Páginas

30.1.17

Cassi - Opinião e agenda do Diretor de Saúde




Olá prezad@s participantes da Cassi e companheir@s de lutas,

Estamos retomando a partir de hoje nossa agenda de trabalho na gestão da Cassi e reafirmamos nosso compromisso de manter uma prestação de contas permanente e constante sobre o dia a dia de nossa entidade, principalmente a partir de nossa área de responsabilidade, a Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento, dando opiniões sobre os temas inerentes a nosso trabalho e questões relativas à gestão da saúde e direitos dos trabalhadores e associados da Caixa de Assistência.

Nesta semana estaremos atuando em Brasília. Além da reunião semanal da Diretoria Executiva, tenho reuniões de gestão marcadas para tratar de planejamentos de nossa área de saúde para o ano de 2017.

Nossa autogestão em saúde, entidade de trabalhadores, está completando 73 anos em 2017 e nossa associação é fruto da ousadia dos trabalhadores bancários do BB e sua essência é a solidariedade e a defesa dos direitos coletivos. 

Nunca esqueçamos a essência da Cassi e do Plano de Associados - a Solidariedade no custeio -, essa é nossa base real e verdade factual, porque os tempos que correm estão sendo hegemonizados pela "pós-verdade", novo conceito que vem sendo debatido por grandes intelectuais progressistas, preocupados com o fato dos desejos de determinados grupos com mais poder de influência prevalecerem independente dos fatos reais em nossa sociedade humana.

--------------------------------------------------

A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil é uma autogestão em saúde com base no Modelo de Atenção Integral, organizado na Cassi através da Atenção Primária à Saúde (APS) e de unidades de atendimento CliniCassi, com equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), e esta reorganização do sistema de saúde Cassi foi definida assim a partir da Reforma Estatutária de 1996, devendo abranger o conjunto de sua população assistida promovendo saúde e prevenindo doenças, recuperando e reabilitando os participantes, inclusive monitorando e acompanhando os doentes crônicos.

--------------------------------------------------

A Cassi deve ter uma estrutura de serviços de saúde que lhe permita usar os serviços de saúde da rede credenciada de forma complementar à Atenção Primária, e de acordo com as necessidades de assistência à saúde em seus diversos níveis.

Vamos continuar abordando o tema de gestão em saúde sob o ponto de vista do modelo assistencial da Cassi com nossos associados, lideranças da comunidade BB e entidades representativas do funcionalismo.

Leiam e divulguem o nosso Boletim nº 30 (leia AQUI), que neste mês fala de avaliação em saúde e indicadores. A confecção mensal do Prestando Contas Cassi é um compromisso nosso de informar com qualidade os direitos e deveres dos associados e as questões relativas à Cassi.

Deixo a seguir uma matéria com a posição da Abrasco e do Idec sobre a questão de planos de saúde "populares", iniciativa idealizada pelo Ministério da Saúde do atual governo e que está gerando muitos debates no setor de saúde pública e de saúde suplementar.

Abraços a tod@s,

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento (mandato 2014/18)

----------------------------------------------------

(Reprodução de matéria da RBA)

Entidades contra avaliação da ANS sobre plano popular


Idec e Abrasco repudiam decisão da ANS de avaliar plano de saúde popular

Segundo as instituições, a proposta do plano de saúde popular representa "uma mudança para pior" e um "retrocesso de 20 anos" O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) divulgaram, na sexta (27), uma nota contra a decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de dar continuidade à discussão dos planos de saúde populares, idealizado pelo Ministério da Saúde.

Segundo as instituições, a proposta do plano de saúde popular representa "uma mudança para pior" e um "retrocesso de 20 anos", quando existiam planos de saúde com preços baixos, porém com restrições e segmentados. 

Além disso, a nota também diz que o projeto do Ministério da Saúde poderá excluir idosos e doentes crônicos, além de negar internações, atendimentos de urgência e tratamentos. 

O texto também afirma que o grupo técnico criado pela ANS e o Ministério da Saúde é arbitrário, já que exclui da discussão entidades da saúde coletiva, de defesa do consumidor, de médicos dentre outros setores da sociedade envolvidos. 

Por fim, a nota afirma que planos populares ou acessíveis não são a solução para o sistema de saúde brasileiro e exigem mais transparência da ANS e do governo federal com a população. 

Leia abaixo a nota: 

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) vêm a público repudiar a decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de dar continuidade à discussão de planos de saúde populares ou acessíveis iniciada pelo Ministério da Saúde. 

No dia 25/01/2017 a ANS anunciou a criação de um Grupo Técnico com a finalidade de analisar a viabilidade das propostas encaminhadas pelo Ministro da Saúde. 

Alertamos, mais uma vez, que os planos de saúde populares: 

• Representarão mudança radical, para pior, na atual legislação que já apresenta falhas e lacunas. Será uma volta ao passado, mesma situação de 20 anos atrás, quando existiam planos de menor preço, porém segmentados e com restrições de coberturas. 

• Poderão excluir idosos e doentes crônicos, negar internações e procedimentos caros e complexos, impedir atendimentos de urgência, tratamentos de câncer, de transtornos mentais, órteses, próteses, fisioterapia, transplantes etc. 

• Poderão criar barreiras de atendimento, limitar a cobertura apenas a serviços disponíveis no local ou instituir pagamentos adicionais, além da mensalidade, sempre que o usuário tiver necessidade de determinados serviços. 

• Terão poucos serviços conveniados e pagarão menos aos prestadores, o que vai gerar maior dificuldade de agendar exames e consultas com médicos e de encontrar hospitais e laboratórios de qualidade. 

• Farão “explodir” a judicialização da saúde suplementar. As ações judiciais contra planos de saúde aumentaram muito nos últimos anos, inclusive por causa de planos baratos que já existem no mercado, os chamados “falsos coletivos”, com rede credenciada restrita, de má qualidade, que negam coberturas, reajustam abusivamente mensalidades e praticam rescisão unilateral de contratos. 

Advertimos que a ANS, ao constituir “Grupo Técnico composto por servidores de todas as diretorias e da Procuradoria Geral da Agência”, reproduz a mesma decisão arbitrária do Ministro da Saúde, quando da criação do primeiro Grupo de Trabalho (Portaria 1.482/2016), excluindo da discussão entidades da saúde coletiva, de defesa do consumidor, de médicos dentre outros setores da sociedade envolvidos. 

Exigimos maior transparência nos encaminhamentos sobre planos populares. A começar pela imediata divulgação e submissão à consulta pública das propostas e estudos encaminhados pelo Ministério da Saúde à ANS, discutidas por mais de 120 dias pelo Grupo de Trabalho do Ministério da Saúde. 

Por fim reiteramos que planos populares ou acessíveis não são a solução para o sistema de saúde brasileiro. Em época de recessão e desemprego, o que a população mais precisa é de proteção social. Por isso defenderemos sempre o Sistema Único de Saúde (SUS) constitucional, público, universal, de qualidade e adequadamente financiado, bem como a regulamentação da assistência à saúde suplementar, que precisa ser melhorada e não flexibilizada. (RBA)

27.1.17

30º Boletim Prestando Contas Cassi aborda avaliação em saúde




Olá companheir@s, amig@s e colegas do Banco do Brasil,

Apresentamos a vocês e pedimos que leiam e divulguem aos associados da Cassi e lideranças da comunidade o 30º Boletim Prestando Contas Cassi, uma ferramenta de informações técnicas e políticas e de comunicação que criamos desde o início de nosso mandato de representação na Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento no intuito de dar subsídios aos formadores de opinião e multiplicadores de conteúdos de saúde dos mais diversos espaços sociais onde se encontram os funcionários do BB e os aposentados e pensionistas, bem como os demais participantes da Cassi em seus diversos segmentos.

Leia AQUI. Está em PDF e tanto pode ser impresso e distribuído como também divulgado de forma eletrônica.

Este ano de 2017 será um ano definidor do futuro da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, que nesta sexta-feira (27) completa 73 anos de existência. Nós estamos à frente da área da Cassi responsável pelo Modelo Assistencial de Atenção Integral à Saúde, que na nossa autogestão está organizado para ter a Atenção Primária à Saúde (APS) como eixo de funcionamento da operadora. 

O objetivo central de nossa associação é a Cassi deixar de ser uma mera pagadora de contas da rede prestadora de serviços de saúde (rede credenciada), que está desorganizada de forma fragmentada e pouco racional no uso dos recursos da Caixa e seus associados e participantes.

Desde a reforma estatutária de 1996, a Cassi passou a ser vanguarda na reorganização de um sistema de serviços de saúde com base na Atenção Primária, na Estratégia Saúde da Família (ESF), tendo uma estrutura própria de atendimento, as CliniCassi, e unidades administrativas nos Estados e Distrito Federal para organizar os serviços e atendimentos dos direitos em saúde da população assistida, conhecendo cada realidade estadual.

Através dos boletins que temos feito mensalmente, estamos explicando tecnicamente como a Cassi deve funcionar na plenitude da implantação do Modelo de Atenção Integral à Saúde, as vantagens advindas com o modelo de custeio solidário intergeracional para nossos mais de 400 mil assistidos no Plano de Associados e os demais eixos estruturantes e norteadores da Cassi, como Caixa de Assistência e autogestão em saúde. 

Nossas referências NÃO devem ser as práticas comuns do mercado, que trata a doença como fonte de lucro, porque somos diferentes.

Neste Boletim nº 30 abordamos as mudanças e melhorias que estamos promovendo nos indicadores de saúde da Cassi e falamos um pouco a respeito dos estudos comparativos que estamos realizando há mais de dois anos na área da saúde, e os resultados que temos encontrado nos dão muito estímulo para seguir ampliando a Estratégia Saúde da Família na Cassi, perseguindo a missão da operadora de estender para o conjunto da população assistida o Modelo Assistencial baseado na Atenção Primária.

Promoção de saúde e prevenção de doenças, com acompanhamento dos casos crônicos e recuperação dos participantes com algum problema de saúde é a melhor estratégia para o futuro da Cassi. Esta é nossa opinião como representante eleito pelos associados desta jovem Caixa de Assistência que completa 73 anos de existência.

Abraços e divulguem o boletim. Ele é feito por nós com base em forte compromisso de informação de qualidade e divulgação da essência do modelo de saúde da Cassi.

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento (mandato 2014/18)

20.1.17

Compromisso da Diretoria de Saúde: defender o Modelo Assistencial da Cassi





Olá prezad@s associad@s e lideranças da comunidade Banco do Brasil,

Neste mês de janeiro estamos em férias. É por isso que estamos um pouco afastados das publicações e prestação permanente de contas sobre nosso mandato de representação que fazemos aqui no blog para as centenas de conselheir@s de usuários da Cassi, para as entidades sindicais e representativas dos associados da ativa e aposentados e também para os líderes do Banco do Brasil e participantes de todos os segmentos da Cassi.

Meu contato permanente nestes dias de janeiro tem sido mais com as equipes que gerenciamos. Estou acompanhando todos os temas internos e felizmente temos uma excelente equipe de profissionais em nossa Cassi.

Estou fazendo um trabalho extenso e de fôlego em revisar, categorizar e diagramar tudo que publicamos para vocês a respeito da Cassi e gestão de saúde nos últimos dois anos e meio. São mais de 450 postagens feitas neste blog de trabalho e 29 Boletins. Venho de uma formação política e de representação de classe que preza muito a história de nossas lutas e é sempre útil para a posteridade registrarmos tudo o que for possível para que os trabalhadores tenham as informações necessárias às suas lutas e conquistas de direitos.

Ao final de nosso trabalho, teremos muitos dados compilados desta nossa passagem na direção da Cassi em defesa dos direitos dos associados e da autogestão, do Modelo de Atenção Integral à Saúde, da Atenção Primária e da Estratégia Saúde da Família (ESF), de nosso esforço em fortalecer o pertencimento e a participação social nessa entidade de saúde de trabalhadores que completa 73 anos neste mês de janeiro. É um compromisso meu para com os associad@s, as entidades representativas e os funcionários da Cassi.

Vocês que nos acompanham nesta gestão próxima às bases sociais da Cassi em todo o país, sabem o quanto estamos lutando para melhorar a comunicação da Cassi para com os associados e para dar o máximo de informações e transparência possíveis na relação associação e associados.

Neste mês de janeiro conseguimos por em funcionamento nossa agenda eletrônica de consulta para a Estratégia Saúde da Família. A ferramenta vai facilitar a vida de mais de 180 mil participantes cadastrados nas 65 CliniCassi.


Princípios de consenso acordados na mesa negocial entre BB e Corpo Social

· Manutenção do princípio da solidariedade como premissa fundamental do Plano de Associados em seu custeio mutualista intergeracional;

· Garantia de cobertura para ativos, aposentados, pensionistas e dependentes;

· Investimento no Modelo de Atenção Integral à Saúde e Estratégia Saúde da Família (ESF);

· Corresponsabilidade na gestão entre os patrocinadores Banco do Brasil e Corpo Social; e

· Não redução de direitos e programas de saúde.


Meu compromisso principalmente com as lideranças da comunidade que representam os associados da ativa e aposentados e participantes da Cassi, e também com os sindicatos que representam os trabalhadores, será de pautar muito o tema afeto à essência do que é a Cassi: uma autogestão em saúde, dos trabalhadores do Banco do Brasil, criada e baseada no modelo de custeio solidário intergeracional e pensada desde a Reforma Estatutária de 1996 para ser uma operadora baseada na Atenção Integral à Saúde, que na Cassi se dá através da ESF, Atenção Primária (APS) e unidades de atendimento CliniCassi.

O período que vamos viver em 2017, com as fases do Acordo que preveem consultoria, merece muita atenção e acompanhamento militante e organizado de nossa parte, porque será definidor do futuro da Cassi. Minha referência serão as premissas que elenquei acima e tudo o que já defendemos em centenas de eventos junto ao corpo social nos últimos 30 meses e que balizaram os 18 meses de lutas unitárias em defesa dos princípios da Cassi, que foram consubstanciados na mesa de negociação e Proposta Final (Memorando de Entendimentos), de consenso entre as entidades nacionais dos associados e o patrocinador Banco do Brasil. O Acordo foi aprovado em consulta ao corpo social.

Ao mesmo tempo em que sei de nossa responsabilidade como Diretor de Saúde eleito pelo corpo social em defender o Modelo Assistencial da Cassi, sei também, por toda experiência que trago em mais de 15 anos representando e defendendo os trabalhadores da ativa e aposentados do Banco do Brasil, que existe uma tendência mais cartesiana e financista do patrocinador Banco e seus representantes na governança da Cassi em priorizar uma visão de controle de custos e em "boas práticas de mercado". No entanto, muitas vezes o "mercado" não é uma referência adequada para a Caixa de Assistência, e o melhor é focar na essência da entidade: ampliar o modelo de promoção de saúde e prevenção de doenças. É a minha opinião sincera como gestor eleito que estuda o tema.

Vou escrever muito nos próximos meses para as entidades representativas e lideranças dos associados a respeito do Modelo Assistencial da Cassi, já que acaba sendo papel de nós eleitos falarmos do futuro da Cassi a partir da ampliação da Atenção Integral, da ESF, da APS e da ampliação da estrutura própria da Cassi na atenção primária e acompanhamento de crônicos, evitando despesas assistenciais desnecessárias na rede credenciada e gerando uso mais racional dos mesmos recursos arrecadados na Caixa.

A solução para a sustentabilidade do Plano de Associados da Cassi, com manutenção de direitos históricos em saúde, e com qualidade no atendimento das necessidades em saúde, sem aumento do custo para os associados, não está no "mercado" porque não há experiência no Brasil como a da Cassi, nem nas autogestões, pois elas têm custeio e modelos assistenciais muito diferentes.

A Cassi tem potencialidades melhores que outras operadoras em relação ao futuro como, por exemplo, uma população assistida estável ao longo do tempo, o que permite avançar no cuidado da saúde ao longo de décadas. Temos que investir na ampliação da estrutura de Atenção Primária nas CliniCassi, e lembro que a Cassi tem a menor despesa administrativa (inclui estrutura) de todo o setor de saúde suplementar brasileiro (ANS 2015). A média do setor é de 11,5% e a da Cassi é 10,6%. Já abordei isso em outras matérias. Voltarei a falar muito sobre o tema.

Abraços a tod@s,

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento (mandato 2014/18)

9.1.17

Cenário da Saúde pública e privada é de dificuldades


Apresentação do blog


Olá prezad@s associad@s da Cassi, amig@s bancári@s e companheir@s de lutas sociais,

Neste mês de janeiro estamos em férias. Isso quer dizer que estou acompanhando o dia a dia de nossa autogestão de forma não presencial na Sede (DF). Além de acompanhar as pautas e deliberações das reuniões da Diretoria Executiva, fico à disposição de nossa equipe de gestores.

Apresento abaixo um artigo que já havia lido no final do ano e que traz informações relevantes para as nossas lideranças e formadores de opinião na área da saúde, que acompanham a Cassi com dedicação militante, o pessoal dos Conselhos de Usuários e lideranças das entidades representativas. Qualquer cenário que afete o SUS, afeta a saúde privada também, os planos de saúde e os prestadores de serviços de saúde, alterando custos do setor e a sustentabilidade.

Os tempos que correm serão de definição em nossas vidas cidadãs e na vida de nossas entidades associativas, em relação aos direitos que temos. Ouso conclamar unidade a tod@s os segmentos com os quais nos relacionamos, porque qualquer chance de manutenção de direitos em saúde só se realiza se tivermos pessoas informadas e mobilizadas com unidade.

Abraços, 

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento (mandato 2014/2018)


José Gomes Temporão, ex Ministro da Saúde.

Temporão: Tempos sombrios para a saúde pública


por Jose Gomes Temporão* — publicado em Carta Capital em 24/12/2016 - 01h23


Em artigo exclusivo para CartaCapital, o ex-ministro avalia o turvo futuro do Sistema Único de Saúde com o congelamento dos gastos sociais

A emenda constitucional que impõe limites rígidos nos gastos públicos para os próximos 20 anos pode ser analisada de múltiplas perspectivas: econômica, política, de seu impacto nas políticas sociais e nas condições de vida da maioria da população, entre outros. Na realidade, ela expressa uma série de valores e de visões de mundo que se contrapõe radicalmente ao que Sérgio Arouca, utilizando um conceito de Norbert Elias, denominava de Processo Civilizatório, quando o Brasil abraçou nos anos 1980 o desafio de construir um sistema de saúde universal nos trópicos.

As propostas defendidas pelo governo federal apontam para um modelo de desenvolvimento econômico e humano perverso que afetará a segurança de milhões de brasileiros principalmente dos mais vulneráveis. O governo Temer propõe, como medida de longo prazo, estabelecer um "Novo Regime Fiscal", que cria por 20 anos um teto para o crescimento das despesas públicas limitado à inflação.

Enquanto a população e o PIB crescem, os gastos públicos ficam congelados. Enquanto o quadro epidemiológico se torna mais complexo, enquanto a população envelhece velozmente, enquanto a pressão da sociedade pela incorporação de novas tecnologias se agudiza, o governo acena com um futuro de graves restrições do ponto de vista econômico para a saúde.

De acordo com uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), assinada pelos pesquisadores Fabiola Sulpino Vieira e Rodrigo Pucci de Sá e Benevides, a proposta apoia-se em argumentos falsos de que nações desenvolvidas usam regras semelhantes. “Na maioria desses países já existe uma estrutura consolidada de prestação de serviços públicos, diferentemente do Brasil onde há enormes carências sociais e precariedades na infraestrutura”, diz o texto.

O argumento central do governo é que não haverá prejuízo para o orçamento da saúde e que este seria o único caminho para recuperarmos o crescimento da economia. Evidentemente, não há consenso em torno destas afirmativas. O economista João Sicsú, em artigo publicado por CartaCapital, observa que o pagamento de juros da dívida pública deveria estar no centro do debate: “A quase totalidade dos credores é composta de milionários e bilionários. É a elite financeira, formada inclusive por empresários do setor produtivo. São os ricos do Brasil. Somente no ano de 2015, eles receberam mais de 500 bilhões de reais dos cofres públicos”.

-------------------------------------------------------------
"No Brasil, apenas 48% dos gastos em saúde são públicos. É uma distorção que seria ainda mais agravada com a recente proposta de expansão do segmento de planos anunciada pelo ministro da Saúde"
-------------------------------------------------------------

A proposta do governo Temer também pode ser compreendida em um contexto mais amplo do fortalecimento crescente de uma visão conservadora sobre os direitos sociais. Alguns exemplos didáticos: Existem hoje na Câmara dos Deputados, por iniciativa de parlamentares que representam os interesses do agronegócio, da bancada evangélica e dos que defendem a revogação do estatuto do desarmamento, 55 projetos de lei de destruição de direitos conquistados nas últimas décadas.

Esses projetos tratam, entre outros, dos seguintes assuntos: restrições ao direito ao aborto, redução da maioridade penal, revogação do estatuto do desarmamento, revogação do projeto que criminaliza a homofobia e do que autoriza o uso do nome social por transexuais, aprovação do projeto “escola sem partido”, que proíbe conteúdos críticos, formadores do cidadão, considerados “partidários” ou “esquerdizantes”. Enfim, uma agenda de direita ou de extrema direita.

Para o atual governo, os direitos sociais não cabem no orçamento. Na verdade, as decisões de macro política escondem um processo real que é a luta pela apropriação dos fundos públicos entre políticas e setores econômicos, inclusive no campo da saúde. Nessa luta, é evidente que os atores mais poderosos como o Judiciário, o Legislativo, o conjunto de tribunais de contas e o sistema financeiro, terão nítida vantagem em prejuízo das universidades, do ensino, da saúde e da pesquisa. E comprometem o futuro do País.

Isso fica bem evidente quando se analisa a estrutura do gasto em saúde no Brasil. Do gasto total em saúde, cerca de 52% dos gastos são privados, incluindo os gastos das empresas e o desembolso direto das famílias. Apenas 48% dos gastos são públicos. É uma distorção essencial que seria ainda mais agravada com a recente proposta de expansão do segmento de planos e seguros anunciada pelo Ministro da Saúde, o que ampliaria a política de subsídios e renúncia fiscal visando a ampliação do mercado privado, política essa que atravessou todos os governos nas últimas décadas inclusive os do PT.

-----------------------------------------------------------
"Enquanto o quadro epidemiológico se torna mais complexo, enquanto a população envelhece velozmente, o governo acena com um futuro de graves restrições"
-----------------------------------------------------------

A maioria dos especialistas em saúde pública considera que com a PEC 241/55 passaremos de uma situação de subfinanciamento crônico da saúde que nos acompanha desde o início do Sistema Único de Saúde, para uma de perda real de recursos ao longo dos próximos anos.

Outro aspecto importante que faz parte de todo esse contexto é a visão hegemônica no Governo e no Parlamento de que a saúde é um gasto e de que no momento as questões de eficiência do gasto e de macrogestão devem ter prioridade sobre outras dimensões. Na verdade, sabemos que saúde é investimento e que sua dimensão econômica inclusive pode fazer parte da solução para a crise.

Para compreender melhor o significado real do impacto da PEC 241/55 sobre a saúde pública é preciso considerar um conjunto de fenômenos que afetam de modo diferenciado os países em desenvolvimento do ponto de vista macroestrutural. Vamos tomar como exemplo apenas dois deles: a sustentabilidade tecnológica e a mudança do perfil epidemiológico.

Em relação à sustentabilidade tecnológica, a medicina do futuro aponta para um cenário fascinante: biodrogas, robótica, nano dispositivos, vacinas terapêuticas, tratamentos mais individualizados. Mas a realidade é bem mais dramática. Hoje já temos um mundo dividido em castas de cidadãos que acessam ou não as modernas tecnologias.

As poucas novidades lançadas no mercado protegidas por patentes alcançam um custo insuportável para os sistemas de saúde em todo o mundo. Em uma conjuntura de grave restrição de recursos a sustentabilidade tecnológica da saúde e o acesso da população às tecnologias essenciais será seriamente afetada.

No caso das mudanças na estrutura epidemiológica, trago números assustadores em relação à violência e seu impacto sobre crianças e adolescentes. Em 1980, 0,7% dos homicídios foram nessa faixa etária. Em 2013, esse porcentual alcançou 13,9%. O Brasil teve 10.520 crianças e adolescentes assassinados em 2013. Foram 28 por dia!

Como enfrentar esse gravíssimo problema com o modelo de desenvolvimento que o governo nos apresenta? Para enfrentar desafios desse porte será necessário construir políticas públicas inovadoras e conceber um modelo de desenvolvimento que tenha o ser humano no centro do processo.

Infelizmente em todo esse debate sobre o impacto negativo das políticas de ajuste sobre a saúde predomina a análise focada na assistência médica. Na realidade, o maior impacto recairá sobre o que denomino de “cuidado essencial”. O termo ‘cuidado’, foi apropriado pela área de saúde como algo restrito a procedimentos técnicos, sinônimo de boa assistência.

Em verdade, quando nos referimos ao cuidado como inerente à vida, trata-se de afirmar uma nova mentalidade, que vincula os humanos, indicando que não é possível a sobrevivência humana sem que o novo ser que chega ao mundo seja recebido amorosamente por um outro ser e por ele cuidado, até que possa cuidar de si. Um longo processo, que supõe um modo específico de viver em coletividade. Aqui, o cuidado é entendido desde sua dimensão ontológica como ‘cuidado essencial’ até seu sentido mais comum como atitude, ato de cuidar.


-------------------------------------------------------------
"O Brasil teve 10.520 crianças e adolescentes assassinados em 2013. Foram 28 por dia! Como enfrentar esse problema com o modelo que o governo nos apresenta?"
-------------------------------------------------------------

Este cuidado é o que de fato determina a sustentabilidade das relações intrínsecas à vida em sociedade. Portanto, tecer um ‘ambiente facilitador à vida’ centrado no referencial de ‘cuidado essencial’ como o orientador prévio de toda a ação pública ou privada deve ser o grande eixo em torno do qual se produz saúde: cuidado não burocrático, desejante, que garante a qualidade da vida. É esta concepção de desenvolvimento que perde com as políticas cruéis defendidas pelo governo brasileiro.

Para sustentar essa política, o governo lança mão de várias ferramentas principalmente no campo da comunicação. Explora o senso comum com mensagens do tipo: “temos que fazer o dever de casa” ou “o governo é como uma família, não se pode gastar mais do que se ganha”. Isso me faz lembrar do livro Mitologias, do filósofo francês Roland Barthes, no qual ele se mostra preocupado ao analisar os mitos em circulação na sociedade contemporânea, as representações falsas e crenças errôneas.

Barthes nos alerta: “O mito é uma fala despolitizada... O mito não nega as coisas, sua função é pelo contrário falar delas; simplesmente purifica-as, inocenta-as, fundamenta-as em natureza e eternidade, dá-lhes uma clareza não de explicação, mas de constatação: se constato sem explicar, pouco falta para que a ache normal, decorrente da natureza das coisas, fico tranquilo (...) suprime toda e qualquer dialética (...) O mito organiza um mundo sem contradições, porque sem profundeza”.

É essa “realidade fictícia” que o governo nos apresenta. Caberá à sociedade, por meio de intensa mobilização e luta política, reverter esse quadro em favor do povo brasileiro.


* José Gomes Temporão é médico sanitarista e ex-ministro da Saúde.

Fonte: Carta Capital

2.1.17

Férias do Diretor de Saúde da Cassi em Janeiro




Olá prezad@s associad@s, colegas bancários e companheir@s de lutas,

Neste mês de janeiro estaremos cumprindo nosso período de férias (25 dias mais um abono). Como sou um bancário do BB cedido à Cassi por estar em mandato de representação, eleito pelos associad@s, não deixarei de acompanhar algumas questões afetas à Cassi, principalmente da Diretoria pela qual sou responsável. Mas preciso descansar um pouco (ou trabalhar menos).

Vamos publicar normalmente, nos próximos dias, o Boletim Prestando Contas Cassi, será o 30º informativo da Diretoria de Saúde trazendo questões importantes da Cassi, do setor de saúde e do modelo assistencial que defendemos.

Estou fazendo um balanço dos 30 meses de mandato nosso à frente da área de saúde e rede de nossa Caixa de Assistência e publicando matérias com prestação de contas do que vivemos juntos entre 2014 e 2016. Registrar etapas superadas por nós associados e pela Cassi neste período é importante para lidarmos com o período que se inicia entre 2017 e 2019 porque ele deverá ser definidor sobre o futuro de nossa Caixa de Assistência.

Peço e conclamo que todas as lideranças e entidades representativas não deixem de nos acompanhar neste ano de 2017 porque o Memorando de Entendimentos e a aprovação da consulta ao corpo social para que o Plano de Associados receba receitas extraordinárias dos dois patrocinadores - BB e corpo social - entre 2017 e 2019 são só etapas vencidas na luta pela defesa e fortalecimento de nosso plano de saúde. É provável que haja embates e divergências nas definições em todos os próximos momentos da Cassi, como a própria fase de consultoria a ser contratada pelo patrocinador BB (que ainda não nos informou qual é a empresa).

Também aguardamos que a primeira reunião de prestação de contas para as entidades da mesa ocorra no início de março. Se houver necessidade de informar alguma questão relativa aos encaminhamentos de gestão pós assinatura do Memorando de Entendimentos, eu o farei tanto através do blog quanto diretamente às entidades.

Meu compromisso com os associados e entidades representativas será de mantê-los bem informados sobre as questões afetas à Cassi e ao setor de saúde suplementar.

Pode ser que publique algumas matérias neste mês de janeiro sobre a temática que atuamos.

Abraços e seguimos na luta pelos direitos em saúde dos associad@s da Caixa de Assistência e na defesa e fortalecimento do Modelo de Atenção Integral à Saúde. Unidade entre nós segue sendo fundamental, em nome da Cassi e dos associados.


William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento (mandato 2014/18)