tag:blogger.com,1999:blog-355748702024-03-19T05:47:45.396-03:00A Categoria Bancária - InFormação e HistóriaBlog de William Mendes, ex-dirigente sindical bancário e ex-diretor eleito de saúde da Caixa de Assistência dos funcionários do Banco do BrasilWilliam Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.comBlogger2601125tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-14476997618468959002024-03-18T22:23:00.001-03:002024-03-18T22:23:34.362-03:00História dos bancários: um olhar (XV)<p><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4v_XnsfkoaXEcKJaNdZVfPZDO6-MNFpVn3R3nNnRax0g_ra_H_qpxnI_gmTita-5SsjdyrRnBundxMD1g7I6XQ54VUxhNC3dEFojKfQGUXhV4LZ7HZ21qJUAwTSnQqMFwMMPbN_oX5dFWivGuNsQ5H_JOSfKDHBXeDwoz2p79PyzUVt5W6iWI/s4032/18mar24%20texto%20XV.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4v_XnsfkoaXEcKJaNdZVfPZDO6-MNFpVn3R3nNnRax0g_ra_H_qpxnI_gmTita-5SsjdyrRnBundxMD1g7I6XQ54VUxhNC3dEFojKfQGUXhV4LZ7HZ21qJUAwTSnQqMFwMMPbN_oX5dFWivGuNsQ5H_JOSfKDHBXeDwoz2p79PyzUVt5W6iWI/s320/18mar24%20texto%20XV.jpg" width="240" /></a></b></div><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b><p></p><p><b><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><i>O conteúdo dos cursos de formação que fizemos para dirigentes e assessores sindicais ainda hoje seriam de muita valia para a categoria bancária</i></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">MEMÓRIAS SINDICAIS</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Estava revendo hoje a programação de um dos módulos do curso que fizemos durante o período no qual fui secretário de formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, a Contraf-CUT. Avalio que até hoje o conteúdo tem sua importância para alguém que lida com o Sistema Financeiro Nacional e as complexidades em trabalhar neste setor da economia.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">O conteúdo do Módulo II do curso <i>Sindicato, Sociedade e Sistema Financeiro</i> que organizamos para as entidades sindicais da Fetec Centro-Norte em 2011 pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2011/06/realizado-2-modulo-da-formacao-de.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>. O curso foi feito em parceria com o Dieese e foi financiado pelas próprias entidades sindicais filiadas à confederação.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Alguns textos que utilizamos e que eram lidos em voz alta por todos os participantes passaram a compor um repertório de textos que gosto muito porque nos colocam a pensar o mundo e a vida.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">---</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">CRÔNICA DE RUBEM ALVES</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">O texto de Rubem Alves, "O Nome" é um deles, que texto maravilhoso! As leitoras e leitores interessados podem ler o texto clicando <a href="https://blog-do-william-mendes.blogspot.com/2011/06/o-nome-rubem-alves.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</span></b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>EFEITO MULTIPLICADOR DA MOEDA </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Outro texto técnico e sobre economia que gosto bastante é sobre o multiplicador bancário. Aprendi sobre isso ainda quando fiz graduação em Ciências Contábeis e depois vi como os antigos sistemas financeiros podiam atuar na economia de um país com o efeito de reter ou liberar mais recursos para circular na economia. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Tenho uma postagem com um exemplo de efeito multiplicador da moeda, caso haja interesse em ver como se dá o fenômeno econômico é só clicar <a href="https://blog-do-william-mendes.blogspot.com/2011/04/efeito-multiplicador-da-moeda_29.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Imagino que os Estados nacionais e os bancos centrais e governos vêm perdendo a capacidade de controle sobre suas economias com a quantidade de novas formas de circulação de recursos sem controle do governo e do sistema bancário tradicional. Isso é péssimo para a soberania e para a economia dos países.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>IMPORTÂNCIA DE BANCOS E COOPERATIVAS REGIONAIS E LOCAIS</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>No módulo II do curso, todo ele voltado para o setor financeiro, usávamos o exemplo do Banco Palmas para explicar como é importante para uma comunidade qualquer reter seus recursos na própria economia local gerando renda e crescimento para a própria comunidade.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>CONSENSO DE WASHINGTON</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Hoje, eu resumiria as regras econômicas e fiscais inventadas por imperialistas como as regras para ferrar e destruir os países dos outros.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eis as dez regras básicas (para destruir um país e seu povo, na minha opinião)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Disciplina fiscal</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Redução dos gastos públicos</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Reforma tributária (redução de impostos)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Juros de mercado</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Câmbio de mercado</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Abertura comercial</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Privatização das estatais</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas e dos fluxos de capitais)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Reconhecimento do direito à propriedade intelectual</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>FILMES SUGERIDOS E VISTOS NO CURSO</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Em todos os cursos nós utilizávamos alguns filmes para variar as mídias utilizadas para abrir discussões e reflexões.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Neste módulo em questão nós disponibilizamos os filmes <i>Norma Rae</i> (1979), dirigido por Martin Ritt, com Sally Field; o filme <i>Inside Job - Trabalho Interno</i> (2010), documentário dirigido por Charles H. Fergunson e Audrey Marrs e o filme <i>Capitalismo, uma história de amor</i> (2009), de Michael Moore.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O curso foi ministrado num período posterior à crise do <i>subprime</i> nos Estados Unidos e essa temática era a discussão do momento.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>FREI BETTO: A MÃO INVISÍVEL DO MERCADO</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Terminamos o módulo com um texto bem reflexivo sobre a chamada mão invisível do mercado, que só mete a mão no bolso dos pobres para transferir os recursos públicos e privados para os ricos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Aprendemos muito durante esses cursos de formação que fizemos entre 2009 e 2015 na direção da nossa confederação da categoria bancária. Foram mais de 400 participantes em diversos cursos ao longo dos dois mandatos na secretaria de formação.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-23454375782797431852024-03-18T19:02:00.007-03:002024-03-18T19:03:29.298-03:00Cancelamento na esquerda é falta de solidariedade<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFrXbNinF_oYw9Tx6ycSjieGmPoBKEp5EmVIVhAd5knP9tqaAv8mHeUz-9W3M2kMsJowlQHIQMv7sJJKY9VqgmEOYYLSPt9ZSFvO1eHXFVgCNtRRmOV6E-Vc8zTqG8Sf3Nn65Y_L7ROXYj1MybVpP0ukEmAiPQxb_Nzh3YuW_NElyLoEX_RlB0U9JqC64/s1080/20fev24%20Cuba.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="810" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFrXbNinF_oYw9Tx6ycSjieGmPoBKEp5EmVIVhAd5knP9tqaAv8mHeUz-9W3M2kMsJowlQHIQMv7sJJKY9VqgmEOYYLSPt9ZSFvO1eHXFVgCNtRRmOV6E-Vc8zTqG8Sf3Nn65Y_L7ROXYj1MybVpP0ukEmAiPQxb_Nzh3YuW_NElyLoEX_RlB0U9JqC64/s320/20fev24%20Cuba.jpg" width="240" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal"><b><span style="font-size: 16pt; line-height: 22.8267px;"><span style="font-family: verdana;">Cancelamento na esquerda é falta de solidariedade de classe<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Opinião<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-family: verdana;"><b> </b></span></o:p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>CENÁRIO DESAFIADOR PARA A CLASSE TRABALHADORA<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>As classes exploradas e despossuídas do mundo vivem um cenário pra lá de desafiador neste momento da história humana, século 21, ano de 2024. Ao invés de utopias, as tendências são distópicas (o futuro caminha para ser pior, não melhor). Desemprego de nosso lado, concentração de riqueza e poder maior ainda do lado dos ricos; carências de tudo no lado do povo: alimentação, saúde, educação, moradia, segurança, cultura. Destruição do planeta pelo capitalismo. Belluzzo escreveu nestes dias: caminhamos para um “Estado de mal-estar social”.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Além do drama da emergência climática, cujo efeito é parecido ao de bombas atômicas porque os países ricos e hegemônicos fazem as merdas e as consequências extrapolam os quintais, já que o efeito radioativo e os efeitos climáticos se sentem em todo o globo terrestre (pois felizmente ou infelizmente a Terra não é plana), temos o drama da mudança radical de comportamento humano, fruto do neoliberalismo e das ferramentas de manipulação das <i>big techs</i>: o que era uma utopia de liberdade e reencontros de amigos no início do século, internet e as redes sociais, viraram máquinas de divulgação de ódio e rupturas de amigos e familiares. Nos transformaram em animais baseados em instintos e paixões, ninguém tem mais tolerância nem ouvidos para opiniões diferentes.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Sobre as ferramentas que dominaram o mundo e nossas mentes e comportamentos, ainda temos pessoas que acham que vão vencer os algoritmos dos donos das <i>big techs</i>. Doce ilusão! (amarga ilusão, pois isso impede ações para combater os algoritmos desses poucos donos do poder mundial, poder que extrapola fronteiras de países inteiros: vide o <i>Brexit</i>, todo mundo se ferrou, menos meia dúzia de articuladores da manipulação do povo)<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, após essa introdução de minha leitura do cenário desafiador para a classe trabalhadora mundial, para os 99%, em oposição ao 1%, que pra mim deveria ser identificado claramente como nossos inimigos no mundo humano, vou registrar o que penso sobre a ferramenta social da atualidade que podemos denominar “cancelamento”.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>---<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>TERÍAMOS AVANÇADO NOS DIREITOS DO POVO SE HOUVESSE CANCELAMENTOS COMO HOJE NA CONSTRUÇÃO DO NOVO SINDICALISMO?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>É óbvio que gostaria de ir direto para o ponto sobre o que penso dessa ferramenta desumana de cancelar pessoas, mas para poder ao menos pensar a respeito olhando para trás, eu preciso me perguntar se haveria o Partido dos Trabalhadores (1980), a Central Única dos Trabalhadores (1983), o Movimento Nacional dos Trabalhadores Sem-Terra (1984), o movimento pelo fim da ditadura e pela volta da democracia “Diretas Já” (1985), e se haveria os militantes de esquerda porretas que contribuíram decisivamente na Constituinte para a Constituição Cidadã de 1988... acho difícil!<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Fico pensando se teríamos uma Central com 17 (dezessete) correntes e forças políticas como a CUT chegou a ter na sua origem ou mesmo se teríamos criado a Articulação Sindical como a tendência hegemônica em congressos e fóruns democráticos, e com isso em diversos sindicatos de categorias importantes, caso o fenômeno do cancelamento e do banimento de qualquer voz dissonante fosse a regra naquele período...<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Minha opinião: nunca! Até porque a estratégia da Articulação para se constituir como maioria no movimento sindical foi justamente juntar pessoas e grupos que já não estavam comprometidos com as correntes do chamado centralismo democrático: convergência socialista, os comunistas e outras forças políticas com longa trajetória de lutas no mundo.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Tenho a leitura racional que jamais teria passado a minha vida contribuindo para as lutas e conquistas da Articulação Sindical se não fosse a paciência da dirigente sindical Deise Lessa à época que me conheceu numa agência do Banco do Brasil. A ética sindical daquela geração dela ouvia e respeitava pessoas que pensam diferente! Não fosse essa ética daquela época da Articulação e do Novo Sindicalismo, eu teria ficado nos grupos que viviam me convidando para as reuniões que só falavam mal da diretoria do sindicato.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>A prática de se buscar o consenso progressivo de todas as formas possíveis, antes de simplesmente contar votos e ter vitórias de Pirro no campo da classe trabalhadora, dividindo forças políticas o tempo todo, não resistiria a meia dúzia de cancelamentos à época, fazendo de conta que “esqueceram” de convidar fulano ou cicrana para um fórum importante.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>---<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Na atualidade, não querem minha opinião sequer sobre uma das temáticas mais complexas do movimento sindical e que sei alguma coisa – gestão de autogestão em saúde – e outro dia, numa manifestação de rua, conversando com duas lideranças do meu sindicato de base, me perguntaram se eu havia gravado um vídeo sobre os 100 anos do Sindicato e ao dizer que ainda não, me disseram que eu iria ser contatado... pensei comigo no dia: doce ilusão! (provavelmente eu vá ser lembrado quando morrer... uma lembrança burocrática, talvez)<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>---<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>A ESQUERDA NÃO DEVERIA ABRIR MÃO DE QUADROS COM HISTÓRIA E CONHECIMENTO POR CAUSA DE PICUINHAS DA BUROCRACIA<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Após uma vida vivida dentro do movimento sindical bancário brasileiro, desde adulto jovem com 18 anos até os 50 anos de idade, a gente pode dizer que viu muita coisa no seio do movimento social de nosso país, de nossa classe trabalhadora. Modéstia à parte, eu vivenciei muitos momentos importantes e diria até decisivos para a nossa história, senão da classe, mas também, ao menos da categoria, e com certeza do segmento da categoria chamado bancários do Banco do Brasil.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>-----------------------------------------------<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>“Não tem que tolerar a religião dos outros, tem que respeitar” (Frei Betto)<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>-----------------------------------------------<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Antes de terminar esta reflexão, deixo claro algumas coisas:<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>É evidente que escrevo porque em mim dói alguma coisa também, mas falar sobre o tema cancelamento é uma necessidade inadiável no campo da esquerda. Faz tempo que essa “ferramenta” vem enfraquecendo e diluindo nossas frentes de esquerda nas lutas centrais contra o verdadeiro inimigo de nossa classe. Isso precisa parar, sem a recuperação da solidariedade e do fazer político verdadeiro, onde todas as pessoas e grupos sejam ouvidos e os debates ocorram com a tentativa de construção de unidade, as forças extremistas à direita, que são vozes ou ferramentas dos donos do poder (1%), e estão sendo organizadas de forma mundial, vão nos cancelar a todos, a todos.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Eu não sou e não quero ser candidato a mais nada, não quero representar ninguém, já valeram as duas décadas de representação desde a sindicância de condomínio até as representações sindicais no movimento dos bancários. Aliás, nunca me coloquei em disputas de candidaturas a nada, nunca, sempre que fui representante eleito de algum grupo é porque esses grupos debatiam e me convidavam, me procuravam para pedir que eu disponibilizasse meu nome para aquela causa (muitas delas com um sacrifício pessoal imenso).<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Então, repito, escrevo sobre cancelamento porque tenho opinião e experiência de décadas na luta da esquerda, quero o bem de nosso povo, e afirmo que essa ferramenta vai inviabilizar nossas vitórias nas lutas de classe. Sozinhos ou de bolha em bolha de gente de ideias idênticas não vamos a lugar algum na luta de classes.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>NÃO SE JOGA FORA CONHECIMENTO E EXPERIÊNCIA<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>O movimento organizado tem uma característica extraordinária de criar bons quadros políticos com conhecimentos de mundo formados no dia a dia das lutas. Os conhecimentos de um dirigente sindical, político, estudantil ou de outros movimentos específicos – identitários ou por moradia e pela terra pra plantar etc – são conhecimentos gerais e muitas vezes técnicos que não se adquirem nos estabelecimentos formais de educação.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Por isso acho um desserviço essa ferramenta do banimento, cancelamento, esquecimento, invisibilização e retirada do acesso de lideranças de qualquer movimento aos espaços de organização das próprias lutas em si. É uma prática pouco inteligente. E isso vem se ampliando exponencialmente ano após ano, e na última década a coisa chegou aos limites da insanidade.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Por décadas, li e estudei e tomei conhecimento do pensamento de lideranças e forças políticas diversas da minha porque os via falando, defendendo as ideias deles, porque tinham direito a escrever teses nos congressos, tinham espaço para falar nas assembleias, que eram presenciais. Agora é raro, cada dia mais impossível, ouvir alguém falar algo diferente do que a direção de determinado sindicato, grupo, movimento pensa. Pior ainda, dentro da mesma força política, se a pessoa perguntar ou questionar algo e a chefa ou chefe não gostar, adeus àquela vítima... ela será esquecida e nunca mais terá existido na face da Terra.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>(e pensar que a referência negativa na Articulação Sindical era o chamado stalinismo, com aquele lugar-comum de até apagar fotos de lideranças que viraram desafetos etc)<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Agora não se fazem mais teses, não se fazem mais assembleias e congressos presenciais (são raros), o que impera são as redes sociais das <i>big techs</i>, que permitem cancelar e bloquear ideias diferentes e invisibilizar vozes e pensamentos assim como as <i>big techs</i> fazem com as esquerdas mundo afora...<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>NÃO SE ACHAM MILITANTES DE ESQUERDA AOS MONTES POR AÍ (ENTÃO RESPEITEM OS QUE EXISTEM)<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Às vezes, militantes são grandes especialistas em temas e questões que estudaram e foram acumulando conhecimento anos a fio, são o resultado das nossas lutas contra os verdadeiros inimigos de nossa classe, mas como têm opiniões fortes, muitas vezes não concordam com a proposta ou tese que o/a líder daquele espaço defende, e então são vetados, banidos de qualquer fórum que vá tratar daquele tema. Quem ganha com isso? O nosso lado da classe?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Digam se isso não acontece no seu espaço de militância hoje em dia.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>---<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>FALTA DE SOLIDARIEDADE E CUMPLICIDADE DAQUELAS PESSOAS QUE NÃO FAZEM NADA PARA QUE OS CANCELAMENTOS ACABEM NA ESQUERDA<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Penso que não adianta ficar chorando o leite derramado, tivemos na última década muitas divisões em nossa classe trabalhadora, coincidentemente após aquelas manifestações de junho de 2013 - movimentações sabidas hoje que não foram “espontâneas” porque eram parte de um processo global de guerras híbridas.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Temos que retomar os diálogos, a paciência de ouvir, temos que respeitar as opiniões diferentes, e não “tolerar” como diz Frei Betto, temos que nos reunir em fóruns de nossa classe e construir consensos que evitem que as extremas-direitas, o movimento fascista global, nos derrotem, derrubem ou inviabilizem governos como o do presidente Lula.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Entendo que é uma obrigação ética ter mais solidariedade no campo da esquerda. Quantas lideranças forjadas em décadas de lutas estão por aí, apagadas, canceladas, invisibilizadas, por parte das direções dos movimentos sindicais, partidários, estudantis etc?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>------------------------------------------<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Eu cobro responsabilidade de toda aquela e aquele que não se posiciona em seu espaço de poder e representação pelo fato dele/a saber que alguém está cancelado e não fazer nada a respeito. Quando eu fazia a fala inicial aos novos funcionários do BB explicava a eles que nunca achassem normal serem assediados, a violência organizacional, a humilhação etc. Não se pode achar “normal” apagarem da história uma militância e não se questionar internamente essa atitude... isso está errado na ética política da esquerda, que quer mudar o mundo hegemonizado pelo capitalismo e por seus agentes.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>-------------------------------------------<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>A UNIDADE É A MELHOR CHANCE PARA A ESQUERDA<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Eu me dirijo aos dirigentes bancários e militantes tanto da ativa quanto aposentados em relação à luta para que esses cancelamentos deixem de acontecer em suas bases sindicais.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Por que será que uma liderança local, que contribuiu de forma importante para a nossa história, nunca mais apareceu em debates e eventos de seus fóruns? Pode ser que ela tenha decidido descansar mesmo, nada mais justo, mas pode ser que ela nunca mais tenha sido convidada a contribuir com seus conhecimentos e experiências para os desafios atuais da direção do movimento por algum motivo pessoal de alguém ou até sem motivo. Isso é justo, é legítimo, é ético? Pensem a respeito.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Dias atrás, fui cobrado para me posicionar sobre a eleição da Cassi, autogestão em saúde dos funcionários do Banco do Brasil. É algo no mínimo inusitado. Desde as eleições de 2020, fui “esquecido” pelo meu sindicato de base na hora dos debates dos fóruns para se debater os temas. Isso se repetiu em 2022, esqueceram de mim na primeira semana de dezembro de 2021. E estamos com eleições em 2024. O que penso sobre isso?<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Como ninguém quis ouvir o que eu pensava sobre o tema, e eu conheço alguma coisa sobre a Cassi e autogestões e modelo de saúde, e como eu teria contribuições a fazer, achei descabido me cobrarem posicionamento. Fui cancelado pelo meu sindicato, praticamente com foto apagada como aquelas da URSS, e entendi que o melhor seria seguir morto politicamente – CPF cancelado -, apesar de estar vivo civilmente e biologicamente.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Estive em um fórum de pessoas construindo conhecimentos sobre autogestão nesta semana e me pareceu que eu tive algo a contribuir, fiquei feliz e não fiz mais do que me exigiria a ética política de passar adiante o conhecimento que adquiri nas lutas da classe trabalhadora.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Sempre, sempre estive à disposição de todas as entidades sindicais, políticas, organizativas e outras para contribuir com o pouco que sei de alguns temas e assuntos que adquiri saber nas lutas diárias do movimento sindical. Sigo à disposição no que puder contribuir.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Quanto à eleição da nossa autogestão, eu tenho opinião, como ser politizado aprendi que é importante se posicionar, estudando o tema antes se necessário, e achei muito ruim o nosso campo da esquerda se dividir dando chances à chapa do outro campo. As bases sociais brasileiras estão muito polarizadas. Acho um risco. Espero que as forças mais à esquerda ganhem e que as chapas 2 e 55 não voltem para a gestão da nossa Caixa de Assistência.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>Mas se realmente quisessem minha opinião, poderiam ter me chamado em qualquer fórum sindical que ajudei a fortalecer nas últimas décadas. Eu sigo à disposição do movimento sindical.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span><o:p></o:p></p><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-5996464112212679542024-03-10T11:13:00.010-03:002024-03-10T11:42:21.055-03:00Diário e reflexões: autogestões<p><span style="font-family: verdana;"><b> </b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjonzYhp1gocfE2f1nDrN4o0rX1vwadeE0o9gEOpvqwwQLSZIsdkcmK7EdBXc6KaxCw37PzT-XcK97poBvkSDf73DbfTyXtrhrR5I5VhD80pRX9auRExqtFRraUh_ulSVqdgqPjWpZ3A45KbHP7h4KAWgwrN-Y9QtNmerBpj5rEGDIoAfq3XjV4/s2944/09mar24.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2944" data-original-width="2208" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjonzYhp1gocfE2f1nDrN4o0rX1vwadeE0o9gEOpvqwwQLSZIsdkcmK7EdBXc6KaxCw37PzT-XcK97poBvkSDf73DbfTyXtrhrR5I5VhD80pRX9auRExqtFRraUh_ulSVqdgqPjWpZ3A45KbHP7h4KAWgwrN-Y9QtNmerBpj5rEGDIoAfq3XjV4/w150-h200/09mar24.jpg" width="150" /></a></b></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b><i>Autogestão: uma modalidade das operadoras da saúde suplementar que por suas características pode ousar desenvolver modelos de Atenção Primária e Medicina de Família</i></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Osasco, 10 de março de 2024. Domingo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"</b><i><b>O óbvio é aquilo que nunca é visto até que<br />alguém o manifeste com simplicidade</b></i></span><b style="font-family: verdana;">" (Kahlil Gibran)</b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Para fazer um bate-papo com gestores e operadores de uma autogestão em saúde, decidi visitar minhas memórias sobre os conhecimentos e experiências que tive o privilégio de adquirir ao ter sido eleito diretor de saúde de uma das maiores operadoras do Brasil na modalidade autogestão: a Cassi dos trabalhadores do maior banco público do país.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Fiquei pensando nos últimos dias quais temáticas poderia abordar para contribuir com a direção e operadores de uma autogestão em saúde. Fui buscar na memória quais informações mais me surpreenderam e foram novidade quando cheguei à Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil para atuar na diretoria justamente responsável pelo modelo assistencial daquela autogestão.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Uma característica pessoal que deve ter contribuído para minha percepção relativamente rápida do que se tratava a autogestão na qual fazia parte da direção é gostar de ler e estudar. Isso facilitou minha passagem de quatro anos pela direção da Cassi. Outro fator essencial foi a qualidade das equipes que trabalhavam conosco na gestão, pois sem os ensinamentos dos profissionais da Cassi e sem os debates francos e fraternos não teria aprendido o que sei sobre gestão de saúde.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>As autogestões fazem parte das modalidades de operadoras da saúde suplementar reguladas e fiscalizadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Elas têm algumas características diferentes das outras modalidades que operam no sistema de saúde. Não são planos de saúde comerciais como os demais que operam no mercado, como as medicinas de grupo, as seguradoras de saúde e as cooperativas médicas. Para o bem e para o mal, os pontos positivos e os negativos das autogestões precisam ser conhecidos tanto por seus gestores quanto pelos participantes da modalidade.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como gestor da maior autogestão do país, rapidamente entendi o que deveria fazer em quatro anos de gestão e após um planejamento estratégico feito em nossa diretoria, persegui disciplinadamente os eixos dos objetivos traçados por nossas equipes para fortalecer a operadora em si, o modelo assistencial definido após a reforma estatutária (1996) que deu as características atuais da Cassi e para defender os direitos em saúde e de participação na gestão dos associados da Caixa de Assistência.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggPFgeMagPlgXSpKVwiEwN9UOm4qtpMdtDhtNHB1wjTjpTPReFmaA5KfP2s_qyPcJp-LFkLAGEcbTx4F_GGDng09HUXWRyJOkJx3Z9O8dZ2bto4SpLqqsy2WwCpLutEvXWODeIXtkair1EEFZ2YITMgVZE7VxYGH3Quz8kg0T_c0VHQ3zK9_uF/s4032/09mar24%20ii.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggPFgeMagPlgXSpKVwiEwN9UOm4qtpMdtDhtNHB1wjTjpTPReFmaA5KfP2s_qyPcJp-LFkLAGEcbTx4F_GGDng09HUXWRyJOkJx3Z9O8dZ2bto4SpLqqsy2WwCpLutEvXWODeIXtkair1EEFZ2YITMgVZE7VxYGH3Quz8kg0T_c0VHQ3zK9_uF/w150-h200/09mar24%20ii.jpg" width="150" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><span style="font-family: verdana;"><b>A SAÚDE SUPLEMENTAR NO BRASIL<br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Peguei para ler um livro que estou achando bastante interessante, um livro com um excelente conteúdo técnico sobre saúde suplementar. Já li um terço do material e fico contente por ter percebido que meus conhecimentos não se perderam sobre o tema. Se trata do livro "<i>Fundamentos, Regulação e Desafios da Saúde Suplementar no Brasil</i>", de Sandro leal Alves, lançado em 2015. O autor escreve muito bem, o que facilita bastante a leitura.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Refletindo a respeito do que poderia abordar com operadores e gestores de uma autogestão em saúde e relembrando o que compreendi ao estudar o modelo assistencial da Cassi e o sistema de saúde no qual ela operava - o mercado privado de venda de serviços de saúde - entendo que os objetivos que persegui durante quatro anos de mandato são boas referências para um bate-papo, uma troca de informações.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>1. As autogestões precisam ser conhecidas por seu próprio público, pelos chamados "stakeholders", pelas partes envolvidas e interessadas na operação da autogestão. Infelizmente, a tendência é gerirem a autogestão como se ela fosse uma empresa do mercado de saúde suplementar como as medicinas de grupo ou seguradoras de saúde, por exemplo. Só de não atuar com a informação correta na apresentação da autogestão para os seus operadores e participantes, já teremos pela frente uma enormidade de problemas que resultarão no consumo inadequado dos recursos da operadora. E insatisfação, muita insatisfação e até judicialização.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>2. Feita a lição de casa básica, compreender que a autogestão é uma autogestão e que isso dá a ela características bem distintas das demais operadoras de saúde que operam no mercado de venda de serviços e produtos de saúde, desenvolver a melhor forma de usar os recursos para cuidar da saúde de seus participantes ao longo do tempo. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Uma operadora do sistema de saúde suplementar, dependendo mais ou menos de alguma estrutura própria de saúde que tenha, atua no sistema (mercado) usando seus recursos (receitas) para comprar procedimentos e produtos caríssimos num mercado que visa lucro com a doença das pessoas. </b></span></p><p><b style="font-family: verdana;">Esse fato precisa ser tratado com a realidade devida, se os participantes das operadoras de saúde tiverem boa saúde os capitalistas que vendem serviços e produtos terão leitos vazios e lucros menores. Um modelo preventivo na autogestão vai diminuir o lucro do mercado e os hospitais, médicos, clínicas e vendedores de OPMEs não vão ficar contentes com isso. Entendem? Os recursos da autogestão serão utilizados de forma mais adequada também.</b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>É fundamental, por isso, que os <i>stakeholders</i> da autogestão compreendam que ela tem menos liberdade para escolher sua carteira de "clientes" (público é definido por lei), tem dificuldade de repassar para as mensalidades toda a inflação médica para reequilibrar anualmente o balanço, e o perfil de seus participantes em geral contém faixas etárias maiores que as operadoras do mercado que visam lucro.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>3. Tendo claro que uma autogestão não é um plano de saúde comercial (que visa lucro), que ela tem algumas limitações para compor sua carteira de usuários, reajustar mensalidades e comprar serviços no mercado de saúde através de contratos com redes credenciadas, a direção e os operadores devem desenvolver objetivos realistas com a natureza da autogestão e definir estratégias para isso. </b></span></p><p><b style="font-family: verdana;">4. Uma das principais características das autogestões para atuar na prevenção de doenças e na qualidade da saúde da população assistida é o longo prazo de permanência dos participantes no sistema. Em geral, são grupos de trabalhadores que passarão décadas dentro da modalidade, tanto os titulares do plano quanto seus dependentes e familiares permitidos pela legislação. Aí entram os modelos de saúde que monitoram e atuam com cada indivíduo assistido ao longo de muitos anos, permitindo com um bom gerenciamento do modelo, orientar o melhor uso das redes credenciadas, protegendo tanto os participantes quanto os recursos da autogestão.</b></p><p><span style="font-family: verdana;"></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>--------------------</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>TER UM MODELO ASSISTENCIAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Minha sugestão é a autogestão criar e fortalecer um modelo de Atenção Primária que conheça seu público e o acompanhe ao longo da vida e trabalhar fortemente a comunicação com educação em saúde e criação de um espírito de pertencimento à autogestão como um patrimônio daquele grupamento. Os planos de mercado têm dificuldade em fazer isso, porque seus públicos entram e saem. As autogestões tendem a ter seus públicos por décadas!</b></span></p><div><span style="font-family: verdana;"><b>--------------------</b></span></div><p><span style="font-family: verdana;"><b>NÃO HÁ RECURSOS QUE PAGUEM O QUE O MERCADO DA SAÚDE TEM A OFERECER</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Estas reflexões são linhas gerais que considero importantes para serem avaliadas em planejamentos estratégicos de uma autogestão em saúde.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>As contradições nesta área do saber e da economia são enormes. De um lado, temos os setores que operam na geração das despesas assistenciais, vendendo serviços, materiais, medicamentos, diagnoses e culturas estéticas e do outro temos pessoas e planos de saúde com recursos sempre limitados sendo incentivados ou forçados (até pela justiça) a comprarem aquelas ofertas caras de procedimentos e produtos, ofertas ora necessárias ora desnecessárias. A conta não fecha!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Quando gestor da maior operadora de autogestão do país, criamos uma metodologia de aferição dos resultados em saúde e no uso dos recursos de uma população assistida por um modelo assistencial de Estratégia de Saúde da Família (ESF) no qual os participantes que estavam fidelizados há três anos ou mais tinham resultados no uso dos recursos do plano muito melhores que seus correspondentes das mais diversas faixas etárias que não eram cuidados pela ESF. Os números eram impressionantes, mesmo nas curvas A de despesas do plano.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Durante quatro anos, mesmo enquanto a operadora redefinia sua estrutura de custeio, pois enfrentava à época mais uma série de déficits que acompanham a Cassi há oito décadas, nós apresentamos aos <i>stakeholders</i> o que era a autogestão, seu modelo assistencial ESF/CliniCassi e programas de saúde, aumentamos os cadastrados na ESF em nível nacional, empoderamos as lideranças locais no modelo assistencial e os estudos que fizemos deram coesão na defesa do modelo por ser mais sustentável no tempo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, para esse artigo já dei algumas ideias sobre caminhos a serem seguidos por autogestões em saúde pensando em como lidar com suas populações assistidas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-38238198810348272812024-03-06T18:52:00.017-03:002024-03-08T21:44:22.746-03:00Diário e reflexões<p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjESEbkTrMhnYUNedqWYuI-Z5pOyqzdtCeNF3fakyRrBCKJCpMkR6-uMgIQjltajPo5eizTBifeBouxd_qhc_fnqsK9xw0ZBQz04FG8xEtsnWuy2T2mOglaLsQiwa97oQQ5Q_KM5Sb38YCXw6nhVGNKng06NvTihGqC8rbcL1pYY3Iun0vhpzSn/s2912/06mar24.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2912" data-original-width="2031" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjESEbkTrMhnYUNedqWYuI-Z5pOyqzdtCeNF3fakyRrBCKJCpMkR6-uMgIQjltajPo5eizTBifeBouxd_qhc_fnqsK9xw0ZBQz04FG8xEtsnWuy2T2mOglaLsQiwa97oQQ5Q_KM5Sb38YCXw6nhVGNKng06NvTihGqC8rbcL1pYY3Iun0vhpzSn/w139-h200/06mar24.jpg" width="139" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b><i>Esquecer o passado ou falar sobre o passado? Até quando a esquerda vai seguir se dividindo e cancelando quem pensa diferente?</i></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Osasco, 6 de março de 2024. Quarta-feira.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>INTRODUÇÃO</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Durante muitos anos este blog de política sindical foi base de prestação de contas de mandatos eletivos e de apresentação de ideias, reflexões e proposições do mundo do trabalho. Como exerci mandatos nas áreas de comunicação e de formação política, o blog era uma ferramenta de formação, informação e história, como se observa no mural da página inicial.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Durante alguns períodos da vida nacional, da categoria bancária e até da vida pessoal o blog foi uma ferramenta essencial em minha vida. Após as mudanças ocorridas no país com as manifestações de junho de 2013, depois com o golpe de Estado em 2016 e durante os governos de extrema-direita de Temer e Bolsonaro, muitas vezes compartilhei o que pensava em relação à política aqui neste espaço, até 2018 como um representante da classe trabalhadora, e depois como um cidadão politizado.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Mais recentemente, o blog acabou sendo um espaço onde escrevi um livro de memórias das lutas sindicais, foram 39 capítulos escritos em mais ou menos dois anos. Os textos tiveram uma leitura que me impressionou, mais de 80 mil acessos. Fiquei contente ao perceber que ainda temos leitoras e leitores. Às vezes, me preocupa a ideia da diminuição dos leitores na sociedade atual.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>No blog <i>Refeitório Cultural</i>, meu blog de cultura, tenho uma categoria de textos que chamo de "Diário e reflexões", é uma categoria antiga, quase da idade do blog. Nela, cabe de tudo, pois é escrita ao sabor do instante do escritor. No entanto, ficaria um pouco deslocado no blog de cultura uma série de textos mais vinculados com este blog do mundo sindical e do trabalho. Por isso, pensei em criar aqui também, uma categoria de "Diário e reflexões". Eu não estou mais no movimento, nem tenho mandato eletivo. Mas não esqueci tudo que aprendi ao longo de uma vida de militância política.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>SOLIDARIEDADE E UNIDADE</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Aliás, é sobre isso que talvez eu fale na categoria "Diário e reflexões" deste blog <i>A Categoria Bancária</i>. Ao longo de três décadas de vida política e sindical, sempre aprendi princípios basilares no campo da esquerda organizada. A solidariedade era uma das nossas premissas do movimento de lutas da classe trabalhadora. Outra coisa que me lembro muito dos ensinamentos a partir da militância mais experiente era nunca deixar um companheiro/a para trás. Me lembro até dos discursos que fazia nas reuniões de base quando dizia que militante não se acha em qualquer esquina, então é necessário valorizar e respeitar os militantes de esquerda, independente de suas preferências partidárias ou tendências sindicais.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>DEVEMOS ACEITAR CALADOS OS CANCELAMENTOS NO CAMPO DA ESQUERDA?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>À medida que as coisas foram mudando na política brasileira com a ascensão das forças conservadoras a partir de 2013 e as forças progressistas passaram a ter que dividir os espaços públicos com um grupamento de gente que não estávamos acostumados a ver nas ruas e espaços comuns, me parece que se acelerou o processo de criação de bolhas de grupos de ideias homogêneas inclusive no campo das esquerdas. Como havia risco de perda de espaço e poder, a esquerda embarcou na mesma lógica de exclusão das opiniões divergentes das pessoas que eram do mesmo espectro político. Divergiu de um(a) líder, tchau!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O mundo é complexo, a sociedade humana é complexa, e não se tem explicação simplória para coisas complexas. As forças de direita atuam bastante através da estratégia de reduções rasteiras e simplórias das coisas. É muito mais fácil manipular pessoas com explicações simplórias e falsas em contextos de crise e em momentos de busca de explicações para insatisfações pessoais e coletivas do que buscar as explicações das dificuldades da vida humana na realidade material, na histórica luta de classes, nas causas e consequências da exploração de maiorias por minorias privilegiadas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Na última década de militância e mandatos de representação, fui vendo rachas e divisões absurdas no seio de nosso campo político e na esquerda de uma forma geral. A começar pelos rachas em diretorias de sindicatos, federações, confederações e até das centrais sindicais. Como nada é simples, os rachas sempre tiveram uma gama de motivações aparentes. Personalismo, ideias divergentes mesmo, ausência de risco de perda do poder para o verdadeiro inimigo, os capitalistas e donos do poder real, e uma motivação horrível em especial: intolerância! Enfim, motivações variadas levaram a esquerda a um período de grandes divisões que só favoreceram o nosso inimigo de classe.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Durante décadas, a classe trabalhadora construiu grandes frentes de lutas em prol de agendas comuns que eram colocadas como prioridade em relação a agendas corporativas em momentos duros da vida nacional e da maioria do povo, aquela maioria que não pertence ao pequeno universo dos abastados e privilegiados.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>ATÉ QUANDO AS ESQUERDAS VÃO SE DIVIDIR?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Hoje, estamos no início do segundo ano do terceiro mandato do presidente Lula, às vésperas de um enfrentamento com os campos conservadores, reacionários e de extrema-direita como nunca vimos antes, uma ordem mundial organizada, e o que eu vejo é o nosso lado dividido até mesmo em eleições corporativas como a da Cassi, autogestão dos funcionários do Banco do Brasil. Duas chapas do nosso campo e uma chapa do inimigo. É impressionante! É um verdadeiro absurdo porque se mostra claramente que a esquerda não aprende nada com a história, nada! Qual o sentido em bases com públicos polarizados 50/50 termos duas chapas de esquerda e uma de direita?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim... Devemos falar sobre o passado, entendê-lo, interpretá-lo ou devemos fazer de conta que o passado não existiu?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Deixar o passado para trás, sem tratá-lo como se deveria é o que vigora no Brasil há séculos. A extrema-direita e os donos do poder estão mais uma vez convencendo o nosso lado a fazer os devidos acordos para se deixar quieto o passado e começar do zero as coisas (falo dos militares golpistas).</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>No nosso campo, que deveria ser baseado na unidade e na solidariedade de classe, vigoram os cancelamentos e apagamentos de qualquer militância que alguém em algum lugar julgar ter sido contestado ou contrariado em algum momento da história da vida toda. Uma coisa absolutamente improdutiva e desagregadora no parco campo da esquerda, muito menor que o restante da sociedade humana.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Talvez eu tenha paciência para escrever um pouco sobre isso aqui neste blog de política, blog que já me salvou a vida num momento de <i>lawfare</i> por parte das forças conservadoras que montaram um desses processos mequetrefes de assassinato de histórias de vida e de aniquilamento de lideranças da classe trabalhadora. O blog me salvou pela forma como eu exercia nossos mandatos publicizando tudo que fazíamos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O que vem por aí é pavoroso em relação à classe trabalhadora mundial. O amanhã não será melhor que o presente, inclusive por causa da emergência climática. Sem unidade no campo da esquerda, seremos pouco combativos em qualquer frente de luta na qual estivermos empenhados.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Vamos continuar nos dividindo até quando? Até quando a esquerda vai repetir os erros do passado que nos levaram ao retrocesso do golpe de 2016 e ao bolsonarismo? Vamos seguir burocratizados e sem um processo estratégico de politizar a classe trabalhadora?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-37264631477836996882024-02-09T15:53:00.007-03:002024-02-09T16:15:25.576-03:00História dos bancários: um olhar (XIV)<p><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEishJyS-FPUyfusYr0qTH_2dmFzMV8NAKHJmyr0JffOqmJrLZ4teS8rvjkRGqwyQHV5fe8CaoEVqjIxSekM9lPZBLXfrtiZ3Iso_G9tYTxMrRToxWdidpD8uY9WTt60zAaljjEACKNe6ellt1o1FkdCF8DO7tlgLJtQz5p2X9mb5xtRXg43jxNq/s4032/09fev24%20sobre%20Sa%C3%BAde%20suplementar.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3024" data-original-width="4032" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEishJyS-FPUyfusYr0qTH_2dmFzMV8NAKHJmyr0JffOqmJrLZ4teS8rvjkRGqwyQHV5fe8CaoEVqjIxSekM9lPZBLXfrtiZ3Iso_G9tYTxMrRToxWdidpD8uY9WTt60zAaljjEACKNe6ellt1o1FkdCF8DO7tlgLJtQz5p2X9mb5xtRXg43jxNq/s320/09fev24%20sobre%20Sa%C3%BAde%20suplementar.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>CartaCapital nº 1294.</i></td></tr></tbody></table><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b><p></p><p><b><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><i>A questão da saúde dos trabalhadores e as autogestões em saúde</i></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Memórias e contribuições para reflexão (II)</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Uma reportagem da revista <i>CartaCapital</i> deste ano, edição 1294 de 24 de janeiro, ilustra bem os pontos que quero tratar nesta série de textos sobre a questão da saúde dos trabalhadores e as autogestões em saúde.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">O Dr. Vecina diz:</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">"Não tem nenhum problema nos planos de saúde. O modelo é que está errado. Os planos têm um projeto assistencial que nunca teve a ver com assistência à saúde. Vendem assistência para o comprador, que quer ser atendido pelo prestador, que são os médicos, os hospitais, as clínicas. Isso não é saúde, é curar doenças".</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">O Dr. Gonçalo Vecina é médico sanitarista e fundador da Anvisa. Já tive o privilégio de dividir uma mesa de webinário com ele sobre saúde dos trabalhadores.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Nesta série de textos que vou fazer, pretendo compartilhar com as leitoras e leitores do blog um pouco da experiência que adquiri ao ser gestor eleito de uma autogestão em saúde dos trabalhadores, a Cassi dos funcionários do Banco do Brasil. Fui diretor eleito de saúde da Caixa de Assistência.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">A categoria bancária é uma das categorias profissionais mais organizadas do país, com mais de um século de lutas e conquistas. Não à toa, temos a única convenção coletiva nacional, um contrato de trabalho que vale para diversas empresas e para todas as regiões do país, abrangendo mais de 350 mil trabalhadoras e trabalhadores, de empresas públicas e privadas.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Uma das conquistas dessa categoria profissional é ter algum tipo de previsão de acesso a planos de saúde dentro do rol de direitos nas convenções e acordos coletivos, ou mesmo sem constar dos contratos coletivos. Alguns segmentos têm, inclusive, acesso a modelos de autogestão em saúde, caso, por exemplo, dos dois maiores bancos públicos do país, o BB e a Caixa Federal.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">---</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">ALGUNS DADOS DO SETOR DE SAÚDE, A PARTIR DA MATÉRIA DA REVISTA CARTACAPITAL</span></b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao ler a matéria "Onde está o gargalo?" que apresenta a seguinte questão "O número de segurados cresce e as mensalidades disparam. Ainda assim, os planos acumulam prejuízos bilionários", matéria de Fabíola Mendonça, tirei alguns dados interessantes para ilustrar o que penso sobre a problemática na saúde suplementar.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Dados do setor:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- 20 bilhões de déficit em 3 anos;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- 1,9% de crescimento no número de segurados nos 10 primeiros meses de 2023;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- 51 milhões de participantes, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar);</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- 3,1 bilhões de lucro no 3º T/23;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- 6,3 bilhões de prejuízo de jan-set/23;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- 8,37 bilhões de resultado financeiro no setor (que compensa os prejuízos operacionais);</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- 88,2% de sinistralidade (índice insustentável a longo prazo);</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- 331 operadoras com prejuízo (quase metade do setor);</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Em 10 anos, houve redução de 920 para 680 empresas no setor;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- 711,4 bilhões de reais foram as despesas de saúde no Brasil em 2019, sendo 427,8 bi por parte das famílias e instituições sem fins lucrativos (5,8% do PIB) e 283,6 bi de desembolso do governo (4% do PIB);</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- 68 das 680 operadoras não têm faturamento anual que possa pagar 1 (uma) dose de Zolgensma, cuja dose custa 7,6 milhões de reais. O medicamento é indicado para bebês de até 6 meses de idade diagnosticados com Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo I. A ANS incluiu a medicação no Rol obrigatório desde fev/23;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Terapias e tratamentos passaram a pesar mais nos custos dos planos depois da pandemia de Covid-19. Antes eram 2% dos custos totais, agora são 9%. Terapias de fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e fisioterapia. Essas terapias constam do Rol obrigatório da ANS para tratamento de Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD) e Transtorno de Espectro Autista (TEA);</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- A judicialização é responsável por 40% do déficit do setor nos últimos anos. São 973 queixas por dia;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Reajustes são impagáveis: de 2018 a 2023, os planos individuais subiram 35% e os coletivos subiram 80%. Em geral, a classe trabalhadora está nos planos coletivos, atrelados a um CNPJ, por estarem empregados em uma empresa com possibilidade de adesão a um plano de saúde, que sobe a mensalidade sem controle da ANS, sobe conforme o comportamento dos custos do próprio plano;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>- Idade e pacto intergeracional: o Brasil em 2022 atingiu 15,8% de pessoas com 60 anos ou mais. Na saúde suplementar o índice é de 14,3%. Quanto menor o número de jovens contribuindo, pior para o custeio intergeracional. Em 10 anos a faixa de 20-39 anos caiu 7,6% e a faixa de 60 anos adiante cresceu 32,6%;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Comentário do blog:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Acrescento a esses dados que nas autogestões em saúde os perfis das faixas etárias são bem diferentes das carteiras do mercado privado de planos de saúde que visam lucro. As autogestões concentram grandes quantidades de pessoas nas faixas etárias acima de 60 anos porque elas funcionam de forma diferente do mercado, elas não escolhem os participantes das carteiras.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>E AS AUTOGESTÕES EM SAÚDE?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Uma outra observação importante do Dr. Vecina nos ajuda a entender os problemas apontados na matéria sobre custos na saúde suplementar: o modelo de negócio.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A reportagem nos diz que o sanitarista explica que as operadoras se portam como meros intermediários entre os usuários do sistema e os prestadores dos serviços, sem nenhuma preocupação com a saúde básica e sem querer abrir mão de parte dos lucros.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Aí está um problema existencial, eu diria, central na vida das operadoras de planos, principalmente nas autogestões em saúde, que comento a partir de agora, tendo como base minha experiência na Cassi, mas que pode ser referência para várias outras autogestões em saúde.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>RECEITAS LIMITADAS, DESPESAS ABERTAS - As autogestões têm características especiais quando observamos as operadoras de planos de saúde do mercado - medicinas de grupo, seguradoras e cooperativas médicas -, todas têm problemas parecidos nos usos dos recursos dos planos ao comprar serviços no mercado capitalista de procedimentos de saúde, mas têm diferenças nas possibilidades de receitas e públicos possíveis.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Autogestões não visam lucro, não podem escolher o público participante como os planos de mercado fazem, não escolhem as áreas geográficas de disponibilização do plano e são obrigadas a atenderem demandas em áreas sem prestadores disponíveis, e as receitas não podem ser equalizadas com as despesas assistenciais com a mesma desenvoltura dos planos de mercado. Probleminhas básicos esses, vocês não acham?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>ATENÇÃO PRIMÁRIA E CONTROLE DE RISCOS É A MELHOR PERSPECTIVA DE LONGO PRAZO - Pelas características que citei acima, é muito importante para uma autogestão em saúde desenvolver um modelo assistencial cujos objetivos sejam a saúde integral de seus participantes e não a cura de sua população adoecida ao longo do tempo. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O ponto positivo das autogestões é a possibilidade de manterem seus participantes no longo prazo, coisa difícil no mercado. Como os assistidos no sistema de saúde de uma autogestão podem ficar décadas no plano, a prevenção e a promoção de saúde trazem grande benefício tanto para a saúde das pessoas quanto no uso do recurso do plano na hora de comprar serviços na rede credenciada, que visa lucro com doenças.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como as autogestões em saúde não escolhem seus públicos participantes como ocorre no mercado privado que visa lucro, elas têm em seus grupos de assistidos faixas etárias com idades maiores que as do mercado. E também podem ter segmentos com doenças pré-existentes, algo que não ocorre no mercado privado - ou ocorre menos. Como fazer para equilibrar carteiras de participantes assim sendo a inflação médica quatro ou cinco vezes mais que a inflação oficial anualmente?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a Cassi, completou 80 anos de existência em 2024. Durante as primeiras cinco décadas, o modelo era muito próximo daquilo que o Dr. Vecina explica na reportagem da revista: uma operadora que intermediava compras de serviços de saúde entre usuários e vendedores de serviços no mercado. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A conta não fecha, é algo mais que claro! Não há receita em plano de saúde que aguente pagar todas as ofertas que a indústria da saúde tem disponível para eventuais clientes (pacientes) que possam pagar, ou os planos de saúde dos clientes, ou o governo/SUS que a justiça mande pagar. A conta não fecha!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A Cassi, os trabalhadores e o patrocinador Banco do Brasil chegaram a um acordo em 1995/96 e fizeram uma reforma estatutária cujo objetivo da Caixa de Assistência passava a ser outro, criar uma autogestão com CNPJ próprio, estrutura e modelo de saúde próprios para atuar na Atenção Integral à Saúde de seu público-alvo. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como a população assistida era muito estável e ficaria décadas dentro do sistema, seria possível atuar através de um modelo de Atenção Primária, e foi escolhido o modelo de Estratégia de Saúde da Família (ESF), para gerir a saúde de centenas de milhares de pessoas num país continental, estando o público assistido no sistema tanto na fase laboral quanto na fase de aposentadoria.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Quando fui gestor do sistema de saúde Cassi, desenvolvemos metodologias de estudos que comprovaram que o modelo ESF/CliniCassi era altamente eficaz em seus objetivos. O público monitorado pelo modelo que era fidelizado há mais de 3 anos tinha resultados extraordinários em diversas dimensões avaliadas, inclusive na questão das despesas assistenciais, até mesmo de faixas etárias maiores. Quase todas as faixas tinham curvas de despesas melhores em participantes vinculados ao modelo ESF em relação aos participantes soltos no sistema e na rede credenciada, sem monitoramento pelas equipes de família da Cassi.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Concluo assim essa postagem comentando a partir de dados atuais do setor de saúde a importância para os planos de saúde e a saúde suplementar, principalmente para as autogestões em saúde, em estabelecerem objetivos de atuarem na saúde efetiva de seus participantes ao longo do tempo e não só como intermediadores de compra e venda de serviços impagáveis da indústria de consultas, exames, procedimentos médicos, OPMEs e tratamentos de saúde.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: o primeiro texto desta série, de apresentação, pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2024/02/historia-dos-bancarios-um-olhar-xiii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-17654594243306600552024-02-07T23:53:00.013-03:002024-02-08T15:15:41.533-03:00História dos bancários: um olhar (XIII)<p><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvOoAn5qLqGpj9sHUUS4oFul0uKD7l654uLhaqVRhNR5ElcvSRHK0CJ0dvhv_DW4rGGJe9cLydAFHfwbOyTovpdB_QOBoDFcnQXOHnuigKt4ha1fB8Z-mf-r79GuB6tcr5IZW9eavkqESNIz-oSnLm6G72LbCoEQDRkAdpxMuXd1l8wkXje4rd/s2944/12jul23.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2944" data-original-width="2208" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvOoAn5qLqGpj9sHUUS4oFul0uKD7l654uLhaqVRhNR5ElcvSRHK0CJ0dvhv_DW4rGGJe9cLydAFHfwbOyTovpdB_QOBoDFcnQXOHnuigKt4ha1fB8Z-mf-r79GuB6tcr5IZW9eavkqESNIz-oSnLm6G72LbCoEQDRkAdpxMuXd1l8wkXje4rd/w150-h200/12jul23.jpg" width="150" /></a></b></div><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b><p></p><p><b><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><i>A questão da saúde dos trabalhadores e as autogestões em saúde</i></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Memórias e contribuições para reflexão (I)</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Gosto da ideia de me considerar uma pessoa de sorte. O cidadão que sou hoje é o resultado de um conjunto de veredas que foram aparecendo em meu caminho existencial ao longo das décadas de vida. O que sou é o resultado das oportunidades que a vida me presenteou e o fato de ter abraçado algumas delas. Posso dizer que tem um componente de sorte ou acaso nisso.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Se passei a maior parte de minha vida laboral trabalhando em uma instituição financeira, um banco público, isso não foi algo desejado ou planejado pelo adulto jovem das décadas de oitenta e noventa. As veredas foram surgindo e o trabalhador foi indo por uma ou outra trilha. É evidente que fui um em milhões de trabalhadores de nossa geração que trabalhou nos trabalhos que havia em nossa época. Não fui nem melhor nem pior que meus pares, talvez tenha sido bastante esforçado e focado.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Como trabalhador do setor bancário, as oportunidades de aprendizagem foram diversas, nas mais diferentes áreas dos saberes humanos. </span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">No Unibanco, nos anos oitenta, trabalhei em agência e departamento. À época, o trabalho bancário era praticamente manual, com pouca tecnologia. Trabalhávamos com muitos papéis, com calculadoras, cheques e ordens de pagamento, cartões de crédito, e numerário, muito dinheiro em papel e escritural. Em agência, aprendemos cedo a lidar com gente. E eu tive a sorte de dar atenção aos representantes de nossa categoria, os dirigentes sindicais.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">No Banco do Brasil, dos anos noventa adiante, passei a maior parte de minha vida de trabalhador. Foram décadas de dedicação ao trabalho bancário e ao povo brasileiro. Tive convites para sair do banco e atuar na área de minha formação em contábeis. Preferi seguir no BB. Sempre me vi como um servidor público. Nunca me imaginei como empresário ou empreendedor disso ou daquilo. Sairia do banco público somente se fosse para outra área do Estado, por querer servir ao povo e ao meu país.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">---</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">A última função que exerci como trabalhador bancário foi ser gestor eleito de uma autogestão em saúde. A experiência de representar milhares de colegas de trabalho, da ativa e aposentados, em uma associação tão importante para a vida das pessoas me fez mergulhar na função e na área como nunca havia feito na vida, por mais intenso que havia sido em tudo que fiz. Foi um mergulho de quatro anos praticamente sem dormir. Achei que tinha que recuperar um tempo que não havia tido em relação ao conhecimento daquilo que era responsável a partir do dia da posse na função.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Quando terminei a missão, quatro anos depois, tive comigo um entendimento que se somou ao sentimento que já tinha da existência, a ideia de que tudo que sabemos temos que passar adiante. Quando criei meus blogs há quase duas décadas, tinha essa visão das coisas. À época, meados da primeira década dos anos dois mil, criei um blog de cultura e outro sindical, e passei a fazer um esforço extra na agenda cansativa dos dias de representação para escrever sobre cultura e sobre a luta de classes no mundo do trabalho.</span></b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Foi dessa forma que fui escrevendo, estudando, aprendendo, escrevendo, fazendo política nas bases sociais, fazendo novo curso acadêmico em Letras, escrevendo, organizando a classe trabalhadora no setor no qual trabalhava, estudando a história do Banco do Brasil, das associações e sindicatos, a história das conquistas de direitos e a história da autogestão em saúde na qual fui diretor de saúde. E assim, aos poucos, fui escrevendo tudo isso que aprendi no trabalho e na política. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Após um período escrevendo memórias neste blog (estou editando agora as memórias em formato de livro), talvez eu siga escrevendo aqui um novo tipo de memórias, mais focado nas experiências dos quatro anos vividos como gestor de uma autogestão em saúde, a Cassi. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Quando terminei a missão naquela associação focada em saúde, fiz diversos textos de balanços do mandato. Quem sabe agora, olhando de longe as centenas de textos que fiz no calor da gestão, possa deixar aqui algumas contribuições sobre a área, porque o que mais ficou em mim é o quanto nós todos desconhecíamos (desconhecemos...) as questões inerentes a um setor que lida diariamente com algo tão delicado: a saúde e a vida das pessoas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Após compreender melhor as grandes questões do setor de gestão de saúde, do sistema de saúde, dos atores do setor de saúde, percebi que seria fundamental divulgar para as pessoas comuns, usuários dos sistemas de saúde, detentores de direitos e obrigações em relação aos sistemas de saúde que existem, que as pessoas, os trabalhadores e seus representantes precisam ter noções das coisas do setor. A repetição da expressão não é cacoete de linguagem, é proposital. As pessoas precisariam ter noções mínimas dos setores e sistemas de saúde para lidarem melhor com isso.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, talvez eu discorra sobre minhas memórias da época que atuei com gestão de saúde em nome da classe trabalhadora.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-2906683776968522622023-12-17T15:19:00.010-03:002023-12-17T15:47:30.801-03:00História dos bancários: um olhar (XII)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7SM_-_487VNIPOpMJmoDxeaMXTn-hBl7hA1zpQu8kZUafSh3TzmOuZqOKve422flEe-QOrzCA1lTXBWKFzSB6gsAW8fZ6YpK4F6XI-pCLcXPodqpPaic5P8Xu9Vc2xLIWlxtIeHYxfB3F_ltGBI7FM78iFQGQWhk5qDcyTEal-7_ME7vY4aFA/s2220/Eu%20em%20maio,%20revista%20O%20Espelho.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2220" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7SM_-_487VNIPOpMJmoDxeaMXTn-hBl7hA1zpQu8kZUafSh3TzmOuZqOKve422flEe-QOrzCA1lTXBWKFzSB6gsAW8fZ6YpK4F6XI-pCLcXPodqpPaic5P8Xu9Vc2xLIWlxtIeHYxfB3F_ltGBI7FM78iFQGQWhk5qDcyTEal-7_ME7vY4aFA/s320/Eu%20em%20maio,%20revista%20O%20Espelho.jpg" width="156" /></a></div><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b><i>Sindicato é sindicato, partido é partido, governo é governo...</i></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O ano em questão era o de 2008, o Banco do Brasil comemorava os seus 200 anos de história e o Brasil era governado pelo Partido dos Trabalhadores, o presidente Lula estava em seu segundo mandato. A ampla maioria das lideranças do movimento sindical cutista e de outras forças políticas definiu em nossos congressos de trabalhadores apoiar a reeleição em 2006. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>No entanto, as condições de trabalho no BB estavam muito ruins, a direção do banco vinha numa sequência de decisões monocráticas que prejudicavam o conjunto dos funcionários, além de estar reestruturando o banco através de terceirizações. As metas e o assédio moral eram institucionalizados da mesma forma que ocorria nos outros bancos, tínhamos até mesa com a Fenaban para tentar frear o abuso na forma de cobrança de metas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Foi nesse cenário que fiz um artigo de opinião dizendo que o movimento sindical deveria endurecer as relações com a direção do Banco do Brasil. Posso até ter sido duro com o governo ao falar dos seis anos, mas o dirigente sindical está no calor dos problemas e com seus representados sofrendo, é natural que eu carregasse no tom.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>CENÁRIO INTERNACIONAL - Além da direção do BB estar atuando pessimamente com o corpo de funcionários e no papel de banco público, vivíamos a maior crise do capitalismo desde 1929, com a crise do <i>subprime</i> e a quebra da economia mundial. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Meses depois do artigo que fiz criticando a direção do banco - e muita gente sindicalista e de esquerda não gostou de minha crítica ao nosso governo -, ficou claro que o governo Lula cobrava dos bancos públicos uma liderança na redução das taxas de juros e do maior spread do mundo. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Os bancos públicos tinham a obrigação de liderar o sistema financeiro na queda dos juros e o presidente do BB era o que mais dava entrevistas ao mercado dizendo que não iria seguir as instruções do governo, que iria seguir o mercado blá blá blá... foi demitido!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como diz o ditado popular, o tempo é o senhor da razão! (isso serve para mim também, pois em relação ao comentário que fiz sobre a China, eu pensaria duas vezes para fazer a mesma observação hoje rsrs)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, segue abaixo o texto que fiz, se não me engano, em agosto de 2008, estávamos no início da campanha nacional da categoria bancária. Lima Neto foi demitido em abril do ano seguinte. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Artigo de opinião</b></span></p><p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><b><br />EM RELAÇÃO AO BB, O MOVIMENTO SINDICAL CUTISTA DEVE ROMPER COM O GOVERNO LULA<br /><br />São 6 anos de governo do Sr. Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores. É inegável que o Brasil mudou para melhor. Não é preciso destrinchar dados para mostrar melhor distribuição de renda, diminuição da miséria, melhor inserção brasileira no contexto internacional, fortalecimento das instituições públicas (com exceção do Banco do Brasil), entre tantos outros pilares econômicos e sociais.<br /><br />São 6 anos de governo Lula e também são 6 anos de desmonte do papel do BB enquanto banco público. São 6 anos de assédio moral e condições de trabalho idênticas ou piores do que os piores momentos dos governos anteriores.<br /><br />Ao mesmo tempo, é revoltante ver que não há sequer condições idênticas de tratamento por parte das empresas cujo comandante é o mesmo governo, pois se no BB tudo vai de mal a pior, na Caixa Federal percebemos nesses 6 anos que ocorreram avanços, com muita luta é verdade, mas as diferenças são substanciais.<br /><br />Para ficarmos em alguns exemplos, basta lembrarmos que a Caixa executa programas sociais e é agente do governo no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Além disso, teve negociações do PCS que puderam ser apreciadas pelo corpo social e contratada em acordo. Vem reduzindo a terceirização ano após ano, por força de acordos com o ministério público. Tinha uma força de trabalho de mais de 100 mil trabalhadores em 2002, onde metade era de terceirizados, e hoje os bancários concursados chegam a 75 mil. É evidente que estão sobrecarregados ainda, pois são necessários cerca de 120 mil trabalhadores para as demandas atuais.<br /><br />O BB, ao contrário, vem lançando pacotes de DESestruturação todos os anos. Enxuga aqui, terceiriza ali, centraliza e descomissiona acolá. Só para lembrar alguns casos: centralização das Eqesps, que viraram Nucacs, que foram incorporadas pelas Geries, que viraram Gerel, que viraram SCO e SCL. Todas elas com movimentações compulsórias de trabalhadores e suas famílias.<br /><br />Além disso, vieram as centralizações das Corporates e das Empresariais. Também centralizaram-se as Gecex. Agora está centralizando, terceirizando, enxugando e dispensando de novo as pessoas da mesma Gecex. Demissões em massa de advogados das Ajures. Reestrutação de URRs e por aí afora.<br /><br />Em 2003, chegamos a exigir a nomeação de mais de 5 mil caixas executivos. Achávamos que era uma vitória perene. Mal sabíamos que o banco logo mais viria a não querer mais atender à população, e acabar de vez com os caixas, inclusive terceirizando o processamento dos envelopes de autoatendimento, para a Cobra, que quarteirizou, e hoje existe regime de quase escravidão para o tal setor. Aos caixas sobreviventes, sobra a opção de ser caixa volante: um dia aqui, outro ali, onde precisar... (e o banco sabe que nós sempre fomos contra <i>part-time</i> e contratações sazonais!)<br /><br />Para não passar em branco, não vamos esquecer que o BB faz concurso extorquindo a população, pois não chega a chamar mais que 10 ou 20% dos aprovados, ludibriando as pessoas com concursos que não prometem vagas e sim “quadro de reservas”. E olha que só em 2007 dispensou mais de 7 mil bancários no auge de suas carreiras para ficarem recebendo em casa por até 10 anos, além da bolada que pagou a eles para aliviar passivo trabalhista. Custo este que ficou na casa de ½ bilhão só no primeiro ano.<br /><br />É bom saber que o plano foi feito para um conjunto de altos executivos (feito por eles mesmos). Mas, para darem uma capa de transparência, tiveram que estendê-lo a outros funcionários, o que acabou retirando do corpo funcional 5 mil pessoas a mais do que o planejado pela diretoria.<br /><br />Dessa vez o BB chutou o pau-da-barraca: o LIC que trata da reestrutuação da Gecex (“LIC PAQ GECEX”) é idêntico às instruções que nós enfrentamos na época do PDV/PAQ entre 1995/97. O que é pior, ele diz que não reconhece direitos dos bancários, cipeiros, delegados sindicais (então o banco quer dizer que o contrato com a Contraf-CUT não existe?!).<br /><br />Penso que o movimento sindical CUTista deve romper com o governo federal em relação ao Banco do Brasil e não deve mais haver negociações com essa diretoria que aí está. Essa diretoria, a começar pelo seu presidente Sr. Lima Neto e incluindo toda a sua cúpula, está envergonhando a todos nós que queríamos mudanças no banco, tanto de diretrizes quanto de tratamento ao corpo funcional.<br /><br />De que adianta mostrarmos boa vontade em negociar com o banco, sendo que coisas básicas como respeito às leis trabalhistas, condições de trabalho, dignidade humana e não terceirização dos serviços bancários o banco prefere dizer que não negocia e que busquemos a justiça?<br /><br />Nesse período de (des)comemoração de 200 anos do BB, devemos exigir do Governo Federal a troca desses senhores que, além de não mudarem os rumos da empresa Banco do Brasil a partir de 2003, fizeram foi piorar as condições internas e externas da empresa que, hoje, pouco tem de coisa pública.<br /><br />O BB está para público, assim como a China está para comunista; ambos gigantes por natureza, antidemocráticos, com alguns mais iguais que os outros, e em função de interesses privados e, às vezes, escusos.<br /><br />William Mendes<br /><br />Secretário de imprensa da Contraf-CUT<br /><br /></b></span><b><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 12pt;">---</span></span></b></p><p class="MsoNormal"><b><span style="font-family: verdana;"><i>Post Scriptum</i> - O texto anterior desta série pode ser lido</span></b><b><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 12pt;"> </span></span><a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/11/historia-dos-bancarios-um-olhar-xi.html" style="font-family: verdana; font-size: 12pt;" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 12pt;">.</span></span></b></p><p class="MsoNormal"><b style="font-family: verdana; font-size: 12pt;"><br /></b></p><p></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-76942017411428885732023-11-02T00:42:00.002-03:002023-11-02T02:01:49.798-03:00História dos bancários: um olhar (XI)<p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkspP_Yc1JajueuDisuyOVFyxNYHQseCCku0YQ7mKrL4UsoA4Fs6sSAI7jbMDxDeg6EppWhO0nM_3S7e8cD48GliqL9-mn9zg08KhSr8DmPiWUfOU9YRm2EfKFVnnU1ekmwFQtoMC80rHOnwOcuyHaEa5dtYrLNGMOX7ehqMnEKeI06HgjJ6sd/s4032/A%20Caixa%20%C3%A9%20do%20povo%201990.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkspP_Yc1JajueuDisuyOVFyxNYHQseCCku0YQ7mKrL4UsoA4Fs6sSAI7jbMDxDeg6EppWhO0nM_3S7e8cD48GliqL9-mn9zg08KhSr8DmPiWUfOU9YRm2EfKFVnnU1ekmwFQtoMC80rHOnwOcuyHaEa5dtYrLNGMOX7ehqMnEKeI06HgjJ6sd/s320/A%20Caixa%20%C3%A9%20do%20povo%201990.jpg" width="240" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b><i>A Caixa é do povo (I)</i></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>02 de novembro de 2023.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Dando sequência aos textos sobre a história dos bancários, hoje vamos trazer um pouco da história de luta das empregadas e empregados da Caixa Econômica Federal, estatal importantíssima para o desenvolvimento do país e para os governos brasileiros por ser um banco importante como agente e executor de políticas públicas e sociais.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A Caixa, seus empregad@s e suas entidades representativas enfrentaram momentos duríssimos ao longo dos governos golpistas de Temer e Bolsonaro entre 2016 e 2022. Foram anos de resistência para a manutenção do banco público e dos direitos dos trabalhadores.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao longo dos dez primeiros meses de governo Lula, a Caixa viveu um período de reconstrução sob o comando da presidenta Maria Rita Serrano. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como admirador antigo da Caixa Econômica Federal, fiquei muito feliz ao ver o banco sendo bem administrado pela empregada de carreira e dirigente sindical Rita Serrano, do ABC, liderança com longa história de lutas. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>De forma inversa, fiquei muito decepcionado com a entrega, dias atrás, de nosso banco público para as forças políticas de direita e extrema-direita do grupo com alcunha de "Centrão". Espero que a Caixa não deixe de ser o banco público que vinha sendo reconstruído pela companheira Rita e sua equipe.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, nesta primeira postagem sobre o material antigo que tenho dos anos 1990 - o folder "A Caixa é do povo" -, vou reproduzir a carta que a diretoria da FENAE enviou ao conjunto dos empregados da empresa. Uma das pessoas que assina é um grande amigo e companheiro de lutas, Plínio Pavão. Aprendi muito com ele ao longo da vida sindical.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como o material é denso, farei outras postagens com os textos e temas abordados naquele momento importante da história de luta dessa categoria aguerrida que é a categoria bancária. O material conta a história da estatal e contextualiza o perigo de esvaziamento do papel do banco público vivido com a reforma bancária no início dos anos 1990.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Boa leitura!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Reprodução de material de 1990</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Aqui começa mais uma caminhada dos bancários da CEF. Para que você possa participar dessa jornada, estamos colocando em suas mãos a base do itinerário a ser cumprido, com informações e avaliações sobre as bases determinadas da atual crise, um pouquinho de nossa história, as consequências do projeto da classe dominante e o eixo básico da Campanha que estamos iniciando. O caminho existe; sem você não haverá caminhada.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Coordenação Nacional em Defesa da CEF</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Abaixo, reproduzo a carta que a direção da FENAE enviou aos empregados da Caixa no início de 1990 para que os trabalhadores contribuíssem com a campanha nacional em defesa do banco público e das demais estatais brasileiras. O Brasil passava por uma reforma bancária, diz o documento, e havia a ameaça de esvaziamento do papel das instituições públicas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWqJxX9sFhb70R8f-Xr4BZ5jLAlfCqbwfQwjX2u0VOeCwdQqo7iwXJL8Iwo0wlwzS05_o28Z8ToxPaLH40gZ_cjsFSID2zCjGwi9z98N0EhmLMywpPMp-IhpOZ8JPYLZk5yKSsDaTNTjGyxmAEYv0CyEF4DGnWvuMjajVI3fyjdCjSg_ZS5Pvn/s4032/A%20Caixa%20%C3%A9%20do%20povo%20-%20carta%20da%20Fenae.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWqJxX9sFhb70R8f-Xr4BZ5jLAlfCqbwfQwjX2u0VOeCwdQqo7iwXJL8Iwo0wlwzS05_o28Z8ToxPaLH40gZ_cjsFSID2zCjGwi9z98N0EhmLMywpPMp-IhpOZ8JPYLZk5yKSsDaTNTjGyxmAEYv0CyEF4DGnWvuMjajVI3fyjdCjSg_ZS5Pvn/s320/A%20Caixa%20%C3%A9%20do%20povo%20-%20carta%20da%20Fenae.jpg" width="240" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Brasília (DF)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Companheiro(a)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Nos últimos 3 anos desenvolvemos um grande processo de discussões da Reforma Bancária, reforma que vem sendo efetuada pelo governo brasileiro, financiada pelo Banco Mundial, que já alterou muito as características do nosso Sistema Financeiro.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Você está recebendo em anexo um FOLDER, no qual encontrará uma avaliação profunda desta Reforma.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Em torno das informações, mas principalmente, da concepção política nele contida, lançamos a CAMPANHA EM DEFESA DA CEF. Este documento inicial e sua leitura é condição básica para o entendimento e participação do(a) companheiro(a) neste gigantesco desafio que enfrentaremos nos próximos meses.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Desenvolvemos, ao longo dos últimos 60 dias, um incessante trabalho para estruturar esta campanha, que somente se efetivará com sua participação. Nós, em conjunto, vamos resgatar a identidade e a importância da CEF e de todas as demais estatais para o nosso País e, também, enfrentar o projeto global de internacionalização da economia brasileira, que entrega décadas de esforço do nosso povo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Até meados deste ano, estará regulamentada a nova Constituição, no tocante ao Sistema Financeiro.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Os projetos que transitam no CONGRESSO NACIONAL com este fim esvaziam os Bancos Públicos, especialmente a CEF, consolidando o projeto de Reforma Bancária do BIRD.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Esta Campanha que desenvolvemos, utilizando todos os recursos de comunicação, mídia e mobilizações possíveis, destaca a cada um de nós um importantíssimo papel.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Por outro lado, consumirá uma considerável soma de recursos financeiros. A previsão é de 5.141.000 BTNF.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Obviamente, nós teremos que arcar com este custo, por isso, estamos iniciando neste momento a campanha financeira que levantará os recursos necessários.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Caberá, assim, a cada um de nós 79,23 BTNF, parceladas em três meses, ou seja, 26,40 BTNF mensais.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Por outro lado, boa parte do material de campanha como "botons", camisetas e plásticos para carros serão vendidos, o que cobrirá as atividades como reuniões, seminários e outros eventos estaduais e nacionais que não constam do orçamento acima citado.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Já definimos com a Direção da CEF o DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO, que, naturalmente, depende de uma autorização expressa de cada companheiro.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Para isso, basta que você, num ato de compreensão do momento que vivemos e da importância deste movimento nacional em defesa do patrimônio público, DESTAQUE A "AUTORIZAÇÃO DE DESCONTO EM FOLHA" existente ao final deste manifesto e REMETA PARA A FENAE em Brasília, ou ainda para sua ASSOCIAÇÃO DE PESSOAL ou COMITÊ ESTADUAL EM DEFESA DA CEF ou representante de sua unidade.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O CAMINHO EXISTE, PORÉM, SEM VOCÊ NÃO HAVERÁ CAMINHADA.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A CEF É DO POVO.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>DEFENDA A CEF VOCÊ TAMBÉM. VEM!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b> SEC. GERAL: Ricardo Freitas 237113 - Florianópolis-SC</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b> SEC. IMPRENSA: Márcia Kumer 283100/507 - Porto Alegre-RS</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b> Rita Lima 2236988/184 - Vitória-ES</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b> Plínio Pavão 2886065 - São Paulo-SP</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b> SEC. FINANÇAS: José Hilton 2217200 - Divinópolis-MG</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b> João Bosco 2112405 - Fortaleza-CE</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><br /></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>As próximas postagens abordarão mais conteúdos da cartilha em defesa da Caixa.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Fonte: </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Folder <i>A Caixa é do povo</i>. FENAE e Coordenação Nacional em Defesa da CEF</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: para leitura do texto anterior sobre a "História dos bancários", clique <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/10/historia-dos-bancarios-um-olhar-x.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-45341704493813455082023-10-23T22:35:00.015-03:002023-11-01T21:35:31.022-03:00História dos bancários: um olhar (X)<p><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg53Qq_1VRo0pIBCuQav95A3yduKMT6a8NIlQfpMrlKzEeJljQHCPCdpVBxEAxsd5WuVF_bxDFzCzKZysiZjJx0YT9LOpLLSrD-9SXJgYAApnJgQUvaeY-fnXTiGrFq97R6am4zyE_69GGfUvQ_a0d_ID7Pg9XcgPhUxo49tKe9xr1eqs84ZGaD/s4032/O%20Espelho%20n.2%20frente.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg53Qq_1VRo0pIBCuQav95A3yduKMT6a8NIlQfpMrlKzEeJljQHCPCdpVBxEAxsd5WuVF_bxDFzCzKZysiZjJx0YT9LOpLLSrD-9SXJgYAApnJgQUvaeY-fnXTiGrFq97R6am4zyE_69GGfUvQ_a0d_ID7Pg9XcgPhUxo49tKe9xr1eqs84ZGaD/s320/O%20Espelho%20n.2%20frente.jpg" width="240" /></a></b></div><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b><p></p><p><b><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><i>O Espelho - Revista Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil</i></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">23 de outubro de 2023</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Unidade e organização pela defesa dos nossos direitos</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Ao ler as informações contidas na revista <i>O Espelho nº 2</i>, de fevereiro de 1983, me veio à memória muitas lembranças a respeito desse importante veículo de comunicação dos funcionários e funcionárias do maior banco público do país, o Banco do Brasil.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Durante mais de uma década fui um dos responsáveis pela confecção e edição da revista nacional <i>O Espelho</i>, produzida na minha época de militância pela Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT) e depois pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramos Financeiro (Contraf-CUT), na qual fui secretário de imprensa, depois secretário de formação e também coordenei a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (COE BB ou CEBB). </span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">A responsabilidade pela publicação à época desta edição (número 2) era da Comissão Executiva Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, escolhida no IX Encontro Nacional dos Funcionários do BB, realizado em outubro/82. A informação está na última página do jornal. A Comissão era composta pela Contec e pelos sindicatos de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Esta edição que tenho em casa é uma relíquia, ela é anterior à criação da CNB/CUT (1992), e anterior ao DNB/CUT (1985/86), departamento criado dentro da CUT (1983) para organizar os bancários em nível nacional.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">---</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Reprodução da primeira página</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Unidade e organização pela defesa dos nossos direitos</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;"><i>Neste momento, em que o país passa por difíceis situações e no qual se procura de todas as formas desestabilizar as empresas estatais, entre elas o Banco do Brasil, os funcionários do BB - mais do que nunca - devem reforçar sua unidade e organização, a nível nacional, para lutar pela manutenção de seus legítimos direitos, adquiridos ao longo da História.</i></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Aqui está o segundo número d'O ESPELHO/Edição Nacional procurando levar aos colegas de todos os estados, das capitais e interior, o recado animador, com os informes do que já foi encaminhado e do que devemos fazer daqui para frente.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">No dia 2 de dezembro de 1982 a Diretoria do BB recebeu em audiência representantes da CONTEC e dos Sindicatos de Brasília e do Rio de Janeiro. Na oportunidade discutiram-se as possibilidades de negociação e do cumprimento das convenções coletivas pelo BB, mediante autorização do CNPS (Conselho Nacional de Política Salarial).</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Até agora não obtivemos resposta do Banco. Não sabemos sequer se o seu Conselho diretor aprovou tal consulta ao CNPS, apesar da insistência da Contec e dos Sindicatos. Entretanto, mais do que nunca se firma a necessidade de estabelecermos uma pauta de reivindicações que contente a totalidade dos funcionários do BB, com vista à realização de negociações com o Banco. Com esse objetivo, foi definida a realização do X ENCONTRO NACIONAL DE DIRIGENTES E FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL, nos dias 19 e 20 de março de 1983 (sábado e domingo), no Rio de Janeiro, na sede do Sindicato dos Bancários.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Na sua Circular nº 83/008, de 4 de fevereiro, a CONTEC dirigiu às Federações, Sindicatos e Associações de Bancários todas as informações necessárias à participação no X Encontro: ele deve ser precedido da realização de Assembleias dos funcionários do BB nos Sindicatos até o dia 10 de março, para aprovar a pauta de reivindicações que será apresentada ao Banco, delegação de poderes para negociação e escolha de delegados ao X Encontro. A CONTEC sugere que os sindicatos componham as suas delegações com um representante de cada Agência do Banco existente em sua base territorial e que compareça, pelo menos, um dos seus dirigentes, mesmo que não seja funcionário do BB.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Os funcionários do BB sempre estiveram à frente nas lutas dos trabalhadores. O momento agora exige de nós um trabalho persistente: todo funcionário está chamado a ajudar o seu Sindicato a convocar amplamente a assembleia preparatória para o X ENCONTRO, fator fundamental para a nossa vitória.</span></b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>QUAIS SÃO AS NOSSAS REIVINDICAÇÕES</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como sugestões para compor a pauta de reivindicações, a Comissão Executiva dos Funcionários do BB aprovou o seguinte:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Produtividade - a maior conseguida no país;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Anuênio - Cr$ 2.455,00 corrigido pelos INPCs de março e set/83;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ajuda Alimentação - a) tíquete nas condições de São Paulo, b) restaurante administrado pelos funcionários do banco;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Estabilidade - durante a vigência do acordo;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Quadro de Carreira - criação de uma comissão paritária para estudar o assunto;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Creche - idem, idem;</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Conflitos - funcionamento de uma comissão sindical para discuti-los. deverão ser incluídas reivindicações ligadas aos problemas de relações de trabalho, Caixa de Previdência e de Assistência, etc.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>COMENTÁRIO DO BLOG</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eu me tornei trabalhador da categoria bancária em 1988, primeiro no Unibanco, até maio de 1990, e depois no BB, a partir de setembro de 1992. Enquanto fui bancário de base, fui sendo politizado pelo nosso Sindicato na Grande São Paulo. Fui sindicalizado tanto no tempo do Unibanco quanto no BB, alguns meses após tomar posse do cargo de escriturário na agência Rua Clélia. Sou sindicalizado até hoje em nosso Sindicato.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Em 2002 fui eleito diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e a partir desse momento passei a estudar a nossa história de lutas para compreender melhor quem eu era enquanto trabalhador bancário e representante de meus colegas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Sempre que encontrava materiais informativos sobre a categoria e a nossa história eu pegava as mídias para ler. Também fui um leitor atento dos jornais da categoria, tanto a nossa Folha Bancária quanto as revistas e jornais estaduais e ou nacionais.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>No início dos anos oitenta, época deste informativo, os trabalhadores brasileiros sofriam horrores sob a ditadura empresarial e militar, que havia começado com o Golpe de 1964 e ainda causava miséria e carestia ao povo. Os salários e acordos coletivos eram regionalizados. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O movimento sindical que viria a ser conhecido como Novo Sindicalismo começava a se destacar após as greves dos metalúrgicos do ABC e outras greves e enfrentamentos importantes como tivemos na categoria bancária.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, a história de lutas da classe trabalhadora brasileira e dos bancários é longa e aguerrida. Assim que comecei a estudar a nossa história, compreendi a responsabilidade que teria como dirigente sindical bancário.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGwD02vVL1DbP1ogzTG5gq14J1AcAi2p2qjlFNNS7ou82yhIQBT8cWVddY8_FTGaL1Q7TsubFHTxG1y4TzrjGdfeqijxj3UFYvYYuXlTWhyIuT0rq-Gz1xLPms3CJX4Q3EY14zwRFm1S5zoPOPko2snYRSY-KXlpeTUEMvLqr94eNNSGeqB41a/s4032/O%20Espelho%20n.2%20miolo.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3024" data-original-width="4032" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGwD02vVL1DbP1ogzTG5gq14J1AcAi2p2qjlFNNS7ou82yhIQBT8cWVddY8_FTGaL1Q7TsubFHTxG1y4TzrjGdfeqijxj3UFYvYYuXlTWhyIuT0rq-Gz1xLPms3CJX4Q3EY14zwRFm1S5zoPOPko2snYRSY-KXlpeTUEMvLqr94eNNSGeqB41a/s320/O%20Espelho%20n.2%20miolo.jpg" width="320" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Segunda parte</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Nessa página está um texto intitulado "A importância do BB", texto que destaca a história secular do Banco, que alega que a estatal funciona bem e auxilia o governo e o país e que enaltece o quadro de funcionários e a estrutura nacional do Banco</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>FGTS - A revista traz uma denúncia de que funcionários do Banco estavam sendo obrigados a "optar" pelo regime do FGTS, abrindo mão da estabilidade no emprego.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"A verdade é que o quadro de carreira do Banco do Brasil vem sendo desmantelado. Os novos empregados são obrigados a 'optar' pelo regime do FGTS, abrindo mão de toda a estabilidade. Quase todos os dias há casos de colegas sendo demitidos sem que nenhuma justa causa seja apresentada para a dispensa. Com a chamada 'política salarial', verdadeira salada de casuísmos, regurgitada desde 1965 pelos governos que se sucederam sob o título de 'revolucionários', e com as famosas 'reestruturações' de carreiras aprovadas nos gabinetes do Ministério do Trabalho, sigilosamente, ninguém sabe como, já bem pouco resta da saúde administrativa da estrutura que tornou o Banco do Brasil grande e respeitado."</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O jornal denuncia a redução de até 40% dos salários nos últimos dois anos. Com as políticas salariais do regime autoritário, a Comissão Executiva Nacional conclama que todos se envolvam nas lutas:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"É preciso tomar uma posição. Comissionados ou não, chefe ou contínuo, estaremos todos no mesmo barco. Participe do seu sindicato, e contribua para barrarmos as imposições do capital internacional."</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>COMENTÁRIO DO BLOG: por décadas, participei das lutas da categoria e as pautas do mundo do trabalho sempre tiveram eixos parecidos. Me lembro de organizar os bancários explicando que os comissionados tinham que participar do movimento, ainda mais depois que os bancos inventaram um monte de função comissionada para manipular os trabalhadores ideologicamente como se eles fossem "chefes" e não "trabalhadores". Já no início dos anos dois mil, praticamente todo mundo nas agências tinha algum tipo de "comissão" para o banco dizer que eram funções de confiança. Uma lábia para enganar a categoria.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>BANCÁRIOS PARTICIPAM DA CRIAÇÃO DA CUT EM AGOSTO DE 1983</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Esse excerto que cito abaixo é muito legal! A categoria bancária é estimulada a participar ativamente da criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em Congresso que se realizará em agosto de 1983 (CONCLAT).</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"Os trabalhos da comissão de Política Sindical, aprovados pela plenária, basearam-se nas conclusões da I Conferência Nacional da Classe Trabalhadora realizada em Praia Grande, em 1981. Entre as teses aprovadas, destaca-se o princípio de unicidade sindical, ou seja, um só sindicato representando uma só categoria: a necessidade de liberdade e autonomia sindical, para que os trabalhadores tenham o direito de se organizarem independentemente do Estado, tendo que prestar contas somente aos seus representados. Foi colocada a necessidade de os bancários de todo o país participarem do Congresso Nacional das Classes Trabalhadoras (CONCLAT) em agosto de 1983, do qual sairá, certamente, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), um órgão que se propõe a encaminhar unitariamente reivindicações comuns dos assalariados."</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ainda na página três do jornal, lê-se a informação de que ocorreu em 28/01/83 o Encontro Nacional dos funcionários do BB, aproveitando a VII Convenção Nacional dos bancários. A reinvindicação de cumprimento das convenções coletivas constava do documento final. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Tive a felicidade de ver durante minha época de militância a realização de uma luta antiga: o cumprimento por parte dos bancos públicos da convenção nacional da categoria. Em 2006 o BB passou a cumprir a CCT da categoria e depois a Caixa Federal também.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Na última página, o jornal dá notícias sobre o andamento de ações na justiça em relação ao cumprimento do Dissídio Coletivo de 1974.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>COMENTÁRIO FINAL</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>É isso! Finalizo a postagem de história dos bancários de hoje. A militância do Banco do Brasil participou ativamente da história das conquistas da classe trabalhadora brasileira, da criação da CUT, e nós sempre fomos vanguarda do movimento sindical.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A revista <i>O Espelho</i> fez parte de minha vida de trabalhador do BB. Durante décadas me informei por esse veículo de informação. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>E mais: durante minha vida de sindicalista, distribuí <i>O Espelho</i> de mão em mão nos locais de trabalho das bases onde atuei.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Abraços a todas e todos!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: para ler o texto anterior desta série é só clicar <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/10/historia-dos-bancarios-um-olhar-ix.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-62985663427071188012023-10-18T23:53:00.004-03:002023-10-24T13:55:23.809-03:00História dos bancários: um olhar (IX)<p><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6-smeDeL5Azhvni0QsvoOAG0jbfcd0b0k5BtpO8rJiryV2X985QAPcFYi1VO0MnYX1nfhn9StF1V37hpjif8w8xEQ968isjtLOA3Q89ukgMXz7apdI-8LzdXSsIKZFg_a6mu74DVwTuIPFElzSvP3LoOa9jn0PcoY9xdKO_r4MP9pvrtVg7OO/s4032/BB%20cap.%2011%20at%C3%A9%20o%20fim.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6-smeDeL5Azhvni0QsvoOAG0jbfcd0b0k5BtpO8rJiryV2X985QAPcFYi1VO0MnYX1nfhn9StF1V37hpjif8w8xEQ968isjtLOA3Q89ukgMXz7apdI-8LzdXSsIKZFg_a6mu74DVwTuIPFElzSvP3LoOa9jn0PcoY9xdKO_r4MP9pvrtVg7OO/s320/BB%20cap.%2011%20at%C3%A9%20o%20fim.jpg" width="240" /></a></b></div><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b><p></p><p><b><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><i>A história do Banco do Brasil - Afonso Arinos</i></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">18 de outubro de 2023</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">O Banco do Brasil completou nesta semana 215 anos de existência, considerando suas falências e refundações a partir de 12 de outubro de 1808. É uma longa existência, uma longa história de serviços prestados ao Brasil e aos brasileiros e brasileiras!</span></b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Tive o privilégio de fazer parte de seu quadro de funcionários entre 9 de setembro de 1992 e 3 de abril de 2019. Agora, sigo pertencendo à comunidade Banco do Brasil, porque sou beneficiário de nossa Caixa de Previdência, a Previ, e sou associado de nossa Caixa de Assistência, a Cassi, entidades cooperativas e solidárias criadas pelos funcionários da empresa pública bicentenária.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Os bancos públicos têm uma importância central no apoio ao desenvolvimento de um país. Sem financiamento com taxas e tempo justos, um país não terá desenvolvimento econômico. Bancos públicos são fundamentais para o financiamento da agricultura, indústria e comércio. Para habitação, grandes obras públicas, ciências e tecnologias etc.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Quando cheguei ao quadro de funcionários do Banco tive outra sorte grande ao me aproximar de nossas entidades representativas, principalmente o sindicato que organizava a base social onde trabalhava na grande São Paulo. Militar no movimento sindical me formou como pessoa e como cidadão.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Acabei sendo eleito dirigente sindical em 2002 e por 16 anos exerci mandatos eletivos nos mais diversos espaços de organização social e lutas por direitos coletivos. Foi um grande aprendizado de vida! Acredito que tenha deixado a minha contribuição à bonita história de luta de nossa categoria profissional pertencente à classe trabalhadora.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao longo da vida de trabalhador bancário, uma das categorias mais organizadas do país, acabei estudando nossa história e a história das lutas da classe trabalhadora para poder representar bem meus colegas de trabalho. Além de representante de base e diretor do Sindicato, fui secretário nacional de imprensa e de formação de nossa confederação, depois fui coordenador das negociações nacionais com a direção do Banco e por fim fui diretor eleito de saúde de nossa Cassi.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Nesta série "História dos bancários: um olhar" pretendo registrar um pouco de nossas lutas e conquistas ao longo do tempo, tendo como referência as diversas mídias que acumulei ao longo de minha representação da categoria. Tenho muito material guardado e após dar uma organizada e colocá-lo em ordem cronológica, avalio que dá para ir contando um pouco da caminhada dessa categoria aguerrida e de vanguarda. A intenção é fazer uma publicação por semana.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>É isso. Nesta postagem, terminei a releitura de um material feito no final dos anos oitenta para marcar os 180 anos de <i>História do Banco do Brasil</i>. A edição que tenho, foi adquirida através da doação de um gerente que trabalhou na agência Rua Clélia nos anos noventa, o Geraldo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A postagem anterior desta série pode ser vista <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/10/historia-dos-bancarios-um-olhar-viii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><br /></p><p><b><span style="font-family: verdana;">---</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Capítulo XI</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Nesse capítulo, Arinos faz um retrospecto da história brasileira a partir de meados dos anos quarenta, período final da 2ª Guerra Mundial. No Brasil, Getúlio Vargas estava no poder (1930-1945). Com a queda de Vargas, houve eleições e o Marechal Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente, apoiado pelos partidos Social Democrático e Trabalhista Brasileiro, segundo Arinos (p. 45)</span></b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Getúlio Vargas volta à presidência pelo voto popular (1951-1954). Alguns fatos desse período valem a citação pela importância econômica e social para o Brasil: a criação do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE) em 1952, que trinta anos depois seria o BNDES, sendo o "S" de Social; a criação em 1954 do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e a criação da Petrobras em 1953:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"Para disciplinar as diversas atividades relacionadas com essa importante fonte de energia havia sido criado o Conselho Nacional do Petróleo. Uma forte campanha política mobilizou a opinião pública e teve como resultado a criação da PETROBRAS, por lei de 3 de outubro de 1953, do Congresso Nacional. A essa empresa estatal caberia, entre outros privilégios, o monopólio da prospecção do precioso combustível em território nacional, monopólio este também estabelecido por iniciativa do Congresso." (p. 47)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Antes, em 1946, havia sido inaugurada a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro. A industrialização brasileira teve forte impulso no período posterior à 2ª GM.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>BANCO DO BRASIL COMEMORA OS 100 ANOS... EM 1954</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Pois é, apesar do nosso banco público BB ter comemorado os 215 anos dias atrás, em 12 de outubro de 2023, em 1954 o BB teve festa para comemorar seu centenário. Afonso Arinos nos explica isso, que já lemos nos capítulos anteriores.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"O Banco do Brasil - remodelado em 1893 e em 1905 - tivera suas operações reiniciadas em 10 de abril de 1854, tendo deixado de funcionar desde o ano de 1829, e reaparecera em virtude da fusão do Banco Comercial do Rio de Janeiro (de 1838) com o Banco do Brasil, fundado em 1851 por Irineu Evangelista de Souza, mais tarde barão e visconde de Mauá. As negociações entre os dois estabelecimentos haviam tido o patrocínio de Joaquim José Rodrigues Torres, visconde de Itaboraí, de relevante atuação na política e na administração do Império durante o Segundo Reinado." (p. 47)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O presidente do BB naquele período do governo Getúlio Vargas era o Dr. Marcos de Souza Dantas. E Arinos informa que uma comemoração não invalidava a outra efeméride de 1808.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"O fato não invalidava a comemoração de outra efeméride do Banco - a da assinatura do 'Alvará com força de Lei, pelo qual Vossa Alteza Real há por bem criar um Banco Nacional nesta Capital, para animar o comércio, promovendo os interesses Reais e Públicos, na forma que nele se declara.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b> Para Vossa Alteza Real ver.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b> Rio de Janeiro, 12 de outubro de 1808'." </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, sempre achei que essa questão de datas de aniversário é algo bastante arbitrário, inclusive o nosso calendário, já que tivemos ao longo da história diversas definições de qual calendário se deveria seguir de acordo com algum poderoso da vez, como o calendário gregoriano que substituiu o calendário juliano na idade média, calendário mais utilizado no mundo ocidental na atualidade.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Arinos fecha o capítulo falando do suicídio de Getúlio Vargas sem falar absolutamente nada sobre o contexto. Eu não esperava outra coisa dele.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Capítulo XII</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O destaque no capítulo é o "desenvolvimentismo" do governo de Juscelino Kubitschek. De forma bastante parcial, Arinos termina esse período enaltecendo a "revolução", nome que ele dá ao golpe de Estado civil-militar que depôs o Presidente da República João Goulart, que assumiu o governo após a renúncia de Jânio Quadros.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"(...) Já então alguns governadores, entre os quais os de Minas Gerais, de São Paulo e da Guanabara haviam decidido, contando com a colaboração decisiva de grande parte das Forças Armadas, promover a deposição do presidente. Iniciou-se a 31 de março de 1964 em Minas Gerais - Juiz de Fora - o deslocamento de contingentes do Exército em direção à cidade do Rio de Janeiro onde se encontrava o presidente. No dia seguinte a revolução triunfava sem que fosse oferecida qualquer resistência da parte dos que sustentavam o governo." (p. 49)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>COMENTÁRIO: Amig@s leitores, que nojo sinto ao ler uma descrição dessas do "Prof." Afonso Arinos! UMA VERGONHA! O cara faz uma narrativa asséptica do golpe como se os golpistas tivessem escolhido o terno que usariam à noite, diz que eles decidiram "promover a deposição do presidente...". Observem que o presidente de esquerda "promovido" a deposição está com o "p" minúsculo, enquanto os outros ele escreve com "P" maiúsculo... Que nojo!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O tema central do estudo, o Banco do Brasil, não é citado no capítulo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Capítulo XIII (Os governos militares)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"Em cumprimento ao disposto no art. 2º do Ato Institucional do dia 9 do mês de abril de 1964, foi eleito indiretamente para exercer a Presidência da República o General Humberto de Alencar Castelo Branco, transferido, na mesma ocasião, para a Reserva do Exército no posto de marechal." (p. 50)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Não poderia ser mais ridículo um texto desses... o autor tenta dar um verniz de legalidade à merda do golpe de Estado! Vergonha!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>BACEN - Neste capítulo, Arinos fala sobre a Reforma Bancária de 1964, que criou o Banco Central do Brasil e definiu diversas funções do Banco do Brasil como agente financeiro do Tesouro Nacional, sendo o BB o recebedor da arrecadação de tributos e rendas federais.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>BASA - Após a criação em 1967 da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o antigo Banco de Crédito da Borracha passa a se chamar Banco da Amazônia.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>INCRA - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária foi criado em 1970 "com a finalidade de acelerar a execução de vários projetos de redistribuição de terras não-produtivas e cooperar para a fixação do trabalhador rural no campo." (p. 52)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Arinos não economiza no texto elogioso aos ditadores do período. Ele vai enumerando instituições criadas durante os governos militares. Como o país vinha buscando formas de desenvolvimento econômico, usinas hidrelétricas foram inauguradas, a produção da Petrobras passou de meio milhão de barris por dia etc.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao final do capítulo, os militares "gente boa" entregam o governo para José Sarney, que sucedeu Tancredo Neves, eleito presidente de forma indireta pelo colégio eleitoral e falecido antes da posse em 1985.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Capítulo XIV</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O último capítulo da cartilha comemorativa dos 180 anos da fundação do Banco do Brasil traz números expressivos do maior banco público do país em 1988.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"De um primeiro departamento, no Rio de Janeiro, com 22 funcionários, em 1816, passou o Banco a contar, em dezembro de 1987, com 128.528, dos quais mais de 1.500 nas agências e escritórios do exterior. As antigas três filiais, existentes em 1817, na Bahia, São Paulo e Recife, deram origem em 1987 a uma rede com 3.641 unidades, das quais 41 no exterior, compreendendo no total 2.284 agências, 393 postos avançados de crédito rural e 964 outras dependências de menor porte."</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Desses números expressivos do banco público, ainda temos a informação de que 90% das agências no país estavam localizadas em cidades do interior, o que demonstrava a importância do BB na vida local das comunidades brasileiras.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Com a saída da Conta-movimento em 1986, quando usava recursos do Tesouro Nacional, o Banco teve que se adaptar a uma nova realidade para seu funcionamento enquanto banco público no mercado bancário. O BB passou a dispor de diversos serviços bancários e produtos que antes não eram o seu foco.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Termina aqui a leitura desta cartilha <i>História do Banco do Brasil</i>, escrita pelo professor Afonso Arinos de Melo Franco, com a colaboração do professor Herculano Gomes Mathias.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A cartilha foi produzida pela diretoria do Banco do Brasil em 1988.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: o texto seguinte desta série pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/10/historia-dos-bancarios-um-olhar-x.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-80033882757656770072023-10-03T10:56:00.011-03:002023-10-19T11:09:41.403-03:00História dos bancários: um olhar (VIII)<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdQq1LytRYbF3AYwOueiiHrMOLEcY5uBUvHsgbroL4tjFpa3NhSCphSHRB-_1BfQztygzDGINY9aF7P3b4if7-R_sqy-_YYwFU5yCjRA-167geNSFHkRuXAfsA9_OSg_dzcG6uRk_C3T3mrgltQoD-obRDEVbzyb2E2OcoPuwBILGgSW5rP-F3/s4032/Hist%C3%B3ria%20do%20BB%20ainda.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdQq1LytRYbF3AYwOueiiHrMOLEcY5uBUvHsgbroL4tjFpa3NhSCphSHRB-_1BfQztygzDGINY9aF7P3b4if7-R_sqy-_YYwFU5yCjRA-167geNSFHkRuXAfsA9_OSg_dzcG6uRk_C3T3mrgltQoD-obRDEVbzyb2E2OcoPuwBILGgSW5rP-F3/s320/Hist%C3%B3ria%20do%20BB%20ainda.jpg" width="240" /></a></div> <p></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b><i>A história do Banco do Brasil - Afonso Arinos</i></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>03 de outubro de 2023.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"Em 1905, o Presidente Rodrigues Alves, sob pretexto de reformar o inviável Banco da República, fundou o que deve ser considerado como o Banco do Brasil atual. Os estatutos do Banco da República foram alterados por iniciativa do governo e com aprovação dos acionistas. O novo Instituto, que retomou o nome tradicional de Banco do Brasil, devia 'exercer as funções de um banco central, dispondo de capital abundante para redescontos de papel dos outros bancos, para adiantar aos outros bancos e ampará-los nos momentos de crise'. O governo enviou mensagem ao Congresso regulando a matéria e a lei foi aprovada ainda em 1905, com os primeiros estatutos do atual Banco do Brasil." (p. 36)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>No momento em que retomo a leitura desta cartilha sobre "A história do Banco do Brasil", nosso BB está sob um risco menor de existência como banco público porque Lula (PT) venceu as eleições presidenciais contra Jair Bolsonaro em outubro de 2022 e Guedes não pode mais "vender essa merda" como ele chamou nossa estatal quando era o ministro daquele governo fascista e lesa-pátria da família de milicianos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O BB, os demais bancos públicos e estatais brasileiras seguem enfrentando cenários adversos por causa do contexto mundial de crise econômica e política em relação aos sistemas financeiros do mundo. As instituições multilaterais do período pós 2a Guerra Mundial já não funcionam mais como ocorreu nas últimas décadas (funcionavam de forma imperialista, mas evitavam conflitos generalizados e ininterruptos). Hoje, nem a ONU apita mais nada no chamado "concerto das nações".</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O mundo do trabalho está o caos, se desfazendo, principalmente quando pensamos em direitos trabalhistas e sociais. Nós da categoria bancária estamos sob sério risco de desaparecimento. Infelizmente! Eu não acho isso algo irreversível, não acho. Se um governo trabalhista e progressista tiver vontade, correlação de forças e estratégias corretas, acredito que seja possível salvar os empregos com direitos sociais como os da categoria bancária. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O 3º E DEFINITIVO BB</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, retomando a leitura da história do BB, vemos o quanto o banco público foi fundamental para o país nas primeiras décadas do século 20. O BB ajudou a República no financiamento de estradas de ferro e demais setores estratégicos da economia nacional, criou a carteira agrícola, fez papel de banco dos bancos etc.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>No capítulo 8, temos a informação sobre a criação definitiva do Banco do Brasil, empresa pública que vigora até hoje, que conseguiu sobreviver pela luta de seus trabalhadores e da sociedade civil a governos privatistas como os de Collor, FHC e Bolsonaro/Guedes.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Em 1892, sob o governo de Floriano Peixoto, o Banco do Brasil, que havia sido refundado, se uniu a outro banco do governo para formar o Banco da República do Brasil:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"Decidido a concentrar a atividade bancária para conter a inflação, o Presidente Floriano Peixoto assinou, em 11 de dezembro de 1892, um decreto que autorizava a fusão do Banco do Brasil com o da República dos Estados Unidos do Brasil, sob a denominação de Banco da República do Brasil..." (p. 36)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O Banco do Brasil definitivo seria o que o governo criou em 1905, citado na abertura do texto.</b></span></p><p><b style="font-family: verdana;">---</b></p><p><b style="font-family: verdana;">O capítulo 9 da cartilha ou livro de Afonso Arinos nos relata o período da 1a Guerra Mundial e os anos 20, terminando com a crise de 1929 e a "Revolução de Outubro de 1930", com Vargas assumindo o poder.</b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>CREAI, criada por Getúlio Vargas: "A história da agricultura brasileira pode ser contada em duas fases: antes e depois do surgimento da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil. " (p. 41)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O BB passaria a ser reconhecido nas décadas seguintes como o banco do financiamento da agricultura brasileira. Em bons momentos, ou seja, em governos bons, o BB teve papel importante na agricultura familiar, o setor que realmente alimenta o povo brasileiro.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O capítulo 10 nos traz um resumo dos anos 30, nos lembrando sempre do papel do BB nos grandes momentos do país e do mundo. A criação da Carteira de Crédito Agrícola do BB (CREAI) é um bom exemplo. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O apoio ao crédito rural contribuiu a partir dos anos 30 para a expansão da rede de agências do BB país afora.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"A atuação do Banco, através da CREAI, foi decisiva para que zonas improdutivas e despovoadas do vasto território nacional se transformassem aos poucos em verdadeiros celeiros, como aconteceu com o oeste paranaense, Mato Grosso e, mais recentemente, Rondônia, Bahia, a Amazônia e algumas regiões do Nordeste. " (p. 41)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>--------------------</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Comentário: neste trecho acima podemos ver na prática a crítica que a jornalista e escritora Eliane Brum nos explica em seu livro "<i>Banzeiro òkòtó</i> (2021)" sobre conceitos equivocados de "progresso" e "desenvolvimento" ligados à destruição da Amazônia e demais biomas nacionais. Reparem que esta obra comemorativa é do final dos anos oitenta e o conceito de destruir os biomas para colocar pasto e plantações ainda vigorava...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>--------------------</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O capítulo 10 termina falando da participação do Brasil na 2a Guerra Mundial, através da FEB. Colegas do BB foram para a Itália, junto à Força Expedicionária Brasileira. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"(...) Com o segundo escalão da FEB partiram funcionários do Banco para a Itália, a 22 de setembro de 1944. Outros funcionários seguiram com o quarto escalão, a 23 de novembro. Iam organizar, com a eficiência de sempre, os serviços bancários e financeiros junto às tropas combatentes e ajudar, assim, aos lutadores pela liberdade mundial." (p. 44)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>BANCÁRIOS BRASILEIROS: UMA CATEGORIA DE LUTAS</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao longo de minha vida de representação da classe trabalhadora, a partir de minha condição de trabalhador do ramo financeiro, sempre expliquei em palestras e debates o quanto a categoria bancária foi vanguarda na organização de trabalhadores e da sociedade civil na luta por direitos sociais, civis e políticos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Grandes foram as lutas e conquistas para a coletividade com bancários à frente de mobilizações da sociedade civil. Os anos oitenta foram bem característicos dessas lutas como, por exemplo, nas mobilizações pelas "Diretas Já" e pela volta da democracia no país. Já escrevi que os bancários se posicionaram nas primeiras eleições para a presidência depois de décadas de ditadura (ler <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2022/08/historia-dos-bancarios-um-olhar-ii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>).</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Os tempos seguem sendo desafiadores neste início do 3º governo Lula. Avalio que o mundo corre o risco de grandes conflitos políticos e guerras e o Brasil não é uma ilha isolada na disputa de hegemonia que vivemos neste momento.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A fala do presidente Lula na abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas foi de nos deixar orgulhosos por voltarmos ao cenário global, foi uma fala ativa e altiva e Lula falou de paz, falou de distribuição de renda, falou sobre a emergência climática, cobrou instituições multilaterais com capacidade operativa etc. Foi uma fala histórica de nosso governo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Os bancários brasileiros seguem com mais desafios que nunca porque a própria existência está ameaçada com as novas tecnologias e com a precarização massiva do mundo do trabalho.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>As memórias e as histórias dos bancários continuam...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Bibliografia:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>História do Banco do Brasil</i> - Texto do Prof. Afonso Arinos de Melo Franco. Colaboração do Prof. Herculano Gomes Mathias. Edição de junho de 1988, produzida pela diretoria do Banco do Brasil.</b></span></p><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><p><span style="font-family: verdana;"><b>Para ler o texto anterior, clique <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/10/historia-dos-bancarios-um-olhar-vii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>. O texto seguinte dessa série pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/10/historia-dos-bancarios-um-olhar-ix.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-22545673485241122602023-10-02T14:49:00.005-03:002023-10-03T11:16:13.990-03:00História dos bancários: um olhar (VII)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh308ZwhIR0ZIAtGmPRzmqX3FMNj240YIHYdZAYLQ7hpzdGGBLx0ToHJ4v-ncM0Pvq1mubMI8OQaY6gTbS-5DTISSLRYTMlFVcYLFqXlAFJiOGUkva9AUQKZ6F3Tphucnl0mv3fQvYonmaOl_nzbhLnKez-x9N4xrGbq4vh89nxBG2VX1roVS9t/s2944/02out23.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2944" data-original-width="2208" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh308ZwhIR0ZIAtGmPRzmqX3FMNj240YIHYdZAYLQ7hpzdGGBLx0ToHJ4v-ncM0Pvq1mubMI8OQaY6gTbS-5DTISSLRYTMlFVcYLFqXlAFJiOGUkva9AUQKZ6F3Tphucnl0mv3fQvYonmaOl_nzbhLnKez-x9N4xrGbq4vh89nxBG2VX1roVS9t/s320/02out23.jpg" width="240" /></a></div><p><br /></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b>Somos parte da história porque somos seres humanos</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Posso não ser escritor substantivo, mas posso ser verbo: leio, penso e escrevo sobre algumas coisas</i></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Vou voltar a escrever esta categoria de textos aqui no blog, textos de memórias e lembranças das lutas da categoria bancária brasileira, categoria na qual passei três décadas de minha vida como trabalhador e dirigente sindical entre o final dos anos oitenta, nos governos de Sarney e Collor, e o início do governo de destruição de Jair Bolsonaro, em 2019, quando saí do BB em abril daquele ano.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A história dos bancários é muito rica, tem muita luta e é uma referência para as demais categorias e ramos da classe trabalhadora brasileira. O primeiro banco instalado no Brasil foi justamente o banco público ao qual dediquei a minha vida, o Banco do Brasil. Sua história se iniciou em 1808, com a vinda da Corte portuguesa para o Brasil.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Entrei na categoria bancária em abril de 1988, trabalhando no antigo Unibanco, depois saí do banco em maio de 1990. Pouco depois, já seria estagiário no Banco do Brasil em 1992 e funcionário de carreira ao passar no concurso e tomar posse do cargo em setembro de 1992. Saí do BB em abril de 2019. Foram três décadas trabalhando como bancário. Fui representante dos colegas eleito em diversas funções entre o ano 1999 e 2018, quase 20 anos de representação. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ou seja, nessa rica história de lutas e conquistas da categoria bancária, deixei o melhor de mim também, deixei minhas contribuições para a coletividade do mundo do trabalho.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Pelos papéis que desempenhei como dirigente eleito, tive a oportunidade de influir em algumas questões importantes na vida de milhares de pessoas. Um privilégio poder representar e participar de construções coletivas que beneficiaram a classe trabalhadora.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Posso citar alguns exemplos de momentos importantes aos quais participei com opinião firme pela função que exercia: </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>1. A distribuição de participação nos lucros e resultados dos colegas do Banco do Brasil, a PLR, teve ao longo do tempo decisões que repartiram mais recursos para os trabalhadores da base da pirâmide salarial da empresa. Tive participação direta nisso. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>2. Incluir o patrão no rateio de despesas de saúde em nossa Caixa de Assistência, a Cassi, porque queriam livrar o BB do ônus quando cheguei eleito na direção da autogestão. Minha participação na construção de uma luta nacional por mesa de negociação a partir de 2014 foi fundamental, não é exagero dizer isso.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>3. Contribuir para que o nosso Sindicato não cometesse o equívoco de começar uma campanha salarial nacional sem assembleia de base no ano de 2005. O contexto trazia algumas motivações para o receio de meus companheiros e companheiras para que isso ocorresse, mas minha discordância interna fez com que pensássemos mais a respeito e no final correu tudo bem, fizemos assembleia e tivemos uma campanha salarial vitoriosa.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, vou retomar a leitura, as reflexões e a partir desses estudos e consultas a mídias que tenho, vou escrever semanalmente sobre a história dos bancários com o meu olhar, o meu ponto de vista.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Se uma pessoa ler, já terei cumprido o meu papel de alguém que escreve para as pessoas. Felizmente, tenho tido centenas de acessos aos textos que produzo de contribuições às reflexões das pessoas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Abraços,</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: o texto anterior sobre essa categoria de texto pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2022/09/historia-dos-bancarios-um-olhar-vi.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>. O texto seguinte pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/10/historia-dos-bancarios-um-olhar-viii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-39440779739692326402023-08-28T15:05:00.014-03:002024-01-12T21:00:24.946-03:00Memórias (XXXIX)<p><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieyDDdmZ8ZqEsWyvlXNUv657UJa2oYPi0KnFU0HcNcda5fhKYMfKgDuEtK0dmE5t6srSCjaoK2H6tBRCHdMlPzrViu5DLPiS4iNfNOTGrrXC6u9t-uXtymcGuwF3vrHcfHzqF0ETi7kFcU5QbnzI7WQYqDwmRxoPGlP_q9SeZc7eKESQHKvq08/s2944/26ago23.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2944" data-original-width="2208" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieyDDdmZ8ZqEsWyvlXNUv657UJa2oYPi0KnFU0HcNcda5fhKYMfKgDuEtK0dmE5t6srSCjaoK2H6tBRCHdMlPzrViu5DLPiS4iNfNOTGrrXC6u9t-uXtymcGuwF3vrHcfHzqF0ETi7kFcU5QbnzI7WQYqDwmRxoPGlP_q9SeZc7eKESQHKvq08/s320/26ago23.jpg" width="240" /></a></b></div><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b><p></p><p><b><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><i>28 de agosto</i></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Osasco, 28 de agosto de 2023.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Após muita reflexão, e muito sofrimento, decidi reconhecer que não me queriam mais na maior corrente política da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Articulação Sindical. Fui militante político por décadas e deixei minhas contribuições na história da categoria bancária, da Central e dessa corrente política. Entendi que um militante de esquerda precisa ter um mínimo de amor-próprio até para seguir nas lutas. Luto...</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">---</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">DIA DOS BANCÁRIOS E ANIVERSÁRIO DA CUT</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">O dia 28 de agosto é uma data histórica para nós por diversos motivos, dois deles muito ligados a nós que dedicamos a nossa vida à construção dos direitos da classe trabalhadora e de um país mais justo e solidário. A data é referência para os bancários por marcar uma de nossas maiores greves da história e a data é efeméride da criação da Central Única dos Trabalhadores, que hoje completa 40 anos de lutas e conquistas.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">A CUT foi finalmente fundada em 1983, após longas discussões entre as forças políticas que se organizavam no final dos anos setenta e início dos anos oitenta. Surgiam no período novas forças sindicais que seriam denominadas de Novo Sindicalismo durante e após as Conferências da Classe Trabalhadora, as Conclat. Tínhamos nos metalúrgicos a figura de Lula e tínhamos grandes lideranças de outras categorias profissionais. Como é um texto de <i>memórias</i> não vou ficar citando nomes porque faltariam nomes importantes.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Entre 1985 e 1987 surge a maior tendência política dentro da CUT, a Articulação Sindical. O contexto no qual as forças políticas construíam a Central permitiu e estimulou a convivência fraterna de diversos grupos dentro da CUT. O respeito às diversas formas de pensamento também vinha sendo exercitado dentro do Partido dos Trabalhadores (PT), criado em 1980. As "tendências" eram uma solução para congregar ideias e visões diferentes antes de se decidir no consenso ou no voto as posições finais do Partido ou da Central.</span></b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>MILITÂNCIA BANCÁRIA</b></span></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Entrei na categoria bancária 5 anos após a criação da CUT, comecei a trabalhar no Unibanco em 1988, no Centro Administrativo da Raposo Tavares (CAU). Lá, conheci as lideranças do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e além de me sindicalizar e fortalecer o nosso sindicato e as lutas, fui convencido pelo pessoal a organizar internamente os colegas para uma greve que ocorreria no período. Deu certo, cheguei de madrugada naqueles dias e paramos a agência bancária dentro do CAU. Pelo que me lembro, a greve no CAU do Unibanco foi boa naquele ano. Depois de um tempo, fui transferido de departamento, sofri um pouco de assédio e acabei sendo demitido em maio de 1990. </span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Cito o funcionário do Sindicato e companheiro Marcos Martins como dirigente político que me inspirou para sempre a ser um representante de classe que independente do mandato eletivo que estivesse exercendo jamais deixaria de estar nas bases sociais, ao lado dos trabalhadores e daqueles que representa. Marcos Martins exerceu todos os seus mandatos sempre presente nas bases. Modéstia à parte, fiz isso, exerci 16 anos de mandatos sempre atento a ouvir as bases, fossem mandatos locais ou nacionais. Fiz o esforço ético de estar sempre nas bases que representava.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Voltei à categoria bancária pouco tempo depois da demissão do Unibanco em 1990. Em 1991 prestei o concurso público do Banco do Brasil, comecei a fazer faculdade de Ciências Contábeis, virei estagiário do BB na agência Ceagesp já no início do ano de 1992 e apesar do concurso ter sido cancelado por fraude, e eu havia passado, fiz de novo e passei de novo. Tomei posse de meu cargo de escriturário na agência Rua Clélia em setembro de 1992. Já no início de 1993, me sindicalizei de novo ao Sindicato e até hoje pago em dia minhas mensalidades ao nosso Sindicato que completou 100 anos de existência.</span></b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>ARTICULAÇÃO SINDICAL</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Minha primeira década de bancário do Banco do Brasil foi a década de grandes ataques aos direitos sociais no banco e risco de privatização do maior banco público do país. As correntes políticas na categoria bancária faziam o que era possível para organizar os trabalhadores e a sociedade para resistir aos ataques de Fernando Collor e FHC. Fui aprendendo política no local de trabalho. Nenhuma escola ensina política como a luta organizada no mundo do trabalho. Afirmo isso como quem fez duas graduações e quase concluiu uma terceira. E também fiz muito movimento estudantil como, por exemplo, a famosa greve de mais de 100 dias da FFLCH/USP em 2002.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O Sindicato organizava os locais de trabalho (OLT) criando uma rede de militância por regiões e por concentrações de bancos. Nós que enfrentávamos os gestores e os assediadores éramos disputados pelas forças políticas, toda hora tinha alguém nos convidando para reuniões organizativas. Fui a diversas reuniões políticas que depois entendi que eram de partidos e grupos sindicais diversos: PT, PSTU, PCdoB, PCO, Convergência Socialista, FES, Articulação Sindical, CSD etc. A CUT era composta por uma enormidade de tendências internas, se não me engano eram umas 17 forças políticas dentro da CUT nos anos oitenta.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, como eu não me sentia à vontade em reuniões nas quais a militância mais falava mal da direção do Sindicato e do Sindicato do que dos patrões e governo, acabei ficando nas reuniões dos representantes do Sindicato e quando entendi, eu era um militante da Articulação Sindical da CUT no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. Foi assim a minha primeira década de funcionário do BB. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Minha referência de trabalho sindical e representação de base, de pessoa que ouvia e debatia com a militância, foi a companheira Deise Lessa, do BB. Como eu era um militante de opinião "forte", a Deise sofreu comigo (risos). Me lembro dos debates sobre as reformas dos estatutos da Cassi (1996) e da Previ (1997/98). Foram necessárias diversas reuniões políticas com a Deise e outros companheiros para que eu compreendesse bem as questões e passasse a defender as propostas da corrente política do Sindicato.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Em 2000 eu quase entrei na direção do Sindicato, mas não deu certo. Em abril de 2002, acabei compondo a chapa cutista vencedora das eleições do Sindicato e virei dirigente sindical. Fui liberado do local de trabalho para me dedicar exclusivamente ao mandato sindical em 5 de agosto de 2002. Após quase 10 anos de atendimento ao público no caixa do BB virei dirigente sindical e, infelizmente, por uma estratégia da direção do banco, desde o 1º dia tive uma redução salarial de cerca de 1/3 porque passei a receber salário de escriturário e não de caixa executivo...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Durante 16 anos de mandatos eletivos, nunca deixaria de visitar com regularidade o meu local de trabalho para ouvir os colegas - a agência Vila Iara em Osasco - e fazer os debates políticos em questão. Vi colegas chegarem e partirem para outras dependências, vi diversos gestores passarem pela agência e nunca deixei de visitar o que considerava o meu local de trabalho. Até hoje, tenho contato com amigos da dependência, alguns na ativa, outros aposentados.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>DIRIGENTE POLÍTICO DA CATEGORIA BANCÁRIA</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A categoria bancária e a classe trabalhadora brasileira viveram grandes momentos em sua história de lutas e conquistas nos anos dois mil. Fico feliz por ter feito parte dessas lutas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como dirigente sindical bancário a partir do ano de 2002 eu fui me desenvolvendo e me politizando a partir das lutas que idealizamos e realizamos durante os mandatos presidenciais de governos progressistas e mais favoráveis à classe trabalhadora e aos movimentos populares.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A campanha para a eleição de Lula em 2002 já foi uma tremenda escola política. Depois vieram as campanhas salariais da categoria e pertencer a um dos maiores sindicatos do país me fez entender que eu não poderia perder tempo em relação à formação e passei a estudar a nossa história e entender quem eu era desde o início do mandato.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Muita coisa já escrevi nessas <i>memórias</i> que postei aqui no blog, não sei se essa será a última postagem, afinal de contas já são 39 capítulos de lembranças e histórias dessa trajetória de militância política na categoria bancária sendo um dirigente da Articulação Sindical da CUT.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Em linhas gerais, e olhando rapidamente para trás, sei que tive uma participação importante em várias conquistas desse período porque ser dirigente de um sindicato grande faz diferença nessas questões. Algumas estratégias políticas de campanha salarial foram gestadas em nosso sindicato e outros dos maiores do país. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>CAMPANHA UNIFICADA E AUMENTO REAL</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Posso citar como exemplos de estratégias exitosas a campanha unificada entre bancos públicos e privados na categoria bancária e a estratégia de reivindicar aumentos reais de salários e não focar só na reivindicação de "perdas". Fui um agente importante desses debates entre a companheirada dos bancos públicos do país. Nossa corrente Articulação Sindical praticamente defendeu sozinha essas estratégias no início e com muita argumentação fomos convencendo os demais setores do movimento.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Estratégias de organização do movimento também foram foco de grandes debates durante todos os anos de governos do Partido dos Trabalhadores e sem dúvida deixei a minha contribuição ao debate, sempre falando como uma liderança da Articulação Sindical. Essas decisões se dão nos congressos e sempre fiz defesas das teses da corrente em debates acalorados e muito ricos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Guardarei sempre na memória a minha participação em dezenas de assembleias lotadas na Quadra dos Bancários e outros espaços durante as campanhas de renovação de direitos nas datas-bases da categoria. Fui um dos inscritos em falas finais de assembleias do BB para aceitar ou rejeitar propostas de acordo coletivo entre 2003 e 2013 na base de São Paulo, Osasco e região.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Além de ter sido membro da Executiva do Sindicato, fui representante de São Paulo na Comissão de Empresa já nos primeiros anos de mandato. Depois acabei sendo coordenador nacional da CEBB (ou COE BB). A tabela da Carreira de Mérito (2010) tem participação minha na idealização alternativa a lutar por "perdas" no PCS antigo do BB (anterior a 1996). Como havíamos perdido os interstícios de 12 e 16%, pensei formas alternativas de premiar antiguidade no banco. Deu certo à época.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>MANDATOS NA CONTRAF-CUT</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Fui secretário de imprensa e depois de formação de nossa Confederação desde o seu primeiro congresso em 2006. Essas oportunidades me permitiram crescer muito como pessoa e como dirigente porque mergulhei nos estudos de comunicação e imprensa e depois na formação política e histórica da classe trabalhadora. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Fomos responsáveis juntamente com a direção e os funcionários por dar visibilidade à nova marca "Contraf-CUT" em substituição à antiga "CNB-CUT". E com parcerias com o Dieese, federações e sindicatos fizemos memoráveis cursos de formação entre 2009 e 2015. Foram centenas de participantes de todas as regiões do país.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>MANDATO NA CAIXA DE ASSISTÊNCIA DO BB (CASSI)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Minha última contribuição em mandatos eletivos foi na diretoria de saúde da Cassi. Tínhamos alguns objetivos ao iniciar o mandato e durante a gestão fomos estudando e compreendendo melhor o que significava a Caixa de Assistência para os associados e participantes e para o segmento de autogestão em saúde dos trabalhadores.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Além das questões afetas à área que fui responsável, a do modelo de saúde, a Cassi tinha uma questão geral a resolver com o banco patrocinador e os associados: o custeio do Plano de Associados.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>As áreas da Cassi sob minha responsabilidade direta foram prioridade absoluta: o modelo de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e a estrutura própria de saúde - Unidades e CliniCassi - foram fortalecidos, bem como a ampliação da participação social e compreensão do que era a Cassi.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A HISTÓRIA DA LUTA DE CLASSES É COLETIVA</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Foram mais de três décadas trabalhando como bancário, servindo às brasileiras e brasileiros que precisam de serviços bancários e do sistema financeiro, e representando os colegas em espaços de construção coletiva de direitos. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A história da luta de classes é e provavelmente sempre será coletiva, construída a diversas mãos. Que bom que seja assim. Sozinhos não somos nada.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Após uma vida dedicada às lutas da categoria bancária, acabei tendo um final de vida laboral de forma isolada e sem despedidas em 2019. Já vivíamos anos difíceis no Brasil, com um golpe de Estado em andamento, tempos de Temer e Bolsonaro.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Diferente daqueles finais felizes, com festas de despedidas e plaquinhas de agradecimento, meu último ano de trabalho no BB foi tenso, já que eu havia sido dirigente dos trabalhadores e estava sem mandato algum. Felizmente eu tinha muitos dias de abonos e licenças acumulados e me afastei até me desligar e exercer meu direito de ser beneficiário de nossa previdência complementar.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como militante da classe trabalhadora, mesmo retirado do dia a dia da vida bancária, seguirei estudando e compartilhando experiências, memórias e conhecimento através de meus textos e da participação eventual nos movimentos sociais.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Parabéns às bancárias e bancários e vida longa à Central Única dos Trabalhadores! </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: fiz dezenas de artigos ou capítulos de <i>memórias</i> aqui no blog, estão todos disponíveis, o anterior a este pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/06/memorias-xxxviii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-74280112100096674322023-08-22T16:22:00.009-03:002023-08-23T11:07:03.673-03:00Cassi (III)<p><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn_u4EzMfMeeIi3tKLJMN3_t3cUtLRiuSCe5l7oMI0HmWSAHP74KakCJXZIEOtkPJLJSxBaOudJlagLnddgwzyS4RVNFwS5_sA7R5srGtWYJ38IS0Jh9jcNFffOP_nYlCe0oNdK1NA3Vj-vyKzIzadfqTtHVQvJrOvgrGiO2YEqSW_Hj1V_SBU/s2944/22ago23.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2944" data-original-width="2208" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn_u4EzMfMeeIi3tKLJMN3_t3cUtLRiuSCe5l7oMI0HmWSAHP74KakCJXZIEOtkPJLJSxBaOudJlagLnddgwzyS4RVNFwS5_sA7R5srGtWYJ38IS0Jh9jcNFffOP_nYlCe0oNdK1NA3Vj-vyKzIzadfqTtHVQvJrOvgrGiO2YEqSW_Hj1V_SBU/s320/22ago23.jpg" width="240" /></a></b></div><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b><p></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Opinião</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><i>Reflexões de um associado da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil</i></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Os planos de saúde Cassi Família sofreram reajuste neste mês de agosto de 14,25%. Para mim que decidi investir na saúde de minha família assim que tive recursos financeiros para isso percebo que o montante investido apostando numa perspectiva de maiores chances de conseguir um atendimento médico está cada dia mais pesado no orçamento familiar. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Falei "perspectiva" de atendimento porque investir altos valores num plano de saúde não é certeza de conseguir um atendimento médico e a solução em saúde na hora em que o participante do sistema Cassi mais precise, participante ou "cliente", já que a direção da Cassi insiste em chamá-la de "empresa" (de mercado, por suposto).</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Minha mãe de 76 anos já teve que se virar com seus chás por não conseguir resolver seus problemas imediatos de saúde porque ela, que nem sabe mexer direito em celular, teve que tentar um atendimento por "telemedicina" e acabou não dando certo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>É sempre importante fazermos algumas reflexões sobre as coisas na sociedade humana, enquanto ainda existem seres humanos com capacidade de parar e pensar a respeito das informações ininterruptas que recebemos sobre tudo e todos a cada instante da vida plugada nas diversas formas de mídias que nos capturaram para todo o sempre. Sem reflexão, a inundação de informações (verdadeiras e falsas) não é nada.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A CASSI NA QUAL APOSTEI A SAÚDE DA FAMÍLIA</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Em 2014, incluí no sistema de saúde Cassi meus pais e sobrinhos. Já participava do sistema minha esposa e filho.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como gestor do modelo de saúde da Cassi entre junho de 2014 e maio de 2018, e como antigo negociador da confederação dos bancários com a direção do Banco do Brasil até maio de 2014, fui de certa forma desafiado a provar que a Cassi valia a pena, ou seja, provar que o modelo de saúde era viável e sustentável. Um dos antigos diretores do banco vivia cobrando isso nas negociações com o movimento sindical.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eleito e atuando como diretor de saúde, tive como uma das prioridades do mandato desenvolver formas e estudos que comprovassem que o modelo de Estratégia de Saúde da Família (ESF) valia todo investimento que se fizesse para fortalecê-lo e ampliá-lo. A ESF foi o modelo de Atenção Primária em Saúde (APS) definido pela Cassi após anos de experimentos de modelos de APS. A ESF se mostrou a mais adequada às características da Caixa de Assistência.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Cada profissional que trabalhou em nossas equipes sabe que eu estudei junto com eles maneiras de resolver lacunas de informações que impediam de termos os números para comprovar o quanto a ESF era eficaz não só em relação a resultados em saúde como também em economia de recursos do sistema em relação à parte da população assistida que já estava vinculada ao modelo de saúde ESF e CliniCassi (são indissociáveis a CliniCassi e as equipes de família).</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Com muita firmeza de propósito e por acreditar tanto na resolutividade do modelo de Estratégia de Saúde da Família quanto na capacidade dos profissionais da Cassi conseguimos desenvolver modelos e estudos que comprovaram que os grupos de participantes Cassi vinculados ao modelo ESF quando comparados aos grupos de participantes ainda não-vinculados à ESF tinham resultados extraordinários em relação às despesas assistenciais, e isso nas mais diversas faixas etárias e por graus de complexidade. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Demonstramos a eficiência do modelo ESF por quase 3 anos de mandato. Nem a empresa contratada pelo patrocinador BB durante as negociações de custeio conseguiu questionar a eficiência da ESF. Naquele momento, a ESF se tornou inquestionável entre todos os segmentos envolvidos no sistema Cassi.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>NOVOS GESTORES DEIXARAM DE FOCAR NA AMPLIAÇÃO DA ESF</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>E então vieram recursos novos ao sistema Cassi, ao Plano de Associados. Nós passamos a pagar mais! </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Novas gestões eleitas pelos associados e indicadas por Temer e Bolsonaro passaram a administrar a Cassi após 2018. A aposta no mercado passou a ser a promessa de sustentabilidade do sistema Cassi.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>E de forma surpreendente o modelo ESF foi sumindo de cena, não se falou mais em Estratégia de Saúde da Família. Inventaram uma nova marca, uma palavra velha usada de forma nova: "APS"... "telemedicina"...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Tudo que era para ser ampliado - porque havia sido testado e aprovado - passou a ser terceirizado, contratado fora no "mercado". Entrou recurso novo, terceirizaram quase tudo, e os déficits voltaram...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Alterações dramáticas nas unidades Cassi nos Estados. Fecharam as CliniCassi no DF. E pensar que nós ampliamos em 50% a ESF no DF durante nosso mandato... E agora a lógica é "faz uma telemedicina aí..."</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Francamente! Eu fico pensando em Saramago e o <i>Ensaio sobre a cegueira</i>...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A Cassi tem dezenas de milhares de participantes com mais de 59 anos de idade. Cada equipe de família em cada cidade onde havia uma CliniCassi cuidava de algumas centenas de crônicos agravados, a maioria idosos, e nossos estudos demonstraram que as despesas assistenciais desses grupos vinculados tinham comportamento melhor que grupos jovens não vinculados.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eu me pergunto como devem estar as coisas hoje na Cassi. Quando penso nessa enormidade de população idosa e ou crônica que poderia ser monitorada de forma eficiente pelas equipes ESF para só demandar os hospitais empresas sedentos de lucro e com diversas intervenções médicas a oferecer se a Cassi entendesse que era necessário...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-K74SDF_voVdcKwUlMAXuaYcHW76HHmli5G277XaEJc2S6hmf6I4lAmibWX-FO1fhn-iOrr-yrH_t3KPJDoKYxbOX-FYqzg6tdi4Rg5IzdpdKhIJCPgMeWvKbPHydtirA3Zw-XS8kwJ0_cG2SQ_hQfGcld05-6jp0B2CMH4-PiGs5YLeOBRCP/s1600/CliniCassi%20Uberl%C3%A2ndia.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-K74SDF_voVdcKwUlMAXuaYcHW76HHmli5G277XaEJc2S6hmf6I4lAmibWX-FO1fhn-iOrr-yrH_t3KPJDoKYxbOX-FYqzg6tdi4Rg5IzdpdKhIJCPgMeWvKbPHydtirA3Zw-XS8kwJ0_cG2SQ_hQfGcld05-6jp0B2CMH4-PiGs5YLeOBRCP/s320/CliniCassi%20Uberl%C3%A2ndia.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: verdana; font-size: x-small;">CliniCassi Uberlândia, MG, antes de 2018.</span></b></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Durante o mandato como diretor de saúde da Cassi, conheci pessoalmente 43 CliniCassi das 66 que existiam no sistema. Muitas delas visitei com recursos próprios, porque fazia meu trabalho com paixão, com gosto no que fazia para toda a comunidade BB.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>As CliniCassi, todas elas, eram viáveis por vários fatores, dentre eles, porque tinham custo fixo baixíssimo e porque a capacidade de evitar grandes despesas assistenciais na rede capitalista credenciada era enorme, enorme. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>As equipes ESF com menos participantes com graus de complexidade alta tinham umas 200 pessoas. Algumas tinham 600 pessoas com graus de complexidade que mereciam acompanhamento. Tira-se o monitoramento de meia dúzia de participantes agravados e a despesa na rede será o custo de diversas CliniCassi... Um hospital privado gera fácil um custo de 200 mil, 300 mil em um participante de plano de saúde.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A Cassi na qual apostei a saúde de minha família era aquela do modelo ESF que descrevi acima. Francamente, com essa tal panaceia de telemedicina e o lema "se vira aí na telemedicina", eu imagino como estão se virando milhares de idosos e doentes crônicos Brasil afora que não têm alguém pra ajudá-los ou que não conseguem correr até o hospital credenciado de sua cidade... </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Chega por hoje. A opinião é livre quando não fere a lei. Escrevi um pouco do que penso a respeito de nossa autogestão em saúde.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>SIGO APOSTANDO NA SOLIDARIEDADE DE CLASSE E NA FORÇA DO COLETIVO</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Sou um cidadão da comunidade Banco do Brasil. Ao longo de décadas trabalhei no banco público e contribuí com as diversas associações e entidades criadas por nós da categoria bancária. Defensor das lutas coletivas, sou sindicalizado e filiado a entidades associativas da comunidade BB.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Sou associado a nossas Caixas de Previdência e Assistência - Previ e Cassi - e minha única fonte de sustento é o meu benefício de aposentadoria antecipada da Previ. Diferente de parte da comunidade, não sou "empresário" nem mantenho nenhuma atividade profissional. Todas as despesas familiares subiram mais que os reajustes nos últimos 4 anos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Sigo contribuindo com a Previdência Social (INSS), talvez até o fim da vida, pois o prazo sempre aumenta antes do gozo da aposentadoria. No meu caso, o valor do benefício se um dia me aposentar será pequeno, meu sustento e da família é meu benefício do fundo de pensão.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Além de contribuir mensalmente para a Previ e Cassi, sou filiado a AABB, Anabb, Apabb, Afabb SP e ao Sindicato dos Bancários de S. Paulo, Osasco e região. Acho importante ser associado e fortalecer nossas entidades organizativas e recreativas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Só com as associações e mensalidades que citei acima, mais o desconto do imposto de renda e os planos de saúde da família, todos da Cassi, retorna ao sistema e ao Estado 65% de meu benefício de previdência complementar. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Sigo torcendo pelo fortalecimento de nossas empresas públicas, pelos nossos sistemas públicos de previdência e saúde, e pelas nossas caixas de previdência e assistência. E quero ver fortalecidas as entidades organizativas dos trabalhadores.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Sempre que reflito sobre a vida e sobre o país no qual vivemos, tenho claro que segmentos organizados como o nosso da categoria bancária e de funcionários de empresas públicas são segmentos que devem ser solidários com os demais segmentos sociais, porque temos privilégios que a maioria não tem, mesmo tendo sido conquistados na luta.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>É isso! Toda força às lutas das classes trabalhadoras!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: o texto anterior sobre a Cassi pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/07/cassi-ii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum II</i>: ao rever um vídeo que fiz em 2021 sobre a terceirização na Cassi, então hegemonizada na gestão por ideias ultraliberais de Bolsonaro, Guedes e os eleitos da época, disse que aquela estratégia de gestão não resolveria a questão da sustentabilidade econômico-financeira da autogestão em saúde. O vídeo pode ser visto <a href="https://youtu.be/TRyBi5zUN-I" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-68477037700885999552023-07-28T01:59:00.014-03:002023-07-28T02:21:17.628-03:00Previ - Manifesto em defesa do estatuto<p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Comentário do blog: </b></span></p><span style="font-family: verdana;"><b>Vi nesta semana uma discussão a respeito de alterar ou não alterar o estatuto de nossa Caixa de Previdência, a Previ. Um grupo de associados disponibilizou um abaixo-assinado com um conjunto de propostas para serem base de alterações de nosso estatuto. </b></span><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>A discussão sobre fundos de pensão, legislação a respeito do tema e estatutos e normas tem sua base técnica, é verdade. Porém, a questão central sobre existência, funcionamento e poderes em fundos de pensão tem uma base evidentemente política e não técnica.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Ao ler o manifesto de ex-dirigentes eleitos e indicados de nossa Caixa de Previdência e de dirigentes sindicais, me senti contemplado com as argumentações contrárias às propostas contidas no abaixo-assinado. Disponibilizo abaixo o manifesto contrário às propostas.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Fui dirigente eleito dos trabalhadores do Banco do Brasil da ativa e aposentados por quase duas décadas. Dentre as várias funções que desempenhei enquanto dirigente eleito, fui coordenador da Comissão de Empresa da Contraf-CUT e diretor eleito de uma de nossas Caixas, a de Assistência (Cassi).</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>JUSTIÇA PARTICIPATIVA: O PODER POLÍTICO DEVE PERTENCER A TODAS AS PESSOAS EM IGUALDADE DE CONDIÇÕES</b></span></div><div><b style="font-family: verdana;"><br /></b></div><div><b style="font-family: verdana;">"<i>A justiça participativa se refere ao que só pode ser participado, ou seja, ao poder político, que pertence a todos os cidadãos igualmente. Uma política é injusta, neste caso, no sentido exatamente inverso ao da justiça distributiva, isto é, quando trata desigualmente os iguais, excluindo uma parte dos cidadãos do exercício do poder. A prática democrática pertence a essa justiça.</i>" (CHAUI, <i>Leituras da crise</i>. p. 19) </b></div><div><span style="font-family: verdana;"><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><span style="font-family: verdana;"></span></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Eu, pessoalmente, tenho leitura até mais radical (indo à raiz da participação democrática) no que diz respeito às argumentações do item 8 para me contrapor à proposta de dificultar mais ainda a candidatura de pessoas às funções de <u>direção política</u> da Previ.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Como argumentei no comentário sobre a interferência indevida - via provocação na justiça - de algumas pessoas na composição da direção da Previ semanas atrás (ler <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/05/previ-sob-ataque-nota-de-repudio-da.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>), reafirmo que não são democráticas essas travas burocráticas criadas contra a participação ampla no poder político da classe trabalhadora e dos grupos mais fragilizados da sociedade.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Vetar a direção política da Previ ou Cassi a um bancário do BB por indicação do patrocinador ou dos associados é um ato de injustiça participativa, é antidemocrático! Direção política é diferente de função técnica, que deve ser exercida de acordo com as qualificações e certificações necessárias.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>A direção política de qualquer empresa, instituição ou organização social não pode ficar reservada como privilégio de alguns grupos específicos em prejuízo de outros grupos, porque o poder político (justiça participativa) deve ser para todos, é o inverso da justiça distributiva, que deve tratar de forma desigual para se alcançar a igualdade.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>SOU CONTRÁRIO A PROCESSOS ELEITORAIS COM 2º TURNO</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>E para não me alongar, só reforço minha posição contrária a processos eleitorais com 2º turno, não só em entidades como as nossas Cassi e Previ, entidades associativas etc. </b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Sou absolutamente contrário a processos eleitorais com 2º turno, inclusive em eleições da administração pública. </b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Essa forma de processo eleitoral deturpa a vontade popular claramente, não só pelo motivo apresentado no item 5 do manifesto, mas porque os acordos e conchavos para o 2º escrutínio passam a ser eleitoreiros e não mais programáticos. </b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Amplia-se muito a chance de se corromper as propostas debatidas com os eleitores desde o início da campanha.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>É isso. Como disse em alguns textos recentes, essa é a minha opinião honesta e não é a opinião de um leigo no tema que comentei.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>William<br /><br />---</b></span><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmrbQRMSI4o7B6NxytKkh5CObB9X4ORr19Gyy6pHOOoix8enQvi7XNLGy8rCpphVAVFUclWKEVmHujmbG5yBXGeZ3Qe_6EwDS6Xe0KoZLYQWOO0Op4JFjqAcZctlcrzbRdRr5s4v61IFDmXWMtDKQTxsgp2ozTBRssqOu6cl61T5oRk3q4IOvS/s755/Contraf-CUT%20Manifesto%20defesa%20da%20Previ.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="455" data-original-width="755" height="193" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmrbQRMSI4o7B6NxytKkh5CObB9X4ORr19Gyy6pHOOoix8enQvi7XNLGy8rCpphVAVFUclWKEVmHujmbG5yBXGeZ3Qe_6EwDS6Xe0KoZLYQWOO0Op4JFjqAcZctlcrzbRdRr5s4v61IFDmXWMtDKQTxsgp2ozTBRssqOu6cl61T5oRk3q4IOvS/s320/Contraf-CUT%20Manifesto%20defesa%20da%20Previ.jpeg" width="320" /></a></div><b><br /><br /><i><span style="font-size: medium;">Estatuto da Previ é exemplo para todo sistema de previdência complementar</span></i><br /><br />25/07/23 - 17h41<br /><br /><i>Em manifesto pela proteção do fundo de pensão fechado, trabalhadores do BB alertam contra propostas de alteração do estatuto atual da Previ</i><br /><br /><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Funcionários do Banco do Brasil e associados da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) divulgaram manifesto em defesa do estatuto da entidade, como “exemplo para todo o sistema fechado de previdência complementar”.<br /><br />A nota, que tem entre seus autores o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Gustavo Tabatinga, a Coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, Fernanda Lopes, o ex-presidente da Previ, Sérgio Rosa e ex-diretores e conselheiros da entidade, como Francisco Ferreira Alexandre e Marcel Barros, pontua que o estatuto da Previ, além de ser o primeiro a ser criado na previdência complementar brasileira, é referência para todo o sistema fechado, sendo um dos poucos “a garantir aos associados o direito de eleger seus representantes na Diretoria Executiva”, e com “uma governança muito mais avançada do que o que é exigido na própria legislação”.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Leia a seguir o manifesto na íntegra:<br /><br />Vários autores (*)<br /><br />Nos últimos dias circula em vários espaços de discussões dos associados um texto com propostas de alterações no estatuto da Previ.<br /><br />Assim, para contribuir com o debate com os associados, apresentamos a seguinte manifestação para que cada um possa fazer suas próprias reflexões.<br /><br />O Estatuto da Previ é um exemplo para todo o sistema fechado de previdência complementar. Seus artigos garantem direitos para os associados e uma governança muito mais avançada do que o que é exigido na própria legislação, sendo uma blindagem que protege a Previ e seus associados.<br /><br />O Estatuto da Previ foi o primeiro, e ainda é um dos únicos, a garantir aos associados o direito de eleger seus representantes na Diretoria Executiva. Também é um dos poucos que avança na democracia ao garantir a participação dos associados do Plano 1 e do Previ Futuro também nos conselhos consultivos, a partir de três anos de filiação a um dos planos da Entidade, mesmo não havendo previsão na legislação desse tipo de instância na governança dos fundos de pensão.<br /><br />Além disso, o Estatuto tem dispositivos que estabelecem o plano de custeio de cada um dos planos, ponto fundamental para garantir o equilíbrio do Plano 1 e o crescimento do saldo de contas no Previ Futuro, ao prever contribuições do patrocinador em nível superior ao estabelecido na legislação.<br /><br />Como qualquer outro documento normativo, o Estatuto da Previ sempre pode ser aperfeiçoado. Contudo, a proposta anunciada por meio de um requerimento de abaixo-assinado virtual merece muitos reparos, pois atende única e exclusivamente a uma pauta política-eleitoreira de seus autores, e não ao aperfeiçoamento da governança da nossa Entidade.<br /><br />Ter objetivos eleitorais nas disputas na Previ é legítimo. Afinal, vivemos e defendemos com firmeza a nossa democracia, fruto da luta dos associados que nos antecederam. Agora, querer esconder esse objetivo, apresentando um debate supostamente técnico, que não se sustenta em uma análise mínima acerca de seu conteúdo e resultados que podem gerar para os associados, merece a desaprovação e crítica.<br /><br />Esse grupo que agora defende a alteração do Estatuto da Previ é o mesmo grupo que não conseguiu alcançar 15% dos votos do total dos associados nas duas últimas eleições, em 2020 e 2022. Sem representatividade para fazer valer ideias prejudiciais aos planos de aposentadoria dos funcionários, tenta a todo custo, mudar regras eleitorais que funcionam bem há décadas.<br /><br />Para evidenciar esse posicionamento veja as considerações sobre cada uma das propostas de alterações no Estatuto que circulam nas redes sociais.<br /><br />1 – Garantir participação de associados do plano 1 e Previ Futuro na governança. Isso já ocorre atualmente e de forma natural por meio da composição das chapas nas eleições, pois é lógico que os concorrentes buscam dialogar com todos os segmentos de associados para conseguir os votos necessários para serem eleitos. Portanto, não tem fundamento querer dividir os associados em cadeiras carimbadas nos órgãos sociais da Entidade.<br /><br />1.1 Quanto à proposta para que o patrocinador indique aposentados para os órgãos colegiados, somos favoráveis, mas essa é uma decisão que cabe, única e exclusivamente, ao patrocinador Banco do Brasil.<br /><br />2 – Sobre voto de qualidade. Defendemos, por meio das nossas representações, continuar a lutar para que a lei complementar 108/01 seja modificada para acabar com a excrescência do voto de minerva. Assim, rejeitamos por completo qualquer proposta que signifique a flexibilização do uso do voto de qualidade. Somos contra a existência desse voto de qualidade. É um desrespeito com os associados defender a flexibilização do voto de minerva e não a sua supressão. É vergonhoso assinar um documento com uma proposta como essa.<br /><br />3 – Eleição separada para o Conselho Fiscal. Até onde sabemos, esse modelo de gestão só piorou a governança das entidades que a implantaram, em vez de aperfeiçoá-la. Essa segregação, na prática, institui a atuação com olhar meramente político a governança da entidade, cada um querendo marcar apenas posição, em prejuízo dos legítimos interesses da entidade e de seus associados.<br /><br />3.1 As atribuições e responsabilidades de cada conselho estão definidas nas leis e normativos e cada ocupante desses cargos tem seu mandato acompanhado pelos órgãos fiscalizadores e respondem com o seu CPF. A atual estrutura de governança da Previ, por exemplo, tem cumprido bem o seu papel ao longo dos anos. A entidade tem os seus mecanismos de apuração e sanção, além da fiscalização, caso ocorra qualquer desvio de finalidade na atuação de seus conselheiros. Razão pela qual não vislumbramos vantagem em realizarmos mais essa alteração proposta.<br /><br />4 – Eliminar a coleta de 0,5% de assinaturas para registro de chapa. Essa proposta é risível, fruto de quem não goza de mínima representatividade junto aos associados. A manutenção dessa exigência inibe o registro de chapas sem qualquer apoio junto aos associados e que certamente só vão tumultuar o processo eleitoral.<br /><br />5 – Eleição em dois turnos. A realidade da Previ é completamente diferente da administração pública – município, estado ou país -, motivo da criação dessa prática. A Previ é uma entidade associativa, onde as pessoas estão reunidas em comunhão de propósito para alcançar um objetivo comum: pagar benefícios a todos, de forma eficiente, segura e sustentável. Em uma entidade como a Previ, fazer eleição em dois turnos significa criar a possibilidade de juntar derrotados, de pensamentos díspares, que obtiveram frações minoritárias, para uma segunda disputa. E, nesse caso, o resultado certo é o prejuízo para a entidade e seus associados, pois quando grupos minoritários realizam um mandato baseado em divergências não produtivas e marcação de posição, quem perde é a entidade e, por consequência, os associados. As experiências em várias entidades que adotaram dois turnos em eleições não têm sido boas, a exemplo da segregação de eleição para os órgãos sociais. Em última análise, com os eleitos pelos associados divididos, quem ganhará, sempre, será a representação do patrocinador.<br /><br />6 – Vedar indicação de diretor para conselhos de empresas participadas. Esse é outro erro da proposta. Os diretores acumulam conhecimento sobre as principais empresas participadas e constroem a agenda estratégica da Previ para essas empresas. A participação desses executivos nos conselhos dessas empresas é realizada com muito mais qualidade e autoridade na defesa dos interesses do patrimônio dos associados. Pensar diferente significa atuar contra os interesses dos associados dos dois planos da Previ, pois os “conselheiros independentes” nunca são independentes e pensam como as mentes e olhos dos interesses do mercado.<br /><br />7 – Extinção dos conselhos consultivos. Essa é uma proposta de quem não conhece a governança de um fundo de pensão, seus planos e a gestão dos benefícios e melhorias contínuas para os associados. Os conselhos consultivos são instâncias de representação dos associados dos dois planos, sem remuneração. Eles formatam e contribuem para os dirigentes e conselheiros apresentando propostas de melhorias na gestão dos respectivos planos. É um espaço, sobretudo, de debate e formação dos associados na cultura da Previ. Aliás, essa é a única instância que garante a indicação permanente de aposentados do Plano 1 pelo patrocinador.<br /><br />8 – Alteração de exigências para ser dirigente ou conselheiro. Os itens propostos já estão previstos na legislação, razão pela qual não há necessidade alguma de serem incorporados no Estatuto da Previ.<br /><br />Em tempos de disputa pré-eleitoral pelo poder na Previ é muito importante que os associados e as associadas estejam atentos aos movimentos de supostas lideranças que se dizem bem intencionadas, mas, na verdade, atuam na defesa dos seus próprios interesses.<br /><br />Propor alterar um instrumento basilar de defesa dos interesses e direitos dos associados, como é o Estatuto da Previ, é algo muito sério e não deveria ser motivo de um abaixo-assinado sem maiores explicações. E pior: sem sustentação técnica e legal e carente do que requer as melhores práticas e recomendações para a gestão dos fundos de pensão.<br /><br />- Ana Beatriz Garbelini, Diretora Executiva do SEEB São Paulo<br />- Déborah Negrão, ex-coordenadora do conselho consultivo do Previ Futuro<br />- Fernanda Duclos Carisio, Ex-presidente do Conselho Fiscal da Previ<br />- Fernanda Lopes, Coordenadora da Comissão de Empresa dos -Funcionários do BB<br />- Francisco Ferreira Alexandre, ex-Diretor de Administração eleito da Previ<br />- Gustavo Machado Tabatinga Júnior, Secretário-geral da Contraf-CUT<br />- José Ulisses de Oliveira, ex-coordenador do Conselho Consultivo do Plano 1<br />- Marcel Juviniano Barros, ex-Diretor de Seguridade eleito da Previ<br />- Paulo César Soares de França, ex-presidente do Conselho Fiscal da Previ<br />- Rafael Zanon, ex-Conselheiro Deliberativo eleito da Previ<br />- Sandra Trajano, diretora executiva do Seeb Pernambuco e da Fetrafi- NE<br />- Sérgio Rosa, ex-Diretor de Participações eleito e ex-Presidente da Previ</b></span><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Fonte:</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Sites da Contraf-CUT e dos Associados Previ</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div></div></div>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-84854643861234063752023-07-19T16:33:00.008-03:002023-08-22T22:36:10.580-03:00Cassi (II)<p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1lMCitAvsZZBfHl8vh2VdNiQ-14lqPvMQtv6upDwuG0dNjp52yiTzM7PEqHJvgfwANjx93JVrjqz6MsMQuAfqdNH0pINRfqC3WngEUHB321EOw7UAg6SCM4DR8wZt_BPHhW5fqxWcYmTFUY5rfrqimj3ffjQx97RI1QoX2naZTZMdZDeZnttK/s2304/20abr23.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1728" data-original-width="2304" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1lMCitAvsZZBfHl8vh2VdNiQ-14lqPvMQtv6upDwuG0dNjp52yiTzM7PEqHJvgfwANjx93JVrjqz6MsMQuAfqdNH0pINRfqC3WngEUHB321EOw7UAg6SCM4DR8wZt_BPHhW5fqxWcYmTFUY5rfrqimj3ffjQx97RI1QoX2naZTZMdZDeZnttK/s320/20abr23.jpg" width="320" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>OPINIÃO:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b><i>A GENTE SABE O QUE QUER?</i></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eu me lembro perfeitamente das questões que pautavam nossas discussões relativas à saúde dos trabalhadores quando era dirigente sindical. Minhas percepções a respeito de nossas reivindicações foram mudando à medida em que minhas funções foram mudando também no movimento sindical. Aliás, as percepções eram umas quando era trabalhador da base, e passaram a ser outras já como representante dos colegas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Quando passei a representar meus colegas da categoria bancária comecei a entender como somos levados a fazer coisas que não faríamos se tivéssemos um mínimo de noção a respeito daquilo, se tivéssemos consciência de classe. No mundo do trabalho capitalista nós vendemos nossos corpos e nossas horas de vida e querendo ou não temos que nos submeter ao que determinar o patrão, o chefe, o comprador de nossas horas de vida. A organização sindical tem papel central em exigir condições adequadas de trabalho e direitos trabalhistas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como trabalhador bancário desde os 19 anos de idade eu queria o que em geral todo mundo quer. Boas condições de trabalho, jornada limitada de trabalho, remuneração justa ou suficiente para se viver com dignidade, direitos básicos à assistência médica, férias etc. Quando se fala em boas condições de trabalho pode-se incluir diversas percepções do cotidiano como não sofrer violência organizacional ou assédio direto de pessoas no local de trabalho; também podemos pensar no direito a uma alimentação saudável; ambiente físico adequado, formas de ir ao trabalho e voltar etc.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Quando passei a dar atenção ao pessoal do sindicato, minhas percepções em relação ao trabalho mudaram da água para o vinho. Eu estava sendo politizado pelos nossos representantes de classe, tivesse eu clareza ou não sobre esse processo de conscientização. Ao longo do tempo de formação política, passei a explicar para os colegas que determinadas reivindicações deles não resolveriam os problemas que eles queriam resolver e algumas, ao contrário, poderiam agravar o problema. Exemplo: como caixa executivo, entrar na onda do patrão de mandar o cliente se virar sozinho nos terminais lá fora e na internet ao invés de lutar para termos mais colegas de trabalho, jornada menor, pausas para trabalho repetitivo etc. A consequência seria redução de quadros, acúmulo de função e serviço e até demissão.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Esse processo de politização se deu nos dois anos que passei no Unibanco, no CAU da Raposo Tavares, quando conheci o pessoal do sindicato, e depois de forma contínua no Banco do Brasil, um banco público que nos dava um pouco mais de estabilidade no emprego ao longo do tempo, tendo assim condições de acumular a formação política e a conscientização de classe. Minha primeira década de trabalhador do BB se deu na base, nos locais de trabalho. Me sindicalizei logo depois que voltei a ser bancário e com um tempo passei a ser o contato do sindicato nas agências onde trabalhava. Era um "delegado sindical" sem estabilidade porque os governos tucanos tinham retirado os direitos de organização dos bancos públicos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Depois de mais de uma década como trabalhador bancário de base, virei dirigente sindical do Banco do Brasil na Grande São Paulo e aí sim posso dizer que a minha formação política foi acelerada e a percepção sobre o mundo do trabalho também mudou, passei a ver de forma mais apurada - política e técnica - as causas e consequências dos processos de trabalho e as nossas reivindicações para melhorar a vida das pessoas e as condições de trabalho mudam de patamar porque um dirigente liberado passa a ter a obrigação moral e ética de estudar o mundo do trabalho e manter-se atualizado das principais questões que envolvem a vida das pessoas e isso só é possível se conjugarmos uma série de fatores, sendo um deles manter seu contato com a base, conversar com os trabalhadores e identificar as mudanças em andamento por parte das empresas e dos patrões.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Essa breve retrospectiva sobre o processo de formação política e conscientização de um trabalhador bancário que virou dirigente sindical é para dialogar com a pergunta inicial desta primeira parte de minhas reflexões de hoje.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Na área da saúde dos trabalhadores e das pessoas em geral, a gente sabe o que quer? </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao olhar para trás e ao ver neste exato momento em que escrevo sobre as reivindicações e os desejos relativos à saúde, ou seja, com décadas de diferença entre o passado e o presente, eu tenho tranquilidade em afirmar que as reivindicações dos trabalhadores, das pessoas em geral e de seus representantes políticos não mudaram muito, em linhas gerais, do que se desejava desde os anos oitenta. E, infelizmente, os desejos que pautam as pessoas são os desejos pautados pela indústria privada e capitalista da saúde. E as nossas representações políticas reivindicam o que seus representados cobram e o que eles querem não vai resolver seus problemas de saúde.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O que se quer e o que se pauta na saúde, inclusive no sistema público, é mais rede de atendimento, mais estruturas de diferentes níveis de atendimento médico disponíveis para mais procedimentos curativos nas pessoas. O que se reivindica são mais oportunidades de cirurgias, mais próteses e mais intervenções, são mais tipos de medicamentos e materiais, são mais leitos, mais isso e mais aquilo voltado para a intervenção na saúde depois das pessoas já estarem na condição de não saúde. E assim seguimos, inclusive no mundo do trabalho. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>--------------------</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>MAIS CURA (E NÃO MAIS PREVENÇÃO) - </b><b>Essa é uma questão óbvia para o capitalismo: cura custa caro e gera lucro para capitalistas e prevenção é barata e não gera procedimentos e lucro para os capitalistas. Percebem por que a pauta e criação de desejos é na cura e não na prevenção?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>--------------------</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>É lógico que os representantes dos trabalhadores seguem lutando por melhores condições de trabalho, por direito a plano de saúde e por preços factíveis para se acessar atendimento médico aos trabalhadores e familiares etc. Não estou dizendo que nosso lado não faz o que é imediato nas pautas de saúde dos trabalhadores. A questão é o norte da coisa, a tendência e rumo das questões de saúde dos trabalhadores...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A ÚNICA CHANCE DA CASSI DE SUSTENTABILIDADE É PELA PREVENÇÃO (PELA CURA A CAIXA DE ASSISTÊNCIA QUEBRA)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Vou argumentar abaixo sobre:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>1. Como cheguei a gestão pensando como todo mundo e como mudei a percepção após compreender os processos da saúde humana </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>2. Por que a Cassi pode ser diferente do mercado ou indústria da saúde?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>3. Por que a estrutura própria da Cassi era fundamental e deveria ser retomada? Funcionários assalariados acolhem pacientes e geram demandas assertivas; "parceiros" e "terceiros" são capitalistas e atendem clientes, geram demandas desnecessárias, visam lucro</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>4. A percepção de como somos, a cultura brasileira de não saúde, de adoecimento e de não prevenção, de checkup e hábitos não saudáveis </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>5. Algo sobre o foco equivocado da Cassi em planos de mercado ao invés do foco no Plano de Associados, que vai demandar a Cassi por décadas a custos maiores e talvez judicializados (lógica do mercado curativo)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>1. Como cheguei a gestão pensando como todo mundo e como mudei a percepção após compreender a lógica da indústria curativa da saúde </b></span></p><div><span style="font-family: verdana;"><b>Quando fui eleito pelos associados para ser diretor de saúde da Cassi, eu tinha uma boa experiência em negociações coletivas, em organização de pessoas, em formação política e em comunicação, essas eram minhas habilidades de trabalho, e era formado em Ciências Contábeis e Letras e tinha um curso de extensão em economia pela Unicamp.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Nossa plataforma de campanha eleitoral na Cassi propunha o que todo mundo do campo progressista e de esquerda quer na área da saúde: manutenção da solidariedade; melhoria na rede de atendimento; mais foco na saúde dos trabalhadores; mais direitos em saúde. Básico isso. Fiz uma campanha na base me comprometendo a ampliar a democracia e a participação social na Cassi e ter uma relação intensa com as entidades associativas que representavam os associados e trabalhadores.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Os primeiros meses de gestão foram centrais para mudar minha percepção do que era a Cassi, de onde ela vinha e para onde deveria avançar; para entender o que era a Cassi atuando no mercado privado de saúde; para compreender os pontos fortes e os pontos fracos da Cassi em relação ao mercado da saúde privada, aos seus participantes no sistema e a sua relação difícil com o patrocinador, um banco.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Estudei a história da Caixa de Assistência, sendo ela hoje um sistema suplementar de saúde; as conquistas dos trabalhadores do BB que foram se incorporando ao sistema Cassi ao longo de décadas; percebi a impotência da Cassi perante a indústria privada da saúde; descobri a riqueza do modelo assistencial de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e as CliniCassi próprias, o melhor modelo de APS após a reforma estatutária de 1996. </b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>A DESCONHECIDA CASSI - E percebi o quanto a Cassi era e segue sendo uma total desconhecida dos seus "stakeholders" (risos): as partes interessadas na relação com a Cassi não tratam a Cassi pelo que ela é, uma associação de trabalhadores da ativa e aposentados, uma Caixa de Assistência. E desse desconhecimento se dá a maioria dos equívocos decisórios em sua gestão e busca de soluções para o seu funcionamento, a sua manutenção e a sua sustentabilidade.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></div><div><b style="font-family: verdana;"><br /></b></div><div><b style="font-family: verdana;">2. Por que a Cassi pode ser diferente do mercado ou indústria da saúde?</b></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Ao conhecer a Cassi e a legislação à qual ela está submetida, ao ter noções de como funciona a indústria da saúde que vende serviços curativos caríssimos, ao conhecer sua história e suas leis - estatuto, regulamentos, contratos - e ao compreender seus objetivos centrais - prevenir doenças e atuar de forma permanente e suplementar na saúde de seus participantes ao longo do tempo - foi possível fazer um planejamento estratégico na nossa diretoria para atingir objetivos bem concretos durante 4 anos.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Durante o mandato na saúde da Cassi, nós apresentamos a Caixa de Assistência às partes interessadas: sindicatos, associações e conselhos de usuários que representavam os participantes do sistema Cassi; aos gestores do Banco do Brasil nesse extenso país continental, que viam e seguem vendo a Cassi como uma agência bancária ou um plano de saúde de mercado; aos funcionários da Cassi, que ao serem contratados precisam entender que a Caixa de Assistência é diferente dos outros locais que haviam trabalhado no mercado privado.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>E além de apresentarmos o modelo assistencial de Estratégia de Saúde da Família (ESF) aos segmentos intervenientes da Cassi, explicar dezenas de vezes em todas as capitais do país ao longo do mandato para que serviam as CliniCassi e as equipes de família, os programas de saúde e por que era importante procurar a Cassi primeiro ao invés de acreditar piamente no que o mercado privado propunha de intervenção curativa etc, nós desenvolvemos na diretoria estudos para comprovar a eficiência do modelo ESF em participantes vinculados a ele por mais de 3 anos. Os resultados foram extraordinários!</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLRUe9ULXkNfOyn7eay5IKbw3hyszuH5Ts5NQsU7x-9HPMwOZzMqkOX1QEef51cTky2nB3uKvrIOQ2og8qOfF7XBASf0mTej6l7h9wm4Xj9hjLiCqIFbqWtiPZPB7UsaNeZmVqrlT4NXjVqxIjwYhxHgS4iPsS2xy99GKfmPOWQeTse2HXgHQ7/s1366/Varia%C3%A7%C3%A3o%20percentual%20custo%20per%20capita%20por%20faixa%20et%C3%A1ria.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1366" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLRUe9ULXkNfOyn7eay5IKbw3hyszuH5Ts5NQsU7x-9HPMwOZzMqkOX1QEef51cTky2nB3uKvrIOQ2og8qOfF7XBASf0mTej6l7h9wm4Xj9hjLiCqIFbqWtiPZPB7UsaNeZmVqrlT4NXjVqxIjwYhxHgS4iPsS2xy99GKfmPOWQeTse2HXgHQ7/s320/Varia%C3%A7%C3%A3o%20percentual%20custo%20per%20capita%20por%20faixa%20et%C3%A1ria.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Até 2018 a ESF concentrava grandes contingentes<br />de populações das faixas etárias maiores de 59 anos.<br />Mesmo assim, a ESF tinha resultados excelentes.</td></tr></tbody></table><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>A Cassi ainda hoje pode ser diferente do que há de possibilidades no mercado da saúde porque nenhum sistema privado tem 375 mil participantes (Plano de Associados, 1T23) que tendem a permanecer por décadas no sistema. E esses participantes têm baixo risco de inadimplência e podem fazer parte de um processo educativo em saúde e de pertencimento para melhor uso dos recursos como nenhum outro grupo instável do mercado privado. Que empresa privada tem essas características positivas que a Cassi tem?</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Mesmo sendo um universo de participantes que tende ao envelhecimento, nós provamos que faixas etárias maiores vinculadas à ESF tinham comportamento de crescimento de despesas assistenciais melhores que faixas etárias mais novas sem vínculo à ESF (quadro acima).</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Só a Cassi tem essa possibilidade de vínculo longevo entre a autogestão e seus 375 mil associados no país. Estou falando algo básico para quem faz gestão de saúde.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></div><div><b style="font-family: verdana;"><br /></b></div><div><b style="font-family: verdana;">3. Por que a estrutura própria da Cassi era fundamental e deveria ser retomada? Funcionários assalariados acolhem pacientes e geram demandas assertivas; "parceiros" e "terceiros" são capitalistas e atendem clientes, geram demandas desnecessárias, visam lucro</b></div><div><span style="font-family: verdana;"><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>O subtítulo já é autoexplicativo. Uma coisa é termos funcionários da Cassi na área administrativa e na área médica, outra é ser terceirizada a estrutura. Toda empresa visa lucro, resultado, retorno. Todo funcionário assalariado trabalha com outra lógica. Por isso lutei tanto pelos funcionários da Cassi durante os 4 anos de nossa gestão. Os funcionários da Cassi sempre foram um patrimônio de nossa autogestão, um patrimônio dos associados.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Durante 4 anos trabalhando e conversando com os profissionais da Cassi eu percebia a diferença na satisfação dos nossos funcionários quando comparavam o trabalho que realizavam em saúde nas CliniCassi e o que realizavam nos outros locais onde trabalhavam (hospital público ou empresa privada). Eles me diziam que na Cassi eles viam o resultado de seu trabalho ao longo do tempo nas equipes de família. Nos outros locais de trabalho, às vezes até ganhavam mais, mas não davam a satisfação que eles tinham ao ver os pacientes cuidados e em evolução em seus quadros de saúde.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>O desfazimento das estruturas próprias da Cassi e a opção pela terceirização até das CliniCassi e também a opção pelos atendimentos de telemedicina fora da Cassi são decisões equivocadas, é uma insensatez, é algo muito ruim para o atingimento dos objetivos da Cassi e para a perenidade de nossa autogestão em saúde. O foco não é saúde, o foco é resultado (dinheiro, capital).</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Essas empresas visam lucro! Na indústria da saúde o que gera lucro não é prevenção, é intervenção curativa. Se eu mantiver 375 mil participantes com consciência social em manutenção de suas saúdes, as terceirizadas terão menos lucros e ou aumentarão seus preços ou darão um jeito de gerar mais intervenções curativas, demandas por novidades em saúde etc. </b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><b>Volto a afirmar o que disse por 4 anos: é muito mais barato e eficaz manter uma estrutura própria da Cassi numa localidade (uma CliniCassi e uma equipe de família) para cuidar de algumas centenas de pessoas com diversos graus de comorbidade do que pagar uma dúzia de intervenções curativas do mesmo grupo de pessoas nas estruturas do mercado privado, atendimento que a lei em geral garante e se sensibiliza muito mais juízes leigos por aí em atender procedimentos caríssimos e questionáveis do que se a demanda fosse evitada através de controle preventivo anterior e educação em saúde.</b></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></div><div><b><br /></b></div><div><b>4. A percepção de como somos, a cultura brasileira de não saúde, de adoecimento e de não prevenção, de checkup e hábitos não saudáveis </b></div><div><span style="font-family: verdana;"><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><b>Quando fazia a gestão da saúde das populações atendidas pela nossa Caixa de Assistência e me debruçava sobre os números de cada Estado e DF e cada equipe de família e quando observava os resultados dos exames periódicos de saúde que fazíamos em 100 mil trabalhadores do BB era fácil entender as possibilidades que tínhamos para atuar na educação em saúde e na prevenção de doenças e nas oportunidades perdidas porque não tínhamos um trabalho de equipe ideal entre a direção do Banco e seus milhares de administradores, as centenas de entidades representativas e a própria Cassi junto aos 375 mil participantes (hoje) do Plano de Associados nas 27 Unidades da Federação, o Brasil.</b></div><div><b><br /></b></div><div><b>--------------------</b></div><div><b>A Cassi foi pensada para oferecer Atenção Integral à Saúde ao longo de décadas para uma população relativamente estável no tempo sabendo que tem recursos limitados pela folha de pagamento e de benefícios de BB e Previ e que o custo curativo da saúde oferecido pela indústria da saúde é impossível e impagável. Por isso que os estudos entre 1996 e 2001 definiram a ESF como o melhor modelo de APS para essas características que descrevi do universo do Plano de Associados.</b></div><div><b>--------------------</b></div><div><b><br /></b></div><div><b>Prezad@s administradores da Cassi e colegas do conglomerado Banco do Brasil, a cultura brasileira não vai mudar tão cedo. Seguiremos sendo estimulados a beber cada vez mais, a comer o que faz mal à saúde e traz doenças crônicas; cada dia estamos mais expostos às violências diversas e cada dia seremos estimulados a consumir mais "novidades" das diversas áreas capitalistas da saúde. </b></div><div><b><br /></b></div><div><b>Aliás, após os últimos anos de negacionismo, estamos com mais riscos de doenças endêmicas e o SUS terá desafios maiores a cada dia, até um sistema básico de salvamento como o Samu pode dificultar nossas demandas emergenciais de saúde curativa. Para ser salvo de um acidente ou crise aguda em saúde em um hospital credenciado é preciso ser levado até a emergência por um resgate...</b></div><div><b><br /></b></div><div><b>Volto a me perguntar e a sugerir a reflexão aos intervenientes e pensadores do sistema Cassi se é o suficiente para a sustentabilidade do Plano de Associados seguir focando na terceirização e contratação no mercado privado das principais estruturas de saúde da nossa Caixa de Assistência para as próximas décadas. Nossas estruturas próprias e baratas de Atenção Primária seguirão à mercê dos lucros dos capitalistas privados?</b></div><div><b><br /></b></div><div><b>Oferecer atendimento por telemedicina terceirizada para as 375 mil vidas do Plano de Associados sem essa população estar vinculada à ESF ao longo do tempo como era o objetivo até 2018 é uma temeridade, na minha opinião. A telemedicina da Cassi hoje me parece mais um ponto de atendimento, de atenção, uma porta de entrada, sem o trabalho que fazíamos a partir das Unidades Cassi nos Estados e DF e as equipes de família nas CliniCassi.</b></div><div><b><br /></b></div><div><b>---</b></div><div><p style="font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: verdana;"><b>5. Algo sobre o foco equivocado da Cassi em planos de mercado ao invés do foco no Plano de Associados, que vai demandar a Cassi por décadas a custos maiores e talvez judicializados (lógica do mercado curativo)</b></span></p></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Sobre os planos de saúde que a Cassi dispõe no momento, francamente, o melhor deles segue sendo de longe o Cassi Família II. É lamentável a própria Cassi ficar criando diversos planos que imagino concorrem com o CF II.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Enquanto a direção do Banco do Brasil e da Cassi não entenderem que a Cassi não é concorrente dos planos de mercado, sejam eles medicina de grupo, seguradoras, cooperativas médicas, conglomerados hospitalares etc, a Cassi seguirá se expondo perigosamente num mercado que não é para ela. Nem a legislação da saúde facilita isso... A Cassi tem outra lógica!</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Fiz esse debate como gestor por 4 anos, tinha argumentos sólidos e não me convenci do contrário nesses anos posteriores. Eu sei como funciona a onda de mercado, ela é forte no capitalismo, porém essa ideia de ser plano de mercado não tem nada a ver com a nossa Caixa de Assistência.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Que canseira essa temática de planos de mercado...</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>É isso! Essas são minhas reflexões sobre a Cassi em 2023, seus novos déficits atuais, seus andamentos por caminhos duvidosos e posso dizer a vocês que minha opinião não é de leigo. São impressões, é claro, porque vejo a autogestão como associado.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>É verdade que o texto é longo. Eu fico impressionado e às vezes me pergunto se as centenas de pessoas que têm lido meus textões são IA (risos) ou são nossos colegas que por um tempo me deram a honra de ler o que escrevia durante os anos em que os representava.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Em relação às estratégias recentes de incluir algumas especialidades nas unidades CliniCassi, acho a decisão interessante. Tínhamos projetos nesse sentido quando desenvolvemos estudos para ampliar a verticalização de nossas estruturas de saúde.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Abraços fraternos aos leitores e leitoras e desejo muita saúde aos nossos participantes do sistema Cassi. Reforço que sigo torcendo por nossos administradores e por conquistas de nossas entidades associativas.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><i><br /></i></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: o primeiro texto sobre essa temática pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/07/cassi-i.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>. Esses dois textos deram muito trabalho, são reflexões honestas e acabo escrevendo sobre a Cassi porque me sinto na obrigação de compartilhar o que sei sobre o tema.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Post Scriptum II (ago/2023): retomo o tema Cassi para falar dos reajustes nos planos Cassi e da oportunidade perdida ao não se ampliar a ESF para o conjunto dos participantes do sistema de saúde Cassi. Ler <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/08/cassi-iii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div></span></div></span></div>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-25493777908837694502023-07-16T11:47:00.004-03:002023-07-19T16:53:12.056-03:00Cassi (I)<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr13TQmzYVONdMPzDn-NF8EbJUw7C0_lPp0hCBbV8LTACG6gtolWgzIzGza9rU4u_PvJfVeBI36Doy6jlo5fmJdDdxR2qXNmt6O4KNFwn36dndzqDISYNxk8B5tS98ToLonH3HI_8oMh8jMnH06kazy-lse_cARufrdfoQTmyhEJ43NyCIpv5N0DuTmB0/s2944/12jul23.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2944" data-original-width="2208" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr13TQmzYVONdMPzDn-NF8EbJUw7C0_lPp0hCBbV8LTACG6gtolWgzIzGza9rU4u_PvJfVeBI36Doy6jlo5fmJdDdxR2qXNmt6O4KNFwn36dndzqDISYNxk8B5tS98ToLonH3HI_8oMh8jMnH06kazy-lse_cARufrdfoQTmyhEJ43NyCIpv5N0DuTmB0/w150-h200/12jul23.jpg" width="150" /></a></b></div><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b><p></p><p><b style="font-family: verdana;">OPINIÃO: </b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>DILEMAS SOBRE A SAÚDE HUMANA</b></span></p><p><b><span style="font-family: verdana;"><br /></span></b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Que tipo de reflexão eu poderia fazer sobre o tema saúde humana? Que noções eu tenho sobre o tema saúde humana para exercer meu livre direito constitucional de expressar minha opinião e meus pensamentos sobre esse tema, a saúde humana? </b></span></p><p><b style="font-family: verdana;">Em relação à população em geral, talvez eu conheça um pouquinho mais sobre o tema, ou seja, talvez eu tenha algumas noções a mais sobre saúde humana em relação aos leigos porque durante o percurso de minha vida adulta tive alguns contatos com o tema de forma técnica ou profissional.</b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Tive uma experiência marcante em minha vida, fui gestor de saúde por quatro anos e essa oportunidade me proporcionou conhecimentos na área de assistência à saúde que eu jamais imaginaria ter não fosse essa experiência. Eu diria que posso fazer reflexões ao menos sobre gestão de sistemas de saúde como o da autogestão Cassi.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>PRIMEIROS CONTATOS</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Na infância, trabalhei por alguns meses em uma drogaria e até aplicava injeções. Por incrível que isso possa parecer hoje, nos anos oitenta isso foi possível, legal ou ilegalmente, porque não sei se a drogaria onde eu trabalhava de entregador de medicamentos poderia me pedir para aplicar injeções musculares e venosas nos clientes. O fato concreto é que eu apliquei muita injeção durante alguns meses de trabalho. Os clientes ao ligarem na drogaria pediam que eu fosse aplicar as injeções porque eu tinha a "mão boa" e as injeções não doíam, nem as musculares nem as venosas. Que loucura pensar nisso hoje! Eu era uma criança entre meus 14 e 15 anos de idade.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Depois de já ser adulto e trabalhar no Banco do Brasil, eu iniciei uma graduação em Educação Física e cursei o bacharelado por dois anos. Estudei na Faculdade do Clube Náutico Mogiano e modestamente posso dizer que me dei muito bem com as disciplinas que fiz. Eu já era formado em Ciências Contábeis e voltar a estudar com mais idade foi muito positivo porque minha dedicação aos estudos fazia toda a diferença. Aprendi muito com as disciplinas das áreas médicas como, por exemplo, "Anatomia" e "Bioquímica e Nutrição". Infelizmente eu não pude concluir o curso por não ter recursos para pagar as mensalidades.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>GESTÃO EM SAÚDE NA CASSI</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Meu terceiro contato técnico ou profissional com a área de saúde humana foi uma das maiores experiência de minha vida. Entre 2014 e 2018, no auge de minha maturidade política e intelectual, fui eleito gestor de saúde da autogestão dos trabalhadores do Banco do Brasil, a Cassi. Eu já vinha de uma intensa formação política na luta por direitos em saúde da categoria bancária, pois era dirigente sindical e coordenava as negociações entre capital e trabalho, nas mesas entre os bancários e o Banco do Brasil e Fenaban. Nunca estudei tanto em minha vida! Nunca fiz tanto esforço em transmitir o que aprendi em saúde e gestão de saúde para a coletividade. E ao transmitir conhecimento, a gente aprende e aperfeiçoa o conhecimento.</b></span></p><p><b style="font-family: verdana;">O nosso mandato de gestão de saúde foi exercido durante um período complexo da vida do país. Quando eu fui eleito para ser diretor de saúde na autogestão do maior banco público do país, o governo federal era gerido pelo Partido dos Trabalhadores, por Dilma Rousseff. Ao longo do mandato, o país sofreu um golpe de Estado, e os golpistas assumiram a gestão do país a partir do dia 17 de abril de 2016, com Michel Temer. Tudo mudou drasticamente na vida do povo trabalhador brasileiro e nas instituições do Estado nacional naquele período. Evidentemente, mudou também as relações internas nas empresas públicas e nas agências reguladoras e controladoras.</b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Durante o período no qual fizemos parte da gestão da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil havia um forte embate entre capital e trabalho, embate iniciado já nos governos do PT e que se agravou após o golpe de Estado. O patrocinador da Cassi, o banco estatal, alegava não poder investir mais recursos na autogestão, da qual detinha a metade do controle administrativo e era o responsável direto pela gestão das áreas contábeis, econômico-financeiras, presidência, controles e auditoria etc. O embate entre capital e trabalho tinha um foco central: aumentar a contribuição dos associados e dependentes e reduzir direitos em saúde. Esse embate permaneceu enquanto estivemos lá. Os associados não perderam direito algum até terminar nosso mandato.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>PREVENIR E EVITAR DOENÇAS OU VENDER A CURA E A ILUSÃO DA CURA?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, vivemos dilemas sobre a saúde humana, desde sempre. Eu diria que os dilemas começam pelas escolhas feitas pelos gestores de sistemas públicos e privados de saúde (escolha política): se o objetivo do sistema gerido é promover saúde e evitar adoecimentos ou aplicar os mais diversos meios disponíveis (e caros) para reparar doenças e amenizar consequências de doenças e traumas na saúde das pessoas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Minhas noções sobre saúde humana foram ampliadas após uma vida de representação da classe trabalhadora por causa das disputas entre patrão e trabalhadores em relação às condições de trabalho e adoecimento por causa da venda de nossa força de trabalho. De cara, posso afirmar que um dos embates é tentar prevenir o adoecimento dos trabalhadores, mas a disputa com o patrão nesta questão é dura, a gente acaba adoecendo mesmo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ser gestor de saúde e de sistemas de saúde me deu oportunidade de conhecer por dentro como funciona a chamada indústria da saúde, tanto pública como privada. É evidente que meu aprendizado, minhas noções, foram muito mais relativas à realidade da Caixa de Assistência, uma autogestão, com um modelo de saúde que vinha sendo implementado após um longo debate interno entre patrocinador, associados e corpo técnico. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>DE ONDE VEM E PRA ONDE VAI A NOSSA CASSI?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O modelo de Estratégia de Saúde da Família (ESF), escolhido entre os modelos de Atenção Primária em Saúde (APS) era uma decisão acertada na Cassi e nós demonstramos isso em números durante nossa gestão como responsável pela diretoria de saúde. A Cassi conseguiu brilhar interna e externamente em relação ao modelo assistencial mesmo enquanto se debatia a questão do déficit e do custeio, uma área específica e problemática da indústria da saúde. A ESF se mostrou a melhor opção para o futuro da Cassi.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>De repente, após 2018, mudaram tudo na Cassi. Em tese, o problema mais imediato foi resolvido, o custeio recebeu uma grande injeção de recursos já a partir do final daquele ano e após a reforma estatutária na qual se aprovou tudo o que o patrocinador queria. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Os associados passaram a pagar bem mais pela assistência à saúde, o banco público diminuiu seus investimentos no sistema (a proporção), novas gestões vieram, tanto as indicadas pelos governos Temer e Bolsonaro, quanto os grupos eleitos após 2018 foram grupos antissindicais, do espectro da direita, distantes do dia a dia da luta da classe trabalhadora e muito mais próximos dos ideais patronais, defensores do mercado e de ideias como a terceirização de tudo. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>E não é que a Cassi está com um déficit enorme de novo! O Visão Cassi do primeiro trimestre nos apresenta um déficit operacional de 98 milhões! Se fizeram tudo o que queriam, por que os resultados não vieram? Vão dizer que a culpa é dos associados de novo?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, eu tenho visto os novos gestores se esforçando para fazer um bom trabalho na Cassi, tanto os eleitos em 2022 como os indicados pelo novo governo (2023), tenho visto o movimento sindical se reunindo e cobrando os direitos em saúde dos trabalhadores e aposentados, e me parece que não é só o nosso querido Sistema Único de Saúde (SUS) que vive momentos decisivos para o presente e o futuro da saúde humana, nossa autogestão também está num momento decisivo. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Nossa Cassi vai seguir a tendência adotada nas gestões (e governos) anteriores? Será que algo não está errado nas opções que fizeram nos últimos 6 anos? O recurso novo entrou, os direitos diminuíram ou ficaram mais caros e o déficit está crescendo de novo. Não seria a hora de repensar o rumo adotado nos últimos 6 anos e se debater o sistema e o modelo atual da Cassi?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eu sigo na torcida pelo acerto da nossa direção da Cassi e pelo acerto do nosso governo Lula.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Contudo, entendo que a Cassi deveria retomar a ampliação do modelo assistencial da Estratégia de Saúde da Família (ESF) como o modelo de APS a ser disponibilizado para o conjunto dos associados e participantes. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Tenho a impressão de que da forma como está hoje, a chamada Atenção Integral via APS (faz uma telemedicina aí!) passou a ser só mais um ponto de atenção, uma porta de entrada sem o efeito longitudinal esperado de acompanhamento do participante no tempo, que a ESF tinha. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O resultado da ESF ao longo do tempo nos participantes vinculados e aderentes ao modelo por mais de 3 anos nós demonstramos e não vejo por que não seguir com o que é bom e dá resultado.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>É uma opinião, e não é de leigo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: o texto sequência deste pode ser lido clicando <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/07/cassi-ii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-26521069643375876992023-06-18T15:53:00.027-03:002024-01-12T20:20:00.338-03:00Memórias (XXXVIII)<p><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><br /></b></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfTk4E0u9r-4KF6Gn9lw1PzlP0iLRTIAofbbRLmdXuH0qVaCYq4MQnCuc7Pq_7a8cHO5mtI9gQLdEv_1XLRQW-pTgPM_dKlT97rA_6AgEqKKeIcd8t3UFB1sqfisRVTXUTjxNCfSuzj49afg0NOkbPFiN1gMJPKnUdxGHxzmx2H5m6FD4WEg/s960/Assembleia%20BB%20out2003%20-%20Eu,%20Deli,%20Vaccari,%20Marcolino%20e%20Sasseron%20-%20F.%20Pepe.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="638" data-original-width="960" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfTk4E0u9r-4KF6Gn9lw1PzlP0iLRTIAofbbRLmdXuH0qVaCYq4MQnCuc7Pq_7a8cHO5mtI9gQLdEv_1XLRQW-pTgPM_dKlT97rA_6AgEqKKeIcd8t3UFB1sqfisRVTXUTjxNCfSuzj49afg0NOkbPFiN1gMJPKnUdxGHxzmx2H5m6FD4WEg/s320/Assembleia%20BB%20out2003%20-%20Eu,%20Deli,%20Vaccari,%20Marcolino%20e%20Sasseron%20-%20F.%20Pepe.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i><b><span style="font-family: verdana; font-size: x-small;">Na mesa de assembleia com grandes lideranças:<br />Deli, Vaccari, Marcolino e Sasseron. Foto: Pepe.</span></b></i><br /><br /></td></tr></tbody></table><p></p><p><b><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><i>Evocações</i></span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">A leitura do livro <i>Evocación,</i> de Aleida March, me levou aos prantos. Aleida é uma mulher revolucionária, foi combatente na Revolução Cubana e companheira de Ernesto Che Guevara. A leitura de suas recordações e resgates de momentos vividos ao lado de Che me fez refletir sobre muita coisa e também me fez recordar o passado de lutas.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Em suas recordações, ela vai nos contando sua infância e adolescência, vivida em meio às dificuldades materiais e sob a violência que o povo sofria por parte do governo de Fulgencio Batista, ditador que assumiu o poder após o golpe de Estado de 1952. Ela encontrou a si mesma ao ler aos 20 anos de idade <i>A história me absolverá</i>, alegação de defesa de Fidel Castro no julgamento dos jovens revolucionários que atacaram o quartel de Moncada, em 26 de julho de 1953. </span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Aleida disse: "<i>sentí que en ese documento se expresaban todos mis ideales y la ruta a seguir para conquistar la plena dignidad patria.</i>"</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Ao longo do livro o leitor passa a conhecer um Che Guevara que não se conhece lendo a farta biografia positiva e negativa que existe sobre ele. É diferente de outras biografias ler Aleida March compartilhando conosco a sua vida comum com Che, seu comandante, depois seu chefe, depois seu marido e pai de seus quatro filhos. Seu amante, seu amigo, seu professor e seu inspirador. Seu eterno apaixonado. </span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Ao ler sobre o momento no qual Che se despede de Aleida e dos filhos em 1965, deixando fitas gravadas com declamações dos poemas que mais gostavam, para partir para a guerrilha de libertação do povo no Congo, foi impossível não chorar como ela diz que chorou...</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Che acreditava na construção de um "homem novo", um novo ser humano, um ser humano educado, com cultura, com um forte espírito criador e focado na busca de uma sociedade mais justa e igualitária. Era muito forte em sua concepção e prática revolucionária a questão da ética e do caráter que as pessoas deveriam ter tanto nas questões pessoais e coletivas quanto nas relações sociais.</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">Com a leitura das evocações de Aleida March, foi inevitável reviver minhas próprias evocações dos tempos de lutas...</span></b></p><p><b><span style="font-family: verdana;">---</span></b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>NA REPRESENTAÇÃO DE CLASSE, PROCUREI FAZER NA PRÁTICA O QUE DEFENDÍAMOS NO CAMPO DAS IDEIAS DA ESQUERDA</b></span></p><p><b style="font-family: verdana;">Figuras humanas como a do médico revolucionário Ernesto Che Guevara sempre inspiraram o campo político da esquerda. No nosso caso brasileiro, a figura do metalúrgico humanista Luiz Inácio Lula da Silva nos inspira há décadas, sendo Lula um grande homem da prática como exemplo de vida e representação política.</b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao longo das evocações de Aleida March, relembrando posturas éticas e princípios inquebrantáveis no líder revolucionário Che Guevara, tive também as minhas recordações dos tempos de lutas sindicais e representação eletiva da classe trabalhadora. As evocações me trouxeram uma leveza que ninguém poderá me tirar, porque a ética foi a minha prática no dia a dia da luta empreendida entre capital e trabalho.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>No movimento sindical, minha escola de formação política foi o Sindicato dos Bancários e depois a tendência política na qual militei por décadas. No dia a dia sindical, a minha formação foi sendo construída diariamente a partir das visitas às bases sociais e nas reuniões políticas e formativas do coletivo de banco ao qual eu pertencia, o do Banco do Brasil. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como dizíamos, tínhamos dois ouvidos e uma boca, então era importante ouvir a base e não só fazer pregação sem ouvir o outro lado. Fiz isso a vida toda. Sempre que estudamos um grande líder do nosso campo político - o democrático -, vemos que essa prática é central: ouvir as pessoas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Dei sorte de vivenciar o momento áureo do sindicalismo bancário e cutista brasileiro. A divergência de opiniões e ideias era a prática e ninguém era excluído ou desconsiderado (hoje dizem "cancelado") por ter opinião própria, estávamos abertos a mudar de ideia e, por haver tolerância e paciência, todos saíam fortalecidos e unidos com os debates e as decisões construídas por consenso progressivo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Com o passar do tempo na condição de dirigente eleito, fui assumindo novas tarefas no movimento e ao passar a coordenar e liderar temas importantes ou setores estratégicos, me esforcei para pôr em prática tudo o que havia aprendido no dia a dia da formação política advinda da relação com a base, com o coletivo de banco, com o conjunto da direção do Sindicato e com as demais forças políticas que atuavam no movimento e que eram "oposição" à corrente política que eu representava. E também exerci a ética e prática sindical na relação com o patronal, o capital.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao longo do livro de recordações de Aleida March, ela nos conta passagens nas quais Che não aceitava absolutamente nenhuma ação que pudesse parecer privilégio, não admitia nenhum excesso de gasto pessoal com o recurso que era coletivo, era de uma disciplina incrível nas ações e práticas que exercia em nome da revolução e da causa pela qual lutava, a leitura e o estudo permanentes eram uma questão de princípio, educação e formação para construir-se o homem novo para uma nova sociedade.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>De certa forma essas foram as mesmas concepções e práticas sindicais que embasaram a minha formação política de esquerda, através do movimento que ganhou o nome de Novo Sindicalismo a partir do final dos anos setenta, com a luta de metalúrgicos, bancários, professores e outras categorias contra a carestia, pela volta da democracia e por um Brasil mais justo e igualitário. Os anos oitenta foram o momento áureo dessas lutas: a criação do Partido dos Trabalhadores, a Conclat e depois a CUT, o MST, as Diretas Já, a Constituinte e a Constituição Cidadã de 1988 deram as bases ideológicas ao movimento sindical ao qual me integrei no final dos anos oitenta e ao longo das décadas seguintes.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>EVOCAÇÕES SINDICAIS (2003-2018)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A formação da minha ética política se deu nos primeiros anos do movimento sindical. E seguiu ano após ano, nas lutas constantes e dilemas vividos nas funções que desempenhei como dirigente da classe trabalhadora.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Diria até que minha ética de trabalhador de categoria organizada sindicalmente e nacionalmente se deu assim que entrei na categoria bancária em 1988, e com embates reais entre capital e trabalho. No entanto, a ética como liderança se deu após 2003.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>TER OPINIÃO DIFERENTE NÃO É SER INIMIGO DA DIREÇÃO DO SINDICATO - Ainda como trabalhador de base nos anos noventa, me lembro, por exemplo, de quando o nosso sindicato entrou com ação judicial contra o governo federal para que os trabalhadores bancários da base pudessem abater todas as despesas com educação. Falei com a direção sindical que isso iria dar merda...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eu já era formado em Ciências Contábeis e entendi que isso tinha um risco enorme de dar errado e a liminar ser cassada porque os bancários vivem no mesmo mundo do restante da classe trabalhadora. Por que só nós teríamos esse direito, esse privilégio?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Não deu outra... liminar cassada e teve trabalhador que precisou vender carro para pagar o fisco. Os bancários ficaram bravos pra caramba com o sindicato. Eu avisei onde trabalhava que era uma fria utilizar essa liminar. A intenção do sindicato até era legítima, mas estava na cara que esse atalho para se fazer justiça tributária não era o mais adequado. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A FORMAÇÃO POLÍTICA COMO DIRIGENTE SINDICAL</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Me lembro das assembleias decisivas dos bancários do Banco do Brasil naquele primeiro ano sob o governo do presidente Lula (2003). </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Era uma segunda-feira quando veio a proposta final do governo para ser apreciada em assembleia à noite na Quadra dos Bancários. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eu havia dito ao nosso coordenador da comissão de negociação que seria difícil a aprovação da proposta arrancada na mesa de negociação porque os trabalhadores esperavam ao menos uma proposta idêntica ao índice que a categoria havia conseguido na mesa da Fenaban. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Isonomia e campanha unificada eram eixos congressuais nossos, mesmos direitos entre todos os bancários, de bancos privados e públicos em geral. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Defendemos a aprovação da proposta negociada em mesa - isso é uma ética de mesa de negociação entre capital e trabalho. Os bancários rejeitaram a proposta e construímos uma forte greve entre a terça e a quinta-feira. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A direção do Sindicato foi impecável em nossa ética sindical, os trabalhadores decidiram e nós encaminhamos uma greve muito forte. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Na quinta-feira, iríamos apreciar nova proposta negociada com o governo e patrão sob uma correlação de forças melhor - a greve forte - e agora com o índice cheio da categoria (12,6%), e com diversas conquistas novas: um acordo de PLR que não havia nos bancos públicos, isonomia nos tíquetes e auxílio creche que eram menores no BB, um aumento grande na cesta alimentação, 5 dias de abonos para funcionários pós-1998, a volta do direito de eleger delegados sindicais com estabilidade, e abono dos dias de greve. Uma proposta vitoriosa mediante a greve daqueles 3 dias.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A assembleia à noite foi tensa, quadra lotada. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Na passeata que fizemos durante a tarde, parte da militância me disse que queria aceitar a proposta e encerrar a greve vitoriosa. Outra parte queria rejeitar a proposta e queria muito mais, talvez a revolução (rsrs). </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Na reunião da direção nos bastidores da assembleia, decidimos que eu faria uma das defesas da proposta, eu já tinha muita inserção na base social. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Foi difícil aquela fala com a massa de trabalhadores, gente querida gritando e ofendendo, queriam continuar a greve. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Aprovamos a proposta e a categoria saiu vitoriosa daquela campanha. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eu me sentei atrás do palco e chorei. Foi tenso demais. Iniciei ali uma relação de liderança com a categoria baseada em muita honestidade e ética sindical. Eu fiz a coisa certa naquele momento.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A militância que ficou brava na hora depois me procurou e nos deu razão. Foi uma campanha vitoriosa.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A LIBERDADE DE OPINIÃO FOI CENTRAL NA MINHA FORMAÇÃO POLÍTICA</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Depois dessa primeira assembleia decisiva em 2003, fiz nas assembleias em São Paulo as defesas das propostas finais das negociações entre a direção do Banco do Brasil e nós das confederações de bancários da CUT (CNB e Contraf) entre os anos de 2004 e 2013, foram 11 anos de muitos debates com a massa de trabalhadores bancários de nossa categoria.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Cada ano, uma história. A campanha de 2004 e a greve de 30 dias. A campanha de 2005 (e essa tem uma história antes mesmo de começar)... e assim sucessivamente até a última campanha que atuei no sindicato e na confederação em 2013. Em 2014 fui eleito para a direção da Caixa de Assistência dos Funcionários do BB (Cassi) e no congresso daquele ano deixei a coordenação do movimento no banco.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Estabeleci uma relação ética com os trabalhadores e com as lideranças de todas as forças políticas que atuavam na categoria bancária. Essa ética na postura e na defesa daquilo que acreditava marcou momentos políticos interessantes em nossas vidas de direção sindical nos anos dois mil.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Cheguei a fazer falas em congressos de bancários dividindo tempo com pessoas da oposição contra a minha própria corrente política porque eu entendia que a proposta em questão era um absurdo completo, contrária aos princípios que norteavam as nossas bandeiras políticas da CUT. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>É claro que houve um consenso em nosso grupo de que a corrente estava dividida naquele tema e foi aberta essa possibilidade de defesa a favor e contra a proposta em questão - algo que o pessoal conhecia com o apelido de "cláusula Zé Lourenço". Nunca fui <i>porraloca</i> como dirigente. Minha atuação naquele momento foi consentida pelo grupo político ao qual eu pertencia. No final, a proposta "Zé Lourenço" foi rejeitada com votação apertada após contagem de crachás.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>E nem por isso, ter opinião divergente de parte de minha corrente, deixei de ser uma liderança nacional, coordenador de nossas bancadas e negociações etc. Havia uma ética no movimento sindical que permitia a opinião divergente e o debate de ideias sem a pessoa ser demonizada e cancelada por isso. Todos ganhavam com a construção do consenso progressivo, a Política e a Democracia eram fortalecidas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Essa política saudável de debate de ideias e construção de consensos foi sumindo do seio de nossa democracia sindical e partidária na última década. Avalio que isso não é bom para o movimento dos trabalhadores. Isso não fortalece a unidade e o pertencimento às causas que defendemos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>NA COMUNICAÇÃO E NA FORMAÇÃO POLÍTICA O CORPO FALA, A PRESENÇA NO AMBIENTE É CENTRAL (ONTEM E HOJE)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A leitura das evocações de Aleida March, companheira de Che Guevara, me trouxe várias lembranças ao longo dos quatro dias de leitura. Várias. Tem uma passagem no livro onde ela fala do incomodo do Che quando algum companheir@ deixava de participar dos eventos presencialmente.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"<i>Es en esta época en que el Che comienza a asistir a las recepciones de gobierno, porque entendía que era un compromiso ineludible y una escuela de formación para los nuevos cuadros de la Revolución. En realidad se molestaba muchísimo cuando algún compañero no asistía, al considerarlo como parte de sus funciones. Como siempre, iba vestido con su uniforme verde olivo, que ya en la noche había sufrido el rigor de la faena de todo el día: reuniones, actos, en fin, las tareas cotidianas.</i>" (ALEIDA March, <i>Evocación</i>, p. 102)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Aproveito a passagem acima para refletir em uma postagem de <i>Memórias</i> no blog sobre essa questão da "<i>escuela de formación</i>" quando se trata da participação presencial em eventos formais da política. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Tenho observado que algumas das direções sindicais e partidárias deixaram de fazer encontros e assembleias presenciais quando o assunto pode gerar algum enfrentamento político. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Entendo todas as alegações que as direções apresentam para só fazerem assembleias e eleições virtuais, mas acho uma perda de oportunidade não aproveitar esses eventos políticos para educar e formar a classe trabalhadora que se quer organizar e representar.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Em uma assembleia ou congresso de trabalhadores, tudo ensina, tudo educa. Até as movimentações dos grupos políticos pelos cantos, definindo as posições e as defesas, demonstram aos participantes a pujança da política e do debate de ideias. Demonstra inclusive que as pessoas com ideias diferentes não são inimigas, só têm ideias diferentes... a política deve ser civilizada, ela é para se evitar a violência e a guerra.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Quando eu coordenava as negociações nacionais do Banco do Brasil e os congressos e assembleias, sempre pedia para a nossa militância fazer falas e defesas que fossem didáticas ao falar para o plenário. Não era necessário ficar só nas provocações com os outros grupos. A fala deveria ser formativa. Quem atuou comigo vai se lembrar disso.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao fazer uma defesa sobre a campanha unificada, ou sobre o porquê de ser melhor reivindicar ganho real ao invés de perdas desde Cabral, ou por quê salário fixo é melhor que remuneração variável, eu pedia que o dirigente desse o histórico do tema para centenas de participantes que iriam votar a seguir. A política deve educar o trabalhador e a trabalhadora.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Outra questão muito importante é a própria postura das mesas que coordenam congressos e assembleias, os ritos democráticos, se não existir eventos presenciais toda essa construção democrática desaparece. Ela sempre foi meio consuetudinária, ritos construídos entre nós trabalhadores e não registrados em papéis. E funcionavam!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Outro dia, fui a uma assembleia presencial do meu condomínio e ao ver a desorganização e a falta de tato para coisas básicas, precisei pedir o microfone e dar algumas orientações sobre apresentação de propostas, processos de defesas, questão de ordem, que não se fala ou debate durante período de votação etc. As pessoas perderam a noção de quase tudo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, como vamos convencer a classe trabalhadora a ir para as ruas defender ideias abstratas como democracia, direitos trabalhistas e previdenciários, meio ambiente etc se não exercitarmos a participação presencial em uma assembleia ou congresso de trabalhadores para decidir a vida imediata deles como o emprego, o salário etc? É o mínimo para se preparar uma pessoa a participar de algo como ir para as ruas lutar contra um golpe militar ou golpe fascista chamá-la para ir a uma assembleia umas duas vezes ao ano!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>FAZER OU NÃO FAZER ASSEMBLEIA PARA COMEÇAR UMA CAMPANHA SALARIAL?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Fecho esta <i>Memória</i> com uma evocação lá de 2005, quando eu estava em meu primeiro mandato eletivo como dirigente da classe trabalhadora.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Íamos começar os processos democráticos de organização das bases de trabalhadores bancários. As assembleias de base são os fóruns onde tudo começa. É assim há séculos... não é exagero. Essa prática democrática das assembleias vem de muito longe...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Na assembleia é onde as forças políticas se apresentam, onde se definem eixos de campanha e quem vai representar e liderar a categoria nos fóruns decisórios de uma campanha salarial. Já falei acima sobre os ritos democráticos numa assembleia presencial.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Em um certo momento interno em nosso sindicato, a direção procurou todas as forças políticas que atuavam na categoria em nossa base e em nome da unidade desenhou-se uma distribuição da delegação que participaria dos fóruns estaduais e no fórum nacional que definiria a pauta de reivindicações daquele ano.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Assim que eu entendi direito a proposta, questionei o método definido naquele fórum interno porque não haveria assembleia de base. Aleguei que definir as delegações assim, por distribuição de forças políticas sem a assembleia da categoria era uma opção que deseducaria a base e nós mesmos, dirigentes cutistas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Aberta a polêmica, todas as pessoas da direção envolvidas naquela fase de decisões foram ouvidas e como não houve consenso progressivo porque eu não concordei, a reunião foi suspensa e remarcada para que cada participante fizesse suas consultas e se organizasse para a definição do método dias depois.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Bom, felizmente, fui feliz no meu questionamento democrático. Após idas e vindas, prevaleceu a decisão de se fazer assembleia de base para definir as questões centrais e as delegações para as etapas seguintes da campanha salarial daquele ano de 2005.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Foi algo muito parecido com aquele clássico filme "Doze homens e uma sentença". Nossa democracia interna baseada na paciência e na construção de política ouvindo a divergência, o consenso progressivo, evitou que iniciássemos em 2005 na maior base bancária do país, uma campanha sem assembleia inicial.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Tenho uma leitura do momento atual de que se isso acontecesse hoje, eu não seria ouvido, a opinião divergente sequer teria sido ouvida e a proposta inicial seria automática... campanha salarial sem assembleia de base...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Juro pra vocês que isso aconteceu em 2005. Foi um aprendizado para todos nós da direção do Sindicato. Fizemos uma ótima campanha salarial naquele ano.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: para ler o texto de <i>Memorias XXXVII</i> anterior, é só clicar <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/04/memorias-xxxvii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>. O capítulo seguinte pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/08/memorias-xxxix.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-20551703509434460402023-05-26T19:25:00.012-03:002023-05-27T15:13:11.956-03:00Previ sob ataque - Nota de repúdio da Contraf-CUT<p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyMxR0L2qyYj8Ak-CA10jlmMeiOLshQWcSnBZaXh8fMTqwQTRb3eXyVBCZWy678ZS_nE3DrV_75EImRN4kt8Enarli6yEiigCp-pvL7vdRP72jVhSncLgM4Jxv7IsCdl7rk2lYz6rHIIbO3a8YR3WJsQuEmFXKHVB82TMWKLDdPBqg2_c0XA/s2048/26mai23.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyMxR0L2qyYj8Ak-CA10jlmMeiOLshQWcSnBZaXh8fMTqwQTRb3eXyVBCZWy678ZS_nE3DrV_75EImRN4kt8Enarli6yEiigCp-pvL7vdRP72jVhSncLgM4Jxv7IsCdl7rk2lYz6rHIIbO3a8YR3WJsQuEmFXKHVB82TMWKLDdPBqg2_c0XA/s320/26mai23.jpg" width="240" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Comentário e opinião:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b>Previ sob ataque: trabalhadores e associad@s devem se unir e repudiar interferências na governança</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Começo meu comentário citando a filósofa Marilena Chaui ao dissertar sobre a diferença entre a justiça distributiva e a justiça participativa, que se refere ao exercício do poder e à igualdade:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"<i>A justiça participativa se refere ao que só pode ser participado, ou seja, ao poder político, que pertence a todos os cidadãos igualmente. Uma política é injusta, neste caso, no sentido exatamente inverso ao da justiça distributiva, isto é, quando trata desigualmente os iguais, excluindo uma parte dos cidadãos do exercício do poder. A prática democrática pertence a essa justiça.</i>" (CHAUI, <i>Leituras da crise</i>. p. 19) </b></span></p><span style="font-family: verdana;"><b>Não é de hoje que as forças políticas de direita, conservadoras e ou reacionárias, que falsamente se dizem "liberais" (mentira!), notadamente representativas da casa-grande brasileira e dos donos do capital de forma geral, vêm desenvolvendo estratégias para excluir do poder o nosso lado da classe, a classe trabalhadora. Toda sorte de exigências inventadas através de certificados e currículos e outros que tais é para impedir lideranças dos trabalhadores de chegarem ao poder.</b></span><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Ao longo de minha vida de representação sindical e política (desde 1999 e até 2018), vi surgirem várias dessas estratégias direitistas nos espaços de poder político da sociedade e no mundo do trabalho. Vou comentar algumas delas e finalizar me solidarizando com a vítima da vez, a Previ e o presidente João Fukunaga, indicado pelo Banco do Brasil dentro das regras atuais para a função, os que tais: certificados e currículos.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Vale registrar que em várias das situações que vou citar abaixo, muitas vezes tivemos uma divisão em nosso lado, pois parte da classe trabalhadora acaba sendo convencida pela ideologia de nossos inimigos de classe de que a técnica - às vezes chamada até de "meritocracia" - deve prevalecer sobre a política. É um equívoco isso!</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Quer um exemplo: a tal "ficha limpa". Em 2010 fui contra e escrevi sobre isso, o apoio da esquerda para se instituir essa coisa que evidentemente seria usada contra o nosso lado da classe para nos tirar dos espaços de poder político.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Ouçam Marilena Chaui! Igualdade na democracia só é possível quando há justiça participativa, não se pode excluir ninguém do exercício do poder político. Meus colegas de classe precisam entender isso. Caso contrário, jamais teremos igualdade na representação nos espaços de poder social.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Já nos anos noventa, quando os governos dos fernandos (Collor e FHC) começaram a destruir as estatais e empresas públicas, privatizando boa parte delas e sucateando aquelas que não foram privatizadas, atacando fortemente os direitos dos trabalhadores, algumas teses "liberais" ou do patronato foram implantadas. </b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Os salários foram substituídos por remuneração variável, antiguidade e experiência no serviço foram demonizadas e vários direitos foram perdidos ou via acordos coletivos rebaixados pela correlação de forças ruim ou através da "justiça", que nunca é favorável à classe trabalhadora, nunca mesmo, quando há vitórias do nosso lado ou são individuais ou se ganha uma a cada cem perdidas. Ou se ganha, mas não se leva...</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>No BB, após os processos de reestruturação dos fernandos, começaram a criar barreiras para impedir os funcionários mais antigos de concorrerem às funções com maior remuneração e chamadas cargos de confiança. Exigências de diplomas disso e daquilo, certificados e outras regras foram excluindo excelentes profissionais e lideranças, com experiências e resultados comprovados naquilo que faziam.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Depois foram forçando a exigência de diversos documentos e títulos e diplomas e certificados para que um(a) trabalhador(a) do Banco do Brasil pudesse inclusive concorrer para funções eletivas. É aquilo que Chaui chama de poder político, que não se pode restringir a participação de todas e todos. É para isso que existem os corpos técnicos e de carreira, para exercerem a governança nas empresas, tipo Cassi e Previ.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Foi-se perdendo a razoabilidade nas exigências que a burocracia do poder impôs às empresas e espaços de poder público (sim, porque no privado o filho do dono da empresa pode ser o que quiser nela) e as <i>compliances</i> da vida foram estabelecendo regras cada vez mais impossíveis de se cumprirem para se exercer o poder político. Quem hoje pode ser candidato a uma vaga na governança da Cassi e da Previ ou associações de trabalhadores do tipo?</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Não vou me alongar no texto, só quero trazer a reflexão sobre essa questão. O poder político não pode ser limitado por essas burocracias impostas pelos donos do poder real: burgueses e capitalistas e seus lacaios na máquina estatal dos três poderes. ISSO NÃO É JUSTO NEM DEMOCRÁTICO.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Ao fim e ao cabo, basta ver que as regras limitantes da participação do poder político só valem para o nosso lado da classe ou são desconsideradas quando o alvo são apaniguados e protegidos da casa-grande e do capital. </b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Só nestes dias, tiraram o juiz Eduardo Appio da 13ª Vara de Curitiba, a da Lava Jato, de forma absolutamente irregular e inconstitucional segundo o jurista e professor Pedro Serrano, que disse hoje que será advogado de Appio no processo. Nunca impediram o ex-juiz Moro de fazer as irregularidades absurdas que fez e contrárias às leis. </b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Tentaram impedir Jorge Viana de tomar posse na presidência da Apex através de invenções não razoáveis (inglês fluente), sendo a função uma indicação do poder político. Ao ser indicado pelo governo, ele cumpriu todas as regras estabelecidas, os que tais. Um juiz e um fulano acharam que não era suficiente.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>E agora, mesmo com todas as regras cumpridas, atacam a nossa Caixa de Previdência e o presidente João Fukunaga, legitimamente indicado pelo Banco do Brasil e certificado pelo órgão responsável por isso. </b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>E o pior é que tem algumas pessoas que se dizem representantes nossas, do corpo de funcionários da ativa e aposentados, que apoiam essa aberração de interferência em nossa Previ. Essas pessoas NÃO nos representam!</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Espero que essa interferência indevida do poder judiciário seja revista o mais rápido possível e que nossa Previ e seu corpo diretivo possam seguir trabalhando para cumprir o que nossos estatutos e regras definem para a governança da Caixa de Previdência.</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes<br />Ex-diretor eleito da Cassi<br /><br />---</b></span><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5V8dBYjcFzK17HHSYxXIhdvL5fJjLh6NtPy6vjeMXoRluVUHWDSOT8q_xex6FR7Ts7wlak77La_EjsL_c--zyRkYmRZBwj8KmQyJO9VAhCk0dFuBIvzjMHnKGlUB18dvHoyFamFeMBnJLuohVc0L8do12ZWHNPr45vke3HsBWG9Iu3_GJTg/s755/Contraf,%20nota%20sobre%20Previ%20e%20Fukunaga.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="455" data-original-width="755" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5V8dBYjcFzK17HHSYxXIhdvL5fJjLh6NtPy6vjeMXoRluVUHWDSOT8q_xex6FR7Ts7wlak77La_EjsL_c--zyRkYmRZBwj8KmQyJO9VAhCk0dFuBIvzjMHnKGlUB18dvHoyFamFeMBnJLuohVc0L8do12ZWHNPr45vke3HsBWG9Iu3_GJTg/w400-h241/Contraf,%20nota%20sobre%20Previ%20e%20Fukunaga.jpeg" width="400" /></a></div><b><br /><br /><span style="font-size: medium;">Contraf-CUT repudia ataques contra fundo de pensão do Banco do Brasil</span></b></span><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>26/05/23 - 11:02</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /><i>Movimento sindical repudia decisão de juiz pelo afastamento do presidente da Previ: de viés político, sem base e que desrespeita processos de elegibilidade do BB e da própria Previ, aprovados por órgão regulador</i><br /><br /><span style="font-size: medium;">Nota de repúdio aos ataques à Previ</span><br /><br />A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) repudia decisão do juiz substituto da 1ª Vara Cível do Distrito Federal, Marcelo Gentil Monteiro, que atendeu a pedido de um deputado para afastar o presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), João Fukunaga, do cargo. Uma decisão que fere instâncias democraticamente instituídas como o Conselho Deliberativo do Banco do Brasil e a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), entidade pública responsável por gerenciar as operadoras de previdência privada no país, que habilitaram João Fukunaga para exercer o cargo.<br /><br />Todos os ritos de governança foram respeitados, desde a indicação até a posse de João Fukunaga, que atendeu às exigências previstas nos processos de elegibilidade tanto do Banco do Brasil, patrocinador do fundo de pensão, quanto da própria Previ.<br /><br />A decisão também é mais um ataque contra o movimento sindical, uma vez que Fukunaga, além de funcionário de carreira do Banco do Brasil e associado do plano Previ Futuro, tem histórico na luta pelos direitos dos trabalhadores bancários nas entidades representativas.<br /><br />A determinação pelo afastamento do dirigente, portanto, é absolutamente política, sem base técnica alguma. Além disso, coloca em risco o equilíbrio das instituições, desrespeitando órgãos reguladores, necessários para manutenção do sistema de freios e contrapesos, sem os quais não há Estado Democrático de Direito.<br /><br />Continuamos acreditando no Poder Judiciário e aguardamos pela revogação da liminar, dada a fragilidade jurídica da decisão que se configura como mais um ataque à Previ e ao futuro previdenciário de seus participantes.<br /><br />Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)</b></span></div></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b>Fonte: Contraf-CUT</b></span></div><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div></div>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-52381256117391074642023-04-07T14:32:00.015-03:002024-01-16T00:06:10.074-03:00Memórias (XXXVII)<p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7BIDHaYW5-rDGW3wGayaKSxcF6xiwi6LtGuh_y-Pj8pF4Zywzx2HuHyi27cgPLjwBqnDKG4TrFOPIPLQCyl0cucJ-e6uDSJjHem119LPED9ZZlPRrzu0AHf6-wS6yZG4hkFjATJjckhJ7Cl_wfyVulHIaHwA5oNflI0yS4BhO3lf2601qtw/s673/Eu%20em%20Curitiba%20em%2021set17.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="673" data-original-width="505" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7BIDHaYW5-rDGW3wGayaKSxcF6xiwi6LtGuh_y-Pj8pF4Zywzx2HuHyi27cgPLjwBqnDKG4TrFOPIPLQCyl0cucJ-e6uDSJjHem119LPED9ZZlPRrzu0AHf6-wS6yZG4hkFjATJjckhJ7Cl_wfyVulHIaHwA5oNflI0yS4BhO3lf2601qtw/s320/Eu%20em%20Curitiba%20em%2021set17.jpg" width="240" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b><i>Sou um dos milhares de militantes do movimento social brasileiro de esquerda que torcem diariamente por nosso governo e pela classe trabalhadora</i></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Osasco, 7 de abril de 2023. Sexta-feira Santa.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Estamos no mês de abril. Ano ímpar. No país onde vivo e na comunidade à qual pertenço - funcionários da ativa e aposentados do Banco do Brasil - não temos corridas eleitorais no país, nem na Caixa de Previdência (Previ) nem na Caixa de Assistência (Cassi). Temos eleições sindicais e associativas em algumas de nossas entidades bancárias. O Sindicato ao qual sou associado há 3 décadas terá eleições com chapa única, então todos nós votaremos na Chapa 1 para fortalecermos as companheiras e companheiros que nos representam na organização do movimento sindical.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A nossa Caixa de Assistência disponibilizou seu Relatório Anual nesta semana e os associados e associadas terão direito de se manifestar sobre ele nos próximos dias. Já tentaram retirar o nosso direito de manifestação na Cassi assim como nos foi retirado por intervenção externa na Previ, ainda no período do governo do PSDB, se não me falha a memória (intervenções em 2001 e 2002), mas na Cassi nós interviemos a tempo e nossa manifestação segue garantida. Eu tenho uma viagem marcada para as próximas semanas e isso tem me tirado um pouco do tempo livre para leituras e estudos. Estou um pouco focado na viagem que farei*.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Fico me perguntando se leio o Relatório Anual 2022 com olhar crítico ou se simplesmente voto "sim" seguindo as recomendações dos colegiados que já leram e aprovaram as contas e as decisões estratégicas que a direção de nossa Caixa de Assistência tem tomado nos últimos anos, e no ano de 2022, ano ao qual o relatório faz referência. São 165 páginas e para uma leitura adequada, do meu jeito, teria que ler outro relatório, de outro ano a escolher, para poder ter uma referência em relação ao que fizeram com a nossa Cassi. Não sei realmente se vale a pena esse esforço com o tempo que me resta antes da viagem ou se deixo pra lá. Tenho responsabilidade e não faria manifestações indicando rejeição do relatório porque isso é ato político menor. Ler o relatório seria mais para ter consciência e noção do que estou votando, apenas isso.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Até dezembro de 2022 eu tinha leitura clara a respeito do que estavam fazendo com a nossa Caixa de Assistência, era o governo Bolsonaro que regia a nossa autogestão e o patrocinador Banco do Brasil, era Bolsonaro que indicava a metade da gestão e a outra metade era eleita por nós associados. Então tenho uma boa noção do que vieram fazendo com a nossa Cassi até o final do mandato de Bolsonaro: terceirização absurda e desnecessária e mudança radical no modelo assistencial de ESF para outra coisa, que chamaram de APS. Até Lula, que não é nenhum esquerdista radical, ficou chocado com a terceirização no Palácio do Planalto, e disse que iria mandar rever aquilo. Será que a fala do presidente da república vale para o BB e para a Cassi?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Só que agora em 2023 a direção indicada não é mais responsabilidade daquele sujeito apreciador de armas, violência e joias. Agora a responsabilidade do que acontecer na Cassi e no Banco do Brasil e na Previ e nas nossas instituições públicas ou de economia mista ou com ligação com estas será do presidente Lula. E sou eleitor e apoiador do governo eleito por nós. Se o nosso governo fizer coisas ruins para o Brasil e para nós, todos nós teremos um pouco de responsabilidade, assim como nenhum álcool-gel desinfeta as mãos de quem votou em Bolsonaro e tudo o que ele significa e fez. O sangue derramado pela política de ódio de Bolsonaro segue sendo responsabilidade de quem votou e apoia ele.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>INVISIBILIZAÇÃO...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eu nunca soube por que fui cancelado e apagado da história que ajudei a construir no movimento sindical bancário e na comunidade do Banco do Brasil por parte de algumas lideranças do movimento sindical de onde tenho origem, nunca soube e isso é que é estranho. Nós tínhamos a prática de nos reunirmos em avaliações políticas sempre que chegavam os momentos de definições de novas chapas e composições políticas para qualquer de nossas entidades. Às vezes eram debates duros, mas eram francos, honestos, até fraternos, mesmo quando decidíamos em coletivo que alguém não faria mais parte dos colegiados que estávamos montando. Isso não aconteceu comigo. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Até hoje eu não sei por que o meu Sindicato decidiu me excluir das discussões políticas que aconteceriam para o ano calendário de 2022, quando a nossa coordenação política na Contraf-CUT chamou reuniões nos fóruns sindicais para definir as políticas que adotaríamos para as eleições de Previ e Cassi para o ano de 2022. Simplesmente, não fui incluído nas discussões que aconteceriam naquela semana de dezembro de 2021. Até a véspera, eu fazia parte da coordenação da Articulação Sindical do grupamento do Banco do Brasil. Participava e contribuía com estudos, textos, pesquisas, palestras, auxiliava em negociações sobre a Cassi, assessorava etc. Simplesmente na semana do início das discussões fui cancelado, e ponto. Por quê?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>CAMPANHA UNIFICADA - Meu histórico no movimento sugeriria um pouco mais de respeito. Me lembro de quando iniciamos as discussões sobre campanha unificada entre bancos públicos e privados no início do governo Lula. A companheirada dos públicos era contrária à proposta, era um debate justo. Com Lula eleito, achavam que tinham que recuperar sozinhos tudo que nos tiraram na década de noventa. As oposições bancárias à CUT e Articulação Sindical eram fortes oponentes à campanha unificada. Como jovem liderança do maior sindicato do país e da Articulação, viajei às bases com mais bancos públicos para fazer o debate fraterno e convencer as lideranças do acerto da campanha unificada. Tudo deu certo e o movimento ganhou muito com esse acerto. Assim como essa história, em muitas outras tive participação importante, eu e várias pessoas hoje esquecidas ou canceladas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A vida seguiu para todo mundo, lógico. Eu segui militando nas ruas, nas campanhas contra Bolsonaro e a favor de Lula e da democracia, nos contatos que sempre tive com o país todo, mesmo diminuindo porque fui apagado depois de dezembro de 2021, quem é do movimento sabe como isso funciona. Depois encontrei um espaço na militância do Partido dos Trabalhadores da região onde moro, o pessoal da região faz um trabalho de base muito bonito, digno, do jeito que aprendi no movimento sindical. Nunca mais fui ouvido sobre os assuntos que mais entendo e acumulei em décadas, os assuntos sobre a história de lutas e conquistas do movimento sindical e a Cassi, por exemplo, que estudei mais que tudo na vida durante os 4 anos em que fui diretor de saúde e dei a minha vida e a minha saúde defendendo os direitos dos associados e o modelo de saúde. Nenhum direito foi perdido até o dia em que estive lá. Nenhum.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Tenho comigo que esse cancelamento e invisibilização é um pouco a característica do que nós viramos no movimento sindical e político no campo da esquerda brasileira. Isso nos enfraquece. Não adianta eu ficar elucubrando os porquês do que nosso Sindicato fez comigo, tenho leitura de diversas possibilidades para explicar os motivos de ser excluído das discussões políticas do grupo ao qual ajudei a construir em décadas, mas nunca me foi dito formalmente por que me excluíram. Isso não foi algo digno do que nós construímos nas últimas décadas. No entanto, a cada dia de vida entendo mais como as coisas funcionam, é algo até chato, mas a gente vai compreendendo o mundo onde vivemos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Sigo na torcida pelo sucesso do nosso lado da classe, a classe trabalhadora, de nosso governo Lula, e de nossas lutas dos trabalhadores e trabalhadoras, lideradas por nossas entidades de classe.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como diz o jornalista Ricardo Kotscho, vida que segue.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>*Foi minha primeira viagem para Cuba, uma república socialista localizada no Mar do Caribe. Passei duas semanas por lá e a experiência foi muito interessante.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: o texto de <i>Memórias</i> anterior pode ser lido clicando <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/02/memorias-xxxvi.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>. O capítulo seguinte pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/06/memorias-xxxviii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum II</i>: ano passado, na ocasião do 99º aniversário do nosso Sindicato, fiz um texto de <i>Memórias</i>, caso tenham interesse é só clicar <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2022/04/memorias-xxiii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>. Nele, falo da questão de minhas andanças defendendo a campanha unificada e minhas relações com a base. (lógico que esse texto me faz chorar rsrs)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-79677651854859515272023-02-09T15:22:00.015-03:002024-01-11T22:25:56.289-03:00Memórias (XXXVI)<p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZf8IfllCTbwYVV2YVkAOu-pmt9qE9wbkj560Vx189B9U7ZCMMCQ3A3uAICD-bGS_RNPu7JlWclVt2ZWY4vRjZNl_KzzSJ6PeHJju_0IPmUsgACxP_fzr4WEWHFB3ZhNQy36AuocxI4NLPlHZHoukN9D0yda-8cdD3urFFToc4E6wVIw1bBw/s460/Posse%20na%20Contraf%202006.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="306" data-original-width="460" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZf8IfllCTbwYVV2YVkAOu-pmt9qE9wbkj560Vx189B9U7ZCMMCQ3A3uAICD-bGS_RNPu7JlWclVt2ZWY4vRjZNl_KzzSJ6PeHJju_0IPmUsgACxP_fzr4WEWHFB3ZhNQy36AuocxI4NLPlHZHoukN9D0yda-8cdD3urFFToc4E6wVIw1bBw/s320/Posse%20na%20Contraf%202006.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i><b><span style="font-family: verdana; font-size: x-small;">Eu, Miguel, Vagner, Carlão e Plínio,<br />parte da direção da Contraf-CUT 2006.</span></b></i></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b><i>Fazíamos planejamento estratégico e tínhamos ao menos noção de onde queríamos chegar e quais as etapas que tínhamos que cumprir...</i></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Osasco, 09 de fevereiro de 2023. Quinta-feira.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>De vez em quando, acabo pegando essa folha de papel virtual em branco e registro algumas lembranças e sentimentos do período no qual ajudei a construir uma das maiores estruturas sindicais da classe trabalhadora brasileira: a Contraf-CUT, sucessora da CNB/CUT, sucessora do DNB/CUT, uma estratégia ousada dos bancários organizados dentro da Central Única dos Trabalhadores, criada em 1983, após a Conclat.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao separar mais um volume de papéis para expurgo, me deparei com o Relatório de Planejamento para o ano de 2007 da direção da Contraf-CUT. A confederação havia sido criada no início do ano de 2006 e o 1º congresso havia sido realizado em abril, se não me falha a memória. Tive o privilégio de ser indicado no congresso para compor a direção da entidade, atuaria na área de comunicação.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O planejamento foi realizado em Itapecerica da Serra (SP), entre os dias 13 e 15 de dezembro de 2006, e contou com a presença de 20 dirigentes e com assessorias, inclusive do Dieese, que coordenou os trabalhos do planejamento.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghLxDEXwC2dq18U7BrkqzEbZ75E61N8rO_PKMzy9NxUZCnGMGSvE6pZD-uky_Cw8H5MhjyJhg6DpZn3zehXsIBKd7jf3fLJ0YDYSevSu67mbfyETVhRaOXTE3t7UYyaoEwJFJApPHyHyTr3AJwSDpdVm95ktEpg_a2FFX0ORuiQTmec_tpdA/s2304/Mem%C3%B3rias%20XXXVI.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2304" data-original-width="1728" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghLxDEXwC2dq18U7BrkqzEbZ75E61N8rO_PKMzy9NxUZCnGMGSvE6pZD-uky_Cw8H5MhjyJhg6DpZn3zehXsIBKd7jf3fLJ0YDYSevSu67mbfyETVhRaOXTE3t7UYyaoEwJFJApPHyHyTr3AJwSDpdVm95ktEpg_a2FFX0ORuiQTmec_tpdA/s320/Mem%C3%B3rias%20XXXVI.jpg" width="240" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Veja abaixo o enunciado do projeto da Contraf-CUT que definimos para os doze meses do ano de 2007:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>--------------------</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"A Contraf-CUT irá organizar, representar, de fato e de direito e contratar para todos os trabalhadores e trabalhadoras do ramo financeiro articulada com as federações e principalmente sindicatos"</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>--------------------</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A prática de planejar a organização da luta da classe trabalhadora me deu uma formação essencial para ser o dirigente que acabei sendo por 16 anos de mandatos eletivos. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Os coletivos políticos e sindicais acabaram definindo minha caminhada política nesse período. Estive na Executiva do Sindicato, na representação da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB ou COE) e depois fui coordenador, estive na secretaria de imprensa e depois formação da confederação e estive da direção da Caixa de Assistência em saúde do BB, a Cassi. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Desde que fui eleito para o 1º mandato de representação em 2002, no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, fui me politizando e me tornando um dirigente que sabia o que era, o que deveria fazer e onde queria chegar em cada momento sindical que vivi. A prática das reuniões políticas com a base, com a direção e os planejamentos me davam uma segurança em relação ao que fazer.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>No sindicato, fazíamos planejamento da diretoria. No coletivo de banco (Coletivo BB) ao qual pertencia, fazíamos planejamento para o mandato, para o ano, para as regiões do sindicato, para cada dirigente e fazíamos reuniões periódicas para avaliar o trabalho de cada um, para alinhar estratégias e táticas e nos ajudarmos mutuamente. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Repito: desde que virei dirigente sindical, eu sabia o que deveria fazer enquanto representante dos trabalhadores em um sindicato combativo e importante como a entidade na qual militei como bancário de base e como dirigente por muitos anos: três décadas na categoria.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>CASSI</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Depois de mais de uma década de planejamentos, objetivos, estratégias e táticas vivenciados no dia a dia da organização do movimento sindical bancário e da CUT, cheguei eleito a maior e mais antiga autogestão em saúde do país, a Caixa de Assistência dos Funcionários do BB.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A autogestão Cassi é uma das organizações da classe trabalhadora mais interessantes que eu já conheci. Ao começar os trabalhos na associação, fui obrigado a estudá-la profundamente em pouquíssimo tempo e o que nos deu condição de gerir a Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi ao longo do mandato de 4 anos foi o planejamento que fizemos logo nos primeiros 3 meses de gestão. Eu tinha metas e tarefas para cada ano do mandato e cumpri religiosamente cada etapa.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A Caixa de Assistência passava por uma de suas crises econômico-financeiras, algo que se repete desde a sua criação em 1944 por causa das características intrínsecas a ela e externas em relação ao mercado no qual atua. Felizmente, atravessamos os 4 anos de mandato sem que os associados perdessem direito algum em saúde e ainda fortalecemos o modelo assistencial da Cassi, a Estratégia de Saúde da Família (ESF).</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Posso afirmar categoricamente neste registro de memória que se não fossem os estudos que realizamos, a equipe de profissionais que tínhamos, o apoio de entidades representativas e o trabalho permanente de esclarecimento às bases sociais ao longo do mandato, não teríamos conseguido manter os direitos dos associados e o modelo assistencial e, no plano de custeio, não teríamos conseguido manter a solidariedade, que só foi retirada após nossa saída da gestão.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO NA ESQUERDA É ESSENCIAL</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O planejamento estratégico por parte das organizações sociais é algo essencial para dar um norte, um senso de objetividade aos militantes da classe trabalhadora. Para perseguirmos nossas utopias com um mínimo de organização.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Sem objetivos, estratégias e táticas definidos, sem distribuição de tarefas, e sem formação e politização dos grupos, sem comunicação adequada, as pessoas podem até trabalhar (militar) até o limite de suas forças, mas talvez não consigam ver o resultado de seus trabalhos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>E se o planejamento for feito somente pelas cúpulas (os tais "capas"), sem ouvir e envolver o conjunto das direções sindicais, políticas e militâncias, a tendência é a não realização dos objetivos coletivos e não se chegar a lugar algum. Sem dar pertencimento a quem milita no movimento não se vai muito longe.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eu desejo muito que as organizações sindicais e as partidárias de esquerda estejam preparadas ou se preparando para o duro embate que temos com nossos adversários, que agora são mais que isso, talvez inimigos. Vejam o exemplo da extrema-direita que nos quer mortos e eliminados da face da Terra.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Olhando para trás, analisando a história da categoria bancária que vivemos juntos, sou testemunha que a classe trabalhadora pode mudar a realidade social e avançar em conquistas coletivas em todas as dimensões sociais, mesmo quando os adversários - patronato - são os donos do capital, os banqueiros e capitalistas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Deixo meu fraterno abraço e desejo de conquistas e realizações às militâncias e às direções das entidades de luta da classe trabalhadora.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Para ler o texto anterior de <i>Memórias</i> (XXXV) é só clicar <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/01/memorias-xxxv.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>. O texto seguinte pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/04/memorias-xxxvii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-59468464848080453682023-01-08T15:12:00.040-03:002024-01-10T23:11:02.317-03:00Memórias (XXXV)<p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_K4Z1NHaeCRerdpE-9P78s9gxumb6-3Ouv_wfQ0--CuNiHdAT5VyyL-w0wOLkkUzAdTERLGe8hcrPy9iTxvnL1xZT3phbFqMUcVBA0rPZCCwbXyPxhINUidARQeqi1B8HZfj4plJMUgj9JQoWvN_yIxL_WlMDvqIaIlmwSpHt1gkH3YznnQ/s3072/04jan23.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3072" data-original-width="2304" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_K4Z1NHaeCRerdpE-9P78s9gxumb6-3Ouv_wfQ0--CuNiHdAT5VyyL-w0wOLkkUzAdTERLGe8hcrPy9iTxvnL1xZT3phbFqMUcVBA0rPZCCwbXyPxhINUidARQeqi1B8HZfj4plJMUgj9JQoWvN_yIxL_WlMDvqIaIlmwSpHt1gkH3YznnQ/s320/04jan23.jpg" width="240" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Osasco, 8 de janeiro de 2023. Domingo. (15h12)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><b style="font-family: verdana;">As imagens históricas da posse do presidente Lula no dia 1º de janeiro me trouxeram lembranças de muita coisa em minha vida. Me lembrei de minha entrada na política como militante sindical bancário, me lembrei do período no qual tive mandatos eletivos e me lembrei do Brasil que havíamos construído nos dois primeiros decênios do século.</b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Aquele mar de gente em Brasília me trouxe a lembrança da posse de Lula no dia 1º de janeiro de 2003, duas décadas antes. Foi lindo demais aquele dia e foi inesquecível. Me lembrei da posse de Dilma Rousseff no dia 1º de janeiro de 2011. Que dia simbólico e inesquecível também: a primeira presidenta do país. O Brasil tinha se tornado o país com o povo mais feliz do mundo durante aqueles anos de governos do Partido dos Trabalhadores. As oportunidades eram para todos e todas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>REPRESENTAÇÃO POLÍTICA - ANOS DE MUITO TRABALHO</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O ano de 2002 foi o ano no qual minha vida mudou radicalmente, virei dirigente eleito da categoria bancária. Antes, eu já era próximo da direção do Sindicato porque era o contato da entidade nos locais de trabalho, tanto no Banco do Brasil, onde já trabalhava há dez anos, quanto no Unibanco, onde trabalhei por dois anos e conhecia as lideranças do Sindicato da Regional Osasco. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Anos depois, o ano de 2018 viria a mudar radicalmente minha vida de novo. Deixei de ser dirigente da categoria em junho e minha saída foi da pior maneira possível, sem festas, sem despedidas e perseguido pela direção da empresa num processo de <i>lawfare</i> que durou até que eu me desligasse do banco no ano seguinte. Tive que manter um silêncio de morte, um cancelamento forçado.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao ver jornalistas e cientistas políticos avaliarem que o presidente Lula trabalhou nos primeiros dias de seu 3º mandato em 2023 mais do que o inominável miliciano havia trabalhado em meses de mandato na presidência do país, também me lembrei de alguns momentos de minha vida nos mandatos eletivos que exerci no movimento dos trabalhadores entre 2002 e 2018. Trabalhei pra caramba! Trabalhei como o presidente Lula sempre trabalhou! Não à toa, Lula sempre foi uma referência para mim.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Durante os mandatos eletivos de secretário de formação da Confederação (2009-15) e coordenação da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (2012-14) - duas funções complexas -, eu trabalhava cerca de 90 horas por semana, de duas a três jornadas de trabalho da categoria que eu representava. O que nos move nas funções políticas é o compromisso ético que assumimos com as pessoas que nos confiaram seus votos. É raro nos preocuparmos com a nossa saúde e com a vida pessoal e familiar. Somos máquinas atuando 24 horas por dia nas causas às quais nos engajamos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Em 2014, quando achava que seria impossível trabalhar mais do que eu trabalhava como coordenador das negociações nacionais do Banco do Brasil e como secretário de formação da categoria fazendo cursos Brasil afora - com apoio da equipe do Dieese -, algumas lideranças do movimento sindical me convidaram para outro desafio de representação: ser diretor de uma autogestão em saúde disponibilizando meu nome para concorrer às eleições da Cassi, Caixa de Assistência dos Funcionários do BB.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>É necessário registrar que nunca pleiteei cargo ou função alguma no movimento dos trabalhadores. Nunca! Como diria minha mãe, nunca fui oferecido, nunca fui de me convidar para isso ou aquilo. Não é meu perfil. E respeito quem é candidato(a) a tudo. Eu não sou assim. Por outro lado, sempre fui muito solícito e tive dificuldades para negar quando me escolhiam para ocupar posições de liderança e gestão, às vezes até sofria com a missão, mas cumpria com empenho a tarefa dada pelo movimento. Foi assim que me vi representante do movimento estudantil, membro do Conselho de Usuários da Cassi SP, síndico do meu condomínio... e na vida sindical fui diretor do Sindicato, da Comissão de Empresa, da Confederação... e da Cassi.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>CASSI</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao ler registros do período que vivi na direção da autogestão em saúde, vejo que ainda foi possível trabalhar mais do que havia trabalhado na década anterior para o movimento sindical e para a categoria bancária. Uma loucura! </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao compreender o desafio que pesava sobre meus ombros naquele momento, vi que teria que desenvolver uma estratégia de gestão que conciliasse estudar como nunca estudei na vida, atuar na base mais do que já atuava para educar o público do sistema- uma base nacional -, e ser o mais criativo possível na solução de problemas diários de uma instituição fadada a não existir por ser antagônica ao <i>modus operandi</i> do setor de saúde no qual atua, o mercado capitalista que visa lucro com a doença das pessoas, ou seja, quanto pior as pessoas estiverem, melhor para os donos do capital da "indústria da saúde".</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Muito trabalho. Assim foi feito por mim, por nós da equipe de trabalho. Tanto estudei centenas e centenas de súmulas, atas, documentos técnicos da área de saúde e gestão de saúde, comportamento do mercado etc que em pouco tempo discutia de igual para igual com qualquer pessoa daquela área de conhecimento e dei dezenas de palestras de gestão de saúde. Os funcionários da autogestão me diziam que eu não os envergonhava ao falar de gestão em saúde, ao falar da Caixa de Assistência e o que ela perseguia enquanto modelo e objetivos históricos.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Ao mesmo tempo em que estudei a autogestão, mantive a rotina que tinha quando era sindicalista, rotina de estar ao lado da base social que representava, os trabalhadores da ativa e aposentados do Banco do Brasil e suas entidades representativas. Por 4 anos estive nas bases sociais informando e formando a opinião dos associados e participantes sobre a Cassi. Foi assim que tiramos da pauta a proposta patronal e liberal de quebra da solidariedade no modelo de custeio.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Quando o patrão e patrocinador percebeu que a base social estava mais coesa na defesa dos modelos assistencial e de custeio de nossa entidade e menos exposta às manipulações ideológicas e liberais, passei a sofrer boicotes internos que me impediam de avançar o modelo de saúde e o contato com a base. Segui fazendo o que tinha que ser feito, usando meus próprios recursos ou das entidades sindicais que nos ajudavam.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>De maneira muito combativa, transparente e dedicada aos princípios aos quais nos baseamos chegamos ao final do mandato de diretor de saúde em 2018 mantendo todos os direitos dos associados da Cassi e com o modelo de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e estruturas próprias de atendimento (CliniCassi) consolidados e reconhecidos como eficazes por toda a comunidade do sistema Cassi: associados, participantes, entidades representativas e patrocinador.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como incomodei demais os adversários e o mundo jurídico e político já vinham atuando com novas ferramentas de guerra ideológica contra pessoas físicas e jurídicas - <i>lawfare</i> -, processos baseados em mentiras (<i>fake news</i>), terminei o mandato sofrendo um assédio moral violentíssimo e que depois seria arquivado por falta de provas. O objetivo desses processos é destruir as pessoas e impedir que elas possam seguir na vida política, nem que seja por um período determinado.</b></span></p><p><b style="font-family: verdana;">--- </b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>3º GOVERNO LULA</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A eleição do presidente Lula foi um acontecimento que ficará registrado para sempre na história do Brasil e do mundo. Vencer a máquina corrupta e fascista do bolsonarismo nas eleições foi algo épico, inacreditável! A máfia que estava instalada na estrutura do Estado brasileiro não contava com a derrota por causa da quantidade incalculável de fraudes incluídas no processo eleitoral por parte deles, bolsonaristas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Vencemos! Para surpresa dos adversários, vencemos! Os 50,9% do resultado final das eleições equivale a algo como 60 a 70% de votos válidos numa eleição limpa, num processo normal de um país com democracia plena em vigor. Os 49,1% deles é algo inflado em mais de 15%. Vencemos tudo isso que montaram para se manterem no poder político!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Governar os 4 anos do mandato será uma nova etapa da guerra. E será muito difícil para todo mundo, para o nosso lado da frente ampla e para o lado que apoia o regime que havia tomado o Estado nacional por fraudes seguidas a começar pela operação mequetrefe lesa-pátria Lava Jato, pelo golpe de Estado em 2016, pela trágica prisão de Lula e que culminou com a eleição daquele ser inominável em 2018 e a pior bancada do Congresso em sua história. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Digo que o período será difícil também pra eles - apoiadores do bolsonarismo - porque há uma massa de gente comum capturada, manipulada e doente, precisando de ajuda médica para se libertar da máquina fascista de manipulação.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Para nós do campo da esquerda, progressista e que defende a democracia com tudo que ela significa como, por exemplo, o respeito aos diferentes, será um período muito difícil! Muito! Pessoas que conhecem a política como eu conheço, sendo alguém que conviveu por mais de duas décadas ao lado daqueles e daquelas que chegaram ao poder, imagino o quanto será complexo tentar exercer o direito básico à opinião própria e a divergência das ideias no campo da esquerda... será difícil, ou talvez impossível!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Pessoas como eu e algumas outras figuras do movimento sindical e partidário dificilmente teriam espaço na composição de governo no atual cenário e conjuntura nacional que citei acima. Mesmo tendo uma história, tendo conhecimento em áreas do movimento como poucos militantes. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Imagino que o governo será composto por duas metades: a da frente ampla, onde Lula não veta nem pessoas com históricos complicados, e a do lado do governo, com algumas pessoas que definem quem vai servir o governo em cargos com a promessa de obediência absoluta ao que mandarem, absoluta.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, de minha parte, desejo muito que o governo dê certo, que sobreviva aos 4 anos, que entregue algumas das promessas centrais de campanha, e que evite erros básicos dos mandatos anteriores, os dois de Lula e o único de Dilma (porque ela não pode governar após a reeleição).</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Militantes que têm um pouco de opinião própria e que não se adaptam ao fazer política obedecendo pessoas cegamente estarão aqui nas bases torcendo pelo governo, criticando e cobrando também (como disse Lula) e, consequentemente, sofrendo pelo governo e talvez até dando a vida pelo governo na hora da guerra que pode acontecer a qualquer momento. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i> (às 20h16):</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Comentário em face da destruição dos prédios dos três poderes da república na tarde de hoje. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF foram invadidos e destruídos hoje pelos terroristas bolsonaristas, conduzidos até lá pelas forças policiais e de segurança de Brasília. </b></span><b style="font-family: verdana;">Mais uma vez, atos golpistas e terroristas previstos aconteceram e nada foi feito. Tudo anunciado e programado pelas redes sociais. Qualquer investigador em início de carreira saberia que a merda iria acontecer e como seria, quem financia, quem vai participar etc.</b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Dias atrás, conversando com um contato que tem informações sobre a transição e a distribuição de cargos e nomeações do novo governo, fiquei indignado ao saber que algumas lideranças históricas nossas, com competência comprovada na gestão de instituições estatais e coligadas, foram vetadas por parte das pessoas que estão com o poder da caneta no governo. Eu já imaginava que isso fosse acontecer. Isso é mais antigo que andar pra frente.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A destruição de hoje e a forma como a coisa se deu deixa claro para quem entende de política: o NOSSO governo é conciliador, é da natureza dos governos Lula ser assim, e por causa disso temos um "ministro da defesa" conivente com as milícias nas portas dos quartéis (sem veto), por causa disso temos uma "ministra" envolvida com as milícias cariocas (sem veto), por causa disso que só tem trânsito na transição quem fala amém a tudo dentro de nosso campo da esquerda.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Sigo na torcida por nosso governo, mas uma coisa a história já nos ensinou: não se concilia com o nazifascismo, com o terrorismo, com o autoritarismo. Enquanto o nosso lado só nomeia gente que fala amém pra tudo, o outro lado arregaça tudo na base da violência. Não dá para dar as costas aos fascistas, eles matam na "crocodilagem", por trás. Fascistas são covardes, mas são maus.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Que saco! Estou tão indignado quanto qualquer pessoa decente está ao ver tudo o que aconteceu hoje à tarde no Brasil.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Para ler o texto anterior de <i>Memórias</i> (XXXIV), clique <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2022/11/memorias-xxxiv.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>. O texto seguinte pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/02/memorias-xxxvi.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-74057069496195157912022-11-15T21:46:00.018-03:002024-01-10T18:42:25.093-03:00Memórias (XXXIV)<p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBvBWNGsMNX0GEz0Tg0YU72LcLy5HtUe8Y5BSqXWmUFuAc7KT-52xapSeTPTIlTrduVeOK414HJC_7N5Idcckkqmejs5nkWcroMmcmHKRLzUOsuMFTNJTbmbknz0i7WtdDnrLJ2oJYxy_-WeLnoluDSOS2cK7CqZrktzDdgIKRoxwEAd4ztw/s2220/12nov22%20reuni%C3%A3o%20PT%20Butant%C3%A3.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="2220" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBvBWNGsMNX0GEz0Tg0YU72LcLy5HtUe8Y5BSqXWmUFuAc7KT-52xapSeTPTIlTrduVeOK414HJC_7N5Idcckkqmejs5nkWcroMmcmHKRLzUOsuMFTNJTbmbknz0i7WtdDnrLJ2oJYxy_-WeLnoluDSOS2cK7CqZrktzDdgIKRoxwEAd4ztw/w400-h195/12nov22%20reuni%C3%A3o%20PT%20Butant%C3%A3.jpg" width="400" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b><i>Ainda é possível debater, argumentar, divergir e unir as pessoas em torno de objetivos comuns construídos de forma coletiva e plural? Podemos esperar do governo Lula uma mudança de diretrizes nos bancos e empresas públicas para deixarem de atuar como o setor privado atua?</i></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Opinião</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Osasco, 15 de novembro de 2022. Terça-feira.</b></span></p><p><b style="font-family: verdana;"><br /></b></p><p><b style="font-family: verdana;">As últimas semanas foram para mim um período de contatos com muitas pessoas, conhecidas e desconhecidas. As eleições brasileiras me fizeram sair de casa e me arriscar ao contato com os desconhecidos para buscar os indecisos e conquistar votos que pudessem tirar o país das mãos criminosas da milícia ocupando o poder central do Brasil. Relembrei um pouco do que vivi por quase duas décadas de representação política. A experiência me fez bem, me senti parte de uma luta e de uma conquista coletiva.</b></p><p><b style="font-family: verdana;">Os seres humanos de hoje estão muito diferentes dos seres humanos das décadas nas quais contatava pessoas para debater problemas comuns do mundo do trabalho e da cidadania para construir através de organização e mobilização direitos coletivos e um mundo diferente do qual criticávamos. Tive a oportunidade de lidar com seres humanos antes da criação das redes sociais que mudaram para pior o comportamento dos <i>homo sapiens</i>. Estamos virando bichos diferentes do que fomos nos últimos milhares de anos de evolução da espécie.</b></p><p><b style="font-family: verdana;">Apesar de começar essas memórias criticando o caminho pelo qual a nossa espécie vai, quero registrar momentos de esperança nas lutas coletivas, haja vista termos conseguido um grande feito ao derrotarmos a maior máquina de fraudes eleitorais de nossa história brasileira. A eleição de Lula contra tudo que enfrentamos demonstra que há chances de mudarmos as coisas para melhor, por mais difícil que seja a nossa realidade de classe trabalhadora. A eleição de Lula significa que se uma parte da humanidade quiser podemos nos unir pra salvar a natureza e a vida.</b></p><p><b style="font-family: verdana;"><span style="font-size: medium;">MILITÂNCIA POPULAR ESTÁ SE ORGANIZANDO</span></b></p><p><b style="font-family: verdana;">Neste sábado 12 participei de uma reunião de avaliação política da militância do Partido dos Trabalhadores da região do Butantã, zona Oeste de São Paulo. Que reunião boa tivemos! Mais de 80 pessoas presentes. Apesar de morar em Osasco, tenho uma relação de carinho e afeto com a região do Butantã porque nasci no bairro Rio Pequeno, cresci brincando nas ruas do bairro e me alfabetizei na Escola Estadual Prof. Adolfino Arruda Castanho.</b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O diretório do Partido na região é presidido por um companheiro bancário, um militante muito dedicado às lutas e um exemplo para tod@s nós. Ver a militância fazendo campanha me fez sair de casa e me unir a ela para conversar com as pessoas e lutar para mudar a trágica realidade brasileira que vínhamos enfrentando sob um governo genocida e criminoso.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Na reunião, ouvimos dezenas de pessoas, lideranças comunitárias, e ao final tivemos uma análise de conjuntura feita pelo querido companheiro José Genoino, um dos militantes mais antigos do diretório do Partido dos Trabalhadores da região do Butantã. Genoino é uma referência para mim e para tod@s nós que sonhamos e lutamos com um mundo mais justo e solidário.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Depois de duas décadas envolvido até os ossos com as lutas políticas da categoria bancária e da classe trabalhadora brasileira eu estava um pouco isolado do dia a dia das lutas coletivas. Participar de reuniões como essa de sábado me trouxe muitas memórias positivas do quanto é importante ouvir as pessoas, debater propostas e buscar soluções coletivas para melhorar a vida das pessoas.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Uma preocupação: estava observando as discussões da militância em uma rede social na qual me incluíram e em poucas horas vi duas pessoas começarem a divergir em uma questão, depois serem ríspidas uma com a outra, depois passarem a se ofender e ainda no mesmo dia terminaram com agressões e ofensas terríveis... gente, assim fica difícil construir um mundo melhor se não há tolerância e paciência para o básico da relação humana: divergir nas ideias... o desafio é grande!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b>BANCOS PÚBLICOS PRECISAM MUDAR AS DIRETRIZES A PARTIR DO GOVERNO LULA</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Outra atividade social que tenho tido a oportunidade de participar de vez em quando é o contato com colegas bancários do Banco do Brasil, colegas da ativa e aposentados, momento no qual podemos compartilhar experiências atuais dos colegas nos locais de trabalho e às vezes comparar situações com algumas experiências que vivemos juntos quando estávamos no dia a dia da atividade bancária.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Na sexta-feira 11 conversando com colegas do banco sobre as funções sociais que o BB e os bancos privados priorizam e as que eles não querem fazer, pude ouvir a opinião sincera dos colegas ao se sentirem putos com a folga dos bancos privados em não receberem sequer os títulos deles mesmos, fazendo com que as pessoas queiram pagar no BB títulos dos bancos privados. Ouvi as justificativas dos colegas e eles têm razão de estarem na bronca. Mas também falei um pouco do que penso a respeito do papel dos bancos em geral e dos bancos públicos em particular.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Para que serve um banco, seja ele público ou privado? O que justificaria na atualidade a existência de um banco se as novas tecnologias e as novas formas de movimentação de meios de pagamentos mudaram radicalmente nas últimas décadas? Hoje, uma pessoa cria um banco digital, sem um funcionário sequer e começa a captar dinheiro das pessoas e fazer com o recurso o que bem entende... Para que serve um banco público ou estatal ainda hoje? </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Não vou num espaço deste de memórias refletir sobre as questões acima. Aliás, tem gente mais competente e mais atualizada nos temas para fazer isso. Mas não esqueço as noções que tinha desde quando entrei na categoria bancária e me politizei nela, trabalhando desde os anos oitenta até recentemente.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eu entendo que um banco, principalmente um banco público ou estatal, deve ser um parceiro da população do local onde atua. Um banco deve fornecer crédito de forma facilitada e com taxas justas, deve financiar pessoas físicas e jurídicas - setores da agricultura, indústria e comércio -, deve guardar de forma segura os recursos das pessoas e empresas, e também as contas oficiais dos governos e órgãos públicos. Um banco deve executar políticas públicas e ser o agente dos governos no apoio ao desenvolvimento econômico e social.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Um banco público deve atuar de forma a balizar o sistema bancário e financeiro inclusive quando os bancos privados não fazem o papel que deveriam fazer em benefício da coletividade. O exemplo mais claro disso foi o caso brasileiro durante a crise mundial do <i>subprime</i> a partir de 2008, quando o governo Lula e depois Dilma utilizaram os bancos públicos e oficiais para atuarem de forma anticíclica na política de crédito e apoio à economia do país. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Não à toa, tomamos dezenas de milhões de clientes dos bancos privados no período posterior à crise econômica mundial após o <i>subprime</i>, foi nos bancos públicos que a sociedade brasileira encontrou o apoio necessário aos seus negócios, e os bancos privados ficaram putos com o governo do PT e há suspeitas de que os banqueiros tiveram papel relevante na desestabilização do governo e apoio ao golpe de Estado em 2016.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, se o governo Lula quiser mudar alguma coisa em relação aos bancos públicos, é fundamental que comece mudando as diretrizes e metas estabelecidas a partir dos ministérios e conselhos de administração porque se as metas e o foco forem idênticos ao que perseguem a banca privada, fica impossível esperar outra coisa dos bancos públicos que não sejam metas abusivas, assédio moral ao corpo funcional, extorsão aos clientes e ao povo e a insatisfação de todo mundo, trabalhadores, clientes e usuários.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Imaginem, então, se o governo Lula não mudar as diretrizes e o foco dos bancos públicos com atuação privada atualmente, bancos como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BASA, BNB, BNDES e outras empresa estatais e públicas, como serão complicadas as relações internas e com a própria sociedade brasileira... imaginem! </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Estou na torcida para que o novo governo tenha uma atuação diferente em relação ao governo de destruição que está terminando e em relação ao governo golpista que iniciou a destruição do patrimônio público e dos direitos coletivos e sociais do povo brasileiro.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>É isso. Paro as reflexões e memórias por hoje.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Para ler o texto anterior de <i>Memórias</i> (XXXIII), clique <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2022/09/memorias-xxxiii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>. Para ler o texto seguinte dessa série é só clicar <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/01/memorias-xxxv.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-21689147630641224252022-09-30T17:55:00.025-03:002024-01-10T18:03:21.637-03:00Memórias (XXXIII)<p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghExf1QNZtEQyeLH986AhXdCfsIG9W5M4arw6WqdUF5pGUB_sSXHQBFwim2-FWPtF2bd_9QcbQsJMORwbraNCVAZttBW-C-v1X-PpKVVG-Gyen5qyWhlGFFScOM0ub-cVgg0gs21SG1jDcmkpc3P8tiknb1IwgsSLo1JZS3u1xy3kjavhB-g/s595/Posse%20de%20Lula%20-%2001jan2003.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="365" data-original-width="595" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghExf1QNZtEQyeLH986AhXdCfsIG9W5M4arw6WqdUF5pGUB_sSXHQBFwim2-FWPtF2bd_9QcbQsJMORwbraNCVAZttBW-C-v1X-PpKVVG-Gyen5qyWhlGFFScOM0ub-cVgg0gs21SG1jDcmkpc3P8tiknb1IwgsSLo1JZS3u1xy3kjavhB-g/s320/Posse%20de%20Lula%20-%2001jan2003.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i><b><span style="font-size: x-small;">Posse de Lula e novo ciclo, 01/01/2003.<br />Com os amigos Genésio e Rafael.</span></b></i></td></tr></tbody></table><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Opinião</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><span style="font-size: medium;"><i>As redes sociais e os algoritmos das corporações de comunicação capitalistas inviabilizaram as democracias liberais e hoje não temos como evitar manipulações em resultados de consultas populares e eleitorais</i></span> </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>1. Acordei nesta sexta-feira posterior ao debate presidencial de ontem à noite com um cansaço grande. Demorei pra sair da cama. Por ser aposentado do Banco do Brasil não precisei sair para trabalhar embaixo de chuva e frio. Diferente da maioria do povo brasileiro que depende de conseguir algum recurso para sobreviver ao próprio dia e que depende da nossa previdência pública quando conseguiu cumprir certas regras de aposentadoria, sobrevivo hoje do benefício de nosso fundo de pensão, caixa de previdência criada por nossa comunidade de trabalhadores há 118 anos. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>2. Meu olhar de mundo é marcado pelo que sou e pelo que fui. Não posso me colocar na posição de visão de mundo de um bancário comum, de um cidadão comum, normalmente despolitizado. Não sou como a maioria do povo brasileiro porque tive a oportunidade na vida de me formar politicamente. Minha experiência de vida me obriga a lidar com as coisas com o conhecimento que tenho do mundo. Por mais que todos nós sejamos humanos e tenhamos nossos comportamentos manipulados pelos sistemas criados para tal, tenho que avaliar a realidade material como ela é. O tal lugar de fala tem relação com isso.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>3. Este momento eleitoral da história brasileira me lembra um pouco algumas campanhas da categoria bancária na qual me formei politicamente ao longo de três décadas. Às vezes, situações setoriais ilustram bem conjunturas maiores, as partes podem demonstrar como seriam as tendências no todo. Acontecimentos em segmentos menores de aglomerações humanas podem servir de referência para avaliações de probabilidades e perspectivas em conjuntos muito maiores de aglomerações humanas. Ou seja, talvez experiências vividas na categoria bancária possam ilustrar um pouco o macro, o Brasil e o povo brasileiro.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>4. As eleições de domingo, 2 de outubro, vão ser decididas no 1º turno ou teremos um 2º turno longuíssimo de caos para decidir o futuro do Brasil? Ganhar no 1º turno e esperar 90 dias para uma eventual posse do que sobrar do Brasil é uma possibilidade? O contexto atual é muito diferente das eleições de 2014, quando já estava avisado que se o PT ganhasse não levaria o mandato adiante? Nosso lado está preparado com planejamento mínimo situacional para amanhecer segunda-feira começando um 2º turno? Essas são algumas de minhas preocupações...</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>5. Essas indagações que faço a mim mesmo são mais para me lembrar das discussões políticas que fui aprendendo ao longo da militância na categoria bancária do que para querer apontar alguma coisa para o Brasil, pois eu não tenho essa capacidade. Menos, bem menos! Estou pensando nas tendências dos acontecimentos em nossa realidade brasileira e mundial mais como um ex-bancário militante que virou dirigente da categoria e viu como se deram os acontecimentos no passado recente (20 anos é um passado recente, sim!). Não tenho como prever absolutamente nada do que vai acontecer amanhã.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>CAMPANHAS BANCÁRIAS NAS QUAIS AS DIREÇÕES SINDICAIS SOUBERAM CONDUZI-LAS BEM NA ADVERSIDADE DAQUELE MOMENTO</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>6. (2002 e 2022) A campanha salarial dos bancários desse ano me pareceu um pouco a campanha salarial dos bancários no último ano do governo dos tucanos em 2002. Sabíamos que não daria para avançar naquele contexto e nem a inflação conseguimos repor com FHC. Eram 8 anos de massacres dos direitos e derrotas. O movimento sindical era de resistência, não de avanços e conquistas. Neste ano de 2022, os bancários vinham na mesma toada de resistência contra os massacres de direitos no pós-golpe de 2016 e reformas dos governos criminosos de 2016 até agora. A campanha de 2022 se deu sob a ameaça do fim da ultratividade, sob o risco de perdas enormes de direitos após 31 de agosto. Amig@s, não queiram saber como deve ter sido difícil a vida dos dirigentes sindicais numa conjuntura dessas... eu não julgaria de forma alguma quem está no comando das representações dos trabalhadores. É uma dureza tomar decisões assim.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>7. Na campanha salarial de 2003, primeiro ano de governo democrático e popular de Lula, o contexto novo foi de difícil interpretação por parte das lideranças da classe trabalhadora. Isso é um pouco esperado, por suposto: ao ver um sindicalista chegar ao poder, espera-se a revolução, o mundo vindo por canetadas (ninguém se lembra que a chegada de Lula ao poder foi conciliação de classes e não revolução). As movimentações nos diversos segmentos de lutas foram intensas. Vários atores exerceram seus papéis. A vida das lideranças sindicais não foi tão fácil quanto se imaginaria porque foi difícil dosar o que se esperava nas negociações salariais com o que se arrancaria de propostas entre trabalhadores e governo Lula. Se em 2002, aceitamos propostas rebaixadas para encerrar um ciclo macabro, em 2003 apresentamos propostas insuficientes para o que significava o novo contexto de governo do PT. No BB, a proposta de acordo de campanha salarial foi rejeitada em assembleias pelo país afora e uma greve gigante arrancou diversos direitos novos três dias depois. As direções sindicais conduziram bem a situação: da derrota nas assembleias, fizemos uma condução da greve e tivemos um fechamento vitorioso de campanha.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>8. Na campanha salarial de 2004, novamente teríamos dificuldades das lideranças do movimento sindical para dosar o nível de desejos das bases e suas expectativas com as propostas construídas ao longo de meses de negociações salariais na categoria bancária. As direções se pautaram pelas reivindicações aprovadas nos fóruns de trabalhadores, o que é correto. A campanha de 2004 dos bancários me faz pensar um pouco neste contexto de 2 de outubro de 2022... Ao final das negociações de 2004, conseguimos arrancar em mesa negocial as bases econômicas e sociais das reinvindicações da categoria. Tinha aumento real de salário, tinha melhoria na PLR, tinha direitos sociais novos no acordo coletivo, entre eles a 13ª cesta alimentação, e pela proposta tínhamos tudo para renovar os direitos da categoria sem o conflito máximo entre capital e trabalho: a greve. Mas havia um componente emocional e comportamental que as oposições souberam trabalhar com as oportunidades que tinham e as pessoas foram convencidas a rejeitar tudo e sair para a greve. Criaram desconfianças em relação às direções, ilações diversas (<i>fake news</i>) e fomos para 30 dias de greve. Felizmente, as direções souberam novamente conduzir o movimento e os danos pela rejeição da proposta foram reduzidos por aguentarmos uma greve longa. A interferência da Justiça do Trabalho (com apoio daqueles que estimularam a rejeição da proposta e a greve) reduziu a proposta apresentada e perdemos direitos conquistados em mesa de conciliação de classes. Repito: as direções conduziram bem a greve e o fechamento da campanha.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>ESTAMOS PREPARADOS PARA A REALIDADE PARA ALÉM DE NOSSOS DESEJOS?</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>9. Estamos vivendo uma mudança de era na história da humanidade. As tecnologias surgidas no último quarto de século, do final dos anos noventa para o momento atual, as tecnologias da informação, das redes sociais, ampliaram exponencialmente a capacidade de manipulação de massas através dos algoritmos: manipulações antes restritas a espaços geográficos menores agora são de alcances incalculáveis. Mudou-se radicalmente nossa capacidade de previsão e controle das coisas nas sociedades humanas. O mundo virtual passou a definir o mundo físico, real, material. As consultas políticas aos povos nos mais diversos lugares do planeta - eleições e plebiscitos - em 2014, 2016, 2018 etc vêm demonstrando o poder que as big techs exercem sobre milhares, milhões, bilhões de pessoas. As evidências de que não temos controle algum do que vai acontecer no mundo real por causa das manipulações do mundo virtual estão na nossa frente a olhos vistos e não temos o que fazer para deter ou interromper essas máquinas e esses sistemas, dominados por poucos, dominando milhões.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>10. Muito já foi dito sobre as interferências ilegais e ilegítimas, fora das regras e dos controles sociais, sobre processos de consultas populares como as eleições norte-americanas de 2016 e da consulta no Reino Unido sobre o <i>Brexit</i>. As redes sociais foram utilizadas de forma inadequada por setores com interesses nos resultados das consultas populares e há uma clareza de que houve interferência no comportamento dos milhões de consultados a favor de tal posição e contrários a outra posição. Estudos e documentários demonstram que as redes sociais criadas nas duas últimas décadas interferem no comportamento das pessoas - exemplo, o documentário premiado "O dilema das redes" -, alteram o comportamento das pessoas mesmo. Isso mudou dos últimos anos para cá? Descobriram alguma forma de interromper a capacidade de influência no comportamento das pessoas por parte dos poucos donos desses sistemas privados de redes sociais? Francamente, não! Não temos como impedir e ou controlar esses processos de alteração de comportamentos por <i>fake news</i> em massa.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>11. Todos esses sistemas são movidos a dinheiro, grana, capital. Isso é claro pra vocês? Nossos perfis nessas redes sociais são a mercadoria negociada com os compradores de influência, de manipulação e criação de desejos e comportamentos. Hoje se sabe que os algoritmos são ferramentas para nos catalogar e nos vender como mercadorias para aqueles que pagam para os donos das redes sociais pelos nossos dados, pelos nossos desejos, pelas nossas almas, nossas mentes. As <i>big techs</i> vendem a certeza de que nós vamos consumir o que as empresas (e pessoas) pagaram para obter. Mais que isso, os algoritmos funcionam para impulsionar todo esse sistema. Tudo é movido a dinheiro, grana, capital. Se é possível comprar dezenas de imóveis com pacotes e malas de dinheiro vivo (milhões e milhões), imaginem vocês o que é possível pagar em dinheiro vivo para essas empresas fazerem disparos de milhões bilhões de mensagens mentirosas para influenciar o comportamento de pessoas em poucas horas, dias, semanas... Não há como deter as <i>fake news</i> em 2022 que influenciaram as eleições em 2018 no Brasil. Não há! Leiam o pequeno livro de Jaron Lanier sobre "Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais" para vocês terem uma noção do que estamos falando. Leiam!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>12. Enfim, por que vejo semelhanças nessas eleições brasileiras de 2022 com as campanhas dos bancários em 2002, 2003 e 2004? Porque existe uma onda de possibilidades e expectativas positivas para o nosso lado da classe, para o lado progressista da sociedade brasileira. Existe. Mas existe uma coisa que está muito além de nosso controle, de nossa capacidade de deter e talvez de enfrentar. As pesquisas eleitorais em 2018 erraram feio nos mais diversos lugares e contextos. Já havia a interferência dessas máquinas e sistemas de interferência no comportamento das pessoas movidos a milhões de dinheiros por fora pra espalhar <i>fake news</i> de forma certeira em cada grupo de pessoas com seus medos, raivas e tendências (os algoritmos sabem bem disso). Estamos a dois dias das eleições. Os mesmos sistemas estão a todo vapor atingindo dezenas de milhões de pessoas para influenciar seus comportamentos até domingo. O objetivo do momento é Lula não vencer no 1º turno. Se conseguirem isso, será quase um mês de caos e 2º turno é outra eleição, lembrem-se disso!</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>13. Nas campanhas salariais dos bancários que citei como referência, as direções souberam lidar com as adversidades que se apresentaram naquelas situações e conseguiram conduzir bem as campanhas até o desfecho positivo para a categoria bancária. Espero que nossas direções dos movimentos sociais, progressistas e de oposição a essa extrema-direita que tomou o poder estejam bem para a eventualidade de acordarmos na segunda-feira 3/10 iniciando um difícil e imponderável 2º turno nas eleições presidenciais do Brasil. Repito: não devemos subestimar todas as formas de fraudes e ilegalidades na alteração de resultados a consultas populares neste momento da história. Espero inclusive que as direções não esmoreçam e não diminuam a energia que conseguimos até aqui nessa onda positiva e progressista que nos faz acreditar na possibilidade de vencermos logo no domingo 2/10 essa <i>desgraceira</i> brasileira capitaneada pelo bolsonarismo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Que tudo dê certo para o nosso lado da classe*.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>#LulaNoPrimeiroTurno</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>Post Scriptum</i>: repito: neste instante em que escrevo ou que você lê, as plataformas das big techs, como o YouTube, movidas a dinheiro, lucro, privilegiam, e muito, sugestões de conteúdos favoráveis ao inominável genocida ou sua patota. Estudos como o do NetLab (UERJ) mostraram dias atrás que 14 de 18 visitas à plataforma sugeriam vídeos de uma fonte bolsonarista.</b></span><b style="font-family: verdana;"> Quanto mais próximo da data da eleição, maior é o favorecimento das plataformas aos candidatos da direita. É o dinheiro que define isso! Antes de concluir esse texto, dois sites de esquerda e progressistas que visitei indicaram vídeos do inominável e do "passa a boiada". É impressionante, até nos endereços de esquerda as sugestões do algoritmo do YouTube são as da direita...</b></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>*De fato, Lula e Bolsonaro foram para um segundo turno que se mostrou dificílimo. A eleição foi definida a favor de Lula por uma margem bem pequena de votos em 30 de outubro de 2022.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Para ler o texto anterior de <i>Memórias</i> (XXXII), clique <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2022/09/memorias-xxxii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>. O texto seguinte dessa série pode ser lido <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2022/11/memorias-xxxiv.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35574870.post-64345654736885612232022-09-19T15:41:00.005-03:002023-10-02T17:47:38.034-03:00História dos bancários: um olhar (VI)<p><span style="font-family: verdana;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGOkB9R0hFG376O-xo8OLAWuET1CUBU6rB78gV9Q6lOE5xh3pSa35xrjaYvcqGd-foEbRUAG1u9Fm_wuKX82dc7uoY2_3yy4pcJJnPmkeunkWMqtWUjOsL3tl77Unpk1pZSKmYp208fUWevQj0-HgPejWPEuqDpxZ8GSvXC31Xgs7pCSskpA/s3456/BB%20cap.%205%20a%208.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="2592" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGOkB9R0hFG376O-xo8OLAWuET1CUBU6rB78gV9Q6lOE5xh3pSa35xrjaYvcqGd-foEbRUAG1u9Fm_wuKX82dc7uoY2_3yy4pcJJnPmkeunkWMqtWUjOsL3tl77Unpk1pZSKmYp208fUWevQj0-HgPejWPEuqDpxZ8GSvXC31Xgs7pCSskpA/s320/BB%20cap.%205%20a%208.jpg" width="240" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><b><i>Nosso Banco do Brasil tem mais de dois séculos de existência, mas não é bem assim...</i></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Seguindo nas leituras de meus papéis velhos sobre a história dos bancários e das lutas de nossa categoria, lendo o livro comemorativo dos 180 anos de história do BB, vemos que na verdade o banco criado em 1808 por D. João VI (ler comentários <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2022/09/historia-dos-bancarios-um-olhar-iii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>) seria encerrado em 1829, por lei do período regencial.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"As finanças do país iam de mal a pior. Em 1829 contraíramos novo empréstimo externo, ainda em Londres, destinado ao pagamento dos juros dos dois empréstimos anteriores. Em setembro de 1829 decidira-se por lei, a extinção do Banco do Brasil, que tantos serviços prestara." (p. 18)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A extinção do Banco do Brasil se mostrou um erro para o país à época. A economia daria sinais de melhoria com a crescimento da produção de café como produto de exportação e o país vivia um problema grande com a questão de crédito e emissão de moeda.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"Com a liquidação do Banco do Brasil, em 1829, deixaram de existir estabelecimentos bancários no país. isso indica o erro que foi a extinção do Banco, às vésperas da recuperação econômica trazida pelo café." (p. 19)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Hoje li mais três capítulos do texto de Afonso Arinos. Décadas depois da criação e encerramento do 1º Banco do Brasil, outro banco estatal ou público ou ligado ao governo iria surgir nos anos cinquenta do século 19, sendo ele fruto da fusão de dois bancos privados, um mais antigo do Rio de Janeiro e outro criado pelo Barão de Mauá.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O banco criado por Mauá também se chamou Banco do Brasil, apesar de ser privado.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"Em agosto de 1851, fundava o futuro visconde de Mauá um estabelecimento de crédito a que deu a denominação de Banco do Brasil. Vinha ele concorrer com o Comercial do Rio de Janeiro, único até então na capital do país." (p. 23)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>A FUSÃO DE BANCOS QUE CRIOU O BANCO DO BRASIL EM 1853</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>O novo Banco do Brasil, segundo o texto de Afonso Arinos, foi criado em 1853 da fusão do banco de Mauá e o Comercial do Rio de Janeiro e da subscrição de capital de acionistas em geral.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"Em 1853, graças à iniciativa já referida do visconde de Itaboraí, ocorreu a fusão dos dois bancos do Rio de Janeiro num só estabelecimento com faculdade emissora, que conservou o nome do Banco do Brasil, desta vez, porém, com todas as características oficiais. Nessa fusão, Mauá entrara com 50.000 ações e o Banco Comercial com 30.000. As restantes ações, completadas até atingir o total de 150.000, foram lançadas na praça sendo rapidamente subscritas. Ainda em 1853 aprovaram-se os estatutos e o novo Banco do Brasil - para cuja diretoria Mauá fora eleito, recusando a homenagem - abriu suas portas em abril do ano seguinte." (p. 28)</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Enfim, Mauá não quis participar da diretoria por divergências em relação ao papel do Banco do Brasil à época (1854) como, por exemplo, ser emissor de moeda, e criou seu próprio banco - Casa Bancária Mauá Mac Gregor & Cia.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Por fim, li um capítulo dedicado à questão da abolição da escravatura e ao final do capítulo, Arinos fala um pouco do papel do Banco do Brasil na estabilização da economia entre o fim do Império e o início da República e termina o texto do capítulo VII com uma lamentável expressão sobre a guerra de Canudos e seus combatentes:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>"A recuperação financeira só teria, porém, condições favoráveis, depois de consolidada a República e exterminados os fanáticos de Canudos (1897)."</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Puta que pariu! Essa é a visão elitista dos intelectuais de nossa "elite" da eterna casa-grande.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>---</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>GOSTO PELA HISTÓRIA</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Eu ganhei a revista comemorativa de um gerente da agência onde trabalhei até o ano de 1998 - Rua Clélia -, época que sofri uma transferência compulsória (PAQ) para outra agência por ser o cara próximo ao Sindicato e que enfrentava com os colegas os desmandos dos gerentes da nossa agência. Acabei indo parar na agência Barra Funda e lá fiquei por dois anos, antes de pedir transferência para a agência Vila Iara em Osasco, no ano 2000.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Sempre gostei de história, de todas as linhas de textos de história, sejam textos da história antiga, sejam textos da história do Brasil. Depois que comecei a ser militante das lutas sindicais passei a me interessar também pela história dos movimentos sindicais e dos trabalhadores. Aos poucos fui acumulando muito material que pegava para ler e aprender alguma coisa sobre a categoria na qual trabalhava.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Se for possível, vou reler boa parte dos materiais que acumulei e comentar alguma coisa aqui no blog onde sempre postei questões relativas ao mundo do trabalho e da política. </b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Tenho grande preocupação com o desaparecimento da história de nossas lutas sindicais. Tudo que escrevo aqui, depois acabo organizando e imprimindo em forma de cadernos ou brochuras. Ficam mais uns papéis em casa até que eu morra e alguém decida o que fazer com aquilo.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>ELEIÇÕES 2022</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Dia 2 de outubro teremos eleições no Brasil. O povo brasileiro vai eleger presidente da república, governadores, senadores e deputados federais e estaduais.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Como sabemos, a história das empresas públicas, estatais e de economia mista está diretamente ligada às opções que fazemos enquanto cidadãos que participam das decisões políticas do país.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Raras vezes, uma eleição foi tão decisiva para os destinos de todos nós e das empresas públicas. E a decisão em 1º turno se tornou mais importante ainda por causa das ameaças de golpe por parte do grupo criminoso que se apossou do Estado nacional.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Sendo assim, voto e peço o voto de cada colega da comunidade Banco do Brasil e da categoria bancária para o presidente Lula e para candidaturas aliadas ao presidente Lula nos Estados e DF, principalmente nos legislativos, deputados federais e estaduais.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>#Lula13NoPrimeiroTurno</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>William Mendes</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b>Bibliografia:</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><i>História do Banco do Brasil</i> - Texto do Prof. Afonso Arinos de Melo Franco. Colaboração do Prof. Herculano Gomes Mathias. Edição de junho de 1988, produzida pela diretoria do Banco do Brasil.</b></span></p><div><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></div><p><span style="font-family: verdana;"><b>Clique <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2023/10/historia-dos-bancarios-um-olhar-vii.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a> para ler o texto seguinte. Para ler o texto anterior, clique <a href="https://categoriabancaria.blogspot.com/2022/09/historia-dos-bancarios-um-olhar-v.html" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a>.</b></span></p><p><span style="font-family: verdana;"><b><br /></b></span></p>William Mendeshttp://www.blogger.com/profile/05789524627642163451noreply@blogger.com0