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11.2.22

Memórias (XVII)



Revendo anotações de um velho caderno do ano de 2005

A vez do escrutínio de papéis velhos foi a do velho caderno de anotações com a bela capa colorida de nossa antiga gráfica do Sindicato. Deu pra reduzir bastante o volume de páginas de anotações episódicas. O que ficou é muito interessante. As anotações do processo de formação de chapa do Sindicato para as eleições de 2005. 

Amig@s, montar uma chapa eleitoral como a de nosso Sindicato é um processo bastante complexo. Emociona relembrar aqueles meses de reuniões com a militância, com os dirigentes e rever os dilemas que enfrentamos para definir alguns nomes em meio a tanta gente boa disposta a contribuir com a luta. Sem dúvida, a política é a melhor forma de resolver as coisas na sociedade humana. 

Pelas anotações, me lembrei do quanto eu tinha contatos e militância em meu trabalho do dia a dia de OLT (Organização por Local de Trabalho). Contei perto de 40 militantes de minha lista de contatos. Muitos deles, amigas e amigos até hoje.

CONTEXTO - Eu era da Executiva do Sindicato, era secretário de organização, uma pasta que compunha o que chamávamos de Comitê Administrativo: Presidência, Secretaria Geral, Sosa e Finanças. 

Eu estava terminando meu primeiro mandato no Sindicato. Como já disse em outras postagens, a minha formação política neste mandato foi exponencial, foi acelerada. Ao final daquela formação de chapa, nosso Coletivo BB definiu que eu fosse para a representação de São Paulo na Comissão de Empresa dos Funcionários do BB e outro companheiro assumiu a nossa vaga na Executiva do Sindicato.

ANOS DE FORMAÇÃO POLÍTICA

Tivemos a campanha salarial de 2003 com rejeição em assembleia das propostas feitas pelas direções de BB e Caixa Federal após aprovação da proposta geral da Fenaban, era o 1º ano de Governo Lula. Tivemos uma greve fulminante no BB em 3 dias (se não me engano, na Caixa foram 8 dias) e tiramos grandes conquistas após a greve. 

CONQUISTAS - O BB cumpriu o reajuste da categoria (Fenaban), conquistamos o direito à PLR nos moldes da PLR da categoria, sem excluir ninguém (autorização do Dest por gastar mais de 6,25% do LL), passamos a ter um valor maior de cesta-alimentação (isonomia com CCT), 5 dias de abonos para os pós-1998 (isonomia com os mais antigos) e o direito de eleger delegados sindicais com estabilidade. 

Em 2004 tivemos uma campanha salarial duríssima, com uma boa proposta construída em mesa de negociação com a Fenaban e bancos públicos (aumento real, boa PLR e um direito novo: a 13ª cesta-alimentação) e rejeição da proposta em assembleia com uma greve de 30 dias e julgamento no TST, que reduziu direitos conquistados em mesa negocial e ordem de compensar dias de greve, coisa que não havia acontecido em 2003. A 13ª cesta-alimentação só viria como direito na CCT em 2007.

E tivemos ainda uma tentativa de divisão de base em nosso Sindicato, em uma de nossas regionais, a de Osasco e região. Os novatos da chapa eleita em 2002 tiveram que aprender política rapidamente naquele mandato que se encerrava em 2005. 

Eu era o responsável político do Coletivo BB por questões específicas do banco em duas regionais do Sindicato, a da Oeste e a de Osasco. Tínhamos poucos dirigentes na diretoria. Me envolvi diretamente na peleja de manutenção da base sindical porque eu pertencia a ela, eu era da agência Vila Iara - Osasco. 

Enfim, era muito trabalho político para administrar na base do Banco do Brasil. Após um período nas duas regionais, acabei sendo o responsável político pelas questões BB na regional Centro e pelo complexo do BB no Edifício da São João, eram 22 dependências no prédio. Eu não quis deixar de fazer base ao virar membro da Executiva e seria mais fácil realizar OLT no prédio ao lado do Martinelli.

Posso afirmar que aprendi muito em 3 anos. Ainda tivemos a reforma da sede do Martinelli, eu era do Comitê Administrativo e tivemos muito trabalho naquela bela reforma que foi feita.

William


Post Scriptum: minhas memórias sindicais e políticas não têm intenções de ficar expondo nem a militância nem as nossas instituições organizativas das lutas de classes. Sempre que possível, registro alguma memória sem citar nomes de pessoas, o que vale é a lembrança e o aprendizado político, nas vitórias e nas derrotas do dia a dia da organização sindical.

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