Memórias das lutas dos bancários em 2006 (III)
Ao rever as postagens do blog sindical A Categoria Bancária do mês de dezembro de 2006 fica a recordação do quanto nossa agenda era toda voltada para as lutas da classe trabalhadora.
Mesmo sendo dezembro um mês no qual as agendas sindicais são menos intensas que os meses de preparação de campanhas nacionais de data-base ou específicas por temas ou bancos, ou mesmo as lutas gerais da classe trabalhadora, tivemos agendas importantes. Ver aqui as postagens de dezembro.
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MARCHA DO SALÁRIO MÍNIMO
Já no início daquele mês organizamos a 3ª Marcha do salário mínimo, luta que começamos em 2004. Essa pauta foi tão, mas tão importante!, que a renda do trabalhador brasileiro aumentou durante os governos do Partido dos Trabalhadores por causa dessa pauta que construímos e conquistamos. Tenho orgulho de ter participado de todas as marchas a Brasília.
Aliás, foi tão importante!, mesmo sem o reconhecimento devido por parte de trabalhadores aposentados, que os aumentos reais do salário mínimo aumentaram os benefícios dos aposentados durante todos os governos do PT. Antes, durante os governos neoliberais dos fernandos, principalmente o FHC, foram anos de congelamento e os aposentados eram chamados pelo sociólogo de "vagabundos".
Nesta de 2006, saímos de ônibus de São Paulo no dia 5 e eu fiquei na capital federal para participar de negociações com o Banco do Brasil. (ler aqui)
Além da pauta do salário mínimo também lutávamos pela correção da tabela do Imposto de Renda.
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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA CONTRAF-CUT
O ano de 2006 foi o ano da criação de nossa confederação do ramo financeiro. A estratégia era tentar reaglutinar sob o guarda-chuva de direitos dos bancários todos os trabalhadores que estavam produzindo para os conglomerados dos bancos. Os banqueiros foram se reestruturando para desorganizar a nossa luta e reduzir os direitos dos bancários. Calculávamos que havia meio milhão de pessoas que estava fora da Convenção Coletiva dos Bancários, mas trabalhando pros caras.
Tive a oportunidade de fazer parte dessa história de organização dos bancários, que se organizaram como departamento dentro da Central Única dos Trabalhadores (DNB/CUT) nos anos oitenta, depois evoluímos como uma confederação em 1992 (CNB/CUT) e finalmente a Contraf-CUT em 2006. Minha primeira missão foi organizar a secretaria de imprensa, incluindo a criação do site e a tarefa de dar conhecimento à marca Contraf-CUT. Foi um desafio muito legal, e contamos com toda a equipe da secretaria e da direção e o apoio dos sindicatos e federações filiados.
O nosso primeiro planejamento ocorreu entre os dias 12 e 15 e foram 4 dias de muita construção coletiva, pactos e alinhamento de objetivos, estratégias e táticas para 3 anos de lutas. Posso dizer que participar de planejamentos estratégicos como participei foi definidor do dirigente sindical que fui por muitos anos. Apliquei o aprendizado até na gestão da diretoria de saúde da Cassi, muitos anos depois.
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PLANEJAMENTO DO COLETIVO BB
Assim como fazíamos planejamento estratégico na Confederação, fazíamos em nosso coletivo de diretores do Banco do Brasil no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, minha principal escola de formação política.
No sábado 16 de dezembro passamos o dia todo organizando nossas lutas para o ano de 2007. Tudo que tinha relação com nosso trabalho sindical era definido coletivamente, o que cada um iria fazer, tarefas, formas de organizar a base, ampliar direitos, fortalecer o movimento, enfrentar os ataques dos banqueiros e governo, formação política dos trabalhadores, sindicalização e fortalecimento do Sindicato etc.
Aprendi muito também com as reuniões e debates políticos semanais no Coletivo BB. Como já disse em textos aqui no blog, definitivamente, por fazer planejamento estratégico, eu sabia o que tinha que fazer todos os dias do ano como representante da classe trabalhadora, eu pertencia a um grupamento político que organizava as lutas sindicais.
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O ano de 2006 foi um bom ano de lutas. Reelegemos o presidente Lula, a classe trabalhadora seguiu tendo como base um salário mínimo que crescia acima da inflação todos os anos. As categorias profissionais conquistavam aumentos reais e novos direitos ano a ano após a eleição de um governo com um olhar para o povo e a classe trabalhadora.
Eu estava completando 5 anos de mandatos como dirigente sindical e estava com diversas tarefas a desempenhar em nome dos trabalhadores e trabalhadoras e dos sindicatos e corrente política que representava, a Articulação Sindical.
É isso. Demos nossa contribuição como sujeitos históricos em lutas de classe que seguem vivas, mesmo nos momentos mais difíceis como esse que o povo brasileiro está vivendo sob um regime do mal, de crime organizado e de desfazimento do país. Nós vamos superar isso, como sujeitos coletivos. (Me referi aqui ao governo Bolsonaro)
William
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