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28.7.14

A solidariedade fortalece e dignifica as relações humanas






Artigo

A categoria bancária realizou neste fim de semana a sua 16ª Conferência Nacional. O evento é a etapa final da construção da pauta de reivindicações dos trabalhadores do setor bancário. O processo de negociação coletiva dos bancários brasileiros é um dos mais organizados no mundo porque é feito em um país de dimensões continentais e reúne trabalhadores e entidades sindicais de bancos públicos e privados, de todas as regiões do país e dos mais diversos matizes políticos e ideológicos. É um exemplo vigoroso de unidade de classe para os trabalhadores de outros ramos produtivos e de outros países.

O processo de construção da Campanha Nacional dos Bancários é bastante democrático. Os trabalhadores começaram a definir as prioridades e a estratégia para este ano de 2014 desde assembleias e fóruns locais, passando por encontros estaduais e regionais até que se reunissem na Conferência em questão.

Agora começa uma nova fase do processo de negociação coletiva dos bancários. Os trabalhadores entregarão as reivindicações para a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e para os bancos que têm negociações específicas concomitantes e serão definidas as rodadas de negociações. Ao mesmo tempo os trabalhadores e suas entidades sindicais irão intensificar o processo de mobilização da categoria para a eventual necessidade de greve, caso as propostas dos banqueiros não satisfaçam as reivindicações. É sempre bom e confortante saber que participei da construção desse rico processo nos últimos doze anos.


A questão da solidariedade

O encontro teve momentos muito emocionantes que nos levaram às lágrimas tanto por alegria como por compartilhar a dor daqueles e daquelas que sofreram injustiças várias.

Na sexta-feira 25, um painel discutiu a tragédia que foi a ditadura civil-militar no Brasil entre os anos de 1964-1985. Além do atraso que trouxe ao País em todas as dimensões da sociedade, até hoje vivemos as consequências e efeitos da violência institucional daquele período porque o fantasma do fim das liberdades civis está sempre presente e é preciso vigilância permanente contra as ideias que combatem as soluções pacíficas das controvérsias, que combatem as políticas e programas inclusivos e de solidariedade e que dizem não aos processos políticos, que devem ser fortalecidos com maior participação popular e não o inverso.

Ainda na sexta-feira à noite, na abertura política da Conferência, o presidente da Contraf-CUT -  Carlos Cordeiro -, fez uma bonita homenagem a uma companheira e delegada do encontro que traz na história de sua família as marcas da violência da ditadura. O plenário ficou bastante emocionado e se solidarizou com a companheira.

No sábado 26, tivemos a apresentação de um espetáculo teatral – “Tito, é melhor morrer do que perder a vida” – que arrancou lágrimas da plateia. A montagem, do grupo de Teatro do Botoquipariu, é oferecida pelo Sindicato dos Bancários de Guarulhos e trouxe ao palco a resistência e o apreço pela liberdade do padre dominicano que foi preso, torturado e perseguido até a loucura. Já na abertura da peça, o diretor Djalma de Lima lembrou a importância da memória e de trazer para as novas gerações um pouco da história de luta das gerações passadas.


O carinho que fortalece a militância e as convicções

Além dos momentos de comoção coletiva pela programação que trouxe a questão da memória de luta da classe trabalhadora, a Conferência Nacional é um momento de muitas emoções, tanto de carinho e solidariedade quanto de embates políticos duros e de intolerâncias também.

Estou começando uma nova missão em minha vida militante como diretor eleito da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), onde fui eleito com o apoio das entidades do funcionalismo que são as legítimas representantes dos trabalhadores.

Atuei na área de formação sindical por dois mandatos na nossa Contraf-CUT e tivemos a felicidade de partilhar e construir conhecimento coletivo para a classe trabalhadora com centenas de dirigentes e assessores bancários. O encontro anual é o momento em que revemos mais de uma centena de companheiros e companheiras dessa jornada formativa. 

"O valor do abraço e das palavras de carinho e solidariedade dessas pessoas é de encher os olhos até para escrever aqui. Meu muito obrigado a todas e todos vocês que nos transmitiram palavras e energia de que estamos fazendo o bom combate e que muitos, muitos mesmo, estão conosco nas jornadas atuais."

Estamos vivendo momentos difíceis no seio do movimento e esperamos superar as divergências com tolerância, unidade e foco nos projetos da classe trabalhadora. Eu acredito muito nisso e estou à disposição em contribuir para cada dia termos mais unidade na luta contra o sistema financeiro e contra o sistema hegemônico do capital, que destrói toda e qualquer possibilidade de solidariedade humana.

Um grande beijo e abraço a toda a companheirada de luta e boa Campanha Nacional dos Bancários para todos nós.


William Mendes
Diretor de Saúde da Caixa de Assistência (Cassi)
Secretário de Formação da Contraf-CUT

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