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26.7.17

Opinião - Preparem-se para a batalha em defesa da autogestão Cassi e dos direitos dos associados da ativa e aposentados



Olá prezad@s associados e participantes da Cassi e companheir@s de lutas,

Após uma pausa de dez dias, retomo nesta quinta-feira 27 a nossa agenda de gestão e luta em defesa da Cassi e dos direitos dos associados que representamos. Estarei em João Pessoa, Paraíba, cumprindo compromissos da Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento, área responsável pelas políticas e programas de saúde da Cassi, bem como pela gestão das estruturas próprias de nossa autogestão, as Unidades Administrativas nos Estados e as de atendimento em saúde, as CliniCassi.

Desde junho de 2014, quando iniciamos nosso trabalho na gestão da Cassi, fizemos questão de estabelecer algumas prioridades naquilo que entendemos como central para o papel de um gestor eleito pelos trabalhadores do Banco do Brasil, associados da maior e melhor autogestão do País.

Uma prioridade que perseguimos e conseguimos avanços importantes foi em relação a estudar a nossa autogestão e ampliar a cobertura de seu modelo assistencial de Atenção Integral, baseado em Atenção Primária em Saúde (APS) e Estratégia Saúde da Família (ESF), modelo que funciona a partir de unidades de atendimento CliniCassi. Mesmo com o cenário mais adverso da história recente da Cassi, conseguimos ampliar a cobertura de 155 mil para 182 mil vidas e hoje estamos no limite da capacidade instalada. E nossos estudos mostram que as pessoas cuidadas pela ESF têm uso melhor dos recursos da Cassi quando utilizam a rede prestadora de serviços de saúde, o maior problema de gastos dos planos de saúde na atualidade. A economia per capita do grupo vinculado à ESF no comparativo entre cuidados e não cuidados chega a 30%.

Outra prioridade que precisamos estabelecer logo de cara foi impedir que o patrão patrocinador Banco do Brasil jogasse a conta de um déficit histórico no Plano de Associados no colo dos associados, déficit com diversas causas e muitas de responsabilidade do patrão. Organizamos o enfrentamento ao Banco e seus indicados na governança, recusando propostas que só oneravam os associados em 2014. Em 2015, após organizarmos uma mesa nacional para debater a sustentabilidade da Cassi, o patrão Banco do Brasil tentou se ver livre dos aposentados do Plano de Associados propondo um Fundo de 6 bilhões de reais e quis que os déficits (com responsabilidade do BB também) fossem rateados entre os associados, quebrando a solidariedade e prejudicando os idosos, as pessoas doentes e os grupos familiares. Vencemos aquela etapa de luta com a proposta de setembro de 2016, que gerou o Memorando de Entendimentos, com o Banco colocando recursos de 851 milhões de reais em 3 anos, além do 1% de contribuição dos associados.

Uma outra prioridade nossa foi na área de comunicação e conhecimento: sabíamos que a base social que representamos não conhecia a Cassi e estabelecemos uma estratégia militante de fazer a gestão junto aos Estados, junto às entidades representativas, conselhos de usuários e lideranças dos segmentos de associados. O Banco tentou inviabilizar a nossa estratégia cortando os recursos de nosso trabalho nas bases sociais da Cassi nos anos de 2015 e 2016. Fizemos assim mesmo 27 Conferências de Saúde e eu visitei todos os Estados buscando fortalecer parcerias da Cassi com o próprio Banco porque um precisa do outro, Cassi e BB. Criamos o Boletim mensal Prestando Contas (ver AQUI) e passei a me comunicar com as lideranças e comunidade BB através deste Blog.


O período que se inicia será uma "guerra" para conseguirmos defender a existência da autogestão Cassi e os direitos em saúde dos associados

A conjuntura atual do País sob Golpe de Estado, o cenário dos efeitos do golpe no Banco do Brasil, sofrendo forte reestruturação que pode inviabilizá-lo como banco público, o ataque violento à saúde pública e os efeitos sistêmicos da crise na estrutura privada de saúde, sejam nos vendedores de serviços de saúde (rede credenciada), sejam nos planos de saúde, apontam para um período que exigirá forte mobilização dos cerca de 175 mil associados da Cassi e suas entidades representativas. E não é só isso.

O patrocinador Banco do Brasil, e o governo de plantão, que manda no banco público, definiram novas estratégias para o período que se inicia com o Memorando de Entendimentos, Acordo onde ele teve que colocar recursos após quase dois anos de mobilização de nosso lado.

Na minha opinião de eleito dos associados na gestão da Cassi, vem aí um forte ataque aos nossos direitos. Nem bem chegou a consultoria paga pelo patrão, e nos debates internos os indicados já vêm há semanas querendo que sejam feitos estudos para aumentar a coparticipação dos associados. Nós eleitos não concordamos com isso, porque os limites de coparticipação foram definidos na mesa nacional que definiu a Reforma Estatutária de 2007. Os indicados também deixam transparecer opiniões de que a solidariedade do Plano de Associados não é "viável". O próprio representante do Banco na 2ª mesa de prestação de contas em 2/06/17 chegou a dizer que um dos escopos da consultoria seria a revisão do modelo assistencial (ver matéria da Contraf-CUT questionando isso AQUI). Creio eu que poderão propor voto de minerva na governança da Cassi para desequilibrar mais ainda a gestão entre eleitos e indicados no dia a dia.

Outra preocupação que tenho como estrategista eleito pelos associados é em relação à chegada da consultoria paga pelo Banco neste momento (fim de julho, ver matéria da Cassi AQUI). Na minha leitura de defensor dos direitos dos associados é no mínimo inconveniente o Banco não ter enviado a consultoria no primeiro semestre como deveria ter ocorrido. Eu devo alertar aos leitores que nos acompanham que a previsão de conclusão dos trabalhos da consultoria (18 semanas) e consequente debate acalorado na governança entre eleitos e indicados será justamente nos meses de recesso (dezembro, janeiro e fevereiro). Isso pode ser bastante prejudicial para a parte eleita. Quero lembrar a todos que no início do ano de 2018 é prazo para abertura de eleições na Cassi. Imaginem vocês em que condições o Banco fará o debate da vida da Cassi e dos associados nos primeiros meses de 2018. Será que isso é coincidência?

E para partilhar com vocês o que já tenho dito interna e externamente, entendo que a Cassi deve ser defendida da suspensão que o órgão regulador (ANS) impôs ao Plano de Associados. Ser defendida tanto pelo patrocinador BB, pois quero acreditar que o Banco quer manter a entrada de novos funcionários no seu plano coletivo empresarial fechado (não é comercializado). E entendo que as entidades representativas dos associados devam avaliar como defender a manutenção da entrada de novos trabalhadores do Banco ao Plano, porque no momento a ANS suspendeu novas entradas pela via administrativa (normal) de novos bancários.

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ATENÇÃO: Se as ameaças aos direitos dos associados já não fossem poucas, foi descoberto dias atrás que houve uma reunião interministerial do Governo Federal (ver AQUI) para estudar resoluções que podem inviabilizar autogestões como a Cassi, pois estaria limitando na canetada os montantes que o Banco do Brasil poderia contribuir para o Plano de Associados, inclusive desrespeitando o que já é definido em Estatuto Social.

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Essa é a pauta de lutas que teremos para este período que se inicia, querid@s associados da Cassi e companheir@s de lutas.


William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento (mandato 2014/18)

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