvidor-Geral do BB, gerente executivo na Diretoria de Atendimento e Canais, gerente de administração na Superintendência de Varejo, administrador de agências e consultor de investimentos nos segmentos Private e Alta Renda. Atualmente, integra o Conselho de Administração da Neoenergia e é vice-presidente do Conselho de Administração da Tupy.

BB indica a primeira mulher para a diretoria da Previ

Com a chegada de Márcio Chiumento à presidência, Adriana Chagastelles assume a Diretoria de Participações. Funcionária de carreira do Banco do Brasil e associada do Plano 1, Chagastelles atua na Previ há quase três décadas. Ela é a primeira mulher indicada pelo Banco para um cargo de direção na Entidade — e também a primeira colaboradora da Previ a alcançar essa posição por indicação do patrocinador.

Graduada em Administração e mestre pelo Ibmec, Chagastelles possui MBA em Finanças e Direito Societário pela FGV e participou de programas de formação de executivos do ISE. Antes da nova função, liderou áreas estratégicas como Administração Imobiliária e Secretaria Executiva de Governança. Em sua trajetória, passou pelas gerências de Participações Mobiliárias, Mercado de Capitais e Investimentos Estratégicos, além de atuar como conselheira em diversas empresas participadas da Previ.

A Previ reafirma seu compromisso com a boa governança, a solidez dos investimentos e a busca permanente por resultados sustentáveis, sempre em benefício de seus associados.

Fonte: Site da Previ

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11.10.25

Sistematização do blog (2)



11/10/25

Relendo as postagens de abril de 2012, revivo várias lutas empreendidas à época por nós trabalhadores da categoria bancária do campo cutista. 

A nossa Caixa de Assistência dos Funcionários do BB estava em processo de renovação de parte de sua direção. Eu fazia parte da coordenação política de nossa corrente cutista em relação às questões do Banco do Brasil e apresentamos aos associados a Chapa 1 - Cuidando da Cassi, liderada pela companheira Mirian Fochi. Vencemos a eleição.

Nossa confederação, a Contraf-CUT, realizou seu 3º Congresso e renovou a direção. Eu fui eleito para mais um mandato à frente da secretaria de formação e nossa entidade sindical seguiu sob a liderança do companheiro Carlos Cordeiro.

Em relação às questões organizativas do Banco do Brasil, nosso coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários era o companheiro Eduardo Araújo, de Brasília. Eu era destacado pela Contraf-CUT para dar todo o suporte ao Araújo e fazíamos uma boa dupla de trabalho, unindo as bases de SP e DF. Eu iria em breve assumir a coordenação.

Achei interessante reler uma série de artigos de formação que fiz entre março e abril focados em compartilhar com as centenas de dirigentes de nossos sindicatos o quanto eu acreditava no poder de formação sindical ao fazermos trabalho de base, em conversar com os trabalhadores nos locais de trabalho, o que chamávamos de Organização por Local de Trabalho (OLT).

Ao reler os artigos é fácil perceber que eu debatia de tudo com os bancários que representava, tudo. Tributação, questões de saúde e previdência, os programas de metas do banco - à época era o tal Sinergia BB - e qualquer coisa que a categoria quisesse conversar conosco. O diálogo com a base foi uma formação política fundamental para mim.

Seguimos sistematizando essa história de uma época sindical registrada por um sujeito que a estava vivendo historicamente.

William

7.10.25

Sistematização do blog



07/10/25

Estou sistematizando as postagens que fiz no blog desde 05/10/06, quando criei a página para me comunicar com a categoria bancária e com as lideranças sindicais.

Até hoje, foram 2666 postagens. O blog completou 19 anos anteontem. Já consegui organizar boa parte dos textos, já fiz diversos cadernos do blog e agora preciso finalizar o trabalho: sistematizar ajuda a dar sentido às coisas.

Março de 2012

Revisei as 29 postagens (55 páginas de word) e as lembranças se apresentaram em minha memória como se fossem um filme de nossas vidas, pois aquelas escrevivências não são só minhas (né, Conceição Evaristo?). 

A luta de classes segue sendo a realidade cotidiana de cada bancária e bancário e de suas entidades sindicais e associativas. É muito interessante ver os temas vigentes em março de 2012 e saber por alto que boa parte deles segue sendo pauta em outubro de 2025. Luta de classes...

Os trabalhadores e seus sindicatos estão neste momento lidando com uma reestruturação no Banco do Brasil que trata justamente de jornada de trabalho de comissionados. Em 2012 era uma de nossas pautas a jornada de 6 horas sem redução de salário no BB. Luta de classes...

A luta continua, sempre!

William

2.10.25

Diário e reflexões



A UNIVERSIDADE PÚBLICA É DO POVO - ATO EM DEFESA DA FFLCH-USP

02/10/25

O evento de hoje em nossa querida Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo foi emocionante, com falas potentes e solidárias em defesa da educação pública, dos direitos dos povos e também denunciando o genocídio do povo palestino. 

O motivo principal do ato de hoje no vão livre da História e Geografia da FFLCH e também das manifestações da comunidade acadêmica e do movimento estudantil, além de diversas entidades e lideranças da sociedade civil paulista são os ataques realizados pelos fascistas da extrema-direita nos últimos meses. 


Após ataques de grupos liderados até por parlamentares de extrema-direita da Câmara de Vereadores de São Paulo, a comunidade acadêmica da USP vem se organizando e enfrentando com firmeza essas turbas fascistas. 

Repito: foi um ato emocionante! Saí do ato de alma lavada e com a esperança renovada ao respirar o ar daquela juventude de luta!

Ouvimos falas potentes e experientes de professores como a querida Marilena Chauí, André Singer e demais acadêmicos. 

Vereadora Luna Zarattini (PT-SP)

Ouvimos lideranças de diversos movimentos populares, sindicais e de lutas históricas da juventude. 

Ouvimos parlamentares do campo popular como a querida companheira Luna Zarattini (PT), Luana Alves (Psol), Juliana Cardoso (PT), Sâmia Bomfim (Psol) e demais políticos que estão sempre do lado certo da história de lutas da classe trabalhadora brasileira. 

Deputada Federal Juliana Cardoso (PT-SP)

Tenho orgulho de ter sido aluno de Letras da FFLCH-USP e de ver o quanto a educação, a cultura e a ciência são importantes para a sociedade humana. 

Sem democracia e sem igualdade de oportunidades não se constrói uma sociedade justa, fraterna e igualitária. 

Fora, fascistas! Defender a educação pública é defender a esperança em um mundo melhor para todos os seres viventes. 

O ato também foi firme na defesa da causa palestina e pelo fim do genocídio em Gaza.

William 

20.9.25

Para entender crises de derivativos como o caso do "subprime" em 2008



Segue abaixo uma forma humorada de entender um pouco da lógica dos papéis derivativos que criam capitais fictícios que em algum momento podem causar crises reais no sistema capitalista.


*Texto do "Seu Biu" pra entender a crise:

Veja como é fácil entender a crise mundial

(texto que circulou nas redes após a crise do subprime)

Tradução da crise do Subprime

É assim ó:

O seu biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.

Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).

O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.

Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os bêubo da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifu.

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9.9.25

Diário e reflexões



Osasco, 9 de setembro de 2025. Terça-feira. 


IDENTIDADE

Tenho 56 anos de idade. Sou brasileiro, nascido na cidade de São Paulo, onde vivi até os 10 anos. A passagem para a adolescência, fase intensa dos seres humanos, foi um Uberlândia, Minas Gerais. Ao voltar para São Paulo, aos 17 anos, acabei vivendo a maior parte da vida em Osasco. Por 4 anos, ainda tive a oportunidade de morar em Brasília, a capital do Brasil. 

A data de hoje, 9 de setembro, é uma data aniversário, um dia marcante no percurso da minha existência única. Há 33 anos, eu me apresentava pela manhã à agência Rua Clélia, do Banco do Brasil, para começar a trabalhar de escriturário no maior banco público do país. 

Para tomar posse do cargo, como dizíamos, precisei passar no concurso público duas vezes, porque após comemorar a primeira aprovação, o certame foi cancelado por fraudes. Tive que passar de novo para ser bancário do BB. 

A identidade de uma pessoa vai se moldando no percurso do viver, é como entendo a vida humana. Certos momentos ou acontecimentos ficam marcados em nossa existência, são divisores de água, determinam como seremos dali adiante. Entrar no BB há 33 anos, foi um acontecimento desses em minha vida.

Se no domingo passado (7/09) estive nas manifestações populares ao lado dos pobres, das pessoas que sobrevivem nas ruas e praças, sem terem sequer o que comer, ou água para se lavarem, se estive no 31° Grito dos excluídos e excluídas, na Praça da Sé, e depois na manifestação da Praça da República, somando com milhares de pessoas em defesa de nossa soberania e lutando pelos direitos da classe trabalhadora, é porque existiu em minha vida o dia 9 de setembro de 1992, dia no qual me tornei um membro da comunidade de funcionários do Banco do Brasil, comunidade com mais de dois séculos de história. 

Nossa identidade vai se moldando no viver de acordo com as veredas que percorremos e principalmente em função das oportunidades que a comunidade na qual vivemos nos dá. Se as pessoas - crianças, jovens e adultos - têm oportunidades para escolher um presente e um provável futuro - uma perspectiva de futuro -, nossa identidade pode conter algumas características - diria características positivas -; se não houver oportunidades no ambiente do viver, nossa identidade pode ser completamente diferente do que gostaríamos que ela fosse.

O 9 de setembro de 1992 foi uma oportunidade em minha vida. O garoto que lavava carro em Uberlândia; que era entregador de uma farmácia, cortando a cidade o dia todo de bicicleta; que trabalhou em construção civil, quebrando concreto com talhadeira e ponteiro, mexendo em esgoto; que juntava metais como cobre e alumínio pra vender no ferro velho; que foi chapa de caminhão e ajudante geral de um monte de serviços por uma década antes de trabalhar como bancário, teve sua vida transformada ao passar no concurso mais disputado à época no país, e virar trabalhador da categoria bancária.

Outras datas tiveram importância central na minha identidade também, a partir da condição de bancário. O dia 5 de agosto de 2002 foi um divisor de águas na vida deste trabalhador, naquele dia fui liberado do trabalho no caixa da agência Vila Yara, do Banco do Brasil, para aprender a ser dirigente sindical e representar meus colegas que continuavam cumprindo a jornada nos locais de trabalho, atendendo ao público e às vezes sofrendo assédio e enfrentando péssimas condições de trabalho. Pensar nos colegas, os meus pares, definiu minha identidade enquanto os representei por 16 anos. Ainda penso nos colegas da ativa e nos aposentados, é a minha identidade, é o que sou. 

Refletindo sobre o dia 9 de setembro de 1992, e outros dias definidores de minha identidade, o 5 de agosto de 2002, o 2 de junho de 2014, o 3 de abril de 2019... fico aliviado pelas veredas que escolhi trilhar (ou que se apresentaram no meu caminho) e me sinto grato à existência, pois posso me considerar uma pessoa de sorte. Posso sim. Tive a felicidade de participar de momentos importantes da vida coletiva de nossa categoria e de nossa classe, a classe trabalhadora. 

E tenho consciência política suficiente para pesar e separar as partes que compõem a minha identidade. O que sou é uma mescla de oportunidades, casualidades e muito esforço e disciplina. Como ensina o professor Antonio Candido, essa parte da minha identidade também contém a parte com as vivências ruins que enfrentei ou que fui partícipe, a vida é tudo isso que nos deu identidade, somado com a personalidade que cada um de nós tem.

O jovem que saiu de Uberlândia para São Paulo, aos 17 anos, cheio de ódio e raiva do mundo, que vivia indignado com as injustiças diárias enfrentadas pelo povo brasileiro, um país ainda hoje violento e miserável, que maltrata e humilha as pessoas como nós, a imensa maioria do povo, queria ser mau... para lidar melhor com o mundo-cão, e, por sorte, acabou sendo moldado como um cidadão do lado certo da história, que não esteve na manifestação da Paulista no 7 de setembro de 2025 (e sabemos o quanto de gente com origem humilde encorpa essas manifestações que manipulam os ignorantes que não sabem qual é a sua classe); por sorte aquele jovem dos anos oitenta hoje escolhe o Grito dos excluídos e excluídas. 

O jovem que entrou no BB em 9 de setembro de 1992 ouviu seu coração, sua filiação, e depois ouviu os colegas e o sindicato, e os educadores que passaram por sua vida... e sua identidade está aí, naquilo que faz e vive diariamente. 

Sigo com desejo de mudanças no mundo e com vontade de aprender coisas novas todos os dias. Não tenho ódio em meu coração, apesar de me sentir indignado com as coisas. Acredito na educação e na transformação das pessoas. Por isso estudo e compartilho o pouco que sei em meus blogs. 

O Brasil e o mundo estão doentes, as pessoas foram capturadas e parte delas precisaria de tratamento médico para sair da neurose e mundo paralelo no qual foram inseridas. O mundo está muito doente.

Sigamos firmes estudando e nos organizando para salvar a vida no mundo e os seres humanos, essa espécie fantástica nas suas possibilidades, mas capturada e feita de massa de manobra de uns poucos espertalhões que odeiam o mundo e a vida no Planeta.

William Mendes 

28.8.25

Artigo: A autorreforma sindical e a história dos bancários da CUT Brasil



Apresentação:

Publico em homenagem ao Dia dos Bancários e Bancárias e ao aniversário da Central Única dos Trabalhadores este artigo produzido por mim em 2010 para o livro "Procesos de Autoreforma Sindical en Las Américas - Avances del Grupo de Trabajo sobre Autoreforma Sindical (GTAS) en 2010-2011".

À época, era secretário de formação de nossa Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, a Contraf-CUT, e havia participado em 2009 de um curso de formação na Organização Internacional do Trabalho (OIT) representando a nossa confederação e a nossa Central Única dos Trabalhadores (CUT).

William

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I. INTRODUÇÃO

No final dos anos setenta e início dos oitenta, o Brasil vivia sob a égide da ditadura militar, regime que calou a democracia e massacrou os trabalhadores e os movimentos sociais brasileiros, privilegiando alguns grupos empresariais e políticos de direita, e trazendo um crescimento econômico à custa da exploração dos trabalhadores e com a ajuda de sindicatos "oficiais" pelegos, vindos de uma estrutura sindical criada por lei.

Os trabalhadores de grandes setores da economia começaram a se organizar por conta própria, sem o apoio dos sindicatos pelegos, e passaram a exigir melhores salários, condições de trabalho e a volta da democracia no país, através de grandes greves.

Os trabalhadores criaram no início dos anos oitenta a CUT, com a intenção de organizar todos os trabalhadores do campo e da cidade, de todos os setores da economia, do segmento público e privado e tendo como premissa a ideia de uma estrutura sindical mais horizontal e direta na relação entre os trabalhadores e seus sindicatos e a Central.

Essa estrutura mais horizontal entre CUT e sindicatos afiliados tinha como objetivo se contrapor a estrutura oficial, formatada em lei, que mantinha com impostos e tutela do Estado uma estrutura verticalizada de sindicatos, federações e confederações, todas separadas por categorias profissionais e tendo diversos limites e travas na lei para coibir a luta contra os patrões. Também eram proibidas greves gerais que unissem várias categorias profissionais, dificultando até por lei a ideia de unidade e luta da classe trabalhadora.

Os grandes setores da classe trabalhadora brasileira se organizaram nos anos oitenta, à margem da lei e dos sindicatos oficiais, e iniciaram um histórico processo de organização original da classe trabalhadora dentro da CUT - que ficou conhecido como "Novo Sindicalismo" - e essa organização até hoje rende frutos e faz o enfrentamento às constantes reestruturações produtivas do capital.

Neste trabalho, apresentamos de forma sucinta, a história de organização da categoria bancária brasileira, que nesses trinta anos do "Novo Sindicalismo" organizado na CUT, conseguiu enfrentar vários governos e conjunturas econômicas e sociais, como o neoliberalismo, e mantém uma Convenção Coletiva Nacional que abrange bancos públicos e privados, nacionais e estrangeiros, e que enfrenta atualmente grandes desafios como buscar novos acordos marco - a Convenção Coletiva é um acordo marco -, interromper o processo de terceirização e avançar na busca de mais direitos contratados e que valham para todos os trabalhadores dentro do ramo financeiro, dominado por poucas empresas globais e conglomerados nacionais.

2. BREVE HISTÓRICO DA CATEGORIA NOS ANOS 80

A criação da CUT foi um grande passo na organização da classe trabalhadora brasileira: começaram as grandes greves e a luta por melhores salários, condições de trabalho e democracia.

Quando os bancários começaram a se organizar nos anos oitenta, havia várias datas-base por bancos e por regiões do país. Isso dificultava qualquer possibilidade de lutas organizadas em nível nacional.

Em 1982 os bancários realizaram encontros e começaram a unir a categoria em nível nacional.

Em 1983 os trabalhadores brasileiros criaram a Central Única dos Trabalhadores com participação importante do setor bancário.

A criação da CUT trouxe para os trabalhadores brasileiros a pluralidade e a democracia na organização da classe trabalhadora, pois a Central reunia diversas categorias profissionais, diversas linhas de pensamento político e ideológico, setores tanto do campo como da cidade e do setor público e privado, com o intuito de fazer um sindicalismo classista, de massa, com sustentação financeira própria, autônomo e independente de governos e partidos políticos e baseado nos locais de trabalho.

Em 1984 os bancários participaram ativamente na luta pelas "Diretas Já", movimento popular exigindo o fim da ditadura militar e a volta da democracia brasileira.

Em 1985 os bancários organizaram uma greve histórica que paralisou mais de 60% da categoria, ou seja, mais de meio milhão de trabalhadores. Criaram um comando nacional e começaram a realizar a unidade nacional da categoria.

Depois de várias dificuldades enfrentadas pelos grevistas, como violência da polícia e tribunais do trabalho - órgãos do aparato de Estado e favoráveis aos banqueiros -, algumas vitórias foram conquistadas, como reajustes salariais e direitos sociais contratados para vários bancos e regiões do país.

Em 1986 os bancários criaram o Departamento Nacional dos Bancários da CUT - DNB/CUT - para melhorar a organização do setor bancário em nível nacional. O DNB impulsionou rapidamente a criação de novos sindicatos e a conquista de sindicatos oficiais pelegos e se mostrou uma decisão acertada dos bancários da CUT.

Ainda nesta década histórica de luta bancária, os empregados da Caixa Econômica Federal - importante banco público do país - conquistaram o direito de serem considerados bancários e terem a jornada de trabalho da categoria de 6 horas e a filiação em sindicatos de bancários, pois antes eram tratados como economiários.

III. ANOS 90 - BANCÁRIOS ENFRENTARAM COM UNIDADE ATAQUES DO NEOLIBERALISMO

Foi nos anos 90 com o governo Fernando Collor de Mello que começaram as políticas neoliberais de privatizações e caça aos sindicatos e aos direitos trabalhistas.

Os bancários brasileiros, que já estavam organizados nacionalmente no DNB/CUT desde 1986, resistiram melhor aos ataques neoliberais e até conquistaram novos direitos.

Em 1992 os sindicatos de bancários transformaram o Departamento Nacional dos Bancários DNB/CUT - que era somente uma organização interna do setor bancário dentro da Central - em Confederação Nacional dos Bancários - CNB/CUT.

Em 1992 os bancários conquistaram a primeira Convenção Coletiva Nacional de uma categoria - CCT - assinada entre a CNB/CUT e a Fenaban - a federação dos banqueiros -, uniformizando direitos básicos como o piso salarial e direitos sociais em bancos privados e públicos estaduais, para todas as regiões do país. Conquistaram também vale-refeição diário, auxílio-creche e babá, reajustes uniformes para todas as verbas de natureza salarial etc.

Em 1994 os bancários conquistaram para a Convenção Coletiva o direito à cesta-alimentação mensal.

Em 1995 a categoria foi pautada pelas transformações na remuneração e demais exigências do capital e negociaram e contrataram o direito à Participação nos Lucros e Resultados - PLR -, assinada com a CNB/CUT e com regras definidas de valor e porcentagem para todos os trabalhadores dos bancos signatários, sem discriminação ou vínculo a metas individuais, como queriam os bancos.

Nessa década, os bancos públicos federais estavam isolados em suas lutas contra os governos e quando conseguiam negociação, assinavam Acordos Coletivos de Trabalho - ACT. Até o ano de 2003 os públicos federais ficaram sem acordos de PLR assinados com a CNB/CUT, acordos que contêm regras claras de distribuição a todos os trabalhadores.

Após o ano de 1995, com a eleição de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, os ataques neoliberais foram fortemente acelerados e grandes setores da economia foram privatizados. Para os bancários, a história não foi diferente. Quase todos os bancos públicos estaduais e regionais foram privatizados e houve forte ataque aos públicos federais.

Nos bancos públicos federais começaram os congelamentos salariais e a perda de direitos coletivos e planos de demissão "voluntária" - PDV - com demissões em massa. Só no Banco do Brasil foram eliminados mais de 50 mil postos de trabalho ao final do processo de enxugamento para posterior privatização, com o suicídio de dezenas de trabalhadores.

Nos bancos privados, e nos estaduais que resistiram à privatização, e que já seguiam a Convenção Coletiva da categoria, seguiu a luta unitária e manutenção de reajustes e principais direitos coletivos.

IV. ANOS 2000 - A CATEGORIA BANCÁRIA CONQUISTA A UNIDADE ENTRE BANCOS PÚBLICOS E PRIVADOS

A Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários passou a ser assinada pelos bancos públicos federais e foi criada a Contraf-CUT, para organizar todos os trabalhadores do ramo financeiro.

No final dos anos noventa, os bancários de bancos públicos federais passaram a discutir em seus congressos anuais o fim do isolamento e a busca da unidade com a categoria. Após a mudança de governo em 2002, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, um maior diálogo entre trabalhadores e governo permitiu alguns avanços, como a luta para unir os direitos coletivos dos bancários na mesma Convenção Coletiva de Trabalho.

Alguns passos estratégicos foram importantes para a categoria e a ação sindical foi fundamental para isso com as mobilizações e as greves gerais. Os bancários fizeram grandes greves em toda esta década.

Em 2003 os bancários dos bancos públicos federais fizeram greve exigindo do governo federal o cumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho da CNB/CUT. Ao final, conseguiram vários direitos, mas estes direitos ainda foram mantidos em acordos específicos - ACT.

Em 2004 a CNB/CUT exige em acordo prévio com o governo federal que ele cumpra o que os bancários conquistassem na campanha nacional da categoria, tanto direitos sociais como índices econômicos. Os bancários vão para uma greve de 30 dias e ao final ocorre julgamento do TST - Tribunal Superior do Trabalho - diminuindo proposta integral negociada em mesa geral com a Fenaban. Mas as conquistas foram melhores que as dos anos anteriores, quando públicos federais e privados estavam separados.

Em 2005, na Conferência Nacional dos Bancários - encontro que finaliza uma série de encontros locais e regionais da categoria -, é criado um Comando Nacional de negociação entre os trabalhadores e os banqueiros e governo. Ao final da campanha nacional, o Banco do Brasil passou a assinar a CCT da CNB/CUT. A Caixa Econômica Federal assinaria a mesma Convenção no ano seguinte.

Em 2006 os bancários criaram a Contraf-CUT - Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT - pela necessidade de organizar a totalidade dos trabalhadores que estão inseridos no processo produtivo do sistema financeiro, pois os banqueiros foram se reestruturando em conglomerados e holdings e retirando direitos conquistados na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria bancária.

A luta atual da CUT é para voltar a representar cerca de um milhão de trabalhadores no ramo financeiro, pois somente a metade está com os direitos contratados em convenções e acordos coletivos.

Como síntese da organização da categoria nos anos 2000, destacamos que os bancários conseguiram a unidade nacional e por 7 anos seguidos fizeram grandes greves nacionais, ora gerais ora por bancos.

Os bancos públicos passaram a ter reajustes em todas as verbas salariais - antes da unidade com a categoria na mesa da Fenaban, ou era reajuste zero ou era só no piso e nada nas comissões e funções e também passaram a ter direitos econômicos e sociais que eram maiores na CCT da Contraf-CUT.

V. ESTRUTURA DE NEGOCIAÇÃO E CONTRATAÇÃO COLETIVA DOS BANCÁRIOS BRASILEIROS

Os trabalhadores brasileiros vêm acumulando experiências importantes em termos de organização sindical desde a criação da nossa Central Única dos Trabalhadores - CUT - nos anos oitenta.

Os desafios para enfrentar o setor patronal sempre foram grandes, como também foram grandes as estratégias e táticas adotadas pelos segmentos de trabalhadores dentro da Central para avaliar a melhor forma de organizar cada categoria profissional de acordo com as suas respectivas necessidades e reestruturações produtivas constantes, como é inerente ao sistema capitalista.

A estrutura de organização e negociação coletiva atual dos bancários passou por várias adaptações nestas três décadas de organização cutista. Percebemos a necessidade de nos organizarmos por ramo financeiro nos anos 2000 e buscar a organização internacional por parte dos trabalhadores do setor financeiro porque o lado patronal já se organiza assim também.

Os bancários brasileiros têm uma estrutura organizacional em nível nacional, que conta com um comando político chamado Comando Nacional, que é coordenado pela Contraf-CUT, e que representa cerca de 90% dos bancários do País em sua Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e aditivos, tanto por bancos quanto por regiões.

* Comando Nacional dos Bancários

* Contraf-CUT, que coordena o Comando Nacional, contém 8 federações filiadas e cerca de 110 sindicatos representados + 2 federações e sindicatos de outras centrais

* Federações de bancários, que representam os sindicatos filiados e têm suas representações no Comando Nacional, nas COEs (Comissões de Empregados por bancos) da Contraf-CUT e nos grupos/mesas temáticas

* Sindicatos de bancários em todo o país, que se organizam nas regiões através das federações, e decidem as questões da categoria junto aos bancários em assembleias, encontros e plenárias

* OLT - Organização nos Locais de Trabalho - Os delegados sindicais, militantes e cipeiros organizam os locais de trabalho junto com os sindicatos locais para levar demandas, informações e criar a correlação de forças para as negociações coletivas nacionais, seja por banco seja por temas

VI. O PROCESSO DEMOCRÁTICO DA CONSTRUÇÃO DAS REIVINDICAÇÕES DOS BANCÁRIOS

Um dos fatores mais importantes da unidade da categoria bancária é a democracia em seus processos tanto para a construção da pauta de reivindicações como nos momentos decisivos de se deliberar pela mobilização e greve ou pela aceitação das propostas e contratação coletiva.

Todos os anos as negociações nacionais entre banqueiros e governo e os trabalhadores bancários começam com assembleias de base em mais de uma centena de sindicatos, reunidos em dez federações.

Após as propostas serem debatidas e votadas nas assembleias, ocorrem encontros e conferências estaduais ou regionais - por federações.

Finalizadas essas etapas locais, os bancários brasileiros participam de uma conferência nacional da categoria que define a pauta final de reivindicações a ser entregue aos banqueiros e governo.

Além de todo esse processo democrático, também temos os congressos dos bancos públicos que definem da mesma forma - desde assembleias de base até o congresso nacional - as questões específicas a cada banco público.

Nos últimos anos, os bancários negociam de forma concomitante tanto as questões gerais da Convenção Coletiva de Trabalho - CCT -, comum a todos, como as pautas específicas a cada banco público.

Quando não há propostas ou quando elas são insuficientes os bancários de todos os segmentos decidem em assembleias se aceitam o que foi oferecido ou se entram em greve.

Ao final do processo de mobilização e greve, os bancários contratam os novos direitos que renovam a CCT e os aditivos por banco.

Se as reivindicações específicas dos bancos públicos não forem atendidas ao final da greve geral, pode ocorrer de a categoria como um todo aceitar a renovação da Convenção Coletiva e um ou mais banco seguir na greve em busca de suas reivindicações específicas.

Além desse processo de construção das pautas de negociação, também temos na Contraf-CUT as COEs - Comissões de Empregados dos principais bancos -, bancários indicados pelas próprias federações para aprofundar questões como segurança, terceirização, saúde, igualdade e outras mais.

Temos instaladas mesas de negociação com os banqueiros em 2010 que tratam das questões de Igualdade, de Terceirização, de Segurança Bancária e de Saúde e Condições de Trabalho.

VII. A CONTRAF-CUT E A QUESTÃO DA ORGANIZAÇÃO DO RAMO FINANCEIRO

A questão de organizar os trabalhadores que estão inseridos no processo produtivo do sistema financeiro é hoje um dos maiores desafios dos trabalhadores brasileiros e do mundo.

Temos alguns bancos - grandes conglomerados criados através de reestruturações societárias - que atuam em sistema de cartel e monopolizam o mercado bancário. Esses poucos bancos conseguiram nos últimos anos, através de muita influência nos parlamentos e nos órgãos reguladores como o Banco Central, desorganizar todo a categoria bancária em termos de direitos coletivos e legislação trabalhista.

Temos mais de um milhão de trabalhadores fazendo operações de intermediação financeira no Brasil e menos da metade está coberta com os direitos da Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários - CCT - assinada entre a Contraf-CUT e a Fenaban.

A outra parte dos trabalhadores do sistema financeiro está distribuída em regimes precarizados de trabalho, em diversas modalidades de terceirização de serviços bancários, a maior parte delas é pura interposição fraudulenta de mão de obra.

Direitos fundamentais da categoria como piso e jornada de trabalho de 6 horas e semana de trabalho de segunda a sexta-feira não são respeitados dentro da cadeia produtiva terceirizada e precarizada dos conglomerados financeiros.

Serviços de atividades auxiliares no dia a dia dos bancos como processamento de envelopes de depósitos bancários, pagamentos e recebimentos, abertura de contas e empréstimos, aplicações e cartões de crédito, bem como produtos financeiros do mesmo conglomerado como seguros, capitalização, previdência, planos de saúde, consórcios etc, todos esses serviços e fontes de receita dos bancos continuam sendo feitos como no passado, mas sem os trabalhadores receberem os direitos dos bancários.

Algumas figuras jurídicas criadas pelo Banco Central brasileiro, como os Correspondentes Bancários, põem em risco a própria existência de nossa categoria, pois é melhor um banco terceirizar completamente os serviços e os custos do que manter em folha de pagamento um bancário com seus direitos coletivos nacionais.

O desafio da Contraf-CUT e de suas federações e sindicatos de bancários atualmente é reorganizar esses trabalhadores terceirizados, mobilizá-los, fazer greves como sempre fizemos e passar a representá-los primeiro de fato, liderando as greves e buscando negociações, e depois representá-los também de direito, mudando a lei e a legislação. A CUT já fez isso desde a sua origem e estamos fazendo novamente, lutando contra essas reestruturações produtivas que prejudicam a classe trabalhadora.

A Contraf-CUT foi criada para buscar reorganizar e representar de fato e de direito mais de 500 mil trabalhadores que continuam trabalhando para os conglomerados financeiros, só que sem os direitos da categoria bancária.

São setores inteiros como telemarketing; empresas dos próprios bancos de produtos financeiros de capitalização; previdência e seguros; empresas de processamentos de Back Office; tecnologia da informação (TI); correspondentes bancários como a empresa Correios e Telégrafos (parceria com Bradesco) e lotéricas (parceria com a Caixa Econômica Federal); cooperativas de crédito; e agora, supermercados e demais lojas do comércio substituindo o trabalho bancário. Sem contar toda a automação bancária que já acompanha o setor desde os anos oitenta.

Nos últimos anos, nossos sindicatos têm organizado os terceirizados que processam os envelopes de depósitos bancários para alguns bancos como, por exemplo, a empresa Fidelit que atende o Bradesco e o Santander (empresa pertence aos bancos), e através de greves nessas empresas, organizadas por nossos sindicatos, já conquistamos direitos coletivos que esses trabalhadores não tinham como o vale-refeição e a cesta-alimentação.

Também estamos lutando juridicamente e nos parlamentos para que a legislação dê mais garantias formais aos trabalhadores do sistema financeiro. Há projeto de lei no parlamento para regulamentar e disciplinar que tipo de terceirização pode ocorrer em setores como o financeiro e outros. Mas a lei ainda precisa ser votada e um dos problemas é a correlação de forças dos representantes dos trabalhadores no parlamento nacional.

A luta pela unidade e por mais direitos contratados segue, para os bancários do Brasil e do mundo.

William Mendes

Secretário de formação da Contraf-CUT (2009-2012)


Bibliografia:

Procesos de Autoreforma Sindical en Las Américas - Avances del Grupo de Trabajo sobre Autoreforma Sindical (GTAS) en 2010-2011. Proyeto FSAL-AS/ACTRAV/OIT

18.8.25

Blog A Categoria Bancária - Retrospectiva 2011



RETROSPECTIVA 2011

O mês de janeiro teve movimentações importantes para os associados do Plano 1 da Previ: o acordo entre associados, Banco do Brasil e governo foi aprovado no restante das instâncias que faltavam apreciar as mudanças no Estatuto e a forma de uso do superávit do plano.

Postei no blog um excelente artigo do professor Marcos Bagno sobre a denominação “presidenta” que Dilma Rousseff - primeira mulher presidenta do Brasil - escolheu para nominar sua função pública e que a imprensa da casa-grande decidiu desrespeitar desde o primeiro dia do mandato presidencial.

Eu apontei em artigo o desrespeito da direção do BB ao abrir concurso público sem apontar o número de vagas, concurso com zero vagas, ou “quadro de reserva”. Isso é um desrespeito aos cidadãos que estudam para ingressar em empresas públicas. Fiz um artigo também para contestar Bresser-Pereira e a suposta mão de Deus no governo Lula.

As postagens que predominaram no mês de fevereiro versam principalmente sobre a questão da terceirização do trabalho bancário. Matérias sobre as movimentações entre a Febraban e os órgãos governamentais para regulamentar os correspondentes bancários demonstram a forma abusiva do processo que, no fundo, acaba por fazer uma espécie de reforma trabalhista no setor financeiro, pois elimina direitos sociais da categoria conquistados há décadas.

Nas questões relativas ao Banco do Brasil, os funcionários receberam a 2ª parcela da PLR, e o banco bateu recorde de lucro. Nas matérias sobre o lucro do BB, eu comentei a respeito do papel social do banco público, pois ele vinha exercendo sua função de forma idêntica ao setor banqueiro privado. Voltamos às mesas de negociação permanente com o BB no período. Fiz artigo sobre essa estratégia privada do BB.

Março foi um mês com postagens de diversos artigos feitos por mim, que era o secretário de formação da nossa confederação. Fiz um sobre democracia sindical relacionada à estrutura de negociação nacional da categoria bancária – “Democracia representativa não se confunde com ‘assembleísmo’”: no artigo, questiono a ideia do “assembleísmo” de certas correntes sindicais que não se conformam em perder suas proposições durante a construção da estratégia nacional dos bancários. Fiz outro artigo, em parceria com o companheiro Plínio Pavão – “OLT na categoria bancária – o papel do delegado sindical”, sobre o papel do representante sindical de base no BB e Caixa, os chamados delegados sindicais.

Ainda no mês de março, estive no Encontro Baiano de Formação da CUT (Ebafor) e participei das eleições dos bancários de Campo Grande (MS), e nós vencemos com a chapa cutista. A direção do BB apresentou as linhas gerais do novo Plano de Carreira e Remuneração (PCR), conquista da campanha 2010. Participei da gênese do modelo de nova tabela de antiguidade por funções exercidas.

Por fim, registrei no blog a primeira entrevista da presidenta Dilma Rousseff. Ela afirma que não vai descuidar da inflação, anuncia o Pronatec e diz que não vai permitir a retirada de direitos dos trabalhadores brasileiros.

Alguns destaques do mês de abril nas postagens: BB adquire o Eurobank nos Estados Unidos; nossa base sindical retoma as conciliações com o BB, as CCP no SEEB SP; tivemos mesas de negociação sobre o Plano 1 da Previ; várias postagens se referem à questão do correspondente bancário e a ameaça à categoria bancária. No Sindicato, tivemos a formação de nossa Chapa 1 cutista para as eleições.

Entre as questões sindicais a destacar no mês de maio, tivemos negociações com o BB sobre propostas de melhorias no regulamento do Plano 1 da Previ (a direção negou tudo). Realizamos curso de formação da Contraf-CUT e Dieese para os sindicatos da Fetec CUT Centro-Norte. Publiquei diversas matérias sobre a questão da ilegalidade e imoralidade das resoluções do Bacen sobre os correspondentes bancários - até nosso deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) entrou na luta contra as arbitrariedades do Banco Central. E os bancários do Maranhão realizaram plebiscito de desfiliação da CUT, pois a direção de lá era da CSP-Conlutas.

Em junho, ocorreu a eleição do maior sindicato de bancários do país, o nosso. Concorreram duas chapas e a chapa cutista venceu com 83% dos votos válidos. A companheira Juvandia passou a ser a primeira presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. Como membro da chapa, representaria os bancários paulistanos por mais três anos.

As postagens de junho também abordaram as questões de privatização dos aeroportos e a aprovação da terceirização total pelo Congresso; na minha agenda sindical, teve trabalho de base e viagem ao Ceará para o encontro da categoria. No blog, disponibilizei a tese da Articulação Sindical para o 22º Congresso Nacional dos Funcionários do BB (CNFBB).

Dos artigos que publiquei, destaco o artigo “Horas de greve em renovação de direitos coletivos – Anistia ou distribuição para todos”, que poderia ser avaliado por sindicatos, juristas do nosso campo e pela classe trabalhadora, pois é justo que aqueles que foram beneficiados pelas conquistas, mesmo furando greve, paguem pelas horas da luta coletiva.

Os destaques no mês de julho são os encontros deliberativos que compõem a estrutura nacional da categoria bancária. Após a realização dos encontros regionais e estaduais de debates e deliberações das reivindicações da categoria, ocorreram o 22º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB) e a 13ª Conferência Nacional dos Bancários. Publiquei artigos sobre a Previ e sobre o debate das metas abusivas. Fiz também um artigo confessional, que aborda a militância política. Por fim, está publicada no blog a proposta do Plano de Carreira no BB, na qual tive participação central no ano anterior.

Agosto foi um mês de muito trabalho de base preparando os trabalhadores para as negociações com os banqueiros e provável greve na categoria. Estive no Congresso Nacional junto com outras lideranças para denunciar a interferência do Banco Central na estrutura social dos bancários, via resoluções de correspondentes bancários que terceirizam a categoria e desfazem direitos até da CLT. Fiz dois artigos explicando reivindicações específicas dos funcionários do BB.

O mês de setembro foi marcado pelo processo de negociações com os banqueiros e com o governo nas mesas específicas de Banco do Brasil e Caixa e demais bancos públicos. A intransigência do lado patronal foi abusiva e a categoria deflagrou greve nacional no final do mês.

Outubro foi um mês de demonstração de grande força da unidade dos bancários, que realizaram a maior greve da categoria em duas décadas e após 21 dias conquistaram aumento real pelo 8º ano seguido, pisos maiores nos salários e na PLR e cláusulas sociais, boas conquistas na Fenaban, no BB e Caixa Federal.

Após a greve de renovação da Convenção Coletiva, realizamos a 5ª etapa do curso de formação Sindicato, Sociedade e Sistema Financeiro, da Contraf-CUT e Dieese, para formação de dirigentes e assessores das entidades sindicais afiliadas. O curso ocorreu na Escola Sul da CUT em Florianópolis. Cumprimos o compromisso formativo estabelecido no Congresso da Contraf-CUT que me indicou como secretário da pasta.

O mês de novembro foi de muita luta, acreditem! O movimento sindical, em especial nós da categoria bancária, atuou fortemente na luta contra o projeto de terceirização total e o fim das categorias profissionais, dos sindicatos e dos direitos do trabalho. O Congresso Nacional tentou de todo jeito aprovar uma legislação que acabava até com os direitos básicos previstos na CLT.

Além dessa pauta de luta, realizamos o 2º módulo do curso de formação da Contraf-CUT e Dieese, a 5ª etapa foi realizada na Escola Sul, em Santa Catarina. Como dirigente, fiz 3 artigos no mês, dois sobre o Banco do Brasil e um de avaliação dos 5 cursos que fizemos em todas as regiões do país durante o mandato na secretaria de formação da confederação.

Em dezembro, finalizamos o curso de formação na região Sul do país e ainda fiz mais um artigo sobre as péssimas condições de trabalho no Banco do Brasil, que exigiu nos últimos dias do ano que os bancários fizessem o possível e o impossível para o BB chegar a 1 trilhão de ativos financeiros. Para isso, os gestores poderiam arrepiar pra cima dos trabalhadores, cancelando até férias programadas.

Terminei o ano na base social, conversando com os colegas do Banco do Brasil em reuniões nos locais de trabalho. Enquanto fui representante político da classe trabalhadora estive ao lado de meus pares, foi como aprendi a fazer a luta por melhores condições de vida e por um mundo melhor.

O caderno impresso ficou com 500 páginas, foram 280 textos no ano de 2011. São registros de nossa história de lutas. Os links dos artigos desse período podem ser acessados aqui, página de artigos do autor do blog.

William Mendes


14.8.25

Diário e reflexões


17/04/16, o dia que deixei de acreditar na "democracia"

Reflexões

Quinta-feira, 14 de agosto de 2025.


Tive o privilégio de participar, nesta noite fria de quinta-feira, de uma excelente roda de conversa na Comunidade do Paredão, Rio Pequeno. O encontro foi no espaço "Cozinha Popular Dona Nega", importante espaço criado pelo Movimento Brasil Popular em parceria com o MST e lideranças locais para combater o flagelo da fome e insegurança alimentar no Estado e na cidade mais ricos do país, São Paulo.

Voltar ao Jardim Ivana/Rio Pequeno é voltar ao início de minha jornada de vida, à origem de minha caminhada pela Terra. Nasci ali, na rua em frente à padaria da Cinco Quinas, saí dali aos dez anos e aos dezessete voltei, morei ali em fases diferentes de minha vida. Ali me alfabetizei, ali terminei o ensino básico antes da graduação superior. Ali peguei ônibus lotado, vivi enchentes, o Rio Pequeno. 

Ouvir o companheiro José Genoino contando um pouco de suas vivências e suas opiniões sobre as questões mais destacadas no grave cenário político do país e do mundo é uma oportunidade que nenhum militante das causas sociais poderia perder quando é convidado para uma agenda dessa natureza. O bate-papo foi excelente!


Além de ouvirmos Genoino, ouvimos lideranças inspiradoras da Frente de Solidariedade e Luta da Zona Oeste (FSL/ZO), que militam em diversas frentes de lutas na região do Butantã. A gente sai da reunião com uma humildade incrível ao ouvir pessoas tão envolvidas com as causas sociais centrais para o povo e a classe trabalhadora.

Revi companheiros de longa data como o amigo Daniel Kenzo, Jurandir, amigo desde o movimento estudantil na USP, Ernesto e Sérgio e demais militantes queridos do movimento na região Oeste.

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Fui para a roda de conversa com diversas questões em meus pensamentos. Meu momento é de mais compreensão das coisas da vida do que antes. Ter a percepção que sinto ter não me dá conforto algum, me dá uma permanente agonia. Tudo bem, foi para isso que estudei e tentei evoluir mentalmente nas últimas décadas de vida.

O assassinato de Laudemir, trabalhador da limpeza urbana de Belo Horizonte, um gari, por um desgraçado que é o modelo de "cidadão" exaltado pela sociedade humana do capital, me encheu de ódio e raiva, sentimento que voltei a sentir desde o dia 17 de abril de 2016, desde aquela sessão no Congresso Nacional na qual um sujeito escroto enalteceu um torturador ao votar pelo impeachment sem crime da presidenta Dilma Rousseff. 

Em agosto daquele ano de 2016, o mesmo Congresso efetivou a perda do mandato presidencial da primeira mulher eleita no Brasil, eleita por 54,5 milhões de votos do povo brasileiro. 

Desde aquele ano, eu deixei de acreditar na democracia que conhecia como modelo político, entendi que as democracias que existiam na vida real eram farsas e arranjos para a manutenção do poder pelos donos do capital no mundo contemporâneo.

Uma das mulheres mais queridas de minha vida, a nossa tia Alice, irmã de minha mãe, era gari na cidade de Uberlândia, e ver um ser escroto como esse tal Renê "cidadão de bem" andar por aí mexeu com meus sentimentos mais antigos de ódio dessa gente que se acha melhor que os outros, essa gente da burguesia que odiei desde que tinha meus doze ou treze anos, quando me humilhavam como criança trabalhadora.

Quando entrei no movimento sindical, já tendo mais de trinta anos de idade, fui mudando diariamente pela convivência com pessoas maravilhosas, humanistas, pessoas boas como a tia Alice e outras pessoas humildes que eu conhecia. Mudei radicalmente ao longo da vida de representação da classe trabalhadora. Quando afirmo que fui politizado pelos bancários da CUT (nome do meu livro de memórias), é a mais pura verdade. A convivência com a companheirada me tornou uma pessoa melhor.

Com o golpe de Estado contra nós em 2016, a deposição da presidenta Dilma Rousseff, a operação lesa-pátria Lava Jato e a prisão do presidente Lula e outras prisões como a dos companheiros do PT, Genoino, José Dirceu, Vaccari e outras lideranças de nossa história de luta, com a ascensão dos desgraçados que os golpistas colocaram no poder entre 2016 e 2022, e a não convivência diária com tanta gente boa como aquela com quem me reuni hoje à noite, acabei por deixar aflorar em mim o ódio que senti boa parte da minha vida.

Com os exemplos diários de injustiça, violência e impunidade de gente como esse assassino do Laudemir, gari como minha tia Alice, eu voltei a considerar a pena de morte como um instituto legítimo de punição para crimes no Brasil. Um desgraçado como esse tal Renê e tantos outros "cidadãos de bem, patriotas, blá blá blá" não merecem viver sobre a Terra.

Esse pensamento é um retrocesso em mim, de verdade. Quando virei dirigente sindical, gastei um tempão estudando o tema da pena de morte para passar a ser contrário a esse tipo de pena. Retrocedi como pessoa...

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Felizmente, a roda de conversa com gente boa de verdade, me fez amenizar um pouco tudo que eu ainda estava pensando, além de voltar a considerar a pena de morte, de preferência pena capital no estilo revolucionário para traidores, para esses desgraçados fascistas que se acham acima das leis e melhores que as outras pessoas.

William

31.7.25

Diário e reflexões


Presidente Lula fala
ao povo brasileiro

A luta por um país soberano e por cidades melhores para se viver segue firme e contamos com nossas lideranças populares para os avanços

Quinta-feira, 31 de julho de 2025.


Opinião

O mês termina com muitas incertezas para o Brasil e o mundo por causa da guerra global imposta pelos Estados Unidos a todos os países, principalmente para aqueles que não são vassalos do império decadente dos norte-americanos. O BRICS e os avanços chineses em todas as áreas são os motivos dos ataques ao país, e o clã de vira-latas do RJ é a desculpa que veio a calhar ao senhor MAGA. Se esses bolsonaros fossem de outro país, já estariam presos ou pior.

Trump liquidou as regras internacionais construídas após a 2ª Guerra Mundial. Agora as sanções econômicas e políticas são como as bombas que os EUA jogam sobre os países e povos que não se submetem a eles. Com o fim da diplomacia, a lei do mais forte e que tem poder de matar é a única regra no mundo. Imaginem o que é sofrer sanções que bloqueiam a vida de um país como Cuba enfrenta há 63 anos...

O Brasil governado pelo Partido dos Trabalhadores tenta resistir ao ataque covarde e fora da lei perpetrado pelos Estados Unidos. A luta é desigual porque dificilmente algum país importante como o nosso tenha uma quantidade tão grande de traidores da pátria, de gente quinta-coluna, como o clã Bolsonaro e seus seguidores lunáticos.

Se eu estivesse na política, estaria fazendo o que fiz por mais de duas décadas, estaria estudando os cenários e as possibilidades, pensando objetivos de curto, médio e longo prazo e estratégias e táticas para chegar aos objetivos. Mas isso é passado. Seguirei me esforçando por não dizer o que penso sobre o nosso governo, o partido, o movimento sindical e o que vejo ao meu redor no campo da esquerda.

O que sei é que o presidente Lula está fazendo o possível e o impossível para defender o Brasil e o povo brasileiro dos ataques covardes dos Estados Unidos e da extrema-direita lixo do nosso país. Lógico que Lula está fazendo do jeito dele, como conhecemos há seis décadas. Lula não é e nunca foi um revolucionário, sempre foi um conciliador. Estudei isso por duas décadas como sindicalista cutista e compreendo o presidente e o PT, por mais que discorde de algumas coisas.

Obrigado por tanta dedicação e esforço por nós, presidente Lula!

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Heber fala em audiência sobre
o IFSP, unidade Osasco

LUNA ZARATTINI E O COLETIVO JUNTOZ: INSPIRAÇÃO E ESPERANÇA

O que tenho acompanhado minimamente na política partidária é a atuação das juventudes do Partido dos Trabalhadores que estão dando o melhor de si para renovar e revigorar a forma de fazer política do partido junto às bases sociais.

Em Osasco, Heber, Gabi e Matheus, do Coletivo JuntOz, estão atuando de forma extraordinária nesses 7 meses de trabalho no mandato parlamentar na Câmara Municipal de Osasco. Dá um orgulho danado ver a inteligência deles, o preparo e a atitude diária na busca de avanços para o povo da cidade.

Temos 1 (uma) cadeira em 21 cadeiras da Câmara, mas o trabalho deles em benefício do povo é como se eles fossem muitos mandatos, eles são muito bons. 

Ontem estive na 2ª audiência pública na Câmara para tratar do Instituto Federal em Osasco (IFSP). Todos os avanços nessa questão têm participação decisiva do Coletivo JuntOz.

Luna informa paulistanos
sobre medidas de Trump

E a nossa querida Luna Zarattini, vereadora mais votada do Partido dos Trabalhadores em São Paulo e no país, segue incansável nas diversas frentes de luta para as quais o partido destacou a companheira para liderar.

Luna, Heber, Gabi e Matheus, assim como outras lideranças do partido que admiro e respeito, são inspiração e esperança na política como meio de transformar a vida das pessoas que mais precisam, o povo pobre e trabalhador.

William Mendes

(21h)