Blog de William Mendes, ex-dirigente sindical bancário e ex-diretor eleito de saúde da Caixa de Assistência dos funcionários do Banco do Brasil
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30.10.14
Agenda de luta - Cada um tem a sua tarefa no front da guerra (de Classes)
Lá vou eu fazer uma postagem para meia dúzia de leitores. O mais sinistro é que sei que a ampla maioria de meus companheir@s e amig@s não lê o que eu escrevo, mas aqueles que podemos chamar "adversários" ou opositores políticos leem. Mas eu tenho insistido em manter esse blog de minhas representações (sindical e agora de gestor de saúde) porque eu não poderia mudar minha tentativa de ser transparente nos meus mandatos concedidos pelos trabalhadores só porque o público principal para o qual eu presto contas desde 2006 não lê ou acompanha. (o blog tem contador e muitas vezes escrevo para umas dez pessoas)
Por outro lado, pode ser que eu decida por parar de publicar minha prestação de contas via blog ou rede social porque dá muito trabalho e, ao longo de tantos anos, muitas vezes optei por dormir menos que o necessário para alimentar meu blog. Cada dia está mais difícil fazer isso porque juro que estou trabalhando quase 24 horas por dia para achar formas de implantar as mudanças e melhorias que nos propusemos para os participantes da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, que votaram em nós em abril deste ano.
Vou pensar seriamente em só fazer o boletim mensal Prestando Contas Cassi daqui adiante. É uma questão de custo benefício. Estou no meu limite físico e psicológico e não tem escala alguma o esforço de comunicação que fiz nestes anos aqui no blog.
CONTEXTO POLÍTICO PÓS-ELEIÇÃO DE DILMA (PT) E DO CONGRESSO É DE PERSPECTIVA RUIM PARA A ESQUERDA PROGRESSISTA DESARTICULADA (E POR CONSEQUÊNCIA, PARA A CLASSE TRABALHADORA). AVALIO QUE HÁ UM RISCO GRANDE DO POVO TER ELEITO O PROJETO DO PT NO VOTO, MAS DE NÃO LEVARMOS AS PROPOSTAS ADIANTE POR GOLPES JURÍDICOS-MIDIÁTICOS-LEGISLATIVOS.
O contexto político e sindical que estamos vivendo no Brasil me deixa muito triste e me sinto impotente porque meu papel na luta do movimento social de esquerda está definido pelos próximos quatro anos. É na "burocracia" como diriam, é na gestão de plano de saúde e, é claro, que a totalidade de meu tempo estará lá.
Estou e vou continuar doando minha energia, minha inteligência e até minha saúde para ser gestor eleito da Cassi.
Acredito que muita gente não conseguiria ter a noção real do quanto é dura, desgastante e difícil a vida diária de alguém que chegou para mudar, para superar a mesmice, que chegou para não se acomodar e deixar o tempo passar até o final do mandato recebendo um salário razoável, enfim, muita gente não conseguiria mensurar o quanto é trabalhoso melhorar uma entidade de autogestão em saúde, num modelo que defende promoção de saúde - o oposto do "mercado" de saúde -, que tem recursos limitados, que enfrenta problemas criados diariamente pelo próprio mercado que visa lucro, boicotes diversos, legislação contrária ou que engessa mudanças etc.
Mas os poucos que me conhecem, sabem que eu sou insistente, que tenho resiliência e resistência, que tenho foco e que sei quem sou e atuo com gana para cumprir o que me determinaram.
O movimento social de esquerda e mais progressista que se uniu para derrotar o retrocesso e a onda fascista capitaneada pelo PSDB, Imprensa Golpista e elite rentista sofreu, está sofrendo e sofrerá um ataque ininterrupto pelo impeachment da presidenta eleita; pela aprovação de leis no congresso contra a classe trabalhadora; bem como sofrerá tentativas de golpes com cunho fascista apoiados por quase metade da população, pouco preparada com formação política na educação formal brasileira.
As forças conservadoras e fascistas, que detêm poder econômico e a estrutura secular de poder do Estado, conseguiram cooptar e direcionar uma massa de gente "alienada" (no sentido clássico da palavra) contra as forças progressistas.
Mesmo após as eleições presidenciais vencidas por Dilma Rousseff do PT, uma massa gigante de brasileiros segue sendo alimentada pelos detentores do poder econômico e midiático para terem ódio ao PT, ódio aos movimentos sindicais mais combativos, e ódio às minorias mais organizadas de negros, LGBT e gente que era pobre e miserável e que hoje melhorou devido ao modelo de governo do PT. Para piorar, acho que estamos com dificuldades em organizar o movimento social progressista - com unidade combativa. Acho que faltam lideranças.
Eu não estou mais na lide diária de organização da classe trabalhadora. Meu papel agora é outro. Quem decidiu isso foi o meu sindicato e a companheirada com a qual estivemos na luta desde 2002, quando fui eleito dirigente sindical.
Falei para algumas lideranças que logo após a apuração dos votos no domingo 26, seria preciso chamar e organizar toda a militância progressista que fortaleceu e ajudou a eleger o projeto de um Brasil de todos e focado na inclusão social, representado por Dilma Rousseff na disputa de 2º turno PT x PSDB.
Sugeri que o movimento sindical voltasse para as bases já nesta semana para prepará-las para defender seus direitos sociais e a vontade popular. Eu aprendi isso como dirigente: logo após uma assembleia decisiva, o papel das lideranças não era descansar, MAS O CONTRÁRIO - IR PARA AS BASES NO DIA SEGUINTE, PARA DISPUTAR A VERSÃO DE FINAL DE EMBATE POLÍTICO.
O que estamos vendo é o ataque e a organização fantástica da direita cooptando partidos da "base aliada" (ex: PMDB), que em tese estariam alinhados ao projeto de governo eleito do PT. Há um golpe em construção por parte da direita contra a vontade e soberania populares demonstradas nas urnas na eleição presidencial 2014.
Na minha opinião, o movimento sindical, o movimento partidário de esquerda, os movimentos sociais e aqueles que defendem os avanços propostos pelo projeto de Dilma Rousseff estão dormindo, estão dando sopa. Estão lassos.
Mas como eu disse, minha tarefa é outra agora. Estou com muito trabalho pela frente na gestão da Cassi e muitos, muitos desafios. Chega de falar por hoje. Estou com sono, estou esgotado e não posso estar cansado porque minha luta também não terá fim até maio de 2018.
Se fosse eu que estivesse na obrigação de dirigente sindical, partidário, ou de grupos sociais, EU ESTARIA NAS BASES TODOS OS DIAS conversando, formando politicamente os trabalhadores e preparando a mobilização de rua, porque os próximos anos no Brasil serão próximos à guerra civil, se não chegarmos a ela. Mas já disse e confesso, o meu papel central é na gestão da Cassi e isso não é pouca coisa. Todos nós definimos assim.
William Mendes
Diretor Eleito de Saúde da Cassi
Ex-diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região
Cara, não é fácil nos dias atuais escrever para um público que tem preguiça de ler. A internet está transformando a maneira de ler. Tudo é muito superficial e rápido. Talvez se você pudesse publicar em vídeo, conseguiria mais acessos, mas se você tiver que escrever para gravar o vídeo, não vale a pena. Só seria interessante se as idéias viessem a tona todas de uma vez e não tivesse que pesquisar nenhum dado. De qualquer forma, há ainda velhos dinossauros que irão ler seus textos. Boa sorte e energia no que se propôs.
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