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5.1.21

Bancários unidos podem superar desafios de 2021



Opinião

A comunidade dos trabalhadores do maior e mais antigo banco público do país, o Banco do Brasil, está dispersa, desunida, e até dividida em minigrupos de interesse, microgrupos. Não é só ela, é verdade! O golpe de Estado, as reformas e retiradas de direitos sociais feitas pelos golpistas e a pandemia mundial de Covid-19 isolaram a todos nós.

Comunidades históricas de trabalhadores estão desarticuladas por diversos motivos, e estão frágeis, e fragilizadas estão sob risco de desaparecer e sob ameaça permanente de perder os direitos que ainda não lhes foram retirados - direitos do mundo do trabalho, da dimensão saúde e do período posterior ao trabalho bancário. Estou falando de mim e de você que lê este artigo.

A comunidade Banco do Brasil pertence à comunidade dos trabalhadores da categoria bancária e somados bancos públicos e privados somos quase 400 mil trabalhadores da ativa e talvez um milhão com os aposentados e pensionistas.

Bancários da ativa e aposentados pertencem a um dos segmentos profissionais que mais se organizaram no Brasil e conquistaram direitos ao longo de dezenas de anos de lutas. Não à toa, os bancários são uma das categorias de trabalhadores que mais resistiu aos ataques dos patrões década após década ao longo do século passado e deste início de século 21.

PERTENCIMENTO

Pertencer à comunidade dos trabalhadores bancários, primeiro do antigo Unibanco e depois do Banco do Brasil, me permitiu ser um cidadão mais consciente de meus direitos e deveres. Me encontrei como ser humano ao lutar junto aos colegas por direitos trabalhistas, de saúde e previdenciários, e aprendi política e história diariamente com meus pares e nos locais de trabalho que visitava.

Foi graças à organização da categoria bancária em sindicatos, associações políticas e recreativas, cooperativas e grupos de afinidades que eu tive a oportunidade de ser uma pessoa com consciência política e isso não é pouca coisa, pelo contrário, isso definiu a minha vida e a vida das pessoas de meu convívio. 

Podem acreditar: os patrões não gostam disso, de nos unirmos e nos organizarmos! E é por isso que eles se organizam para nos enfraquecer e nos derrotar, destruir nossas entidades e nossos direitos coletivos.

Foi a partir do local de trabalho que eu passei a compreender que o mundo não estava organizado para me servir, que eu não era o centro do universo. Meu egocentrismo e meu egoísmo foram amenizados no convívio coletivo.

Foi nos locais de trabalho, nos sindicatos e nas associações coletivas que aprendi as questões mais essenciais da convivência com os outros, e da necessidade de sermos solidários, prestativos, e desse convívio diário surge em nós o espírito de pertencimento a algo, a um grupo, a algum lugar.

Ao mesmo tempo, graças ao mundo do trabalho, dos locais de trabalho, e de nossas entidades, a gente aprende que deve buscar sempre aprender coisas novas, estudar nossa história, pensar em nossos futuros, os riscos e oportunidades que existem e as melhores formas de alcançar as melhorias pessoais e coletivas.

Eu sou muito grato à vida por ter tido a oportunidade de conhecer as lideranças do movimento sindical e as lideranças nos locais de trabalho e nas associações e clubes dos bancários, do Banco do Brasil e das organizações sindicais.

BANCO DO BRASIL

Em 2018, aos 50 anos de idade, eu migrei da condição de bancário da ativa do Banco do Brasil para a condição de beneficiário das nossas Caixas de Previdência e Assistência (Previ e Cassi). Essa condição e esse direito só são possíveis a mim e aos meus colegas por causa da história coletiva de milhares e milhares de trabalhadores ao longo de dois séculos de existência do banco público BB.

É por isso que eu sinto que pertenço a algum lugar, a alguma coisa. Eu não sou só o pai, o filho, o companheiro e familiar das pessoas de meu convívio. Não sou só torcedor de um time de futebol, estudante de tal universidade e cidadão paulista e brasileiro. Eu sou um trabalhador da comunidade Banco do Brasil. Somos do Banco do Brasil!

Essa comunidade e segmento de trabalhadores bancários precisa ser fortalecida por cada um de nós. As nossas entidades representativas e associativas - incluindo nossos sindicatos, Cassi e Previ - estão todas sob risco e sob ameaça de desfazimento, de intervenções externas, de enfraquecimento e consequentemente de dificuldades para cumprir com seus objetivos em face do momento atual de crise política, social e econômica do Brasil.

Nós temos que nos organizar como sempre fizemos. Nós que estamos distantes do dia a dia, temos que nos aproximar. Temos que nos unir. Temos que definir objetivos comuns que nos congreguem para defendermos a manutenção das conquistas históricas da comunidade bancária, da comunidade BB, incluindo a defesa dos bancos públicos e demais empresas estratégicas do Estado brasileiro. 

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Eu sei que deveria falar de cara em "classe trabalhadora", mas se não começarmos de baixo pra cima, das bases, ninguém terá pertencimento a nada. Como bancário, fui virando liderança e representante no banco onde atuava, na agência, na região (OLT). Como liderança no banco ao qual pertencia, ajudei a organizar federações, confederações, central sindical. Depois atuei em comunicação, formação, saúde coletiva. Mas se não começarmos de baixo, da base, não vamos a lugar algum.

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A pandemia é uma realidade que nos impede de circular. Mas podemos nos organizar para o momento que pudermos nos abraçar e conversar presencialmente. Devemos nos unir pelo que nos unifica e caminharmos juntos. A convivência nos movimentos sociais me deu tolerância, paciência e conhecimento, me deu amor e amizades. Me ensinou solidariedade. Nosso projeto é amor, não ódio!

Meu desejo é viajar o país assim que a condição de circulação permitir. Fiz isso durante muitos anos de lutas e de representação. Estou com saudades das pessoas, das nossas entidades associativas, da comunidade à qual pertenço. Sei que não verei alguns amig@s e companheir@s porque infelizmente el@s nos deixaram, mas sei que poderei abraçar e rever muita gente que a gente gosta e quer construir juntos um mundo melhor.

Querid@s amig@s e companheir@s, por favor, se vocês puderem seguir as recomendações de isolamento social, façam isso. Estamos sob risco sério de adoecimento e morte por causa do vírus (além das doenças crônicas que nos afetam até por causa dessa crise toda). Vamos vencer essa etapa dura da história e nos organizarmos para mantermos nossos direitos coletivos e individuais.

Abraços fraternos e sigamos juntos! Assim que pudermos, nosso desejo é rever os amig@s!

William Mendes


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