Opinião
É com tristeza que vemos neste 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres, data que nos chama a atenção para as lutas das mulheres por igualdade de oportunidades e direitos, o edital de concurso para escrituári@s do maior banco público do país, o Banco do Brasil.
É possível que essa data marque negativamente a história de nosso banco público bicentenário.
Será o "8 de Março" do emprego precário no Banco do Brasil, que passou a oferecer emprego sem plano de saúde e odontologia, sem igualdade de direitos a mulheres e homens que passarão a trabalhar ao lado de colegas oriundos do próprio quadro do Banco com direito ao Plano de Associados da Cassi (enquanto ele durar, pois fechado para entrada de novos, acabará por se tornar inviável e impagável ao longo do tempo).
É lamentável ver isso acontecer! Fiquei pensando a condição de trabalho de uma mulher que seja convocada para uma das 30 vagas (Interessante o número de vagas: 30 vagas! E o Banco segue reestruturando e enxugando o quadro nacional com quase 100 mil trabalhadores).
O Banco do Brasil lança o certame cumprindo as "regras" da Resolução 23 da CGPAR, editadas pelo governo federal no mês de janeiro, proibindo as estatais federais de oferecerem planos de saúde.
Tenho lido e concordo com as críticas que o movimento sindical, que representa as trabalhadoras e trabalhadores, tem feito ao BB por fechar agências, extinguir funções, descomissionar funcionários, reduzir quadro, salários e folha de pagamento (e a Cassi sofre com isso!), perder papel de relevância no sistema bancário num dos momentos em que o país mais precisaria do papel de bancos públicos impulsionando a economia brasileira.
CENÁRIO DE PRECARIZAÇÃO DO EMPREGO NO BB
A nova colega sem direito à Cassi chega para seu primeiro ano de trabalho e passa a cumprir as metas cada vez mais "desafiadoras" como os bancos gostam de dizer, ao lado de colegas que têm direito à Cassi e que cumprem as mesmas metas "desafiadoras" (talvez alguns bancári@s já estejam tomando remédios controlados por causa do estresse que vivem no trabalho e já sejam acompanhados por médicos das CliniCassi ou credenciados).
Imaginem o sentimento ruim da nova colega sem Cassi ao ver ao longo de seu primeiro ano de trabalho uma ou outra colega curtindo a felicidade de uma gravidez com os acompanhamentos adequados, e a futura mamãe comentando que faz parte do Plano de Associados da Cassi, e que o plano é essencial em sua vida e que o valor que ela paga é 3% de seu salário.
Imaginem ainda a colega nova sem o mesmo direito e acesso ao Plano de Associados, ao custo de 3% de seu salário, vendo tod@s ao seu redor tendo algo tão essencial em suas vidas. Essa colega não pode sequer adoecer, porque não tem plano de saúde. E ficar grávida então? Sequer ser acompanhada pela Atenção Primária (APS) e Estratégia Saúde da Família (ESF), modelo reconhecido pelo setor de saúde suplementar e pela própria ANS como referência em promoção e prevenção em saúde.
A nova bancária vai ganhar R$ 2.718,73 por mês, sem direito a adoecer, sem recursos para ter uma gravidez acompanhada e o Banco do Brasil vai economizar R$ 122,34 (4,5% do salário dela) ao não permitir que ela entre no Plano de Associados da Caixa de Assistência dos Funcionários (Cassi) contribuindo com os seus 3% (R$ 81,56) para o custeio mutualista do sistema Cassi, fruto de décadas de lutas e conquistas do funcionalismo ao criar a Caixa de Assistência.
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Essa falta de isonomia e de solidariedade terá um preço caro para todos: o Plano de Associados se tornará inviável. Sou gestor eleito da Cassi, é meu dever de ofício opinar a respeito do que equivale a não entrada de novos participantes no Plano de Associados.
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Como bancário do Banco do Brasil há 25 anos, como cidadão que passou mais da metade de sua vida laboral representando os bancários e lutando pelos direitos da categoria, me sinto mal com esse cenário futuro sendo desenhado pelo banco público ao qual sempre nos dedicamos para ser um banco de referência para o sistema financeiro e para o povo brasileiro.
Fechar o Plano de Associados para entrada de novos funcionários é ruim para o custeio mutualista intergeracional solidário porque o Plano terá sinistralidade cada vez maior a um custo cada vez mais insustentável para os que nele estão. Falo com sinceridade isso. O Banco do Brasil sabe disso porque está na gestão da Cassi e acompanha os cálculos atuariais dos planos.
Aliás, a famigerada Resolução 23 da CGPAR orienta que as estatais federais passem a contribuir com menos para os planos de autogestão e que onere mais os trabalhadores. A ordem é não custear mais que 50%. Cumpra-se em 48 meses!
No caso da Cassi, cujo custeio do Plano de Associados foi firmado, acordado, contratado, consensado por livre e espontânea vontade da empresa Banco do Brasil S.A. e seus funcionários na relação de 60% para o patrocinador e 40% para os associados (1,5 x 1,0), reduzir a parte do BB e cobrar ela dos associados vai prejudicar mais ainda a condição de permanência dos associados que teriam "direito adquirido" como a Resolução canta 3 vezes para ver se engana aposentados e aposentáveis que já estariam no plano atacado.
Enfim, não conseguiria deixar de expressar neste dia 8 de Março a minha indignação ao ver algo que é ruim para a Cassi, é ruim para as mulheres e homens da ativa e aposentados do Banco do Brasil e é ruim para o Banco do Brasil em diversos sentidos, inclusive sob a ótica da responsabilidade social.
Me coloco a disposição do movimento sindical e da comunidade BB para lutar para mudar isso, para incluir as novas bancárias e bancáios na Cassi, inclusive os incorporados de outros bancos, pois sempre achamos um absurdo não dar acesso à Cassi para colegas que estão no mesmo regulamento, com as mesmas metas e que estão expostos aos mesmos riscos ocupacionais e assistenciais. Os incorporados poderiam estar na Estratégia Saúde da Família.
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Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, inicia-se uma nova bandeira de luta por isonomia e igualdade de oportunidades no Banco do Brasil.
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Emprego precário no BB sem Cassi é Ruim Pra Todos!
William Mendes
Bancário do Banco do Brasil desde 1992
(reprodução de matéria da Contraf-CUT)
Edital do BB não prevê plano de saúde para novos funcionários
Contraf-CUT já enviou edital para Banco solicitando reunião para discutir o assunto
O Banco do Brasil (BB) publicou nesta quarta-feira (7) um edital para contratação de 30 escriturários para trabalharem em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Seguindo determinações da Resolução 23 da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR), o edital não prevê o plano de saúde, nem odontológico entre as “vantagens” dos aprovados no concurso que forem contratados.
“Esse é mais um dos ataques que o governo Temer está colocando em prática contra a classe trabalhadora. Querem aumentar a rentabilidade das empresas às custas da exploração dos funcionários”, disse o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Wagner Nascimento.
Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), desde 2009, quando os funcionários passaram a ter direito à assistência odontológica, este é o primeiro edital de contratação de funcionários que não inclui a concessão destes direitos. A Contraf-CUT já enviou um ofício ao BB solicitando reunião para discutir o assunto.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e as federações e sindicatos a ela filiados vêm denunciando as armadilhas da Resolução 23 da CGPAR desde sua publicação. “Continuaremos nessa luta com ações políticas e jurídicas para derrubar essa e outras resoluções da CGPAR que prejudicam os trabalhadores”, afirmou o coordenador da CEBB
Sustentabilidade da Cassi
O Banco do Brasil (BB) publicou nesta quarta-feira (7) um edital para contratação de 30 escriturários para trabalharem em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Seguindo determinações da Resolução 23 da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR), o edital não prevê o plano de saúde, nem odontológico entre as “vantagens” dos aprovados no concurso que forem contratados.
“Esse é mais um dos ataques que o governo Temer está colocando em prática contra a classe trabalhadora. Querem aumentar a rentabilidade das empresas às custas da exploração dos funcionários”, disse o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Wagner Nascimento.
Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), desde 2009, quando os funcionários passaram a ter direito à assistência odontológica, este é o primeiro edital de contratação de funcionários que não inclui a concessão destes direitos. A Contraf-CUT já enviou um ofício ao BB solicitando reunião para discutir o assunto.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e as federações e sindicatos a ela filiados vêm denunciando as armadilhas da Resolução 23 da CGPAR desde sua publicação. “Continuaremos nessa luta com ações políticas e jurídicas para derrubar essa e outras resoluções da CGPAR que prejudicam os trabalhadores”, afirmou o coordenador da CEBB
Sustentabilidade da Cassi
Para o coordenador da CEBB, ao não constar no Edital a concessão do plano de saúde, o BB e o governo não apenas retiram direitos conquistados dos trabalhadores, mas põem em risco a sustentabilidade da Cassi. “Pairam dúvidas se as pessoas contratadas entrarão na Cassi. O não acesso vai inviabilizar o plano”, observou o dirigente sindical.
Fonte: Contraf-CUT
Triste e revoltante.
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