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29.8.12

BB faz truque com comissionamentos


Apresentação

Reproduzo abaixo excelente texto do grande companheiro Eduardo Araújo, que coordenou as negociações antes de mim e que tenho nele e em Marcel Barros boas referências na coordenação da CEBB, que ora tentamos contribuir com a nossa experiência para avançar nas estratégias de lutas para os bancários do Banco do Brasil.



Eduardo Araújo, companheiro do Sindicato de Brasília.

Artigo: Eduardo Araújo


Neste período do ano, época de negociação coletiva, a direção do BB faz pouco das reivindicações dos funcionários e funcionárias por meio do Boletim de Pessoal, assinado pelo diretor de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas, Carlos Eduardo Leal Neri.

Vamos desvendar os truques embutidos na argumentação do diretor Neri e mostrar que, ao contrário do que ele afirma, é verdade que a gestão do banco utiliza a prática de descomissionamentos de modo constante e arbitrário.

Neri reconhece que houve “apenas” 138 descomissionamentos por ato de gestão. Mas a questão central não é a quantidade de descomissionamentos, e sim o uso desse instrumento arbitrário por parte de gestores despreparados para gerenciar pessoas. Como a retirada da comissão por ato de gestão dispensa o administrador de dar explicações reais e justas, usam isso como ameaça aos 68.975 comissionados, que assim ficam totalmente reféns dessa política dos gestores.

Foi para impor travas a esse modelo de gestão por ameaça que o movimento sindical incluiu no acordo coletivo de 2010 a cláusula estabelecendo a regra segundo a qual só pode haver descomissionamento após três avaliações de desempenho negativas. O BB está usando uma série de truques para descumprir essa regra e pressiona para retirar a cláusula do acordo.

O diretor Neri afirma que “apenas” 102 descomissionamentos no ano passado foram motivados por processo disciplinar. Mas na verdade grande parte desses descomissionamentos é de responsabilidade da gestão de pessoal do BB. Decorreram de ação disciplinar, muitas delas por conta do descumprimento de normas para atingir os objetivos absurdos do “Sinergia”. Entre outros, enquadram-se aí os mais de 20 casos recentes envolvendo gerentes de Minas Gerais e do Acre.

Portanto, é verdade que o banco não descomissiona aleatoriamente. O truque está na ameaça diária de descomissionar sua gerência média, além de convidar outros tantos para se aposentar.

Também é verdade que somente no primeiro semestre de 2012 foram realizadas 8.325 ascensões profissionais, mas a maioria delas o movimento sindical vinha reivindicando havia vários anos. O truque do banco foi a adequação desses comissionamentos na implantação das PSO (Plataformas de Suporte Operacional). Antes, mais de 7.000 caixas eram ativados em caráter de substituição, coisa que sempre denunciamos e a direção nada fazia, porém pouco mais de 5.000 foram efetivados com as dotações enxutas da plataforma.

Também cerca de 300 gerentes de serviço foram nomeados nas PSO. Antes, eram responsáveis pelo “Carteirão”, pelas atividades internas de tesouraria, etc. Sempre questionamos essa parametrização que gerava insegurança para os funcionários e um péssimo atendimento à população.

O diretor Neri afirma que o BB não aceita assédio de qualquer natureza, mas o que comprovamos na prática são as denúncias diárias de assédio moral entre gestores e subordinados. O assédio é ainda mais grave entre superintendências e gerentes. Obviamente que estes não denunciam por medo de retaliação.

O Banco do Brasil expõe o resultado de pesquisas internas, nas quais 90% dos funcionários consideram respeitosa a relação entre superiores e subordinados, mas nada fala sobre ética e venda responsável de produtos aos clientes. Pois as metas abusivas realmente não podem ser consideradas assédio moral, mas o modo de cobrança dessas metas sem as adequadas condições de trabalho constituem uma violência organizacional, campo fértil para o que a direção chama de “eventuais desvios individuais de conduta funcional”.

Todos esses dados demonstram que a "Ditadura" do BB não respeita seus funcionários. Parafraseando o diretor, “reflitamos todos sobre esse importante assunto”.


Eduardo Araújo de Souza
Diretor do Sindicato de Brasília

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