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19.10.15

Opinião: A Cassi e as negociações com Fenaban e BB





A importância da mobilização crescente dos bancários do BB na greve da categoria

Os banqueiros chamaram os bancários para retomarem as negociações. O contato com a Contraf-CUT ocorreu nesta segunda 19 (matéria abaixo), após duas semanas de uma forte e crescente greve dos bancários, em resposta a uma proposta provocadora da Fenaban, porque além de não atender à questões centrais da pauta dos bancários, propôs um índice rebaixado de 5,5% mais abono de R$ 2.500 (inflação de 9,88%), querendo mudar a política salarial conquistada pelos trabalhadores nas últimas onze datas-base com aumento real mais direitos específicos.

A retomada das negociações gerais na mesa da Fenaban é importante para os bancários em luta, mas também é fundamental que os bancários do Banco do Brasil fiquem mobilizados e ampliem a greve, porque além das questões gerais da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), existem as pautas específicas nas mesas concomitantes. 

Uma das prioridades no BB é a pauta de saúde e Cassi, que precisa de aportes extraordinários por parte do Banco para retomar a normalidade em seu funcionamento. O tema foi amplamente debatido e definido como uma das prioridades no 26º Congresso dos Funcionários do BB, ocorrido em junho e etapa da Campanha Nacional dos Bancários. 

Antes da data-base e da greve, também havia sido constituída mesa entre o BB e as entidades do funcionalismo (Contraf-CUT, Contec, ANABB, AAFBB e FAABB), fruto de meses de unidade em defesa da Cassi. Porém, após 8 rodadas de negociação, houve impasse entre as partes e a proposta do BB de transferência de risco atuarial pós-laboral através de um fundo (cerca de 6 bilhões) não alcançou consenso.

O formato de campanha dos bancários prevê lutar por avanços na mesa da Fenaban (CCT da categoria) e avanços nas mesas dos bancos públicos.

A Cassi precisa de aportes extraordinários no Plano de Associados de R$ 300 milhões em 2015 e R$ 300 milhões em 2016 para equilibrar suas receitas e despesas assistenciais e investimento de R$ 150 milhões em medidas estruturantes para avançar no Modelo de Atenção Integral à Saúde, atendendo pelo menos ao conjunto dos participantes do Plano de Associados.

O patrocinador Banco do Brasil é gestor paritário na Cassi em conjunto com os eleitos pelos funcionários associados e os resultados deficitários no Plano de Associados também são de responsabilidade do BB, que ao invés de assumir sua parte no problema e na solução, propôs de forma unilateral diversas reduções de direitos em saúde no âmbito da Cassi (rejeitadas pelos eleitos).


MOMENTO DECISIVO PARA OS BANCÁRIOS SOBRE A CASSI

A proposta atual dos banqueiros de não repor a inflação a troco de abono  é uma tragédia para as receitas do Plano de Associados, porque um reajuste menor que a inflação em 4% pode fazer a Cassi deixar de receber quase R$ 300 milhões em 5 anos, o que agravaria mais ainda o desequilíbrio no plano de saúde dos funcionários.

Sem conquistar os aportes com mobilização e greve na Campanha Nacional, os funcionários da ativa, aposentados e dependentes podem ver diluídas nos próximos anos as conquistas auferidas em anos de lutas. Isso porque as propostas do patrão para o equilíbrio das contas do Plano de Saúde são muito impactantes no bolso dos funcionários.


AS PROPOSTAS DO BB PARA A CASSI DESAGRADAM ENTIDADES DO FUNCIONALISMO E ASSOCIADOS 

O Plano de Associados apresentou um descasamento entre receitas e despesas em 2014 de 177 milhões. As previsões para 2015 e 2016 previam déficits anuais entre 215 milhões (2015) e cerca de 300 milhões até o final de 2016. Sem os aportes para avançar nas medidas estruturantes, o BB  chegou a propor recentemente (rejeitado pelos eleitos) aumentar coparticipações em consultas, exames e terapias de 10% para 40%. Foi sugerido pelo Banco a criação de franquia sob internações de R$ 1.500,00 (ou seja, no momento em que o bancário mais precisará da Cassi). 

Também foi proposto que se suspenda programas de saúde fundamentais como o de Assistência Farmacêutica (PAF). Esse programa atende a quase 60 mil funcionários, que teriam que arcar com os custos de medicamentos no dia seguinte à medida.

Com a piora no déficit e uso das reservas do plano dos funcionários nos últimos meses, o BB chegou a propor a redução de quase um quarto da despesa administrativa da Cassi (9,9%), que já é muito menor que a média de todas as entidades do setor de saúde (cerca de 13,5%). A proposta do Banco, se imposta à Cassi, inviabilizaria o que é hoje a nossa Caixa de Assistência, definida pelo próprio Banco do Brasil e pelos associados para fazer promoção de saúde e prevenção de doenças.

Enfim, o momento da greve e da mobilização dos funcionários do BB é muito importante para o futuro da Cassi e do Modelo Assistencial de Atenção Integral à Saúde dos funcionários e dependentes.

Seguimos à disposição das entidades do funcionalismo e dos associados.

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento



(matéria da Contraf-CUT no 14º dia da greve)

Força da greve arranca nova negociação com a Fenaban


Greve em São Paulo. Foto: Maurício Moraes

A Fenaban entrou em contato com a Contraf-CUT no começo da noite desta segunda-feira (19) para chamar o Comando Nacional dos Bancários para uma nova rodada de negociação da Campanha 2015, a ser realizada nesta terça-feira (20) às 16h, em São Paulo, no Hotel Maksoud Plaza - Alameda Campinas, 150 - 2º andar - Sala Primavera.

A reabertura do processo de negociação acontece no 14º dia da greve nacional da categoria, que vem crescendo a cada dia. Nesta segunda, 12.496 agências e 40 centros administrativos paralisaram suas atividades nos 26 estados e no Distrito Federal. 

Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários, se diz surpreso pela forma como veio o convite. "Os banqueiros fizeram contato com a gente, via e-mail, no fim do expediente, nos convidando a retomar as negociações amanhã às 16h", informou. "Nossa expectativa é que eles saiam daquela linha de um reajuste muito abaixo da inflação com abono, pois sabemos que é prejudicial para a carreira dos bancários e das bancárias. Nós queremos a reposição da inflação, mais ganhos real. Isso é o que todo bancário e toda bancária, que estão há 14 dias de greve, desejam ouvir amanhã", completou.

Roberto ainda mandou um recado para a categoria que está fazendo a greve com o maior volume de paralisações de agências e centros administrativos da história. "A força dessa greve mostrou nossa unidade, nossa mobilização, nossa determinação e nossa indignação com os bancos que lucraram tanto e quiseram tanto reduzir nossos salários. Foi a força dessa greve que fez os banqueiros nos procurar para retomar a negociação", orgulhou-se.

Mas, ele alertou. "Nós temos que continuar mobilizados, determinados, com unidade, para mostrarmos que a gente continua indignado e que quer, com a força da greve, dobrar a intransigência deles. Além da reposição da inflação e do ganho real, queremos reposição de emprego, segurança para trabalhar nos locais de trabalho, com saúde, igualdade de oportunidade. Principalmente, nós queremos que acabem com as demissões, a rotatividade e que os trabalhadores não continuem adoecendo por serem submetidos ao assédio moral para cumprir metas inatingíveis", reforçou.


Contraf-CUT

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