A Caixa é do povo (I)
02 de novembro de 2023.
Dando sequência aos textos sobre a história dos bancários, hoje vamos trazer um pouco da história de luta das empregadas e empregados da Caixa Econômica Federal, estatal importantíssima para o desenvolvimento do país e para os governos brasileiros por ser um banco importante como agente e executor de políticas públicas e sociais.
A Caixa, seus empregad@s e suas entidades representativas enfrentaram momentos duríssimos ao longo dos governos golpistas de Temer e Bolsonaro entre 2016 e 2022. Foram anos de resistência para a manutenção do banco público e dos direitos dos trabalhadores.
Ao longo dos dez primeiros meses de governo Lula, a Caixa viveu um período de reconstrução sob o comando da presidenta Maria Rita Serrano.
Como admirador antigo da Caixa Econômica Federal, fiquei muito feliz ao ver o banco sendo bem administrado pela empregada de carreira e dirigente sindical Rita Serrano, do ABC, liderança com longa história de lutas.
De forma inversa, fiquei muito decepcionado com a entrega, dias atrás, de nosso banco público para as forças políticas de direita e extrema-direita do grupo com alcunha de "Centrão". Espero que a Caixa não deixe de ser o banco público que vinha sendo reconstruído pela companheira Rita e sua equipe.
Enfim, nesta primeira postagem sobre o material antigo que tenho dos anos 1990 - o folder "A Caixa é do povo" -, vou reproduzir a carta que a diretoria da FENAE enviou ao conjunto dos empregados da empresa. Uma das pessoas que assina é um grande amigo e companheiro de lutas, Plínio Pavão. Aprendi muito com ele ao longo da vida sindical.
Como o material é denso, farei outras postagens com os textos e temas abordados naquele momento importante da história de luta dessa categoria aguerrida que é a categoria bancária. O material conta a história da estatal e contextualiza o perigo de esvaziamento do papel do banco público vivido com a reforma bancária no início dos anos 1990.
Boa leitura!
William
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Reprodução de material de 1990
Aqui começa mais uma caminhada dos bancários da CEF. Para que você possa participar dessa jornada, estamos colocando em suas mãos a base do itinerário a ser cumprido, com informações e avaliações sobre as bases determinadas da atual crise, um pouquinho de nossa história, as consequências do projeto da classe dominante e o eixo básico da Campanha que estamos iniciando. O caminho existe; sem você não haverá caminhada.
Coordenação Nacional em Defesa da CEF
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Abaixo, reproduzo a carta que a direção da FENAE enviou aos empregados da Caixa no início de 1990 para que os trabalhadores contribuíssem com a campanha nacional em defesa do banco público e das demais estatais brasileiras. O Brasil passava por uma reforma bancária, diz o documento, e havia a ameaça de esvaziamento do papel das instituições públicas.
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Brasília (DF)
Companheiro(a)
Nos últimos 3 anos desenvolvemos um grande processo de discussões da Reforma Bancária, reforma que vem sendo efetuada pelo governo brasileiro, financiada pelo Banco Mundial, que já alterou muito as características do nosso Sistema Financeiro.
Você está recebendo em anexo um FOLDER, no qual encontrará uma avaliação profunda desta Reforma.
Em torno das informações, mas principalmente, da concepção política nele contida, lançamos a CAMPANHA EM DEFESA DA CEF. Este documento inicial e sua leitura é condição básica para o entendimento e participação do(a) companheiro(a) neste gigantesco desafio que enfrentaremos nos próximos meses.
Desenvolvemos, ao longo dos últimos 60 dias, um incessante trabalho para estruturar esta campanha, que somente se efetivará com sua participação. Nós, em conjunto, vamos resgatar a identidade e a importância da CEF e de todas as demais estatais para o nosso País e, também, enfrentar o projeto global de internacionalização da economia brasileira, que entrega décadas de esforço do nosso povo.
Até meados deste ano, estará regulamentada a nova Constituição, no tocante ao Sistema Financeiro.
Os projetos que transitam no CONGRESSO NACIONAL com este fim esvaziam os Bancos Públicos, especialmente a CEF, consolidando o projeto de Reforma Bancária do BIRD.
Esta Campanha que desenvolvemos, utilizando todos os recursos de comunicação, mídia e mobilizações possíveis, destaca a cada um de nós um importantíssimo papel.
Por outro lado, consumirá uma considerável soma de recursos financeiros. A previsão é de 5.141.000 BTNF.
Obviamente, nós teremos que arcar com este custo, por isso, estamos iniciando neste momento a campanha financeira que levantará os recursos necessários.
Caberá, assim, a cada um de nós 79,23 BTNF, parceladas em três meses, ou seja, 26,40 BTNF mensais.
Por outro lado, boa parte do material de campanha como "botons", camisetas e plásticos para carros serão vendidos, o que cobrirá as atividades como reuniões, seminários e outros eventos estaduais e nacionais que não constam do orçamento acima citado.
Já definimos com a Direção da CEF o DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO, que, naturalmente, depende de uma autorização expressa de cada companheiro.
Para isso, basta que você, num ato de compreensão do momento que vivemos e da importância deste movimento nacional em defesa do patrimônio público, DESTAQUE A "AUTORIZAÇÃO DE DESCONTO EM FOLHA" existente ao final deste manifesto e REMETA PARA A FENAE em Brasília, ou ainda para sua ASSOCIAÇÃO DE PESSOAL ou COMITÊ ESTADUAL EM DEFESA DA CEF ou representante de sua unidade.
O CAMINHO EXISTE, PORÉM, SEM VOCÊ NÃO HAVERÁ CAMINHADA.
A CEF É DO POVO.
DEFENDA A CEF VOCÊ TAMBÉM. VEM!
SEC. GERAL: Ricardo Freitas 237113 - Florianópolis-SC
SEC. IMPRENSA: Márcia Kumer 283100/507 - Porto Alegre-RS
Rita Lima 2236988/184 - Vitória-ES
Plínio Pavão 2886065 - São Paulo-SP
SEC. FINANÇAS: José Hilton 2217200 - Divinópolis-MG
João Bosco 2112405 - Fortaleza-CE
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As próximas postagens abordarão mais conteúdos da cartilha em defesa da Caixa.
Fonte:
Folder A Caixa é do povo. FENAE e Coordenação Nacional em Defesa da CEF
Post Scriptum: para leitura do texto anterior sobre a "História dos bancários", clique aqui.