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12.10.17

Cassi - BB é responsável por atraso na ampliação da Estratégia Saúde da Família


Reunião com o Conselho de Usuários da Cassi BA.
Fortalecer a participação social é central na
existência da Caixa de Assistência.

Opinião

A estratégia mais promissora para a defesa da autogestão Cassi é fortalecer o espírito de pertencimento dos associados através de informações de qualidade, maior participação da base e formação política. Mas a gestão não pode seguir engessada por causa do patrocinador BB.


Olá prezad@s associados e participantes da Cassi e companheir@s de lutas em defesa da classe trabalhadora.

Quero partilhar com vocês algumas reflexões a respeito de perspectivas e cenários em relação aos nossos direitos em saúde. Meu ponto de vista é marcado pela minha realidade objetiva. Sou um representante eleito pelos trabalhadores associados à maior autogestão em saúde do país, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil. Estou no quarto ano de mandato atuando na Diretoria de Saúde e Rede (própria) de Atendimento de nossa entidade.

Antes de falar de cenários e perspectivas, compartilho com vocês que tive o privilégio nesta semana de conversar mais uma vez com as lideranças e participantes do Conselho de Usuários da Cassi BA e comunidade local. Por quase cinco horas trocamos muita informação, prestamos contas do mandato e ouvimos as críticas construtivas e sugestões e fortalecemos o pertencimento à nossa Caixa de Assistência. O fórum de conselheir@s é fundamental na luta pela defesa dos direitos dos trabalhadores associados e na defesa da própria Cassi. Agradeço a oportunidade e seguimos à disposição.


Investimento em formação é um dos pilares para a eficiência e sustentabilidade de uma instituição

Da mesma forma que estimular a participação social, a formação e capacitação também são centrais para criar o espírito de pertencimento à nossa Caixa de Assistência e comunidade BB. Ao longo de nosso mandato, sempre estivemos ao lado dos trabalhadores da Cassi nas Unidades em todos os Estados e DF, levando informações e orientações e apoiando a luta diária das CliniCassi e unidades para atender da melhor forma possível nossos participantes. 

Muitas vezes o trabalho de nossas equipes é dificultado por condições adversas devido a fatores que fogem ao controle da unidade de atendimento, e mesmo assim, temos abnegados funcionários que lidam com o Banco, com a rede prestadora, com os participantes e entidades representativas e demais atores locais com um desejo ímpar de atender às expectativas dos participantes do sistema de saúde Cassi.


Encontro de capacitação dos gerentes das unidades Cassi.

Como diretor eleito e responsável por importantes áreas de atividade-fim, passei praticamente meu mandato inteiro sem recursos básicos para investimento em treinamento e capacitação (déficit e orçamento contingenciado nas áreas administrativas). Só em maio deste ano tivemos alguma verba orçada para formação. Neste ano de 2017 temos feito um esforço grande para dar oportunidades de conhecimento em encontros presenciais para os funcionários da Cassi porque essa é uma estratégia de grande retorno com pequeno investimento administrativo e amplia a qualidade da gestão em saúde suplementar. Agradeço aos funcionários que têm participado desta jornada formativa.


Cenário do setor de saúde

O cenário em que a Cassi vem atuando nos últimos anos é um dos mais adversos da história de nosso país. O setor de saúde é hegemonizado por grandes empresas e corporações, cujos objetivos são vender serviços de saúde para a obtenção de lucro através da doença das pessoas ou da criação constante de "necessidades nos consumidores" para aquecer seus negócios. E mesmo quando as necessidades em saúde são reais, há uma indústria de exagero na área de exames, medicamentos e protocolos que encarecem de forma impagável os procedimentos.

São imensos os desafios colocados para operadoras de autogestão sobreviverem neste mercado de serviços cada vez mais concentrado na mão de poucos empresários, grupos de profissionais "cooperados", e com facilidades inerentes ao setor - um saber técnico na área da saúde, onde a palavra final seria do profissional de saúde que atende o cidadão. As características deste setor - desregulado e com foco no lucro - têm acarretado desperdícios de recursos dos planos de saúde e seus participantes e dificuldades de rede de atendimento.

Os usuários do sistema de saúde Cassi se perguntam Brasil afora, capitais e interiores, por que tal hospital ou profissional de determinada especialidade se descredenciou e não atende mais aos planos de saúde de nossa autogestão. Na amplíssima maioria das vezes são por questões comerciais, de estratégias agressivas de aumento de valores dos serviços prestados para o plano e seus "clientes", que no caso da Cassi são os donos. Às vezes, os empresários da saúde falam horrores da Cassi que não se justificam. O mau uso dos recursos e a guerra entre prestadores e planos/usuários está matando o sistema de saúde. É uma autofagia do sistema. Às vezes, as liminares da judicialização são absurdas e prejudicam até o paciente, além do plano coletivo dele.

Atualmente, com a crise no setor, hospitais importantes nas capitais estão pressionando, via descredenciamento, por aumentos exagerados nos serviços, e as vítimas dessa guerra comercial são os participantes dos planos. E o próprio plano de saúde é vítima porque se pagar tudo que os empresários da saúde impõem, o plano não terá existência longa por uma questão de sustentabilidade.





Perspectivas para a autogestão Cassi

Pergunta básica: existem alternativas para sistemas de saúde como o nosso lidarem melhor com esse setor tão complicado e complexo, porque é inevitável que tenhamos que comprar serviços de saúde neste setor, em seus mais diversos níveis de fornecimento de serviços e materiais? Existem sim.

Apesar do cenário complexo, nós da comunidade Banco do Brasil temos as melhores perspectivas para encontrar soluções para a sustentabilidade do sistema de serviços de saúde Cassi. Como gestor eleito responsável pelas políticas e programas de saúde do modelo assistencial da Cassi, baseado na Atenção Integral à Saúde, através de Atenção Primária (APS) e Estratégia Saúde da Família (ESF), com unidades de atendimento CliniCassi e acompanhamento individual de pacientes crônicos ou sob riscos, percorremos um longo percurso neste país continental levando InFormação a todos da comunidade Banco do Brasil.

TEMPO PERDIDO NA SAÚDE CUSTA CARO - Na nossa opinião, a Cassi perdeu um tempo precioso na última década, em não ter ampliado a cobertura do modelo assistencial - ESF/CliniCassi. Explico isso através de dados, números e estudos para as lideranças e entidades representativas do funcionalismo, inclusive ao patrocinador BB e seus representantes. Desde o primeiro semestre de nosso mandato, em 2014, apresentamos propostas de ampliação do modelo e Iniciativas Estratégicas para a Cassi avançar e lidar melhor com o principal problema causador dos recorrentes déficits - a conta de despesa assistencial cobrada pela rede prestadora. Praticamente todo o orçamento de nossa autogestão é usado para pagar serviços na rede, de forma não ideal, não racional, por causa da forma como o mercado opera.


Boletim nº 5 em nov/2014 já apontava o
caminho para fortalecer a sustentabilidade,
mas representantes do BB são responsáveis
pelo modelo não avançar na governança.
Ler Boletim AQUI.

A mesa de entidades representativas do funcionalismo sabe dessas questões porque procuramos as entidades sindicais em dezembro de 2014 (ler AQUI) para pedir apoio nos debates com o Banco do Brasil sobre o déficit do Plano de Associados. Não achamos justo o lado do patrão querer passar a conta do déficit para o nosso lado dos trabalhadores associados, porque o BB e seus representantes têm muita responsabilidade nos resultados alcançados pela Cassi em sua missão de cuidar dos seus associados, bancários da ativa e aposentados, que atuam num dos setores que mais adoecem categorias profissionais do país, os dados são de fontes oficiais como o Ministério da Saúde.

Durante as negociações sobre déficit e sustentabilidade foi cobrado do patrocinador BB que validasse e implementasse os projetos de Iniciativas Estratégicas apresentadas por nós desde o fim daquele ano de 2014 porque as áreas técnicas das diretorias eleitas (áreas de atividades-fim) conhecem diagnósticos de problemas e têm propostas de solução. Dois anos se passaram e NENHUM projeto das diretorias eleitas foi adiante na gestão compartilhada, onde o patrocinador BB é gestor também e nada anda sem o aval do Banco. Enquanto se perdia tempo em avançar nas medidas estruturantes, o patrocinador BB insistia em não fazer proposta e se responsabilizar com recursos também para solucionar o déficit da Cassi. Insistia, ao contrário, em retirar direitos históricos dos trabalhadores. Enquanto isso, as reservas livres iam se esvaindo, bem como o Patrimônio Líquido da operadora diminuindo...

O impressionante é que mesmo após a luta unitária em 2015/16 do conjunto do funcionalismo conseguir arrancar uma proposta financeira emergencial que daria um fôlego para o déficit do Plano de Associados, enquanto estudos e medidas estruturantes fossem realizadas, já se passou mais de um ano e as áreas de atividades-fim não conseguem aprovação para encaminhar projetos e Iniciativas Estratégicas que podem efetivamente colocar a Cassi em melhores condições de enfrentar o problema maior de compra de serviços de saúde na rede prestadora.

MINHA OPINIÃO: O tempo passa há anos e os representantes do Banco do Brasil não aprovam nada que fortaleça a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o modelo de uso racional dos recursos do sistema Cassi. Acho isso lamentável!

Como disse em postagem recente (ler AQUI), a nossa área responsável por iniciativas que fortaleçam o modelo assistencial não conseguiu ampliar uma equipe de saúde sequer neste período do Acordo e Memorando de Entendimentos

Mesmo após a nossa Diretoria ter desenvolvido estudos nunca feitos na Cassi que indicam a eficiência do modelo assistencial e o quanto os participantes cadastrados e vinculados à ESF e CliniCassi têm melhores resultados em condições de saúde e no uso de recursos na compra de serviços da rede prestadora, que consome a quase totalidade da receita de nossa autogestão, estou perto de completar o mandato de 4 anos na área da saúde vendo retornarem os déficits na relação receitas operacionais x despesas assistenciais por absoluto atraso na ampliação do modelo assistencial da Cassi, que tem como missão a prevenção e a promoção de saúde através de atenção primária e cuidado contínuo dos participantes.

A Cassi, os associados e o próprio patrocinador BB poderiam ter melhores condições de enfrentar os déficits por causa dos abusos do setor de prestação de serviços de saúde, mas sem o gestor paritário BB dar essa chance, talvez não cheguemos ao futuro que poderíamos de sustentabilidade do sistema Cassi sem a perda de direito algum dos associados.

É o que penso após esse período de trabalho em conjunto com os associados e com os intervenientes de nossa Caixa de Assistência.

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento (mandato 2014/18)


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