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30.4.15

Gestão na Caixa de Assistência - O compromisso ideológico





"Eu acho que cada um de nós representa alguma coisa. Eu tenho consciência do que eu represento. eu tenho consciência de para quem que eu devo fazer o governo. Eu tenho consciência de qual é o setor que eu quero privilegiar." (Lula, o filho do Brasil)


Olá companheir@s, amig@s e colegas do Banco do Brasil,


Fechando abril de lutas. Abrindo maio de lutas.

A vida da classe trabalhadora segue dura. Nossa vida de representação da classe trabalhadora segue na mesma condição, e é assim que tem que ser.

Hoje sou gestor eleito da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, uma entidade de saúde no modelo de autogestão compartilhada.

A entidade iniciou o exercício 2015 buscando soluções para o equilíbrio financeiro e para sua sustentabilidade, problemas decorrentes de um longo histórico de mais de uma década de despesas assistenciais maiores que as receitas, decisões administrativas equivocadas, má gestão e de não cumprimento daquilo que o Corpo Social determinou aos gestores ao longo do tempo. Após estudar ao longo dos últimos meses o histórico da entidade, não tenho dúvidas disso. Também tenho claro que não basta colocar mais recursos, sem avançar no modelo de serviços de saúde.

Mesmo assim, a Cassi segue sendo a maior entidade de autogestão em saúde do País. Pesquisas internas feitas todo final de ano também nos mostraram que a Caixa de Assistência tem aprovação alta em todos os quesitos em relação aos associados e prestadores de serviços de saúde.

Para cumprir nosso compromisso com os associados que representamos, apresentamos ao Banco do Brasil e seus representantes na governança propostas para fortalecer a Cassi dentro da missão e princípios já constantes no Estatuto e documentos internos da entidade. 

Ou seja, os eleitos defendem a ampliação do modelo de Atenção Integral à Saúde, que na Cassi se dá através da Estratégia Saúde da Família (ESF) e um conjunto de rede própria (CliniCassi), um modelo mais racional no uso dos recursos financeiros e mais resolutivo em termos de resultados em saúde para o conjunto da população envolvida. A Cassi tem decisões do Corpo Social e diretivo sobre isso desde os anos noventa. Momentos decisivos marcam essa escolha: 1996, 2001 e 2007.

Nossa representação do Corpo Social na gestão da Cassi (iniciada em junho/2014) está cumprindo a tarefa de mesclar a técnica com a política porque é o papel de um dirigente eleito. Fui eleito para isso, com minhas qualidades e defeitos, com minha experiência de negociador e representante dos trabalhadores. Tenho minha história forjada na luta.

O Banco do Brasil tem responsabilidade pelos problemas da gestão da entidade nos últimos 18 anos, porque está na governança desde 1996. No entanto, existe um discurso burocrático por parte do Banco e de seus representantes que sempre aliviam a responsabilidade da representação patronal. 

Às vezes, esse discurso do BB me parece meio cínico ao usar dos artifícios da oratória e da máquina de comunicação empresarial, até porque a comunicação do patrão é compulsória para o trabalhador, que para poder exercer sua tarefa deve usar os sistemas do Banco para abrir o ponto e ler as mensagens que o patrão lhe ordena a todo instante.

O Banco do Brasil está usando de suas ferramentas compulsórias nos locais de trabalho para passar a sua versão sobre uma entidade que tem gestão compartilhada. O patrão está usando essa ferramenta para desconstruir conceitos, "aperfeiçoar" outros. Chamar de "solidário" o que quer dizer o inverso de solidário na temática de custeio do Plano de Associados, entre outras pérolas.

Eu já tive a oportunidade de falar sobre a questão dos sistemas de saúde, fragmentado e integrado, sobre o modelo mutualista de custeio solidário e sobre a melhor perspectiva de saúde com a Atenção Primária para algumas centenas de colegas do Banco e lideranças de entidades representativas. A recepção e a opinião favorável das pessoas após tomar conhecimento do tema é impressionante. QUEM ME DERA ter o mesmo espaço de comunicação que o Banco tem (compulsório, pois envia ou publica para 100 mil trabalhadores em suas telas de trabalho).

De minha parte, devo seguir trabalhando seriamente e muito, até o limite físico e psicológico, como já fazem meus colegas do BB nos locais de trabalho (muitas vezes assediados por esse mesmo Banco que escreve na tela que ele é bonzinho, maravilhoso e dá tudo). Trabalhar no meu limite é o mínimo que posso fazer como já fazem os colegas do Banco e os funcionários da Cassi.

Ao mesmo tempo que preciso descansar um pouco para seguir, eu não me sinto à vontade para isso porque tenho que trabalhar mais ainda para enfrentar o sistema, para seguir ideologicamente contra o sistema hegemônico como, por exemplo, a máquina do Banco contra nós, o mercado no modelo fragmentado que devora os recursos das entidades de saúde e seus participantes como a Caixa de Assistência etc.

Tenho que trabalhar muito também porque o contexto que temos no momento é de pouca mobilização do funcionalismo do BB e suas entidades representativas para exigir do Banco a responsabilidade que ele deve ter com a Cassi na hora de dividir a conta do efeito negativo do mercado fragmentado da saúde, das más gestões e equívocos administrativos da última década.

Enfim, desejo um bom 1º de maio de luta a tod@s nós trabalhadores.

Eu não vou participar de atividades, estou mal fisicamente. Mas mesmo não querendo, tenho quase certeza que vou trabalhar pela minha tarefa de gestor eleito (ou seja, estarei lutando também).

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento

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